"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

terça-feira, 31 de maio de 2011

Em Manhuaçu, idosa de 80 anos que cuida de crianças abandonadas precisa de ajuda

Elena Kalis
26 de maio de 2011

Dona Rubenita Lourenço é uma idosa de oitenta anos de idade que não deixa de lutar pela sobrevivência e melhores condições de moradia para dezessete crianças que ela cuida por adoção. A idosa é casada com o Sr. Jocermindo Paulindo, oitenta e três anos de idade, ambos lavradores aposentados e residem no córrego Santa Rosa zona rural a aproximadamente 20 km da cidade de Manhuaçu – MG.

O casal conta que deixou uma vida muito dura no Ceará, onde residiam, e enfrentou um pau de arara numa exaustiva viagem de vários dias até chegar a Minas Gerais. Dona Rubenita, disse: “E assim reiniciamos nossa vida com muito sofrimento. Um dia, quando levantei bem cedo, encontrei uma criança recém-nascida na porta de minha simples casa, ela estava morrendo de frio, logo percebi que havia sido abandonada, coloquei para dentro de casa e fui cuidando dela, logo foram aparecendo outras crianças dadas pelas próprias mães. Assim foram crescendo o número de crianças, eu e meu marido, com a penas nossa aposentadoria, fomos cuidando delas. A nossa situação não era nada fácil, mas Deus ia nos dando forças, já passaram por minhas mão, mais de cinquenta crianças, muitas já apanharam maior idade, e se foram. Graças a Deus, pude dar um pouco e estudo para todas, e continuo”. Conclui Dona Rubenita.

A idosa, disse também que sempre contou com o apoio das pessoas que visitam as crianças.

Hoje, com a idade já avançada juntamente ao esposo, Dona Rubenita cuida de dezessete crianças, e disse ser a terceira geração de filhos adotivos. Estão lhe faltando alimentação e produtos de limpeza, e o seu maior sonho de construir uma casa para os filhos adotivos ainda não foi realizado. Constatamos que o local onde reside, por ser uma construção muito antiga, a numerosa família corre um sério risco de tudo desabar a qualquer momento.

Portanto, a antiga casa terá que ser derrubada. Para ajudar Dona Rubenita a realizar o seu sonho e das crianças, entre em contato com o Programa Mão Amiga da TV Catuaí – Manhuaçu – MG. teo@programamaoamiga.com.br, Telefones: (33)3331-7793 / (33) 9965-1215.



Por Teógenes Nazaré – TV Catuaí – Manhuaçu - MG


Postado Por Cintia Liana

domingo, 29 de maio de 2011

Mudança em favor do amor - Matéria com a participação da Psicóloga Cintia Liana

Por Amanda Corrêa
Fotos Retrato 3 Estúdio
Ilustração Paulo Werner

Dados do Cadastro Nacional de Adoção apontam queda da procura por crianças brancas. A revista Star conta histórias emocionantes de quem nunca se importou com o preconceito.

De acordo com os dados do Cadastro Nacional de Adoção de 2008, 70% dos adotantes exigiam crianças brancas na hora de adotar. Em 2010, este percentual caiu para 38%, onde 29,6% são indiferentes à cor e 1,93% aceita apenas crianças negras. Os dados apontam uma mudança na mentalidade dos candidatos a adotante. Entre crianças e adolescentes que esperam a adoção, 65% são negros, pardos, indígenas ou asiáticos.

“A queda da preferência por crianças brancas significa um avanço social tremendo. Acredito que isso tenha a ver com o Cadastro Nacional de Adoção e a nova lei da adoção (veja quadro na página 26). O processo acelerou porque o encontro entre adotantes e crianças à espera de adoção começou a ser mais ágil”, explica a defensora pública e coordenadora dos defensores públicos na área de família e civil, Marta Juliana Marques Rosado. “Toda criança tem direito a convivência familiar. Estas crianças negras estavam sendo preteridas disso, bem como as que tinham alguma deficiência física. Quando nunca, elas ficavam o resto da sua infância e adolescência no abrigo, até completar 18 anos”, conclui o defensor público da infância e da juventude de Belo Horizonte, Wellerson Eduardo Corrêa.

