"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Exupéry, Roterdã e a infância

Publicado em literatura por Mario Feitosa

Quando crianças, nosso maior sonho é ver o tempo voar e finalmente nos tornarmos adultos. Ah, se soubéssemos, naquele tempo, o que significa ser criança...

Um mergulho no entendimento da infância pelas mentes de Antoine de Saint-Exupéry e Erasmo de Roterdã e a reflexão sobre o que ela tem para nos ensinar.



"Todos sabem que a infância é a idade mais alegre e agradável", afirma Erasmo de Roterdã, em "O Elogio à Loucura". Continua: "Ao ver esses pequenos inocentes, até um inimigo se enternece e os socorre". 

Quê há no mundo de mais adorável que uma criança? E entre todas as crianças, quem, na história da literatura, foi mais adorável que o pequeno garoto de olhos brilhantes e traje engraçado, pintado por Antoine de Saint-Exupéry, em busca de um carneiro? 

Há quem diga que crianças são "pequenos adultos bêbados". Afirmação incrivelmente espirituosa e acertada. Afinal, quê são "adultos bêbados" senão seres inexplicavelmente divertidos, sem muralhas de pudor, sem "juízo"?! 

Dada a afirmação, que tal promover a atividade mais própria da criança, a brincadeira, traçando um paralelo absurdo de três pontos entre a criatura tenra e suave, de mãos e pés pequenos, olhos curiosos e brilhantes, alma pura, transbordando inocência, e as quase tão adoráveis quanto obras de Antoine de Saint-Exupéry, "O Pequeno Príncipe", e Erasmo de Roterdã, "O Elogio à Loucura"? Vamos lá? 

O Pequeno Príncipe, livreto ilustrado de Exupéry, conta a história de um piloto de avião que, enfrentando a luta pela vida ou morte, num acidente no deserto, se depara com uma misteriosa pessoinha de outro mundo, a qual, em momentos apaixonados e apaixonantes, lhe ensina as máximas de uma vida verdadeira: inocência, oposta à malícia que nos é tão própria; sinceridade, à qual nosso respeito humano nos pede ignorância, em bizarras convenções insalubres; a amizade, ou amor sincero, tão alheios ao comércio-de-tudo ao qual estamos impostos; à responsabilidade, que combate nosso usual e tão devastador egoísmo. Uma pérola! Pequena, leve, linda... Obra que caberia ser revisitada uma ou mais vezes ao ano, para remover as cracas encrustadas pela vida adulta, e reavivar a criança interior. 

Tem seu ápice na fabulosa (e que me perdoe o leitor pelo abuso da equivocidade do termo) máxima da raposa: "Te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", talvez uma das máximas universais mais exploradas ao longo dos anos, de uma profundidade ímpar. Caberiam infindáveis parágrafos de discurso para expressar todas as nuanças da afirmação, mas não seria esse o caso.


Ilustração de Antoine de Saint-Exupéry para capa de sua obra "O Pequeno Príncipe"

De outro lado, o genial rolo-compressor ético de Erasmo de Roterdã, "O Elogio à Loucura". Peça fluída, de humor sagaz e audacioso. Veste de atrevido vestido vermelho, de ampla fenda e decote sobejo, a deusa Moria, a sandice, a entrega desregrada do homem à incontinência desmedida, a doação ao prazer e estultícia, ignorando qualquer meditação profunda, a qual, aos olhos dele, franze as testas dos homens, os envelhece e os faz intragáveis. De uma maneira pitoresca e, talvez, irresponsável, Erasmo (e repare na intimidade) motiva o homem a abandonar a filosofia, o pudor, toda forma de prudência, e a dedicar-se à incontinência das paixões, num tempo de homens austeros, com muita coisa a dizer, mas que, no contexto, provavelmente, ninguém quisesse ouvir. 

Me atrevo a catalogar "O Elogio à Loucura" como a Bíblia para os desajustados, que tanto sofrem pela desaprovação social. Banhada no leite da poética mitologia grega, puxando ao riso e ao verme da consciência em cada sentença, mais que motivar ao abandono da razão, busca, convidando à tal incontinência (abominada por Aristóteles, em "Ética a Nicômaco"), questionar quanto deve o homem ignorar seu caráter animal, que corresponde a pelo menos metade de sua natureza, em troca da elevação intelectual. 

