"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Para se tornar mãe nos dias de hoje

Indika Bem

Por Cintia Liana Reis de Silva
(Publicado dia 27.02.14 no Portal Indika Bem)
Na nossa cultura de hoje é duro se tornar mãe e mais duro ainda nascer. Querem acabar de vez com a natureza selvagem dos indivíduos, com o que ela tem de bom. Acabar com o parto natural, com a amamentação, com o contato livre e intenso entre mãe e bebê. Inconscientemente, as necessidades do recém nascido estão se tornando uma espécie de alergia social em prol do “não perder tempo”, do diminuir os custos nos hospitais, para que a indústria do leite artificial e farmacêutica não se enfraqueçam, para que as mulheres voltem a trabalhar mais cedo, etc.
Uma parte da literatura está sendo manipulada e a cultura popular quer ensinar imediatamente à nova mãe que o seu filho já deve nascer independente. Se eu disser aqui que os bebês, ao nascer, deveriam dormir junto ao corpo da mãe (não no meio do casal, mas ao lado da mãe), muitas pessoas vão pensar duas vezes se é verdade e se, de fato, traria benefícios aos dois, porque foram ensinadas que isso faz mal. Mas será que a bendita frase do conselho de não dormir junto com o filho nasceu do medo de que os pais fizessem sexo ao lado dele? Muito provavelmente. Nenhum estudo mostra que alguém fique mais dependente na fase adulta por ter dormido os dois primeiros anos de vida com a mãe. Ao contrário, estar em contato com o corpo da mãe a faz produzir muito mais leite e esse contato seguro dará uma bela base para que a criança cresça segura dessa relação intensamente íntima, que deve ser plenamente alimentada ao menos até os dois anos de idade, depois a criança naturalmente ganha mais autonomia psicológica e física. Tudo o que é saciado na infância dá mais força ao futuro adulto.
A mulher, que se prepara para ser mãe (os pais precisam se preparar emocionalmente), deve estar muito lúcida e segura de que precisa dar mais ouvidos à sua intuição, ao que diz a sua alma humana de mulher. Ela deva esquecer os conselhos disparados compulsivamente por quase todos, pois 99% deles são distorcidos e preconceituosos, advindos da nossa cultura ocidental capitalista. Ela não deve perder tempo com textos e livros de “receitas”, que dizem o que ela deve fazer e os passos a seguir nos cuidados com seu pequeno filho.
A mulher que se prepara para ser mãe, deveria ler o que a faz despertar para os dons da sua alma; o que motiva a sua essência a se iluminar diante de sua cria; o que a faz olhar e aceitar as suas reais necessidades; o que a faz enxergar suas feridas para não usá-las cegamente contra a criança, que a reflete de algum modo; a ver e a querer romper com seus padrões familiares adoecidos; o que a ensina a olhar amorosamente para a sua sombra, a se comunicar com ela para transformá-la em luz; o que a faz mergulhar em si mesma e a reencontra-se mais autêntica do que nunca; a reconhecer o que a faz se sentir magoada e ameaçada; que a fortaleça a ouvir a voz do seu coração e a entrar em contato sem receios com os seus medos e inseguranças; a ouvir o seu potencial criativo e curativo; a confiar em sua capacidade de entrega e doação e que a faça acreditar na força do seu amor, porque tudo o que ela sente, se reflete na psiquê do recém nascido.
Só uma mãe suficientemente fortalecida pelo verdadeiro conhecimento do ser humano, da sua mente e de seu filho, aconselhada por um psicólogo experiente e não por um médico (que só conhece a parte física), se sentindo apoiada pelo seu companheiro e por sua família, respeitada e tratada com afeto no momento do seu parto, momento em que que ela renasce, é que poderá ser capaz de fazer um filho crescer feliz e mentalmente sadio, numa relação límpida, nutritiva, madura e harmoniosa.

Cintia Liana Reis de Silva, psicóloga, especialista em psicologia de casal, família, infância e adoção, seu blog recebe mais de 15.000 visitantes ao mês, o http://www.psicologiaeadocao.blogspot.com.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Criando laços

 
O vínculo com o filho adotivo é construído no dia a dia, assim como com o filho biológico
Por Luciana Barrella, mãe de Luísa
30.01.2014
 
A “gravidez” de Juliana Ribeiro durou 4 anos. Isso mesmo, foi o tempo que ela ficou se preparando para receber a Lara, que chegou com 2 anos e 4 meses. A espera foi um teste difícil para Juliana, a prova de que realmente queria adotar.  O “sim” da menina, quando questionada se queria ser sua filha, foi como o momento do parto. Ali começou o vínculo entre mãe e filha. 
 
Há um período em que os pais se preparam para a chegada da criança, é a chamada “gravidez psíquica”, que os ajuda a transformarem o desejo de adotar em um ato de amor. Quando a criança chega, o vínculo não é automático. Assim como o vínculo com o filho biológico também não. Nos dois casos, é uma relação que se constrói. Aos poucos. 
 
Quem fica grávida passa os 9 meses imaginando a carinha do bebê, o som do seu choro e a sua personalidade. E, quando o bebê chega, nunca corresponde exatamente ao que os pais tinham imaginado. Não à toa, nossa diretora de redação, Mônica Figueiredo, disse para a filha, Antonia, assim que a viu na sala de parto: “Muito prazer”. 
 
Seja na maternidade ou no abrigo, o vínculo se concretiza com essa primeira apresentação. “Não existe diferença entre o vínculo materno biológico e o vínculo materno adotivo. Todas as crianças só se tornam filhos se, de fato, são acolhidas, consideradas, ou seja, adotadas”, diz Cintia Liana Reis de Silva, mãe de Flavia e psicóloga especializada em psicologia de família.
 
Suzana Barelli conta que, ao chegar ao abrigo com seu marido, Milton Gamez, e ver pela primeira vez a filha, Giovana, sentiu que ela era sua e que teria de conquistá-la. “Ela dormiu no meu colo e acordou minha filha. Foi um sentimento muito forte e intenso”. Com o segundo filho, também adotivo, o contato concretizou a percepção de ser a mãe dele. “O Igor me viu e quis vir no meu colo. Outro momento bem forte”.
 
Adotar um filho é um processo acompanhado de dúvidas e de preconceitos. Esse filho tem uma história anterior e isso pode amedrontar. “O processo emocional da adoção é o mesmo de acolher um filho biológico, mas também envolve aceitar que o filho já venha trazendo uma história precedente, da qual os pais adotivos não fizeram parte. É preciso respeitar”, diz Cintia.
 
A adoção não pode ser vista como uma alternativa de segunda linha só porque o casal não conseguiu ter filhos biológicos de nenhuma forma.  É importante desejar plenamente a adoção, se preparar e reduzir as expectativas e exigências. Muitas vezes, os pais esperam naquela criança a solução de todos os seus problemas, inclusive entre o casal. Filho, adotivo ou não, não resolve nenhum problema. Pode até causar alguns. Ou seja: é filho, vem com o pacote completo, alegrias, tristezas, conflitos. 
 
Receber uma criança é uma vitória e a realização de um desejo mútuo, já que a criança também quer ser acolhida. Aí, começa o processo de entender como será aquela família recém-formada, como os pais e os filhos vão reorganizar suas vidas para o equilíbrio daquele núcleo. “Não se trata de ensinar a criança ou adolescente a como viver ali, mas, sim, de estarem todos atentos para entender como vão se adaptar uns aos outros. Os aprendizados são de todos”, explica Maria Antonieta Pisano Motta, mãe de três filhos, psicóloga e psicanalista, coordenadora técnica do GAASP (Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo). “E, como em qualquer família que se forma ou aumenta, o estabelecimento do vínculo é imprescindível. Sem o vínculo, nenhuma família, biológica ou adotiva, teria sentido”, completa.
 
Laços entre pais e filhos
Na adoção, os vínculos são construídos pelo laço de afiliação, que se constitui pela afetividade, pelo contato que vai sendo construído no encontro e na vivência de cada dia, explica a psicóloga e professora Isabel Gomes, coordenadora do grupo reflexivo de apoio a adoção na USP. 
 