Mas, ainda assim, a diferença entre o número de candidatos a adotante e o número de crianças à espera da adoção é alarmante. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, 5.369 crianças de 0 a 17 anos foram registradas no Cadastro Nacional de Adoção em todo o Brasil até o dia 12 de agosto deste ano. Entre elas, 2.939 são meninos e 2.355 são meninas. O total de pais candidatos a adoção é bem maior: 28.988. Esta equação não fecha porque, além da questão racial, existem ainda outras barreiras. “O que observamos é que a criança que passa dos seis, sete anos de idade, já não consegue acolhimento na família substituta nacional. Aí, elas vão para famílias substitutas estrangeiras. O brasileiro possui resistência em adotar crianças mais velhas, o que chamamos de adoção tardia”, explica Corrêa.

Quebra de paradigma

A psicóloga Cintia Liana Reis de Silva atua como especialista em psicologia conjugal e familiar. Ela trabalha com adoção desde 2002 e foi perita da Vara da Infância e Juventude de Salvador - BA, um dos Estados brasileiros com a maior proporção de negros na população. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, PNAD, 14,4% da população baiana são negros e 64,4% pardos. Atualmente, Cintia atua na Itália como colaboradora de uma entidade de adoção internacional.

Segundo a psicóloga, um dos motivos que levaram à mudança nos dados do Cadastro Nacional de Adoção é a falta de crianças com os perfis procurados pelos candidatos a adotantes. “Em 2004, quando comecei a coordenar o serviço de psicologia da Vara da Infância e Juventude, existia um grande número de adotantes querendo meninas, brancas e recém nascidas. Em 2008, o quadro era completamente diferente. Muitas pessoas buscavam um perfil mais flexível, sem preferência de sexo ou cor de pele, além de crianças maiores de dois anos. Lembro-me que um casal alterou seu pedido no Cadastro Nacional de Adoção de uma criança de até dois anos, para uma de até 12. Acabaram adotando um menino negro de sete anos. Eles nutriam um amor imenso e hoje, três anos depois, estão muito felizes. Para a criança, o que importa é o amor que recebe, o amparo, os cuidados e a proteção. Não importa se terá só pai ou só mãe, se estes serão brancos ou negros ou que classe social terão”.

O medo de que as crianças mais velhas tragam alguma carga emocional da convivência que tiveram com os pais biológicos ou na instituição ou abrigo onde elas se encontravam antes de serem adotadas é um dos motivos que levam os candidatos a exigir crianças mais novas. “As pessoas acham que quanto menor a criança, mais absorverá a nova educação e mais se assemelhará a um filho biológico. Como acham que a criança ainda não tem uma personalidade formada, acreditam que não trará tantas recordações desagradáveis e hábitos da instituição ou da família de origem. São fantasias sociais, grandes mitos”.

Cintia explica que quando a criança se sente verdadeiramente amada e aceita, ela quer se tornar parecida com os novos pais. E isso, de fato, ocorre, independentemente da idade. “Se idade fosse assim tão importante para o vínculo, não existiriam tantos filhos biológicos com tantos problemas e se voltando contra os pais. Não existe uma fórmula. Existem situações complexas que devem ser tratadas com cuidado e afetividade”.

Para a psicóloga, a mudança nas exigências no Cadastro Nacional de Adoção pode ser explicada também pelo fato de que muitas celebridades como Madonna, Sandra Bullock e Angelina Jolie, têm adotado crianças negras. Existe uma imitação, mesmo que inconsciente, do comportamento de pessoas a quem se admira. “Quando alguém respeitado, conhecido e bem-sucedido adota, sempre abre novos caminhos e fortalece desejos. Isso faz com que as pessoas vejam como uma espécie de moda e como algo muito valioso, que só alguém bem resolvido e bem estruturado faz. E isso todo mundo quer ser”, afirma.

Para os defensores públicos, Wellerson Corrêa e Marta Rosado, a adoção é um ato de amor. “Os pretendentes têm que comprovar que estão amadurecidos para a paternidade. São pessoas que estão dispostas e sabem amar. A adoção é um desafio. Uma caixinha de surpresas. Mas é um processo irrevogável, como uma maternidade ou paternidade natural. A criança não virá pronta. Virá como um filho biológico, com todas as virtudes, mas também com todos os defeitos”, explica Corrêa. “As pessoas têm que estar preparadas para, quando aparecerem os defeitos, não colocarem a culpa na adoção”, completa Rosado. “É como aquele ditado: você ama não por causa de, você ama apesar de, não é?”, finaliza Corrêa.