Que lindo o trecho no qual se dedica a imaginar o mundo livre do alfabeto, onde cada qual vive sua vida sem fortes preceitos senão suas necessidades, uma espécie de anarquia intelectual. E quanto condena, na progressão da peça, o desejo dos sábios de tornarem-se mais do que caberia à frágil humanidade, forçando uma transcendência impossível, e se amargando no processo. 

Mas, estendendo demais simplórios resumos das peças, que devem ser consumidas e não imaginadas, cabe retornar ao tema, sua visão de infância. 

Roterdã, enquanto convida à desistência do pudor e da aceitação das convenções sociais, volta os olhos à infância, sem ética construída, profunda sinceridade, livre das barreiras do "cabe ou não cabe ser dito", chama os pequenos humanos de "sem juízo", e oferta a essa falta da meditação do certo e errado seu maior e mais forte caractere de amabilidade.



Agora, ignorando os dois mestres, para traçar a última linha, quê são crianças senão espíritos livres? Livres das tais convenções sociais que nos privam das anteditas máximas da vida verdadeira, verdadeiramente saudáveis. Aos adultos não é adequada a alegria, porque alegria e destemperança andam de mãos dadas, e destemperança agride os preceitos morais alheios. Sinceridade? Quê haveria de ser isso senão uma forma de rudeza, que move a ferir egos?! Amizade?! Amor sincero?! Invenções de boêmios poetas que precisam justificar ao mundo sua falta de modéstia na expressão, uma vez que se doam à noite e ao vinho, ao prazer, pensando-se adolescentes quando já deviam ter abraçado a seriedade que é cabida aos maduros. 

Já às crianças tudo soa divertido, adequado, livre das cruéis métricas que a nós são aplicadas. 

Vaza, inconsciente e involuntariamente, uma profunda inveja do estado pueril, por não poder dividir com eles a livração dos extensos julgamentos de inadequação e loucura, e rótulos de desajuste e necessidade de ajuda. Mas que tipo de ajuda precisaria alguém que deseja do fundo do coração se assemelhar ao ser que, no mundo, mais próximo está da perfeição, e todos querem abraçar e ter por perto, pela formosura estampada nas bolas dos olhos livres de malícia, princípio e autora de toda monstruosidade? 

Houve, no passado, um velho sábio que, segundo dizem, nem chegou a ser tão velho de idade, mas envelheceu por sabedoria (como explicava o mesmo Roterdã) que andava a pés descalços, cantando que o certo era o amor gratuito. Dizem que o mataram, com furos nos membros e no peito, porque o mundo não precisava ouvir o que ele tinha a dizer. Segundo quem ouviu, ele ensinou que quem não fosse tal criança jamais haveria de ser verdadeiramente feliz, provavelmente sabendo que quem perde a meninice, além de perder a graça em si, perde o potencial à verdadeira vida. 

A vida adulta tem lá seus encantos. Talvez sejam eles o tabaco, o álcool, o prazer do sexo, a pompa dos títulos de Senhor e Senhora, ainda que não se saiba exatamente do quê, os carros, empregos, salários dos quais se gabar... Coisas que às crianças não cabem. Mas a elas cabem os jogos, fantasias, brinquedos, amizades desinteressadas, ainda que com amigos imaginários, os quais nem é possível saber se são, de fato, fruto de imaginação ou comunicação real com criaturas sublimes, as quais, como adultos, não seriamos capazes de ver, por termos perdido a inocência. 

Quais são as responsabilidades de um adulto, que os consomem? Contas, e casa, e casamento, e trabalho, e memorando, e mais trabalho, e mais contas, e reuniões, e celulares, e mais contas, seguidas de mais trabalho, relatórios e cálculos. E se paro para enumerar as cabidas ao infante? Meu deus, é aqui que morro de inveja: o brincar, e sonhar acordado, e aprender enquanto brinca, e o sonhar enquanto aprende, e o comer para dormir e, descansado, poder brincar, para voltar a sonhar e aprender. É suposto que a felicidade reinará! E, felizes, como ninguém mais, serão ainda mais adoráveis que suas formas físicas.