Sim, a biologia tem seu papel. Quando o bebê nasce, a mãe está embebida em ocitocina, um dos hormônios responsáveis pelas contrações e, depois, ligado ao processo de amamentação. Conhecido como hormônio do amor, a ocitocina contribui para que a mãe se vincule àquele bebê. Só que o ser humano não se constitui apenas de sua dimensão biológica. E, assim, como os hormônios estimulam o vínculo, o caminho oposto também acontece: um estudo feito nos EUA em 2005 mostrou que um abraço de 20 segundos tinha o poder de elevar os níveis da substância em homens e mulheres. 
 
Agda Salles já era mãe de duas filhas, Carla e Elisângela, quando conheceu o atual marido, Helder, e explicou que não poderia mais ter filhos biológicos. Disse que gostaria de adotar. O casal se inscreveu em várias cidades, nos estados do Paraná e do Rio de Janeiro, para conseguir o terceiro filho.
 
“Eu me via esperando o resultado do teste de gravidez, como uma mãe biológica se sente a cada mês, esperando engravidar. No caso da mãe adotiva, o positivo é a aceitação do juiz, que diz se você está apta ou não para adotar”, conta Agda.
 
A primogênita não biológica, Maria Clara, nasceu prematura, há nove anos, em Barra Mansa. “Ela tinha dez dias e cheguei ao abrigo em uma sexta-feira. Ao pegá-la no colo já saí falando que era minha filha”, conta Agda. “Como a audiência era na terça, fiquei quatro dias na casa da conselheira do abrigo, cuidando da Maria. Foi mais ou menos como o período que se passa na maternidade”. O segundo filho adotivo, Davi, chegou quatro anos depois, com 28 dias de vida. “A partir do momento em que decidimos adotar, já começou a crescer um vínculo, com uma criança que não sabíamos como seria”, conta ela.
 
Quando a criança é mais velha, entre 2 e 6 anos, há um trabalho diferente de adaptação, mas os preceitos de adoção devem ser os mesmos: sem expectativas e disposição para amar.
 
“Podemos considerar ‘mais velha’ a criança que já se percebe diferenciada do outro e do mundo, que já possua certa independência para a satisfação de suas necessidades básicas”, esclarece Maria Antonieta.
 
Andriely chegou para Katya Suely com 4 anos. Ela já era mãe de Guilherme e pensava em adotar antes mesmo de casar, também porque é filha adotiva. Conta que se manteve tranquila durante o processo de adoção, pois sabia que um dia sua filha iria chegar. “O dia em que o fórum ligou foi como se rompesse a bolsa.”
 
A formação de vínculo na adoção tardia pode ou não ser mais trabalhosa, tudo depende de os adultos terem refletido e escolhido exercer a parentalidade e de como se dá o novo arranjo familiar após a adoção. “Há dois nascimentos na história da criança, o de origem e o adotivo”, diz Isabel Gomes. 
 
Vida antes da adoção 
O psiquiatra José Belizario, pai de João e Ana, desfaz o mito de que crianças adotadas são mais complicadas. “Não existe comportamento específico de filhos adotados.” Mais uma vez, filho é filho. Dá trabalho, testa a gente, quer saber se é mesmo amado. Assim como você, está criando o vínculo e testando se ele é mesmo firme ou se balança na primeira (ou segunda ou terceira…) vez que ele se comporta mal.
 
É necessário que os pais entendam e respeitem as experiências anteriores. É importante também resgatar algumas memórias com objetivo de entender o que foi vivido, as rupturas de laços, em vez de negar que eles tenham existido. Se faz parte da história do seu filho, agora faz parte da sua também.
 
Na adoção da criança maior, o processo de luto pela ‘perda’ da família de origem, pela perda ‘do que poderia ter sido’, pela dor do sentimento de abandono e rejeição vem junto com o início da adaptação.
 
A criança pode ter vivenciado as mais diferentes situações, das prazerosas até as traumáticas, sendo com seus pais biológicos ou cuidadores, nos abrigos ou não. Casos que não podem ser deixados de lado pelos pais adotivos, e nada melhor que a lida cotidiana para quebrar barreiras e construir laços. 
 
O vínculo entre os irmãos
Ao adotar uma criança que tenha irmão, o estatuto da criança e adolescente (ECA) recomenda que eles não sejam separados. Se isso acontecer, o melhor é que as famílias mantenham contato para que os irmãos convivam. Quem avalia a viabilidade desse relacionamento são os pais candidatos e o técnico que realiza as entrevistas.
 
Não são todos os irmãos que conseguem se afastar, pois entre eles ainda existe a união familiar, a força da história vivida junto, o afeto e o sentimento de pertencimento.
 
Áurea Medrado, mãe de Mariana, filha biológica, realizou a adoção tardia e compartilhada de Evelin. Isso significa que a menina tem irmãos biológicos que foram adotados por outras famílias. O vínculo entre ela e os dois irmãos foi mantido. “As crianças se encontram e sabem que são irmãos.” 
 
Quando os irmãos são adotados pela mesma família, outros cuidados devem ser tomados. Muitas vezes, o mais velho assume o papel de protetor das demais crianças e precisará ser ajudado a colocar-se no papel de filho e de criança. 
 
A adoção é um processo que leva um certo tempo para se concretizar. A convivência e o dia a dia são responsáveis pela criação dos laços, assim como com um filho biológico. A criança deve sentir que é com os pais adotivos que escreverá a sua nova história. E que, mesmo que dê um pouco de trabalho, como todo filho dá, é filho, e é muito amado. Tenha saído da barriga ou não.
 
Quem pode ajudar
Você encontrará informações com psicólogos, psicanalistas, assistentes sociais, grupos de apoio, livros e filmes. Algumas fontes de informação: 
 
Conselho Nacional de Justiça Informações sobre adoção e acesso ao Cadastro Nacional de Adoção.cnj.jus.br
 
Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo
Promove encontros, palestras e suporte de maneira geral aos pais pretendentes ou que adotaram.gaasp.org.br
 
Blog da psicóloga Cintia Liana
Especialista em psicologia de família, que se descreve como "fada da adoção". www.psicologiaeadocao.blogspot.com
 
Grupo reflexivo de apoio à adoção na USP
Grupo sobre as motivações e escolha pela adoção. Destina-se a casais heterossexuais, homoafetivos, pessoas solteiras, tios, avós, irmãos etc. Contato: adocao.usp@gmail.com 
 
Consultoria: Cintia Liana Reis de Silva, mãe de Flavia e psicóloga especializada em psicologia de família; Isabel Gomes, psicóloga, professora e coordenadora do Grupo Reflexivo de Apoio a Adoção na USP; José Belizario, pai de João e Ana, psiquiatra; Maria Antonieta Pisano Motta, psicóloga e psicanalista, coordenadora técnica do GAASP (Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo).
 

domingo, 23 de fevereiro de 2014

10 fotos de seu filho que não deveriam estar na internet


Blog da Diiirce
Manter a segurança e a privacidade das filhos é obrigação dos pais: proteja as fotos de crianças.

A infância é tão efêmera… Quando a gente vê, já passou. Deve ser por isso que nós, mães e pais, tiramos tantas fotos. Tentamos aprisionar o momento em imagens.

Mas vivemos a geração do compartilhamento, em que uma frase, uma foto se espalha entre milhares de pessoas numa questão de minutos. E aquela foto de seu filhote fazendo graça, que você postou para que seus amigos e familiares pudessem acompanhar o desenvolvimento do pequeno, acabou caindo nas mãos erradas.

Pedofilia, sequestro, roubo, bullying. Uma simples imagem pode dar uma dor de cabeça para uma vida toda.

É extremamente difícil controlar dados on-line: uma vez postada uma imagem, ela estará disponível para sempre, pois ainda que você a delete, alguém pode tê-la salvado.

Estar 100% seguro é quase impossível, mas seguindo as dicas abaixo ao postar fotos de crianças você diminui as chances de sua família ser vítima de gente mal intencionada.

10 FOTOS QUE JAMAIS DEVEM SER POSTADAS NA WEB

1) Fotos da criança nua, no banho ou de fraldas: Você não gostaria de saber que fotos de seu filho circulam pelas redes de pedofilia, que chegam a pagar mais de 1.000 reais por uma imagem, né?