Casos de amor

A empresária Silvia Rocha Veloso, de 49 anos, nunca havia pensado em adotar. Seus dois filhos já estavam crescidos quando ela conheceu Luana, então com dois anos, enquanto trabalhava como voluntária na extinta Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor, Febem, em 2004. Como Silvia e a menina nutriram carinho uma pela outra, a empresária resolveu apadrinhá-la.

Luana e seu irmão, Jacson, então com oito meses de idade, tinham sido levados à Febem depois de uma denúncia de maus tratos por parte de seus pais. Enquanto estavam na instituição, sobre proteção do Juizado da Infância, os irmãos esperavam pela decisão da justiça, que fazia um trabalho de reintegração familiar. A dúvida era se seriam entregues de volta à família ou iriam para a lista de adoção.

O juiz responsável pelo caso decidiu que as crianças não tinham condições de voltar a viver com os pais biológicos. Luana e Jacson foram para a lista de crianças disponíveis para adoção e Silvia, com o apoio do marido Eugênio e dos filhos, pediu a guarda da menina. “Quando saiu a guarda eu falei para a Luana que, a partir daquele dia, não era pra ela me chamar mais de tia, que poderia me chamar de mãe. Perguntei: ‘você quer que eu seja sua mãe?’, e ela respondeu: ‘quero!’. Assim que eu virei as costas, era mãe pra cá, mãe pra lá. Ela tinha três anos e meio, mais ou menos”.

Depois de conseguida a guarda, a advogada de Silvia registrou um pedido de adoção, e ela e o marido passaram por entrevistas e visitas de assistentes sociais. Posteriormente à finalização do processo, uma assistente do juiz da Vara Civil da Infância e da Juventude de Belo Horizonte entrou em contato com Silvia para saber se ela gostaria de adotar o irmão da filha, Jacson. “Infelizmente, nem financeiramente nem psicologicamente eu poderia adotá-lo. Eu não tinha estrutura para ter duas crianças. Soube depois que um casal sem filhos adotou o Jacson”. Uma das assistentes sociais do processo do casal adotivo de Jacson entrou em contato com Silvia, certa vez, pedindo que ela desse seus contatos aos pretendentes caso eles ou o Jacson, mais tarde, quisessem entrar em contato com sua filha, Luana. Silvia autorizou e passou todos os contatos, mas nunca foi procurada.

A história de amor de Eneida Cabral de Lacerda e Silva, de 40 anos, com seu filho Gustavo também teve início em uma visita a um abrigo. Lá, a servidora pública conheceu e se apaixonou pelo menino, então com um ano e 11 meses. Ela já tinha um filho, Rafael, que sofre de deficiência mental, e havia tentado engravidar várias vezes, sem sucesso. Conheceu Gustavo, hoje com oito anos, quando já tinha desistido de tentar a segunda gravidez. “Quando cheguei, vi o Gustavo e me apaixonei. Não fui com intenção de buscar uma criança e nem de adotar. Foi a presença dele que me fez querê-lo. Foi um encontro lindo. Ele era um pouco desconfiado, mas pegou na minha mão e me chamou para passear com ele no primeiro momento que me viu”.

O processo de adoção de Gustavo teve início como o de Luana, com o apadrinhamento. Enquanto cuidavam do menino durante três meses concedidos pela justiça, Eneida e o ex-marido, Márcio, decidiram adotá-lo. Mas o processo teve um contratempo. Gustavo ainda estava vinculado ao poder do pai biológico. “O processo correu bem, a assistente veio aqui em casa, tudo aconteceu direitinho, mas ela me disse que o Gustavo não estava na fila de adoção, porque o pai ainda tinha sua guarda. Só a mãe que não”. A adoção só aconteceu depois do pedido de destituição e da autorização do pai. “Quase morri quando ela disse que, se o Gustavo fosse para a fila de adoção, ele seria adotado logo, logo por outra pessoa”.

Entre pais e filhos

Eneida e Silvia concordam que a paternidade e a maternidade através da adoção não é uma escolha racional. É algo inexplicável, uma escolha do coração. “No dia em que meu pai faleceu, saiu a adoção definitiva do Gustavo”, conta Eneida. “Ele é uma criança extremamente amável comigo, com os irmãos e com o pai. Ele sempre me fala: ‘mãe, quando eu nasci você estava nos meus sonhos’”.