E, aqui, começa o traçado do bizarro paralelo entre os pontos anteditos, da verdadeira vida de Exupéry, da falta de juízo, de Roterdã, e da felicidade infantil desenhada pela captação da realidade: qual haveria de ser maior falta de juízo que pedir ao adulto que interrompa sua luta pela sobrevivência para desenhar um carneiro, como o fez o jovem príncipe, ao conhecer o piloto? Não são a esse ponto desajuizadas todas as crianças? E não é justamente a maluquice que permite a felicidade, como explicou Erasmo? Livres das convenções estúpidas e medíocres definidas para inflar egos alheios em amizades convenientes, gozando da liberdade dos problemas que advém de tais convenções, encarando o mundo com os olhos que têm, e vestindo os óculos da imaginação, que fazem do sol ainda mais amarelo e brilhante, das árvores ainda mais verdes e vivas, do céu ainda mais azul e repleto de animais de algodão, as crianças constroem o mundo que os adultos sempre quiseram, mas, ainda querendo, não têm coragem de fazer; pois fazê-lo exigiria a ruptura das convenções. E pedir a ruptura das cruéis regras pré-estipuladas seria deixar a saudável "adultice" em troca de uma já abominável infantilidade, que não mais os "cabe". E, a troco de não receber rótulos (porque adultos vivem de rótulos) de insanidade, e manter a faixa de status (porque adultos adoram status) e seriedade, desistem do desejo, ignoram os conselhos e guardam no bolso de traz o bloquinho de notas, onde haviam desenhado um elefante dentro de uma jibóia, por medo de que pensem ser um chapéu. 

No fim do dia, cavando o fim da vida, para não parecermos loucos aos olhos dos homens, aplicamos, como regra de nossas vidas, o maior ato de estultícia (mórbida) possível, que é ignorar nossa inclinação natural mais saudável, a de, entre reunião e relatório, entregar-nos à verdadeira vida, de sentimentos sinceros e desmedidos.



Se ouvíssemos Exupéry, que nos contou quão responsáveis somos pelo que cativamos, ou Roterdã, que gritou que quanto mais loucos fôssemos, e menos prudentes, mais felizes seríamos, imitaríamos as crianças que, na complexidade do mais simples, vivem verdadeiramente. 

Desejo ser criança para sempre. Gostaria que houvessem mais crianças adultas para brincar a vida comigo. 

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terça-feira, 27 de outubro de 2015

Toda criança merece uma família

We Heart it

Toda e qualquer criança é "adotável". Toda e qualquer criança merece uma família e é digna do amor incondicional de pais que a queiram e a protejam acima de tudo.
Se amamos os nossos filhos, podemos amar qualquer outra criança independente da aparência física, cor, idade, sexo, limitações físicas. 
Refletindo, o quão é cruel pretender amar unicamente e só aquela criança que está dentro do perfil restrito da escolha para a adoção? 
Que em toda criança possamos ver os olhos e a alma dos nossos filhos e dos nossos futuros filhos.


Cintia Liana

O amor é um sentimento dos homens maduros

Cintia Liana

Dê muito amor e seja lúcido

Cintia Liana


Ferber ou Estivill se retratou. Se ligue! Não deixe o seu bebê chorando!

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Sabiam que o FERBER, o escritor daquele livro do método Ferber ou Estivill, que aconselhava os pais a deixarem o bebê chorando até cansar, se retratou? 
Pois é, após vender rios de livros com essa teoria violenta, ele veio a público dizer que a sua teoria estava errada, que faz mal, e que essa teoria serve só após os 3 anos. Pode? 

E quem deixou o filho chorar tanto, abandonado, ignorado, agora sente as consequências.



Consulte sempre um Psicólogo de Família.


Cintia Liana

Se aprofunde mais no tema com esse excelente texto:
http://psicologiaeadocao.blogspot.it/2013/11/nao-deixe-o-seu-bebe-chorando.html




O "Super Nanny" é um equivoco

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Esse programa e método da Super Nanny ou SOS Tata (aqui na Itália), é um grave equívoco. Psicologia Behaviorista, ultrapassada, daquelas que fazem experimentos com ratinhos, controlam, treinam, superficial. Por mais respeito que tenha a todas as abordagens teóricas da psicologia, não posso me calar diante da limitação da proposta humana do programa. A família precisa ser vista para além do proposto, também por uma vertente sócio-histórica. 

As crianças precisam ser compreendidas através daquilo que o inconsciente do casal e da família lhes dá. Os pais precisam olhar as suas feridas, as suas fraquezas, a sua história para que, através do auto entendimento, compreendam porque estão agindo daquela forma e porque as crianças estão respondendo também de certa forma. Só assim existirá um aprendizado profundo, capaz de produzir efetivas mudanças de seio da família.