2) Fotos da criança de uniforme: Pelo computador, tablet ou smartphone, é possível embaçar, pintar ou colar uma imagem sobre o logo da escola. Adoramos postar fotos das crianças felizes em ir à escola, mas de forma alguma queremos que um desconhecido mal intencionado saiba onde ela estuda.

3) Fotos que deem pista de onde a criança mora: a foto é de seu filho fazendo gracinha, mas ao fundo tem o número da casa, o nome de uma loja, um ponto de referência qualquer que dê pistas de onde a criança mora. Com o Google, é possível encontrar qualquer endereço.

4) Fotos que seu filho não gostaria de ver publicada quando ele estiver maior: Uma gracinha da criança hoje pode vir a ser o bullying no futuro. Imagine seu filho adolescente vendo a foto que você está publicando: ele se importaria? A imagem é dele, e é pela privacidade deste indivíduo que devemos zelar.

5) Foto que você não publicaria num outdoor: Aquilo que você não gostaria de ver exposto num outdoor no meio da cidade não deve ser publicado. O que é se posta na web fica registrado para sempre e jamais poderá ser totalmente deletado. Basta lembrarmos do caso da Cicarelli.


6) Fotos de crianças sem que os pais tenham autorizado: Nós, empiricamente, conhecemos todas as pessoas de nosso círculo nas redes sociais. Mas e os amigos de nossos amigos? Portanto não faça com o filho dos outros o que você gostaria que fizessem com o seu. Antes de publicar a foto em que uma criança está presente, consulte seus pais previamente. E se a foto de seu filho foi compartilhada sem sua autorização, não hesite em pedir que a pessoa a retire.

7) Fotos que estejam marcadas pelo GPS do seu aparelho: redes sociais, como Facebook e Instagra, e algumas câmeras são capazes de registrar o local em que as fotos são tiradas. Desabilite esta função nas configurações do dispositivo (veja como fazer isso no Instagran), assim criminosos terão mais trabalho em saber onde está sua família neste momento.

8) Fotos que avisem onde você está: #partiupraia, “Até que enfim a viagem”, “Chegando a …”. Postagens deste tipo denunciam que sua casa está livre, e você vira presa fácil de gente mal intencionada. Veja um exemplo aqui.

9) Fotos compartilhadas publicamente: Quanto mais gente vir a foto, mais chance ela tem de cair nas mãos erradas. Por isso, ajuste as configurações de privacidade para que apenas seus amigos vejam suas fotos (como fazer isso no Facebook e no Instagran). Se quiser ser ainda mais específico, agrupe seus amigos em listas e compartilhe as fotos apenas com as listas em que você confia (veja como fazer isso no Facebook). 

10) Fotos que não estejam guardadas numa pasta com senha: Mesmo sendo precavidos ao postar as fotos de nossos filhos, nossos aparelhos podem ser roubados, e nossos dados podem cair nas mãos de criminosos. Guardar nossas fotos em arquivos protegidos por senha dificulta o acesso, resguardando a privacidade de nossa família. Confira aqui apps para proteger as fotos de seu smartphone e como fazer isso no seu computador.

Fonte: http://diiirce.com.br/fotos-de-criancas/?fb_action_ids=10203691252140931&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%7B%2210203691252140931%22%3A600989993309345%7D&action_type_map=%7B%2210203691252140931%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%5B%5D

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Por que crianças até 10 anos não deveriam sofrer



Google Imagens

Por Cintia Liana Reis de Silva


Quanto mais me aprofundo no estudo da mente humana e infantil constato que adultos e crianças são vítimas de uma educação completamente equivocada, desrespeitosa, onde ainda não existe espaço para a psicologia, a ciência da mente.

A minha preocupação central neste texto é explicar porque crianças até os 10 anos não deveriam sofrer ou experimentar vivências traumáticas, de estresse ou de tristeza. Mas isso é possível? E Porque? Sim. É possível criar um ambiente saudável e sereno para o crescimento dos filhos, conhecendo a mente infantil, e isso vai depender da saúde emocional dos pais e do preparo que tiveram e buscam para viver este papel.

E porque crianças não deveriam sofrer? Estudos clínicos já estabelecem a profunda relação entre as patologias modernas, dependências, impulsos, etc, com a vivência de sentimentos negativos na infância, até os 10 anos de idade.

Experiências traumáticas são todas as experiências que trazem sentimentos desagradáveis à mente infantil, ao contrário do que se pensa comumente, que se tratam somente de experiências muito fortes na ótica do adulto. Acontece que na ótica da criança existe uma amplificação do impacto do sofrimento, por causa da vulnerabilidade emocional e pelas características da sua própria estrutura mental imatura.

Posso dar exemplos de traumas, como: Separação dos pais, onde ela é privada de conviver mais ativamente com umas das figuras e não entende bem a situação, confundindo com abandono e sentindo intensamente como tal; o desmame abrupto ou quando a criança ainda não está pronta; quando é obrigada a ir e a ficar na escola nos primeiros dias, sem que ela queira ou que haja um período de adaptação; quando tem pais competitivos, que medem forças com ela por medo de não desenvolverem o senso de autoridade e impõem o uso do poder em pequenas tarefas e situações do cotidiano causando pequenas brigas, ao invés de flexibilizar quando se deve para que não ocorra conflitos; a falta afetiva de uma figura paterna ou materna (mesmo que substitutiva); ser obrigado a dormir na própria cama quando se está com medo de dormir sozinho por algum motivo, chegando a vivenciar uma sensação de pânico, como num centro de concentração; chorar muito e repetidamente no berço nos primeiros meses de vida, quando o natural é querer colo e o aconchego dos braços maternos; ser abusado sexualmente, etc. Não digo que a criança não deva se frustrar, a frustração faz parte da vida, o "não" também, eu falo de sofrimento desnecessário. Essas tristezas, choros e faltas para a mente infantil são monstros que se criam e crescem, verdadeiros vazios, lacunas que nunca mais poderão ser preenchidas em outros momentos ou etapas da vida do indivíduo.

Devo lembrar que crianças castigadas ou maltratadas desenvolvem uma falta de integração do ego, que fica isolado sem ser sintetizado ao interno da memória autobiográfica. (CARETTI e BARBERA, 2012)

Essas e outras experiências traumáticas vividas na infância podem patologizar as defesas dissociativas, isto é, as tendências naturais do sujeito de regular suas emoções de modo saudável. Essas defesas dissociativas têm uma função mental que possuem mecanismos que colocam em reparo a consciência ordinária através de um excesso de estímulos dolorosos, quando ao mesmo tempo recebe uma carga de hormônios característicos. (CARETTI e BARBERA, 2012)

Quando os traumas e tristezas que as crianças são submetidas colocam abaixo as defesas naturais, o adulto de amanhã encontra-se sem defesas para suportar estresses do presente e as memórias passadas, que não são esquecidas jamais, ao contrário, elas latejam pela eternidade e aparecem, mesmo que inconscientemente, em novas situações que lhe parecem já conhecida, como nas novas relações amorosas pode reaparecer o medo de ser abandonado ou o sentimento de rejeição, por exemplo.

A figura de apego deve passar segurança e constância, como também ser uma base de bons sentimentos, para que a criança desenvolva uma mente organizada e diminua as chances de um déficit metacognitivo nessa dialética. A desorganização psíquica emerge de um apego traumatizado e incide na capacidade de integração de aspectos emocionais e da experiência. O sentido de desintegração psíquica é provocado pelas emoções dolorosas. (CARETTI e BARBERA, 2012)

A formação do adulto maduro depende diretamente da boa relação com as figuras de base e do nível de maturidade dessas.

Essa desorganização, desintegração psíquica, a vulnerabilidade ao estresse, provocadas pela falta das defesas dissociativas em virtude das experiência traumáticas e desgostosas infantis levam o indivíduo ao craving, conceito muito analisado na literatura científica, e foi definido como uma “urgência patológica”, uma “fome irresistível”, uma “necessidade imperiosa”. (CARETTI e BARBERA, 2012)

O craving é visto nas dependências comportamentais ou de substâncias, como de substâncias estupefacientes, nos toxicomaníacos, como alcoolistas, usuários de drogas; nos maníacos por compras, sexo, internet, assim como nos impulsivos e obsessivos, que podem estar nesses maníacos já citados; ou até nos que se sentem desconfortáveis socialmente, buscando o isolamento por ser incapaz de relacionar-se de forma prazerosa com os outros. Ou seja, o craving é encontrado em uma dependência patológica, na qual o indivíduo tem um desejo incontrolável através um estímulo de reforço como forma de atenuar as suas dores e frustrações, já que as suas defesas naturais lhe foram tiradas lá no início de sua vida com os sofrimentos vividos.