O preconceito é uma das barreiras que as mães e as crianças têm que enfrentar. Silvia conta que sofre com o julgamento dos outros, mas que é Luana quem mais sente. “Vejo pessoas, até dentro da minha família, que têm preconceito por que os primos da Luana são todos loirinhos. Tentei afastar ela dessas pessoas e até da família, mas a psicóloga me aconselhou a não fazer isso. Disse que ela tinha que aprender a conviver com essas coisas. E a Luana sente. Ela já me pediu para pintar o cabelo dela de amarelo, porque ela queria ficar igual a mim e à irmã dela. Eu, meu marido e os irmãos dela falamos sempre que ela é linda, que a cor dela é linda”, diz.

As mães contam que a adoção é mais que um ato em favor da criança. É um ato em favor de si, da família e do amor nutrido entre pais e filhos. “O Gustavo completa a gente. Completa a nossa família. Lógico que não é fácil, mas nenhuma criança é. Escuto muita gente falando que fui corajosa ou que fiz um ato muito bonito, mas eu não vejo por este lado. Fiz pelo prazer em tê-lo. E digo sempre que quem ganhou nesta história fui eu. Olho para o Gustavo e choro de paixão. Não tem diferença entre ele e os outros filhos. O carinho é exatamente o mesmo”.

Para Silvia, sua vida, hoje, é em função da filha, mas nunca se arrependeu da adoção. “Nossa rotina mudou. Minha vida é totalmente tumultuada por causa da Luana, por ter escolinha de novo, ter que levá-la à psicóloga, psicopedagoga, neurologista. Mas vale muito a pena. Em nenhum momento, por mais trabalho que a Luana me dá, eu e meu marido nos arrependemos. É muito gratificante. Ela é muito carinhosa, amável. Acho que, no final, a gente ganha muito mais do que dá para ela. O retorno é muito bom”.



Postado Por Cintia Liana

sábado, 28 de maio de 2011

Ser mãe não é para todas. Nem tem que ser

Google Imagens

Por Leda Nagle
Rio - Uma coisa que tem me incomodado,cada dia mais, neste nosso tempo, é saber quase todo dia, pelos jornais ou pela TV, que mais uma mãe jogou fora um recém-nascido no lixo, numa lagoa ou na rua. O que é que acontece na cabeça de uma mulher destas? E não venham me dizer que foi por conta da pobreza porque todo mundo conhece um caso de uma mulher pobre que, com toda a dificuldade do mundo, cria ou criou seus filhos a pão, água e amor e nunca os abandonou.

E o que me dizem daquela mulher que buscou ter um filho através da inseminação artificial e depois que nasceram três crianças, ela só quis levar duas para casa? E o que será da terceira criança ou de todas as outras que nascem rejeitadas? Irão para abrigos? Serão adotadas? Vão se adaptar à nova família? Serão devolvidas? Sim, porque há crianças que depois de adotadas são devolvidas, como me contou a juíza da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, Ivone Ferreira Caetano, sobre um caso recente, de devolução de duas crianças negras. Sabe quantas crianças a juíza Ivone tem recebido por dia, em média, entregues pelas mães que não querem ou não podem criá-las? Duas. Sabia que entregar para adoção não é crime? Abandonar à própria sorte ou jogar no lixo é crime. É crime e dá cadeia, mas é crime maior ainda contra a criança indefesa que, se sobreviver, vai arrastar a rejeição pelo resto da vida, se sentindo parte do
lixo. Todo mundo sabe que ser mãe não é para todas, que tem gente que não tem vocação materna, nem jeito nem generosidade para exercer a maternidade.

Isto não é crime. Mas não é justo colocar uma criança no mundo para abandoná-la. Mas se aconteceu, não precisa jogar no lixo. Pode procurar o Juizado e entregar a criança para adoção. A juíza Ivone diz que até prefere esta situação porque o processo de adoção se torna mais rápido por conta do desejo explícito da mãe e a criança é acolhida por uma mãe desejosa de ter um filho, sem a necessidade de passar por abrigo. Existe um cadastro nacional de crianças para adoção, existem grupos, mais de cem, espalhados pelo País inteiro, que trabalham apoiando pais e mães que querem adotar. Em Niterói tem um deles, que se chama Quintal de Ana, que existe há 16 anos, pronto para ajudar na relação da criança adotada com a nova família, sob o comando de Bárbara Toledo, mãe de filhos biológicos e adotados, que resume bem essa relação: “Filhos biológicos também têm que ser adotados”. É como diz a juíza Ivone, adotar não é
uma ação social, não é escolher um produto numa prateleira, exige afetividade, amor e um útero forte.