Cuidado! Ser pai e mãe é muita responsabilidade. Hoje os filhos são o repositório da raiva e frustração de muitas pessoas. Coloque no colo, durma junto, beije, abrace, dê ótimos exemplos, converse, escute, se escute, se melhore e ame, AME profundamente, sem culpa, sem economia e sem reservas.


Consulte sempre um Psicólogo de Família.

Cintia Liana


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Violência contra a mulher é tema da redação do Enem 2015

Ótimo tema. Não existiria nada mais adequado e urgente para o momento.

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Agência Brasil
Publicado: 25/10/2015 13:44 BRST | Atualizado 25/10/2015 14:44 BRST

O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, conforme divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no perfil da instituição no Twitter. Este domingo (25) é o segundo dia de prova do exame e também o mais temido por muitos candidatos, justamente pela elaboração da redação.



Os portões para entrar nos locais de prova fecharam às 13h, no horário de Brasília, e as provas terão duração de cinco horas e 30 minutos. Os candidatos precisarão responder a 45 questões de linguagens e códigos, 45 de matemática e produzir uma redação.
Alguns cuidados devem ser tomados pelo estudante hoje à tarde. As redações com sete linhas ou menos receberão nota zero. Também terão a nota da redação zerada os candidatos que deixarem a folha em branco, fugirem do tema proposto ou fizerem qualquer brincadeira ou deboche. A estrutura deve ser dissertativo-argumentativa, ou seja, os candidatos devem expor argumentos relacionados ao tema da redação, elaborando-os de forma consistente e coerente.
A proposta de redação do Enem sempre vem acompanhada de textos que podem servir de motivação para que os candidatos elaborem seus próprios textos. No entanto, o estudante não deve se restringir às ideias ali apresentadas, copiar trechos ou torná-los parte de sua argumentação. Tais procedimentos podem fazer com que o candidato perca pontos na avaliação de competências.
Como nos anos anteriores, para obter a nota máxima (1.000), o texto deve cumprir bem cinco competências exigidas pelo Ministério da Educação (MEC). O título não é obrigatório. Cada competência tem cinco faixas que vão de 0 a 200 pontos: domínio da norma-padrão da língua escrita, compreensão da proposta da redação e aplicação de conceitos de diversas áreas do conhecimento para desenvolver o tema; capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações para defender um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação e elaboração de proposta de intervenção ao problema abordado, respeitando os direitos humanos.
primeiro dia de prova foi considerado "tranquilo" pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, durante balanço. Segundo o Ministério da Educação (MEC), 364 candidatos foram eliminados do exame. Destes, 330 portavam equipamentos inadequados na sala de aula e 34 foram identificados com objetos proibidos pelos detectores de metal. A abstenção ficou em 25,31%, número menor comparado a 2014.
Fonte: http://www.brasilpost.com.br/2015/10/25/tema-redacao-enem_n_8383602.html?ncid=fcbklnkbrhpmg00000004

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Maternidade: psicóloga fala sobre Síndrome do Ninho Vazio

Profissional fala sobre o conflito emocional gerado na mãe ao ver o filho sair de casa na fase adulta



Por Ingrid Dragone

E quando os filhos saem de casa? Como fica a mãe? De quais cuidados ela precisa nessa hora? Para responder a essas e outras perguntas sobre a Síndrome do Ninho Vazio, entrevistei a psicóloga Ana Tereza Lima, especialista em Terapia Familiar. Confira o resultado!


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Que fatores podem definir se a mulher está com a Síndrome do Ninho Vazio?A Síndrome do Ninho Vazio é o nome dado a uma forma de reagir à saída dos filhos, que, na fase adulta, seguem adiante para construir suas vidas. Trata-se de mais um ciclo que as famílias atravessam, com particularidades, emoções e aprendizados peculiares. A Síndrome pode atingir o casal, mas, frequentemente, são as mulheres que vivenciam essa experiência de forma mais expressiva. Quando se vê sem os filhos, ela passa a sofrer de inseguranças, tristeza, sentimento de vazio, rebaixamento da autoestima.
O que caracteriza a Síndrome? 
Todas as pessoas buscam ao longo da vida algo que lhes dê sentido, seja através de crenças, atividade profissional, vida afetiva ou autoconhecimento. Muitas mulheres fazem da maternidade o seu ofício; e do lar, seu porto seguro e lugar de expressão. Com a saída dos filhos e por consequência, a perda do lugar de cuidadora, a mulher pode ser tomada pelo sentimento de inutilidade, de falta de sentido. A quebra da rotina de anos dá lugar a uma disponibilidade e liberdade estranha e desconhecida. O fato de os filhos não necessitarem mais dos seus cuidados como antes, produz uma desorganização, que tanto pode ser vivida como uma crise como pode ser uma oportunidade de ressignificação do sentido de ser dessas mulheres. 