Existem muitos tipos de terapias, métodos e técnicas terapêuticas que podem trabalhar esses traumas de forma rápida e eficaz, como as constelações familiares, a terapia floral, a somatic experiense, o Acess Bars, o EFT, a Logosintesi, etc. Em alguns casos, é necessário o uso de farmacoterapia atrelada ao tratamento psicológico, porém devo dizer que o acompanhamento psicológico é a saída mais saudável e é insubstituível, porque o indivíduo precisa se conscientizar de seu processo e resignificá-lo. É preciso se dar conta e tocar nessas feridas para curá-las.

O adulto feliz, maduro, que busca se realizar e ter um equilíbrio emocional de um modo mais fácil, normalmente foi uma crianças que cresceu sem precisar guerrilhar e combater tanto com pais infantis, egoístas, competitivos e raivosos. Todo ser humano tem traumas, mesmo que não os tenha visto ou se dado conta ainda, alguns mais, outros menos e se acredita muito na capacidade de resiliência desse ser humano. O importante é conhecer-se para crescer e se preparar para ter filhos mentalmente saudáveis para serem adultos felizes.

Quem já tem filhos, cuide hoje do adulto de amanhã. Consulte sempre um psicólogo, pois o médico conhece e cuida somente do físico, o psicólogo entende e cuida da mente, e eduque com consciência, justiça e respeito.

Referência: Caretti, V e Barbera, D. La. Le nuove dipendenze: diagnosi e clinica. Carocci Editore, Roma, 2012.


Cintia Liana Reis de Silva, psicóloga, especialista em psicologia de casal, família, infância e adoção, seu blog recebe mais de 15.000 visitantes ao mês, o http://www.psicologiaeadocao.blogspot.com.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Vídeo para o GAARFA, Resende. A importância de um Grupo de Apoio à Adoção

Vídeo com a psicóloga Cintia Liana Reis de Silva

A pedido dos fundadores do GAARFA Resende, "Filhos do Amor", Cláudio e Ana Carla Mendonça, hoje gravei o vídeo que fala da importância de um grupo de apoio à adoção, para ser apresentado no primeiro encontro do grupo, dia 22 de fevereiro. 
 
O GAARFA - Grupo de Apoio a Adoção de Resende "Filhos do Amor" vai  caminhando muito bem, tiveram a primeira Reunião para fechar as parcerias e terão o 1º encontro no dia 22/02. Os encontros acontecerão todo 4º sábado do Mês, às 19h, no Espaço Rei da Bola, próximo a UPA, do Bairro Cidade Alegria em Resende/RJ.
 
O grupo já tem o apoio da 2º Vara da Infância de Resende/RJ e do Núcleo Jurídico de uma Universidade para atendimento dos Casais.
 
Nesse primeiro momento o grupo espera cerca de 50 pessoas, mas a ideia é que esse número aumente quando começarem a divulgá-lo. Também tem o apoio da ANGAAD e GAARJ.

Obrigada pelo convite e por me incluírem nesse projeto. 
Mesmo estando aqui na Itália, quero que se sintam abraçados.

O vídeo estará disponível no You Tube a partir do dia 23.

Contato com o GAARFA:
gaarfafilhosdoamor@gmail.com
 
Cintia Liana Reis de Silva

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

"Não acredito muito na disciplina"

Carlos González
 
Sexta, 07 Fevereiro 2014 | Visto - 33854
Pais e Filhos
 
Defende que os filhos durmam na cama dos pais e que se dê o máximo de colo às crianças. É contra os castigos e a imposição de limites. O pediatra espanhol Carlos González relembra os instintos básicos de todos os pais.

Há livros, sites, palestras e grupos de apoio para ajudar quem quer amamentar. As mães já não sabem dar de mamar?
As mães sabem dar de mamar. O problema é que, há mais de um século, os profissionais lhes dão informações erradas. Durante milhares de anos, as mães deram mama seguindo os seus instintos ou com a ajuda das suas mães e avós. Agora, as mães desconfiam dos seus instintos porque ouvem pessoas que lhes dizem coisas sem sentido. Dizem-lhes para não dar mama, para não dar mama de noite, para não pegar o bebé ao colo. E como muitas avós já não deram peito não podem ajudá-las.

Então, não conseguem mesmo dar de mamar sozinhas?
Sim, mas saberiam facilmente se as deixassem em paz. É claro que as mães precisam de informação – desde que correcta – e é bom que durante a preparação para o parto recebam informação adequada. Mas o mais importante é que não haja obstáculos à amamentação, que nos hospitais não separem o bebé da mãe, que não dêem biberões e chupetas ao bebé, que não digam à mãe «tens que dar mama de três em três horas» ou «só podes dar mama durante 10 minutos». Têm de deixá-las em paz. Mesmo assim, é natural que algumas mães tenham dificuldades e essas precisarão de apoio.

Amamentar pode ser muito cansativo. É preciso acordar à noite, por vezes mais do que uma vez, para dar de mamar, ir trabalhar no dia seguinte e conciliar isso com todas as outras coisas que uma recém-mãe tem de fazer.
Ir trabalhar no dia seguinte a seguir a dar de mamar durante a noite é que é cansativo. Hoje em dia, está a dizer-se às mães que primeiro é preciso obedecer ao patrão. E o patrão tem direito a obrigá-la entrar à hora certa e a chamar-lhe a atenção se se atrasa cinco minutos. Se um bebé chama a mãe e, por ela demorar cinco minutos, começa a chorar, dizem que é um mal-educado porque não sabe esperar. Claro que não sabe esperar, não compreende que a mãe tem outras coisas para fazer.

O problema é que pomos as necessidades das mães e das crianças no final das prioridades. O trabalho é cansativo, tem de fazer-se entre determinadas horas e não se pode falhar. Além disso, é preciso fazer muitas outras coisas. Mas ninguém diz às mães para não passarem a roupa a ferro ou para não fazerem o jantar, por exemplo. Em vez disso, dizem-lhes para não pegar no bebé ao colo ou para não ligar quando ele chora. Mas isso é que não se pode deixar de fazer. Se não passarem a roupa a ferro não acontece nada. Mas quando o bebé chora quer dizer que se passa alguma coisa.

Ainda se fala muito em horários para dar de mamar. Mas a maioria dos bebés não cumpre um horário regular…

A maioria dos bebés mama umas 10 vezes por dia. Mas também pode mamar 8, 10 ou 12. É normal mamar um pouco, soltar a mama e, passado um pouco, voltar a mamar. Não deve haver horas marcadas para dar mama, o bebé é que decide. Mas se um bebé mama 25 vezes por dia, às vezes está uma hora ao peito e passa o dia a chorar pode ser sinal de que não está a mamar bem. Pode, por exemplo, não estar a pegar bem na mama. Neste caso, a mãe precisa de ajuda de um grupo de mães, de uma enfermeira ou de um pediatra que perceba de amamentação.

O normal é os bebés não terem regras para mamar?
Sim. Quer dizer, os bebés não mamam de três em três horas ou de quatro em quatro horas, mas também não mamam de hora a hora ou de duas em duas horas. Normalmente, um bebé mama três ou quatro vezes muito seguidas e depois pode dormir várias horas consecutivas.

Ainda há muito a ideia de que os bebés só comem e dormem. De onde vem esta ideia?

Não sei. Eu acho estranho que as mães digam «tenho um bebé muito bom, só come e dorme», mas que nenhuma mãe diga «tenho um marido muito bom, só come e dorme». Não é bom só comer e dormir. Isso não é ser bom. Usamos classificações morais erradas para os bebés. Um adulto é mau quando mata, quando rouba, mas um bebé é mau quando chora. Não tem lógica. Isso não é ser mau, é ter instinto.
Mas por que é que os pais só querem que os filhos durmam e comam?
Há uma pressão social muito grande. Exige-se à mãe que vá trabalhar, mas como pode a mãe trabalhar se o filho precisar muito dela? Então queremos um bebé que não precise da mãe, um bebé que possamos deixar no berço e só ir lá buscá-lo quando nos der jeito. Isto é irreal, os bebés não são assim. Os bebés precisam de atenção, precisam de contacto, precisam de pessoas que lhes dispensem 24 horas por dia.

