"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

quinta-feira, 6 de março de 2014

Consulte sempre um Psicólogo de Família. Amamentação consciente.

Foto: We Heart it
Texto: Cintia Liana Reis de Silva
 
Amigos, vamos divulgar? As crianças merecem.
Cuidemos dos detalhes agora para que os adultos de amanhã sejam mais felizes.
 
"11 Coisas que ninguém nunca te falou sobre amamentação e desmame": http://psicologiaeadocao.blogspot.it/2014/02/11-coisas-que-ninguem-nunca-te-falou.html

A amamentação é indicada ao menos até cerca dos 2 anos. Respeitem!

We Heart it
 
Come diz a OMS, a amamentação é indicada ao menos até cerca dos 2 anos. Não há espaço para preconceitos. Respeitem e deixem em paz mãe e bebe. Se é desconfortável para você, é um problema teu! Fale com o teu terapeuta.
 
Come dice l'OMS, l'allattamento é indicato al meno fino a circa i 2 anni. Non c'è spazio per i pegiudizi. Rspettate e lasciate in pace mamma e bimbo. Se ti è scomodo e' un problema tuo! Parlane con il tuo terapeuta. 
 
Cintia Liana

Charge do Dia - 04/03/2012 - Por Lorde Lobo/ Jornal Agora Rio Grande
 
 

Eu quero dizer a minha filha que ser mãe...

Uma bela histo'ria.
 
Nós estamos sentadas, almoçando, quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em “começar uma família”.

— Nós estamos fazendo uma pesquisa — ela... diz, meio de brincadeira. — Você acha que eu deveria ter um bebê?

— Vai mudar a sua vida — eu digo, cuidadosamente, mantendo meu tom neutro.

— Eu sei — ela diz. — Nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas…

Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.

Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar: “E se tivesse sido o MEU filho?”; que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar; que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.

Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzi-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote; que um grito urgente de “Mãe!” fará com que ela derrube um suflê na sua melhor louça sem hesitar nem por um instante.

Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.

Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina; que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino, ao invés do feminino, no McDonald's, se tornará um enorme dilema; que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.

Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, se questionará constantemente como mãe.

Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que jamais se sentirá a mesma sobre si mesma; que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho; que ela a daria num segundo para salvar sua cria — mas que também começará a desejar mais anos de vida, não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.

Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias, se tornarão medalhas de honra.

O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.

Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que, através da história, tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.

Eu espero que ela possa entender por que eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que me torno temporariamente insana quando discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro dos meus filhos.

Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta.

Quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Quero que ela prove a alegria que, de tão real, chega a doer.

O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.

— Você jamais se arrependerá — digo finalmente. Então estico minha mão sobre a mesa, aperto-lhe a mão e faço uma prece silenciosa por ela e por mim e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho esse que é o mais maravilhoso dos chamados; esse presente abençoado de Deus, que é ser mãe.

Autor Desconhecido

terça-feira, 4 de março de 2014

A importância da independência familiar e como criar famílias mais unidas

Aproveitei a entrevista que cedi ao Portal UOL e escrevi esse texto:

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Por Cintia Liana Reis de Silva
Hoje os indivíduos se perguntam sobre qual a importância de se manter a família unida e de como explicar isso aos familiares, mas eu, como psicóloga especialista em família, começarei a explicar conceitos bem mais essenciais e importantes que  moram atrás, na sombra dessa resposta.
O indivíduo, quando chega na adolescência, deve desenvolver o processo de progressiva autonomia individual em relação ao sistema familiar, isso não significa se separar totalmente da família de origem, nem muito menos brigar. Hoje existe uma confusão entre  autonomia e falta de ligação efetiva. O sujeito pode continuar unido à ela, mas em outro nível, pois ele deve se tornar responsivo e maduro e isso significa pensar, sentir e agir por si mesmo, de acordo com sua própria consciência, com a maior liberdade possível do que crê e do que lhe ensinou a sua família. O ideal é que ele faça melhor do que os seus antepassados fizeram.
Todo sujeito, para amadurecer de verdade, tem que passar pelo processo de questionar o que recebeu dos pais, se perguntar sobre o que recebeu de bom e o que o limita para a vida adulta, ele deve buscar entender os modelos familiares adoecidos, as profecias, os mandatos e as alianças familiares, as crenças ocultas, os segredos, os processos de projeção familiar e tentar o máximo possível se torna o principal responsável por sua felicidade e por suas escolhas, e não mais os seus pais.
O conceito de autonomia emocional é muito importante e essa autonomia é necessária para que cada indivíduo da família cresça e busque viver a sua própria história, e ainda assim se sentir pertencente a um grupo familiar no qual sente segurança e sente que é aceito e amado e que quer estar junto por prazer e não por dependência.
Infelizmente muitas famílias vivem o que chamamos na terapia familiar de identidade emotiva conglomerada, quando não se sabe onde começa o self de um e onde termina o do outro, por causa da grande interdependência existente entre os membros e ainda assim podem viver em meio a brigas e a desentendimentos. E mesmo que não briguem, quando existe um estado excessivo de coesão familiar significa que não existe liberdade para cada um viver a sua vida com independência emocional, causando sofrimentos, culpas, imaturidade e outras dependências, como a financeira.
Há uma confusão em relação ao conceito de união familiar. União não significa concordar em todos os pontos, nunca divergir ou estar sempre junto fisicamente. União significa desenvolver e sentir uma profunda noção de respeito e da necessidade desse respeito para a manutenção desses laços de amor. Para estar unido não é necessário concordar, e sim entender e aceitar. Existem famílias que são separadas por continentes e ainda assim permanecem unidas, uma dando força a outra em todos os momentos da vida.
Quando uma separação é feita através de um desentendimento não se trata de um processo de independência real e sim de um corte emotivo, uma ruptura traumática que trará muitos prejuízos a vida social de quem se separada e quando esse alguém tiver filhos essas feridas intergeracionais, se não forem tratadas, se reabrirão com os filhos. Todos precisam adquirir autonomia do sistema familiar de origem de modo sadio para se desenvolver socialmente de maneira satisfatória, sadia e madura.
O corte emotivo abrupto, a separação por uma briga ou por mágoa da família pode fazer do indivíduo mais dependente ainda desse sistema familiar, vivendo em função dele, baseando seus sentimentos em cima dessas mágoas, vivendo e alimentando essas mágoas, mesmo que não fale sobre elas, não lembre ou que não procure os membros de sua família.
É preciso que os preceitos de muitas culturas religiosas e os preconceitos sociais sejam trabalhados para que a psicologia de família atue, trazendo informações ao povo, à sociedade. Não é preciso mascarar e nem controlar as pessoas da família criando hábitos e crenças, mas fazê-las se darem conta do que as faz sofrer.
É necessário respeitar a crianças desde o seu nascimento, dar-lhe um apego seguro, atenção, afeto e disponibilidade incondicionais, encarando de frente as suas necessidades afetivas mais do que as físicas, pois desde cedo é que ela aprende o sentido de respeito e ela só poderá exercitar esse respeito com os outros se se sentiu respeitada, se experimentou na pele essa sensação de ser ouvida e aceita. É preciso estar mais atento para se trabalhar a importância e os conceitos de ética e respeito com os filhos e dar bons exemplos para no futuro termos adultos éticos que ensinar padrões comportamentais artificiais, regras de etiqueta e disciplina.
Mais do que estarem fisicamente juntas, as pessoas estão precisando tratar as suas feridas infantis, cuidar melhor das crianças que são o repositório da raiva e da ignorância de muitos pais, da falta de tempo, da falta de compromisso, de disponibilidade afetiva, que por sua vez trazem suas feridas da infância. Quem se prepara psicologicamente para ter filhos? A família precisa desenvolver mais o diálogo franco para se abrir para a disponibilidade de amar, baixar a guarda, curar essas feridas para deixarem de competir e assim andar numa mesma direção, buscando a  paz e a felicidade de todos. Quando existe investimento no autoconhecimento, diálogo e sinceridade emocional há mais espaço para o amor.
Estamos em pleno século XXI e os pais ainda procuram erradamente o pediatra, que é o médico do corpo físico, para se aconselharem, porém quando os temas são a mente, emoção, comportamento e educação esse pais deveriam procurar o psicólogo de família ou infantil, pois ele é quem está preparado e tem o devido conhecimento para responder às perguntas sobre os temas citados.
Na família acontece de membros que foram todos criados juntos se separem em determinado momento da vida, pois muitas pessoas se separam por divergências, por mágoas, pela mudança do funcionamento da dinâmica familiar, pelo falta de respeito das escolhas dos outros, pela mudanças de perspectivas, pela não aceitação das figuras de autoridade, por competição, pela falta de identificação nesse cenário de mudanças individuais, etc. Tudo o que acontece na adolescência e na fase adulta de cada membro de uma família tem base e encontramos respostas no que cada um viveu em seus primeiros anos de vida. A criança é um cristal de tão delicada, qualquer coisa a abala profundamente e a marca por toda a sua vida.