E-mail: comcerteza@odianet.com.br


Postado Por Cintia Liana

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Grávidas de sonhos" - Matéria com a participação da Psicóloga Cintia Liana

A Gazeta. Matéria com a participação da Psicóloga Cintia Liana

Para elas, a gestação dos filhos durou bem mais de nove meses e foi a realização de um projeto de vida

07/05/2011 - 16h51 -
A Gazeta

Por Elaine Vieira
evieira@redegazeta.com.br

Tem mulher que sonha em ser mãe desde pequena. Tem mulher que engravida sem querer. Tem quem faça qualquer sacrifício. Tem quem entenda que não precisa gerar para ter um filho. São tantas as formas de se tornar mãe, que os nove meses de gestação - que às vezes parecem tão longos - parecem não ser suficientes.

O sonho de ter um filho pode ser acalentado por anos a fio, planejado com precisão e, em alguns casos, acontecer quando menos se espera. Se um bebê só nasce ao fim de uma gestação, para nascer uma mãe pode ser necessário um tempo bem maior.

Muitas vezes, nem é preciso uma barriga para que duas pessoas se tornem mãe e filho. Quando algo impede ou adia o sonho de engravidar, muitas mulheres percebem que o ato de dar à luz, apesar de transformador, não é determinante para a maternidade e para o amor materno.

Para a psicóloga especialista em família e adoção Cíntia Liana, esperar o filho adotivo e amá-lo são processos semelhantes ao da gravidez.

"As futuras mães, sejam adotivas ou biológicas, têm muito em comum: elas sonham, querem, imaginam seu futuro filho. Se a gestação física não é possível, ela se dá no campo emocional, pois na adoção existe o momento em que é necessário refletir sobre as expectativas e as motivações que levam uma mulher a desejar um filho", pondera.

O direito de ser chamada de mamãe pode chegar por diversas vias, seja pela dor do parto ou pela ansiedade de aguardar na fila por uma criança. "É através do amor construído durante a espera por um filho imaginário que as mães se tornam aptas a cumprir esse importante papel", afima Cíntia Liana.


Injeções diárias por nove meses
Com menos de um mês de vida, a pequena Valentina nem sabe, mas foi fruto de muito esforço da mamãe, a supervisora Renata Gonçalves Martins López, 35 anos.

Em dois anos, Renata sofreu dois abortos espontâneos. E a melhor notícia veio por acaso. Renata estava se preparando para começar um tratamento, que iria pesquisar alguma incompatibilidade sanguínea entre ela e o marido, quando descobriu que estava grávida.

De lá para cá, foram nove meses nada fáceis. Para evitar que a imunidade alta "expulsasse" o bebê - como havia acontecido antes -, Renata tomava injeções de anticoagulantes todos os dias. "A insegurança era tanta que só contei para a família que estava grávida depois do quarto mês", conta.

Depois de tanta espera, ela se sente mais preparada para ser mãe. "Encaro as dificuldades como uma preparação para recebê-la. Hoje valorizo muito mais o fato de ser mãe, o que mudou até a relação com a minha, que ganhou sua primeira neta", frisa.

Dois jeitos de se tornar mãe
O primeiro filho da advogada Débora Fonseca Cunha, 38 anos, já chegou pronto. Aos 6 anos, Erick, hoje com 9, conquistou o coração dela e do marido, que o conheceram em um programa de apadrinhamento.

"Tinha passado os últimos 14 anos tentando engravidar. Apesar de não termos nenhum problema detectado, nós simplesmente não conseguíamos. Quando entramos no projeto de apadrinhamento, inicialmente não queríamos adotar. A intenção era apoiar e conviver com a criança, para que ela tivesse referências, mas o Erick nos escolheu. Em dois meses, entramos com o pedido de adoção", conta, emocionada.

O amor foi tanto que o casal até se mudou para um sítio na região serrana, para poder acompanhar melhor o crescimento do Erick.