O seu livro chama-se “Bésame mucho, como criar os filhos com amor”. Brazelton também defende que o primeiro instrumento para criar os filhos é o amor, mas seguido da disciplina. Na sua opinião, onde entra a disciplina?
Não acredito muito na disciplina. O problema da disciplina é que há muitas interpretações para o conceito. Com algumas dessas interpretações eu estaria de acordo, embora não lhe chamasse disciplina.
Mas com outras interpretações não estou nada de acordo. Isto é um problema, porque quando se fala em disciplina cada pessoa entende uma coisa diferente. Por exemplo, se eu estivesse aqui com o meu filho, deixaria que ele pintasse o sofá com um marcador? Claro que não. Mas deixaria que corresse por aqui? Claro que sim. Não estaria sempre a dizer «está quieto». Há coisas que uma criança pode fazer e outras que não pode. Mas não estou de acordo com as pessoas que dizem que temos de proibir coisas para as crianças aprenderem. Em Espanha há um livro que se chama «O não que ajuda a crescer». Quando eu digo a uma criança para não estragar uma coisa, estou a ensinar-lhe a não estragar essa coisa. Mas algumas pessoas acreditam que ao dizer-se «não» está a ensinar-se a criança a controlar-se, a obedecer, a ter disciplina. Dizem que é importante pôr-lhe regras, pôr-lhe limites. Porquê? Elas não precisam de limites porque já os têm.

Como assim?
Há vários livros que ensinam os pais a pôr limites aos seus filhos. Mas alguém acredita que uma mãe ou um pai deixe, por exemplo, o filho beber lixívia porque não sabe pôr-lhe limites? É preciso comprar um livro para saber que não se pode deixar uma criança beber lixívia? Todos os pais sabem. Então o que ensinam esses livros? Ensinam a proibir coisas às crianças porque sim. Ou seja, a criança quer fazer uma coisa que não é má, que não prejudica ninguém, que não custa dinheiro, que não faz mal ao ambiente, uma coisa que eu tenho tempo para lhe dar, que eu lhe posso dar. Mas eu vou dizer-lhe «não» porque há um livro que diz que é preciso pôr limites às crianças dizendo «não». Se se pode dizer que sim, diga-se que sim.

Deve dizer-se que sim a uma criança sempre que possível?
Deve dizer-se sim quando se acha que se pode dizer que sim e não quando se acha que se deve dizer não. Como se faz com todas as outras pessoas e não é preciso comprar um livro que ensine isso. Ninguém acredita que seja bom para um adulto ter limites. Temos limites, obviamente. Uns gostavam de ganhar mais, outros gostavam de passar férias nas ilhas Seicheles, ou ter um carro maior e ninguém diz «ainda bem que tenho limites, são bons para mim porque cresço como pessoa». Pelo contrário, tentamos superar os limites. Então por que acreditamos que para as crianças são bons? Se uma criança tem nota três numa disciplina e justifica dizendo que é o seu limite, os pais dizem que não pode ser, dizem-lhe que estude mais para ter um cinco. Nenhum pai quer que o filho fracasse. Então para que se empenham em dizer que não, em pôr-lhes limites, em dar-lhes disciplina? Se, afinal, os pais querem que ele consiga sempre ter o que deseja? Se a criança quiser brincar com este papel, se quiser estar ali em vez de estar aqui, por que não deixá-la? Se queremos que, pela vida fora, os nossos filhos consigam fazer tudo o que querem temos de educá-los para levar a sua avante, para fazer o que lhes apetece, desde que isso não prejudique ninguém.

Às vezes, é difícil convencê-los de que não podem fazer alguma coisa, mesmo quando isso prejudica alguém.
Por exemplo, se a criança quer atirar uma coisa pela janela. Não vou deixar, claro. Mesmo que proteste, que chore. É igual. Não vou deixar jamais. Mas não vou dizer-lhe «não e não», a gritar, e deixá-la a chorar sozinha. Digo-lhe: «Não podemos mandar coisas pela janela, mas podemos brincar com este jogo». Mas, imaginemos que o meu filho me pede um gelado e eu não quero dar-lhe um gelado porque tem açúcar ou porque faz mal aos dentes. Se o meu filho desata a chorar, atira-se para o chão, bate com a cabeça na parede. Bem, então dou-lhe o gelado. E não é mau mudar de opinião. Digo-lhe: «Não sabia que te apetecia tanto um gelado». E nenhum pai perde autoridade por isso. Franco e Salazar nunca mudaram de opinião. Agora os governos mudam de opinião. Dizem uma coisa, há manifestações na rua, mudam de opinião. E as pessoas preferem este governo. Antes, tinham medo, mas não tinham respeito.
Os pais ensinam os filhos com os seus exemplos. Se dizem que não, a gritar, estão a ensinar-lhes a ser inflexíveis. Se dizem, com maus modos «se queres a porcaria do gelado toma lá o gelado», estão a ensinar-lhes a ser vingativos. Se dizem «se queres tanto um gelado, eu dou-to, mas não podes abusar, é um e nada mais», estão a ensinar-lhes a ser razoável, a negociar.

Mesmo assim, há crianças que acabam por dominar os pais. Chamam-lhes crianças tiranas ou crianças ditadoras.
Os pais é que são tiranos. Uma criança levanta-se de manhã, à hora que os pais a acordam, vai ao colégio que os pais escolheram, veste a roupa que os pais compraram. E por aí adiante. E, na maioria das vezes, a criança fazem tudo isto sem protestar. Todos os dias recebem ordens sobre tudo o que devem fazer. A criança tem de obedecer tantas vezes, que chega um momento em que começa a ficar nervosa. Há um momento em que explode por algo que aos pais parece uma parvoíce, como querer uma pastilha elástica.

Mas há crianças que pedem mais do que uma pastilha, que estão sempre a exigir coisas aos pais.
As crianças obedecem-nos continuamente. E o que mais gostam no mundo é de ver os seus pais contentes. E tentam por todos os meios que os seus pais estejam contentes. Só que às vezes não sabem. E às vezes não podem. Por exemplo, uma criança de dois anos que acorda a meio da noite e chora. Uma vez, duas vezes. A mãe ou o pai diz-lhe: «se dormires a noite toda, amanhã dou-te uma bicicleta». Ela acorda na mesma.

O que é que a faria dormir?
Ela não está a querer irritar os pais. Não chora para que comprem isto ou aquilo. Ela chora, essencialmente, porque quer a sua mãe ou seu pai. Não quer outra coisa. Os pais podem comprar-lhe tudo o que quiserem que ela continuará a chorar. Se estiverem ali com ela, acabará por se calar.

Mas os pais vivem pressionados para não darem muito mimo aos filhos, para não os habituarem ao colo.
Isso é como se alguém evitasse ir ao cinema para não se habituar. É um disparate. Então por que é que pomos fraldas aos bebés? Não queremos que eles andem de fraldas toda a vida. Um bebé precisa de colo, precisa de mama e de usar fraldas. Uma criança grande não precisa, é claro. É muito triste que obriguem os pais e as crianças a esse sofrimento, apenas por causa de um mito. Os pais querem dar colo aos seus bebés. Muitos pais já me disseram que têm vontade de pegar os seus filhos ao colo quando os vêem chorar, mas não o fazem porque lhes dizem que o bebé se habitua ou que fica muito mimado. Os pais não precisam de justificações para pegar nas suas crianças. É instintivo. E deixam de o fazer porque alguém os proíbe?

O mesmo se passa com dormir na cama dos pais. Os pais têm vontade de dormir com os filhos, mas sentem-se culpados se isso acontece.
Todos dormimos algumas vezes na cama dos pais. É perfeitamente normal. Muitas vezes, esses momentos são das recordações mais bonitas que temos de infância. Alguns pais dormem com os filhos algumas vezes, outros dormem com os filhos todas as noites. O importante é que cada um decida por si. Dizem que os bebés têm de habituar-se a dormir sozinhos. Para quê? A maior parte das pessoas, durante a maior parte da vida, não dorme sozinha. Portanto, se for verdade que se possam habituar a alguma coisa, é melhor que se habituem a dormir acompanhados, pois é assim que vão dormir a maior parte da vida. (risos) Chega a uma idade em que eles não vão querer dormir com os pais, de certeza.