A rotina que a mulher levou a vida inteira pode levá-la a ter a Síndrome? Por exemplo, uma mulher que tem uma frustração pessoal ou profissional tem maior tendência a sofrer? Qual o perfil da mulher que fica em pior estado?
A realidade atual, em que a mulher tornou-se ativa economicamente, produziu mudanças importantes quanto a esse sentimento, mas ainda encontramos frequentemente mulheres que adoecem, deprimem, sentem-se perdidas no momento em que os filhos saem de casa, até porque, muitas acreditam que esse lugar é o único que lhes cabe. Uma pessoa que tenha dificuldades com cortes, afastamentos ou perdas, também poderá vivenciar isso como um verdadeiro luto. Quanto mais a mulher tiver uma rotina de vida, incluindo aí trabalho, estudo, investimentos na carreira profissional, vida afetiva satisfatória, vida social, ou seja, atividades além da função materna, mais facilmente enfrentará essa etapa. Nem todas as mães vivem essa experiência como algo doloroso. 
A Síndrome é uma espécie de depressão? Se não, pode chegar a ser?
Por se tratar de uma vivência de tristeza profunda, com sentimentos de desqualificação e falta de norte, existe a possibilidade de agravamento até um quadro depressivo severo. A história de vida desta mulher, associada a históricos familiares, a forma como a saída dos filhos se deu, a rede social e vincular no seu entorno, tudo isso pode contribuir para uma maior ou menor intensidade da Síndrome.

Como os filhos podem ajudar a mãe nesse caso?
O papel dos filhos e de toda família é importantíssimo nesse processo. Os filhos devem compreender o sofrimento da mãe e ajudá-la a atravessar esse momento, mostrando o quanto estão bem e em condições de seguirem suas vidas como adultos, e estimulando nela novos contatos, novos ambientes e vínculos, onde ela poderá viver novos interesses e aprendizados. Essa experiência pode ser transformadora, quando aproveitada como uma chance para recomeçar, retirar da gaveta os planos adiados.

O que a mulher pode fazer para minimizar os efeitos da saída dos filhos de casa?
A Síndrome do Ninho Vazio é mais um ciclo que a família enfrenta, assim como o nascimento de um filho ou a morte de um membro. No entanto, é um processo que vai se construindo ao longo do período de crescimento dos filhos até que chegue o momento de eles seguirem com suas escolhas pessoais, profissionais e afetivas. Se a mulher preserva sua individualidade, a possibilidade de viver essa experiência de maneira enriquecedora e prazerosa é enorme! Afinal, ela é coparticipante do sucesso dos filhos que agora saem pra trilhar seus próprios caminhos. É também um rico momento para que o casal possa resgatar sua convivência e intimidade, e realizar sonhos adiados com a chegada dos filhos. O tempo disponível poderá ser integralmente dedicado à relação. 

Quando a mulher não vive mais com o pai dos seus filhos a situação se agrava? Falo em termos de ela não ter um companheiro em casa para dar apoio.
Geralmente uma mulher que não tenha o companheiro ao lado, seja por separação ou morte, tende a investir mais o seu tempo nos filhos. Isso certamente acarreta uma sobrecarga emocional na relação, contribuindo para que o afastamento se dê de forma mais dolorosa.

E se ela sobrecarregar os filhos com a tristeza, chegando a culpá-los, como eles devem agir? 
Essa reação é bastante frequente. Os filhos e seus parceiros sofrem muito.É fundamental que os filhos se mantenham firmes na sua trajetória, apoiando a mãe no sentido de estimulá-la a encontrar um sentido para sua vida, a partir de si mesma. Um acompanhamento psicoterápico é indicado e eficiente nessas situações, porque ajuda a mulher a descobrir o que lhe mantém nesse padrão de relacionamento dependente com os filhos. Colabora também para que ela descubra seus propósitos e interesses pessoais, fazendo com que antigos projetos encontrem espaço de realização.