Depois de viver o processo de adoção e de adaptação de uma criança, agora Débora se prepara para descobrir um novo jeito de virar mãe: ela está grávida! "Demorei a ligar os sintomas à gravidez. Não tinha mais expectativas com relação a isso, mas estamos amando a nova fase. Erick adorou, e já pediu 15 irmãozinhos", ri.

Maternidade no laboratório
Foram dois anos e meio tentando engravidar, até que a professora universitária Juselli de Castro Nazaré, 36 anos, casada há 12, resolveu dar uma ajudinha à Mãe Natureza, e optou por fazer uma fertilização in vitro.

Dessa vez, a primeira tentativa deu certo, e o resultado veio em dobro, atendendo pelos nomes de Luísa e Sofia, hoje com 11 meses.
Para garantir o sonho de ser mãe, Juselli usou parte das economias da família e parcelou o procedimento, que, para ela, não teve tantos efeitos colaterais.

"Já tinham me falado sobre as reações aos remédios que são usados para estimular a ovulação. Não senti nada, e a gravidez foi supertranquila também. Acho que elas estavam esperando o momento certo de chegar", destaca a mãe coruja.

Para coroar a felicidade, o Mês das Mães vai coincidir com outras comemorações da família: o aniversário de Juselli e das gêmeas, com poucos dias de diferença. "No ano passado eu ainda estava grávida no Dia das Mães, este ano vai ser especial", destaca Juselli.

Postado Por Cintia Liana

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dia Nacional da Adoção 2011

Mandy Lynne

Hoje é o dia Nacional da Adoção no Brasil!
E viva as famílias ligadas pelo amor e vamos pensar mais nas crianças que estão esperando por anos por alguém que as chame de filha.


Por Cintia Liana

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mãe do Coração

Achados de Decoração

A comovente história de mulheres que enfrentaram seus medos e angústias e abriram seus lares para receber filhos adotivos.

Por Daniela Costa
Fotos: Paulo Márcio, Geraldo Goulart e Cláudio Cunha

Domingo, 22 de maio de 2011

Mulheres diferentes, histórias diferentes. Mas todas dispostas a falar sobre as dificuldades que enfrentaram e as alegrias que vivem ao lado de seus filhos – ainda que não biológicos. Para elas, não importa como eles chegaram e nem de onde vieram, mas sim que sejam seus filhos de coração.

A psicopedagoga Níblia Soares Moreira Leite que o diga. Ela passou por angustiantes processos de inseminação artificial. “Cada dia para mim era uma tormenta. Minha vida era chorar”. Após um ano de tentativas, ela e o marido, o professor Marcus Vinícius Leite, chegaram a uma conclusão: “Queríamos uma criança independentemente da maneira como ela viesse”. Cadastraram-se no programa de adoção solicitando um bebê. Depois ampliaram a faixa etária para crianças de até 4 anos. Hoje com 10 anos, Larissa já não é mais filha única. Quando estava com 4 anos e os pais tentavam uma nova adoção veio a surpresa: “Descobri que estava grávida do Nicolas, que hoje tem 5 anos”. Três anos depois, outra novidade. “Engravidei novamente, desta vez do Henrique, que está com 3 anos e meio. Agora a família está completa, não falta mais ninguém”, diz Níblia.

Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, há 252 meninas e 298 meninos a espera de uma família em Minas Gerais – até abril. Metade dessas crianças (274) têm de 13 a 18 anos e se enquadram na chamada adoção tardia, que tem início a partir dos 2 anos. Para Marcos Flávio Lucas Padula, juiz de Direito da Vara Cível da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, a preferência por crianças menores ainda é predominante no Brasil. “Apesar de ter havido mudanças na lei de adoção, ainda é necessário mudar a questão cultural. Os candidatos a pais adotivos devem se conscientizar sobre a necessidade de também procurarem crianças mais velhas”, afirma.

Esforço compensado
Foi de forma inesperada e não programada que a professora Luciana Haas Leivas Laboissière, 35 anos, adotou sua filha Raiane, hoje com 8 anos. Até que uma amiga indicou a menina – Miguel, filho biológico, tinha na época 3 anos e meio. Raiane, por sua vez, tinha 2 anos e meio e havia passado por experiências difíceis, como ter sofrido maus tratos quando bebê. A guarda provisória demorou sete meses para sair, mas o esforço valeu a pena, garante a professora. “É gratificante perceber melhoras em uma criança com histórico de problemas”, diz Luciana.