Há muitos bebés que choram assim que chega a hora de dormir ou choram muito quando estão cheios de sono. Porquê?
Os bebés sabem que quando dormem a sua mãe vai embora. Como não querem ficar sozinhos, fazem força para não dormir.

As creches são boas para as crianças?
Nem sempre são más, mas não são boas. As creches não foram inventadas porque os bebés ou as mães precisavam. São os empresários que precisam das creches porque querem que as mães deixem os bebés e vão trabalhar. Na União Soviética não havia creches porque as mães tinham três anos de licença de maternidade.

O ideal seria as mães ficarem em casa três anos?
O ideal seria que a criança ficasse com a sua família. Durante os primeiros meses teria de ser a mãe porque é a mãe que lhe dá mama. Depois, poderia ser a mãe ou o pai. A criança está sempre melhor com a sua família. Em Espanha, legalmente, pode haver oito crianças por educadora. Mas se uma mulher está grávida e na primeira ecografia lhe dizem que vai ter oito bebés, ela começa logo a pensar em quem poderá ajudá-la a cuidar das crianças. No entanto, deixam-se oito crianças com uma mulher, provavelmente mal paga, que nem sequer é sua mãe. Alguém acredita que ela vai cuidar tão bem delas como a mãe? Ou que as crianças se vão sentir melhor do que em casa? Ou que vão melhorar o seu desenvolvimento psicomotor porque aprendem mais na creche? Na creche não vão aprender nada. As educadoras mal têm tempo para mudar fraldas e dar biberões, quanto mais para ensinar-lhes alguma coisa. Uma creche com três crianças por educadora seria quase tão bom como estar em casa. Não seria melhor do que estar em casa.

E a partir dos três anos?
Para a maioria das crianças, os três anos são o limite para começarem a separar-se da sua mãe sem problema. Porque já são capazes de entender que ali estão bem e que a mãe vem buscá-los ao final da tarde. Uma criança de dois anos não entende isso. Não sabe onde está a mãe, não sabe que ela vai buscá-la às cinco.

Os bebés não percebem que a mãe vai voltar, mesmo quando volta todos os dias? Não acabam por se habituar?
Não podem saber. E não se habituam. Se um marido volta do trabalho todos os dias às cinco horas. E, de repente, todas as terças-feiras passa a chegar às sete sem dar uma razão à mulher. Ela fica descansada? Não. Cada vez fica mais nervosa. A repetição não tranquiliza a criança. Ainda a põe mais nervosa. E isso percebe-se nos primeiros dias dos jardim-de-infância. As crianças que estiveram em creches choram mais do que as crianças que estiveram em casa até aos três anos.

Também há bebés que só choram quando a mãe ou o pai os vai buscar à creche.
É lógico. Choramos quando há alguém que nos possa consolar. Há quem diga que as crianças choram para manipular os pais. Claro. Todos choramos para manipular alguém. É nisso que consiste. É uma maneira de comunicar aos outros que necessitamos de ajuda. Assim como o riso é uma maneira de comunicar aos outros que estamos contentes. Não é a mesma coisa ver um filme cómico sozinho ou acompanhado. Quando estamos com amigos rimo-nos mais alto porque o riso é uma forma de comunicação. Quando a criança percebe que a mãe não está pára de chorar. Se a mãe não está, para quê chorar? Quando a mãe volta, então chora.

Além dos infantários, muitas crianças, mais velhas, já têm muitas obrigações, como piano, inglês, natação. Isso é bom?
Muitos pais são obrigados a ocupar as crianças depois da escola porque têm de trabalhar. Mas seria melhor se essas crianças estivessem a brincar no pátio, em vez de estarem a cumprir alguma atividade. As crianças precisam de jogo livre. Precisam de tempo em que ninguém controle o que estão a fazer. Antigamente, as crianças tinham muito jogo livre, brincavam na rua, saltavam, faziam o que queriam. Agora, cada vez mais lhes organizamos a vida. Já não há jogo livre. Mesmo quando as crianças têm três meses de férias, os pais não podem ficar com elas e põem-nas em campos de atividades, onde os monitores passam os dias a dizer-lhes o que fazer e como fazer. Em casa passam o tempo a obedecer aos pais. Se estão no computador obedecem a uma máquina. E a criança fica cada vez mais nervosa. Isto é uma das razões pelas quais está a aumentar o diagnóstico de défice de atenção e hiperatividade.

É possível que tantas crianças sejam hiperativas?
Alguns casos serão verdadeiros. Muitos casos serão provocados por este controlo. Se uma criança destas se porta mal na escola, o professor castiga-a proibindo-a de ir ao recreio. No entanto, o que esta criança precisa mais é de recreio. Há crianças que são capazes de aguentar duas horas sentadas na aula, mas há outras que não são capazes, fisicamente não podem. Por isso, mexem-se e falam. Estão a demonstrar que não conseguem estar sentadas tanto tempo. Precisam de mais recreios, de aulas mais curtas.

Muitos pais acabam por tratar essas crianças com medicamentos.
Haverá algumas crianças que precisam mesmo de tratamento, mas não serão todas quanto as que estão medicadas. Nos Estados Unidos, em algumas zonas, 10 por cento dos meninos tomam medicamentos para a hiperatividade. Não podem ser tantos! Isto é uma falha da nossa sociedade. Apesar disso, pais, médicos e professores ficam muito contentes porque, graças a esta droga, as crianças ficam mais atentas nas aulas. Mas se um atleta tomar medicamentos para correr mais depressa ninguém gosta. Um corredor profissional, adulto, está proibido de tomar pastilhas para correr mais. E uma criança de cinco anos pode tomar pastilhas para estudar mais. Como é que chegamos a isto? É uma loucura!

O que é que se pode fazer por essa criança?
O que essa criança precisa, provavelmente, é de um tipo de educação diferente. Os adultos também vivem de formas diferentes. Há adultos que trabalham num banco, todos os dias entram às oito e saem às três. Passam o dia sentados a fazer o seu trabalho e estão contentes. Outros preferem trabalhar numa expedição ao Pólo para tratar de focas. E as pessoas que trabalham com as focas dizem: «Se eu trabalhasse oito horas num banco morria». E toda a gente aceita isso.
Achamos que para os adultos é normal haver modos de vida diferentes, mas para as crianças tem de haver apenas um método de educação e todas têm de segui-lo. Mas não é assim. Há crianças que precisam de outro tipo de escola, como por exemplo a escola Waldorf ou a escola Montessori.

Por que é que os pais precisam tanto de livros que lhes digam o que fazer?
É um mistério. Eu acredito que não precisam. Só escrevi o “Bésame Mucho” porque já havia demasiados livros a dizerem o mesmo. Havia 20 livros diferentes a dizer aos pais: «não peguem no bebé», «não durmam com ele», «deixem-no chorar». Então, eu achei que faltava um que dissesse outra coisa, para que os pais pudessem decidir. Se todos os livros dissessem o mesmo, os pais teriam cada vez mais dúvidas sobre os seus instintos..

Fonte: http://www.paisefilhos.pt/index.php/familia/pais-a-maes/6891

Confusão de conceitos sobre psicologia e educação

Acho até cruel usarem desse modo equivocado os conceitos quando se trata de crianças, só pra ironizar.
Traumático não é dar limites, traumático é crescer sem ser ouvido, é crescer sem ter o direito de comunicar seus sentimentos ou de aprender que isso é permitido e possível. Criança desobedece mais quando está infeliz.
Estava lendo um livro sobre diagnose clinica de psicologia e se explica bem em nível neurológico e hormonal porque crianças até 10 anos não deveriam sofrer, pois tudo se reflete na psique adulta. Não digo ter limites, digo sofrer.
Eu olho muito o lado das crianças em meu trabalho, porque o que mais tem são pais que não têm sensibilidade, inteligência, nem paciência para compreenderem os próprios filhos que crescem e dão a eles na mesma moeda e eles ainda reclamam.
Vejo adultos que a acham que podem tudo e crianças que precisam ser "domesticadas". O anualmente do indivíduo começa cedo.
Realidade cruel, pessoas que querem ter filhos e nunca nem fizeram terapia ou discutiram com alguém o que não querem repetir de erro do que receberam dos seus pais.
O mundo ainda está atrasado, mas com esperança um dia teremos dias melhores, com crianças mais felizes e serenas, se sentindo mais confortáveis no mundo.
 

