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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Olhando as necessidades da criança

Teodora e Quinzinho

Por Cintia Liana Reis de Silva

Muito perigoso o modo como uma novela forma a opinião de um povo. Quem não tem consciência disso cai em um erro irreversível.

Já que falamos tanto em como a novela "Fina Estampa" está tratando o tema adoção de maneira errada e preconceiutosa e confundindo doença mental com crueldade e psicopatia, resolvi aproveitar o ensejo e falar do modo como tratam a figura materna do pequeno Quinzinho.

Mesmo quem não assiste novelas não tem como, em algum momento, não se deparar com alguma cena chocante. Em nenhum momento eu vi a família do pai do menino olhar para ele como um ser humano que merece ser visto com respeito e observar como a presença da mãe o deixa feliz.

O autor surpreende mais quando constrói uma personagem pseudo perfeita e ao mesmo tempo a faz chamar a ex-nora de "piriguete" e de outros tantos piores nomes pejorativos na frente do neto e dizer que a opinião dela não vale nada. De querer pagar para que ela fique longe dele, sem antes disso pensar em como essa ausência o faria mal.

Se alguém tivesse a consciência do quão devastador é ser abandonado era mais fácil pagar para ela ficar. Porque analisando bem, ela trata bem o menino e é uma mãe amorosa, apesar de ter seus tantos defeitos. O contato com a criança é o momento onde ela deixa sua sombra de lado e é somente luz para ele.

Ela é xingada na frente do menor, ridicularizada, agredida, rejeitada e o tal Quinzé a olha com repulsivo e forte sentimento de ódio e depois dizem que isso é amor. Tudo isso como um espetáculo de horrores para o pequeno que nunca esquecerá estas cenas e bem no momento em que está absorvendo conceitos para toda a vida, assim como os conceitos de mãe e mulher (podemos aproveitar e pensar também no pequeno ator, não só no personagem). Do mesmo modo falam se sexo na frente dele. Tudo bem que dificulta o fato do pequeno não atuar bem, então não passa nenhum sentimento. O problema é que o povo vê isso na novela e entende como uma permissão para fazer igual. Porque mesmo sabendo que é errado, se isso ocorre numa novela da Globo, em horário nobre, e por uma família que ficou milionária, se torna no mínimo permitido e perdoado os olhos do inconsciente social.

Não se fala em terapia, em auto conhecimento, em diálogo franco, só se vê reações raivosas. Claro que nisso também se inclui a personagem Teodora, que é imatura e interesseira.

A protagonista flexibiliza para a própria "inimiga" a vilã psicopata, mas não para a ex-nora. Talvez porque esta primeira não queira roubar o seu tão precioso dinheiro? Enfim, críticas ao roteiro, porque tudo ali é falso, são personagens, invenções de um autor que é humano e não deve ter nenhum conhecimento de psicologia.
Voltando para a responsabilidade de educar um povo e até fortalecer uma cultura, é construir dois personagens, como Quinzé e Teodora, que se agridem fisicamente, em nada se admiram, se xingam dos nomes mais pesados e preconceituosos, e chamar isso de amor. Eles se desejam, sentem uma atração neurótica um pelo outro, atração física, se identificam na raiva, mas chamar isso de amor é até ofensa. As pessoas precisam questionar mais e estudar conceitos subjetivos, história, filosofia, psicologia. Digo e reafirmo, isso não é e nem nunca será amor.

É, Aguinaldo Silva, isso tudo é de fato uma agressão à inteligência alheia. Talvez seja por isso que hoje em dia uma das coisas mais bregas é dizer que assiste novela e a maioria das pessoas que assiste tem vergonha de admitir. Ela está impregnada do que vulgarmente chamamos de burrice.

Por Cintia Liana

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