Contrariando as estatísticas, a engenheira Júnia Elaine Martins Guerra Turra, 53 anos, e seu marido, o empresário Ivan Cabral Turra, venceram preconceitos e optaram pela adoção de uma criança de 7 anos. Na época, eles já tinham dois filhos biológicos. “Comecei a fazer trabalhos voluntários em abrigos e foi lá que conheci minha filha, Taynara, que hoje está com 12 anos”. Negra e vinda de uma família humilde com 12 irmãos, a criança apresentava traumas. A adaptação ao novo lar foi difícil. “A convivência inicial foi complicada, porque você adota a criança, mas ela também tem que adotá-lo”. Para Júnia, a dificuldade maior é lidar com o preconceito. Leonardo, seu filho mais velho, afirma: “Nem me lembro de que a Taynara é adotada. Para mim, ela é minha irmã de sangue, como o Felipe também é”.

Perante a lei, essa diferença realmente não existe. A advogada especialista em direito de família, Fabiana Coelho Simões, esclarece que algumas pessoas ainda confundem filhos de criação com filhos adotivos e explica: “Os filhos adotivos adquirem um novo registro de nascimento e possuem os mesmos direitos legais de um filho biológico. Já os filhos de criação não são registrados pelas famílias e não possuem direitos legítimos”.

Foi na porta de um ferro velho no centro de Belo Horizonte que a secretária Sandra Regina da Silva Andrade Machado, 45 anos, conheceu sua filha. “Quando completei 6 anos de casada comecei a tentar ter filhos biológicos, mas não conseguia engravidar”. Após três anos de tentativas por meio de inseminação artificial, Sandra começou a pensar na adoção. Pouco tempo depois, uma amiga lhe telefonou dizendo que sabia de uma moça que queria doar uma menina, filha de um morador de rua. Ligou para o marido, o psicólogo Rogério Alves Machado, e informou que estava indo para o local. “Quando me viu, a mãe nem esperou eu me apresentar e foi logo dizendo: ‘Toma, a menina é essa aqui’”.

Orientada sobre os procedimentos legais, Sandra sabia que teria de conseguir uma declaração da mãe de próprio punho, dizendo que abria mão da criança, juntamente com a cópia de seus documentos e assinatura de duas testemunhas. Só havia um problema: a moça não sabia escrever. No desespero, a secretária pensou rápido. Escreveu o texto em um papel e pacientemente aguardou que a mãe da criança copiasse palavra por palavra. Aos 40 anos, outra reviravolta em sua vida: milagrosamente ela estava grávida de seu primeiro filho, Felipe. Com cinco meses de gestação recebeu mais uma surpreendente notícia: “Haviam encontrado Kathleen. Ela já estava com 6 anos”. Kathleen era irmã de Karine e, anos antes, havia sido procurada por Sandra. Com tantos acontecimentos inesperados, o resultado foi um parto prematuro e a chegada de dois novos filhos. “Digo que em dois anos eu pari três”, brinca.

Por que não?
Suzana Gouvêa Simões, 57 anos, tem dois filhos adotivos: Carolina, hoje com 27 anos, e Bernardo, 20. “Quando eu e o Rui (Simões de Almeida, industriário, marido de Suzana) compramos uma casa em Ipatinga, sentimos que lá era o local ideal para termos filhos”, afirma Suzana. Mas um problema que os médicos não conseguiam identificar não permitia que ela engravidasse. “Fizemos todos os exames possíveis e todos davam ‘normal’.” Somente mais tarde descobriram incompatibilidade genética no casal. “Nunca havíamos pensado na hipótese de adoção, mas pela primeira vez pensei na possibilidade”, relembra a professora. Ela e o marido foram informados de que havia uma gestante que iria doar seu bebê assim que nascesse. Suzana parou para pensar e disse: “Por que não?”. O casal de meninos não reclama, pelo contrário. “Tenho uma família como qualquer outra”, diz Carolina. Bernardo concorda: “Não trocaria meus pais por outros”.
Não são somente famílias tradicionais compostas por pai e mãe como a de Sandra que podem adotar uma criança. Segundo a advogada Fabiana Coelho Simões, a família pós-moderna aceita vários estereótipos de candidatos, desde que sejam maiores de 18 anos e 16 anos mais velhos que o adotando. “Em geral, é feita uma análise no contexto econômico e principalmente moral do candidato a pai ou mãe, não importando se ele é solteiro ou casado”, explica.