 
Qual pai e mãe pergunta a seus filhos o que o incomoda no ambiente familiar? Ou quais atitudes deles o desagradam?
E' fácil somente cobrar dos filhos, difícil e' encarar a si mesmo em prol do "amor" e da saúde mental da criança.
Mais do que dar limites, as crianças precisam aprender a falar sobre o que se passa em seus corações, essa e' a base para um bom relacionamento maduro com o mundo.
 
Cintia Liana
 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Quem busca ser consciente

Mandy Lynne

Agir de acordo com a nossa consciência com responsabilidade, discernimento e sabedoria nos faz não precisar provar nada a ninguém e nem querer que ninguém siga o nosso exemplo. Quem busca ser consciente, naturalmente enxerga os bons exemplos e os valoriza.
Não precisamos fazer o que todos fazem, nem ser como a maioria, é preciso questionar os modelos culturais e de conduta e não cair no erro de seguir o fluxo sem refletir.
Seguir o nosso coração com justiça, ser coerente, honesto emocionalmente e não estar nas mãos de ninguém.
Desejo sempre ter atenção, não só para viver com qualidade e dignidade, mesmo que algumas vezes incompreendida, e espero ter sensibilidade, humildade e inteligência para enxergar os bons exemplos.
 
Cintia Liana Reis de Silva, Psicóloga 

O beijo terno de Félix e Niko

O beijo de Félix e Niko, interpretados pelos atores brasileiros
Mateus Solano e Thiago Fragoso
 
Preconceituosos, homo fóbicos e fanáticos de plantão, o primeiro beijo gay da história da novela da rede Globo brasileira (quarto canal de TV mais forte e importante do mundo) foi lindo! Foi melhor do que um beijo de paixão, porque foi um beijo do cotidiano, foi a reafirmação da escolha feita pelos dois.

Morando na Europa (Itália) tenho orgulho da TV brasileira por essas e algumas outras poucas coisas.
E não me diga que o mundo está acabando não, nós ainda estamos na pré-história da mente humana e o mundo, ao contrário do que pensam os medíocres, está em constante evolução. Nós ainda não chegamos no futuro, nós estamos no presente, escrevendo a história da humanidade, para uma sociedade mais justa.

Para quem ainda não percebeu, vendo de fora afirmo que o Brasil é um País que é vanguarda em muitas questões e discussões em relação ao humano, sobretudo na questão racial, por exemplo. Nós estamos avançando. Eu tenho orgulho de ser brasileira por muitos motivos.

E viva o respeito e a liberdade de expressão!

Parabéns aos magníficos atores, Mateus Solano e Thiago Fragoso, por emprestar mais que a sua pele aos personagens.
 
Mas não esqueça, se a cena te incomodou muito, procure um terapeuta. O problema está em você.
Quem é rígido está tenso é o contrário de ser sólido, de estar seguro e de conhecer quem se é, com sinceridade.
O verdadeiro grande homem, bem resolvido, pratica com facilidade a tolerância e a aceitação do que ele pode considerar diferente.
 
Cintia Liana Reis de Silva, psicóloga, especialista em psicologia de casal, família, infância e adoção, seu blog recebe mais de 15.000 visitantes ao mês, o http://www.psicologiaeadocao.blogspot.com

11 coisas que ninguém nunca te falou sobre amamentação e desmame




We heart it

Por Cintia Liana Reis de Silva

A amamentação é um Universo a parte no mundo da maternidade quando comparado a quantidade de informações que nele compreende. É um mundo delicado, sutil e ao mesmo tempo selvagem que é preciso ser mergulhado e explorado.
Têm coisas que ninguém nunca fala ou nunca te falou sobre amamentação, mas agora eu lhe direi e, para isso, também utilizarei a ótica da terapia familiar:
1 - Para uma nova mãe conseguir amamentar com mais facilidade, sem tanta dor física e estresse por medo de não descer o leite, é importante que ela descubra e entenda a sua própria história de amamentação, já que as dificuldade familiares são passadas inconscientemente de pais para filho. Os “erros” normalmente se repetem. Quase todos nós guardamos mágoas do nosso período de amamentação e essa mágoas precisam ser vistas e curadas. A nova mãe deve entrar em contato com seu universo ancestral, esquecido ou negado.
2 - Se fala que o leite materno desce no máximo 4 ou 5 dias após o parto, dependendo se foi natural ou cesáreo respectivamente, mas o leite pode descer com 10 dias também, porque não? Não desista, achando que com 6 dias não descerá mais, continue tentando nos primeiros meses. Se concentre na necessidade de alimentar o seu filho. Nas primeiras horas após o parto o bebê está com a capacidade mais forte de sugar, mas se ele for distanciado da mãe por algum motivo médico, depois de se reaproximar, ele deve recuperar esta capacidade e, para isso, ele deve ser estimulado, ser colocado sobre o seio da mãe, que deve ter paciência e respeitar o seu tempo, para que ele aprenda a sugar e a lutar pelo seu alimento. Deve ser criado esse espaço físico e emocional no qual o bebê sinta que ele tem todo o tempo que precisar e sobretudo sentir o real desejo da mãe de alimentá-lo.
3 – Para se produzir leite, é importante que a mãe a os membros mais próximos da família criem um espaço de intimidade entre mãe e filho. Então não receba visitas de amigos e parentes nas primeiras duas semanas após o parto, que são as semanas mais importante para que se fortaleça a produção de leite e quanto maior for a sua privacidade mais fácil será a produção e, ao mesmo tempo, beba bastante água e não dê atenção aos "opinionistas". 
4 – Se o teu leite não for o suficiente para alimentar o seu filho, se pode dar um complemento com leite artificial, mas não veja isso como um problema e não desista de colocá-lo o máximo em contato com o seu corpo para que se estabeleça um equilíbrio na díade mãe-bebê, para que a real necessidade de o seu leite ser suficiente venha a tona. Pode acontecer de seu leite dobrar ou até triplicar de quantidade no segundo mês de vida do teu pequeno ou até mais. Acontece. Seja tenaz!
5 – Se você se sentir cansada de levantar para amamentar, porque não colocar o teu filho para dormir junto a você? Não no meio do casal, mas ao seu lado. O homem é a única espécie de mamíferos que não acompanha o filhote durante todo o período de amamentação e que não dorme junto a ele, em detrimento da imposição da falsa ideia de estimular a independência do bebê desde os primeiros dias de vida. Bebês são e devem ser totalmente dependentes da mãe e do corpo dela, afinal estão em completa fusão emocional. Após ter a base do contato com a mãe nos dois primeiros anos é que se poderá desenvolver uma verdadeira autonomia sadia. Aproveite esse momento, pois passa muito rápido e ninguém se torna eternamente dependente porque ficou muito nos braços, mas o contrário sim, aquilo que não foi satisfeito na infância fica suspenso no futuro. Os mais importantes estudiosos vanguardistas da psicologia infantil do mundo dizem que os bebês devem dormir nos braços da mãe e, que a partir disso, tudo flui com muito mais harmonia.
6 – Até os 6 meses de vida a amamentação é exclusiva, o leite materno sacia a fome e a sede, não é preciso dar água ao bebê. Mas a partir dos 6 meses começa o desmame. Algumas pessoas introduzem as frutas no quarto mês a as papinhas no quinto, mas tenha muita paciência com o seu filho, não precisa ter pressa, ele precisa assimilar os novos gostos e tornar os novos hábitos um prazer, para que não criem conflitos na fase oral. Faça ele experimentar uma verdura por vez na papinha, depois comece a combinar, mas não exija que ele coma tudo, como uma obrigação. Ele vai comer quando você também sentir o alimentá-lo como um prazer e não como uma obrigação.
7 – Até o primeiro ano de vida o leite materno deve ser o alimento principal, então não use a alimentação do seu filho como elemento para criar conflitos, deixe que ele descubra os alimentos, as frutas, os gostos. Não dê alimentos artificiais e com conservantes. Existem alimentos que substituem a carne vermelha e são cheios de proteína. E se você ainda o amamenta e dá outros alimentos, para quê dar leite artificial? O ser humano não precisa do leite de supermercado e nem de outros animais em sua alimentação.
8 – O organização mundial da saúde (OMS) indica que a criança seja amamentada até completar 2 anos de idade, mas cada mãe deve ter a sensibilidade para intuir o momento adequado em torno a essa idade para tirar completamente o peito e o leite, pois se ela deixar passar o “time” justo, a retirada pode ser muito difícil e conflituosa, mas se fizer antes do momento em que o bebê está preparado pode representar uma trauma para ele, e gerar um sentimento de abandono afetivo.
9 – Os bebês babam e colocam as coisas na boca devido a fase oral, que vai até aproximadamente os 18 meses, segundo a teoria Freudiana do desenvolvimento psicossexual infantil. Para se alimentar os bebês irão sempre preferir o seio materno, ele sim está diretamente relacionado ao reflexo da saciedade da fome e da sede e também representa o aconchego e a segurança materna, então quando seu bebês te olha comendo, não é porque é guloso e está interessado no gosto da comida, pois ele nem sabe que aquilo é comida. Ele quer experimentar as texturas dos objetos que estão a sua volta, ele não sabe o que é alimento e o que não é, então pare de chamá-lo de guloso, ele é somente um bebês querendo descobrir o mundo através da boca.
10 – Com 1 ano, ocorre a anorexia do 1º ano. Muitos bebês começam a preferir só alimentos sólidos, rejeitam a papinha em forma de creme (sobretudo os que estão colocando os dentinhos) e muitos nem querem comer, se voltando só para o peito novamente. Isso não é um retrocesso, mas uma reação ao início da descoberta de ele não é uma continuidade da mãe e a negação por separar-se dela. Tenha paciência, não obrigue seu bebê a comer, tenha criatividade, faça comidinhas gostosas, diferentes, com mais gosto e saudáveis e deixe ele continuar mamando o quanto quiser para que se sinta seguro da relação de vocês dois e assim não causar ansiedade. Não crie conflitos e não compita de modo algum. Para os bebês é uma tempestade de mudanças e estímulos novos, ele precisa de tempo para assimilar tudo. E não esqueça, consulte sempre um psicólogo de família ou infantil, ele é quem entende os processos mentais, emocionais, comportamentais ligados a educação do bebê, enquanto o pediatra cuida da parte física.
11 – Os bebês não fazem do peito da mãe um bico, não desvalorize assim o seu peito. Eles precisam de um estímulo oral para dormir, é natural essa solicitação, é prazeroso e, ao mesmo tempo, eles se alimentam da energia afetiva da mãe. Quem não tem o peito se contenta em adormecer com o bico. Os bebês são muito incompreendidos e criticados, a ciência ainda tem muito a descobrir sobre a mente infantil, sobretudo do recém nascido, não crie seu filho com críticas e julgamentos.
São pontos a refletir para se dar o melhor a quem está aprendendo a viver. Os bebês precisam entender que o mundo não é hostil e competitivo (ao menos nesse momento não mesmo), para poder aceitá-lo e chegar nele com vontade e serenidade. Não economize amor.