Se ao reunir toda a família acontecer uma briga, essa colisão, a depender do seu grau de intensidade e como ela será usada, pode ser vista como um acontecimento até positivo, pois manifesta um ponto tóxico. O seu conteúdo deve  ser usado para modificar o ambiente e o sentimento de todos, pois quando ela aparece mostra que já existiam mágoas antigas não manifestas, mas que deveriam vir a tona de algum modo e, como não veio através do diálogo pacífico e honesto, é porque acabou explodindo de uma forma  qualquer, numa situação onde o conflito ou a ferida foi tocada.
Nesse momento se deve encarar de frente os motivos, as causas desse conflito, indo a fundo, nem que seja no passado, onde toda a mágoa começou, para “limpar”, esclarecer o que aconteceu, dando chances às pessoas de se retratarem, pedirem desculpas e entenderem a dor alheia, só dessa forma as relações podem mudar e serem curadas, pois ninguém esquece nada do que passou, tudo fica guardado, nem que seja em nível inconsciente e é esse conteúdo, essas mágoas não vistas e entendidas de modo respeitoso é quem guia as relações cotidianas do sujeito, inclusive as de fora da família.
Para unir mais a família e se existe algum problema do passado, que fez com que os membros desta tenham se afastado, se pode motivar os membros a falarem sobre as suas mágoas, sobre o que sentem de desconfortável em cada relação e para isso é necessário se criar um ambiente de acolhimento e confiança, onde todos, com maturidade, responsabilidade e comprometimento estabeleçam um “contrato verbal e interno” de estarem alí com o mesmo objetivo, curar as feridas familiares.
Uma figura de autoridade ou uma figura muito empática da família, um ponto hiper-conector, pode propor e motivar essa conversa. Talvez os não envolvidos no desentendimento possam ajudar a promover a paz estando no momento, mas depende da posição e empenho de cada um na família e da relação de empatia que têm com os demais. Mas para isso, é sempre mais seguro ir a um sething terapêutico, um ambiente neutro, de um psicólogo especialista em terapia familiar, ele cuidará para que tudo corra bem e dê certo, na medida e que os pacientes se comprometem também em fazer “dar certo” o trabalho de autoconhecimento e reconhecimento da família.
Precisamos criar a cultura do autoconhecimento e da consulta ao psicólogo. É uma pena, nos tempos de hoje, ainda existir a falta de conhecimento do trabalho tão necessário e fundamental do psicólogo.
Para mostrar para todos a importância de se relevar as diferenças e passar a mensagem da importância da união familiar os pais devem estimular os filhos, desde pequenos, e se valorizarem pelo que têm de positivo, muito mais do que julgarem, criticarem ou apontarem os seu defeitos. Só num ambiente onde foi exercitado muito o respeito, sem comparações, sem jogos, chantagens emocionais ou manipulações é que as pessoas crescerão em harmonia e poderão estar mais unidos em outras fase da vida.
Se as famílias só se encontram em datas importantes e não em outros momentos do ano, os integrantes desta, se têm prazer de estarem juntos, se existir admiração e se condividirem os mesmo interesses, podem aproveitar para festejar datas importantes e significativas da história daquele sistema familiar. Quando existe o interesse em estar junto tudo pode ser motivo para a reunião, inclusive lembrar datas de luto em respeito aos que já se foram. Isso tem um enorme significado simbólico e afetivo para a entendimento e o fortalecimento da história da família.
Como falei no início do texto, o indivíduo deve buscar a autonomia emocional, física, financeira e em todos os outros níveis em relação a família, mas isso não significa cortas os laços com ela, mas sim vê-la de outro modo e estabelecer outro nível de importância para ela em sua vida. A hierarquia familiar continuará, a amizade, o companheirismo, a ajuda mútua, a reunião em datas importantes, as visitas, mas o adulto maduro não será dependente desses laços para viver, para tomar suas decisões, para percorrer suas estradas profissionais, para constituir a sua nova família. A sua família de origem não mais será o seu ponto de referência, pois esse ponto deve passar a ser o seu próprio eu, o seu próprio self. Ele estará junto dos seus entes por prazer e não por dependência. Ele deve ser homem da sua vida e não mais estar nas “mãos” da família.
O indivíduo que tem com a família uma relação autônoma, de respeito, de estabelecimento de fronteiras e a delimitação de seu espaço interpessoal tem a maior chance de ser menos reativo e a ser mais reflexivo, é o que chamamos de um alto nível de diferenciação básica do self. Pessoas mais dependentes da família, com pais imaturos, tendem a ser mais negativas, rebeldes e reativas e a terem um baixo nível de diferenciação básica do self, geralmente ainda precisa da confirmação e conselhos dos pais e familiares para viver e para se relacionar.
Essa frase de que “a família é a base de tudo” também é mal interpretada. O indivíduo adulto não deve alimentar um vínculo simbiótico com sua família de origem para que ela seja uma base sadia, ao contrário, uma família que dá uma base segura, um apego seguro ao filho ainda bebê, é aquela que sutilmente e delicadamente dá o que há de melhor e mais saudável para os filhos ainda pequenos, que não despejam as suas feridas infantis nesses filhos e assim eles poderão crescer mais felizes e se tornar adultos capazes de pensar, sentir e agir por si mesmo e, quem sabe, fazer melhor na vida do que os seus pais e avós foram capazes de fazer? A ideia é criar gerações mais conscientes e maduras. A base mais fácil para se criar adultos maduros é ter pais maduros.
A criação de outros vínculos multiplexos, ou seja, de outros vínculos além da família, só enriquece a vida dos seres humanos, criam outros níveis de relacionamento fazendo o indivíduo amadurecer e exercitar outras partes de sua psiquê, geram companhia social, apoio emocional, relações com outras multidimensionalidades, regulação social, acesso a  novos contatos e não deixa de ser o exercício e o aperfeiçoamento das relações que nasceram na família.