Ana Tereza Lima. Psicóloga (CRP 03/ 0680), formada pela Ufba, com Especialização em Psicologia Clínica, Terapia Familiar e Casal ( UCSal), e  Analista Bioenergética (Sociedade de Análise Bioenergética da Bahia). Atua como psicóloga clínica com adolescentes, adultos, casais e família, e coordena grupos terapêuticos.
Fonte: http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/maternidade-psicologa-fala-sobre-sindrome-do-ninho-vazio/?cHash=b716062696850df8b87d0561cbb9aa12

Conheça as diferenças entre apadrinhamento afetivo e adoção

Diário da Adoção

14.10.2015
EBC Rádios

A diferença é que a adoção torna a criança filho adotivo enquanto o padrinho afetivo se torna uma referência na vida da criança 

Apadrinhamento de criança é o mesmo que adotar? Você sabe a diferença? Para falar do assunto o Tarde Nacional conversou com a psicóloga e coordenadora do programa de Apadrinhamento Afetivo da ONG Aconchego, Maria da Penha Oliveira. Ela explica que há diferenças entre apadrinhamento afetivo e adoção. Na adoção, a criança se torna filho e os responsáveis passam a ter a guarda. Já o apadrinhamento é um encontro de amizade, de uma apessoa que será referência na vida da criança ou adolescente, mas ele não será responsável por ela, porque ela está sob a guarda da instituição de acolhimento.
"O apadrinhamento afetivo é um programa construído para crianças e adolescentes que vivem em situação de acolhimento, ou seja, nos abrigos, com remota possibilidade de adoção, ou de voltar para suas famílias de origem. O programa visa o encontro dessas crianças e adolescentes com pessoas da comunidade, no papel de padrinho ou madrinha", comenta.
Segundo a psicóloga a maioria das crianças e adolescentes que estão esperando o apadrinhamento afetivo estão com idade acima de 12 anos: "eles crescem na instituição com pouca referência do que é família, do que é a sociedade, do dia a dia da rotina familiar. Outra é que aos 18 anos, ele deverá sair da instituição e precisa ter um projeto de vida, para sustentar. É neste lugar, que o padrinho ou madrinha entra para ajudá-lo a construrir seu projeto de vida", esclarece.
Saiba quem pode se tornar um padrinho afetivo e quais os compromisso de quem quer apadrinhar afetivamente uma criança nesta entrevista ao Tarde Nacional, com Solimar Luz, na Rádio Nacional de Brasília.

OUÇA:


Fonte: Diário da Adoção (Facebook)

Projeto "Vem pra casa" - Série documentário sobre adoção

Giros Produtora

"Com especialista
A Giros prepara uma série documental sobre adoção. “Vem pra casa” será apresentada pela psicóloga Cintia Liana. A atração, de 13 episódios, ainda não foi negociada com canais. A produtora ganhou R$ 80 mil da RioFilme para o desenvolvimento do projeto."

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Agora é público! Foi destaque na coluna da Patricia Kogut, do Jornal "O Globo". 
Estou muito feliz! E o mundo da adoção só tem a ganhar com essa linda iniciativa da Giros Produções! Notinha em primeira mão. O projeto já tem vários fãs.

Fui convidada pela Giros em maio deste ano. Discutimos o projeto e logo fiquei apaixonada e confiante da competência da produtora Bianca Lenti e de sua equipe.

Depois li o projeto que iria ser apresentado à banca da RioFilmes e me emocionei com a sensibilidade dos roteiristas e como dominam o tema adoção. Prova disso foi ter sido um dos 10 escolhidos para a contemplação do investimento financeiro para o início do projeto.


Em uma das primeiras conversas pelo sSkype, perguntei como tinham chegado até mim e fui informada de que fizeram uma pesquisa em todo o Brasil, com um especialista em internet para descobrirem a pessoa ideal, e eu fui a apontada. Me sinto horada, orgulhosa e quero agradecer a todos vocês que seguem o meu blog, me acompanham, leem os meus posts, curte as minhas páginas, me escrevem pedindo conselhos, pedindo um "norte" nas monografias, pedindo indicações de bibliografia, que escrevem somente para dizer que gostam do que escrevo, para agradecer, etc.

Tenho certeza de que esse projeto da Giros será um sucesso e que vocês se emocionarão e se verão na telinha, porque nos 13 capítulos, contando histórias reais, falaremos de todas as modalidades de adoção com muito cuidado e amor, então tocará no coração de cada um e se reportará a história pessoal de todos vocês.

Abraços adotivos. Torçam por nós!

Cintia Liana

terça-feira, 13 de outubro de 2015