Cintia Liana Reis de Silva, psicóloga, especialista em psicologia de casal, família, infância e adoção, seu blog recebe mais de 15.000 visitantes ao mês, o http://www.psicologiaeadocao.blogspot.com.

[Título em italiano: 11 cose che nessuno ti ha mai detto sull'allattamento e lo svezzamento]

O tabu da "boa mãe" e a mãe vingativa

 
Por Cintia Liana Reis de Silva
 
É muito difícil imaginar ou até aceitar que seja verdade que uma mãe possa fazer mal ao seu filho em sã consciência. É como se desconstruíssemos a ideia da beleza do nascimento, da mãe como o portal do vir ao mundo. Por esses e por tantos outros motivos é que existem vários tabus quando se fala a palavra mãe, é como se falar delas de modo ofensivo ou descuidado fosse um grave pecado, como se não fosse permitido ligar esse nome a algo de ruim. Uma insistência na necessidade em enxergar a maternidade como sagrada e ligá-la à perfeição.
 
No inconsciente social a mãe sempre é certamente boa e sempre tem a razão. Não é a toa que a guarda dos filhos é normalmente dada a elas, sem que se faça uma avaliação de sua condição psicológica antes.
 
Existem crenças nascidas há alguns séculos, que ainda não foram superadas popularmente, como acreditar que todas as mulheres nasceram para ser mãe, a existência do instinto materno e que o amor de mãe é o mais forte. Mas há alguns anos a ciência vem desconstruindo e provando que esses absolutismos sobre a maternidade  não passam de manipulação e fantasias, vêm também da relutância de enxergar as mãe como humanas. São falas nascidas na sociedade e que estão intimamente ligadas a manipulação do homem, ao pacto de poder que fizeram ao instituir o modelo da família patriarcal e estabeleceram que as mulheres deveriam estar em casa cuidando dos filhos, enquanto eles, os homens, deteriam todo o poder disponível no interno da família, na política, na cultura, na vivência da sexualidade, etc.
 
As mães são humanas e elas podem errar mesmo querendo acertar, já outras erram mesmo sabendo que estão muito erradas e que trarão sérias, graves e negativas consequências ao filho. Quem já trabalhou 8 anos numa vara da infância como eu, sabe que isso é bem verdade.
 
A maternidade é algo vivido de diferentes formas para cada mulher e isso vai depender da qualidade e do tom da relação que ela tem e teve com seus pais ou de sua lucidez, esforços e boa vontade para se melhorar e dar o que tem de melhor ao seu filho, a vontade de fazer diferente, de um modo mais sábio e sadio, além de sua disponibilidade interna em reconhecer as suas feridas e fazer terapia para superá-las, para não tentar curá-la erradamente através dos filhos, como expliquei em meu texto “Não se supera traumas através do filhos”.
 
O “Trattato Italiano di Psichiatria”, no capítulo “psicopatologia dell’età evolutiva” afirma e explica que existem mães ditas “normais” que não dariam nunca ao filho coisas que desejavam quando crianças e que não podiam ter, como forma de vingança; mães que odeiam a si mesmas e, consequentemente, os filhos, como se eles fossem uma parte dela ou sua propriedade. A preferência da mãe pelo marido, por exemplo, pode revelar um comportamento agressivo ou carência (PAPINI et MARTINETTI, 1999). Sem contar mães que permitem secretamente que o pai de seu filho ou o seu marido (padrasto da criança) abuse sexualmente deste para não “perdê-lo”.
 
Existem outros casos, também de violência contra os filhos, mais graves ou menos graves, que deixam cicatrizes para sempre, que podem ser aparentemente casos simples de negligência, como deixar o filho chorando e assim experimentar uma espécie de prazer, como se naquele instante estivesse superando algum trauma como, por exemplo, o de ter chorado muito quando criança ou ter sido muito rejeitado; como também maltratar ou abusar, como uma ação usada por adultos, em certo nível patológica, para  superar sofrimentos e traumas. Como pedófilos que já foram abusados e repetem o mesmo tipo de abuso, desta vez na pele do agressor, para provar a si mesmo que agora não é mais a vítima e sim o detentor do poder, ou mulheres que abusam de seus filhos ou são cúmplices de abusadores.
 
Embora sejam assuntos e teorias científicas amargas, indigestas e abomináveis, elas precisam ser faladas para que possamos proteger as crianças e oferecer ajuda a quem precisa. Assim como mostrar que toda mãe, incluindo as boas, podem sempre buscar se aperfeiçoar, dando de fato aos filhos o que há de mais sagrado em seus corações, o puro e verdadeiro amor consciente.
 
Por Cintia Liana Reis de Silva
 
Referência:
Papini, M. e Martinetti, M. G.. Trattato Italiano di Psichiatria. Psicopatologia dell’età evolutiva. Milano, pp. 2693-2709, 1999.