Aproveitando a oportunidade, a pediatra Cláudia Valadares Meireles Martins da Costa, 50 anos, solteira, há cinco meses virou mãe. “A Ana Vitória chegou em novembro de 2010, com 3 anos e meio”. A médica assume a solteirice, diz que nunca pensou em casamento e muito menos em ter filhos. “Sempre viajei muito, curti, namorei e, com isso, o tempo foi passando. Até que, aos 47 anos, começou a bater aquela vontade de ser mãe, mas eu já estava na menopausa”. “A Ana foi o melhor presente de 50 anos que eu poderia ter”.

A turismóloga Liliane Rosa Gomes Afonso passou por situação diferente. Em seu caso, desde o início ela e o marido, o fotógrafo Oswaldo Afonso, tinham consciência de que não poderiam ter filhos biológicos. “A princípio, a única chance era fazermos inseminação artificial, mas não queríamos. E também nem cogitávamos adotar.” Liliane acabou mudando de ideia. “Começamos a nos preparar psicologicamente para ter um filho. Mudamos nossa rotina, nos transferimos para uma casa maior com muitas árvores no quintal e espalhamos a notícia para os familiares e amigos”. Liliane ainda não sabia, mas seu filho Aquiles, que hoje está com 7 anos, viria de longe, do interior de Minas. Na ocasião, tinha apenas 36 horas de vida. “Quando ele chegou, já tínhamos toda a infrainstrutura preparada para recebê-lo. Foi maravilhoso”. O filho, que ao contrário de sua família é negro, foi extremamente bem acolhido. “Sempre contamos a verdade. Temos muito respeito por sua história”.

Adotar não é um ato simples. A psicóloga judicial Mônica Gonçalves Fonseca Pinheiro explica: “O processo leva em média seis meses, desde a data em que o adotante se cadastra no Juizado da Infância e Juventude até o deferimento da adoção pelo juiz”, afirma. “E pode ser ainda mais demorado.” O tempo é usado na análise da documentação dos candidatados, na participação de palestras que orientam os candidatos a pais sobre o assunto, e na avaliação dos aspectos socioeconômicos e psicossociais dos pretendentes. Em seguida, o relatório é encaminhado à promotoria, que emite um parecer favorável ou não. A decisão final fica por conta do juiz. Todos esses procedimentos visam evitar traumas como a devolução infantil.

A professora Luciana Haas Leivas Laboissière, 35 anos, e seu marido, o eletricista Lúcio Laboissière, foram, de certo modo, surpreendidos com a chegada de Raiane. “Nós sempre cogitávamos a possibilidade de ter filhos adotivos, mas nunca levamos a ideia a sério”, lembra Luciana. Até que uma amiga indicou Raiane ao casal – Miguel, filho biológico deles, tinha na época 3 anos e meio. A menina, por sua vez, tinha 2 anos e meio e havia passado por experiências difíceis, como ter sofrido maus tratos quando bebê. A guarda provisória demorou sete meses para sair, mas o esforço valeu a pena, garante o casal. “É muito gratificante perceber melhoras em uma criança com histórico de problemas”, diz Luciana.


Postado Por Cintia Liana

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Comissão critica novo projeto de adoção

Elena Kalis


Extraído de: OAB - São Paulo 18/05/2011

Em Nota Pública, divulgada nessa quarta-feira (18/5), o presidente da Comissão de Direito à Adoção da OAB SP , Antonio Carlos Berlini, critica o PL 160/2008, que se propõe a desburocratizar a adoção de adolescentes acolhidos institucionalmente ou em situação de risco, mas que, na sua opinião, acaba gerando insegurança jurídica, por exigir que os interessados em adotar sejam casados civilmente, excluindo solteiros e gays, entre outras medidas.

NOTA PÚBLICA

A Comissão Especial de Direito à Adoção da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de São Paulo, por seu Presidente Antonio Carlos Berlini, vem manifestar seu posicionamento acerca do Projeto de Lei iniciado no Senado Federal e registrado sob número 160 de 2008.

Referido Projeto de Lei busca a desburocratização, baratear e acelerar o processamento de Ações que visem a Adoção de crianças e adolescentes órfãos, abandonados ou acolhidos institucionalmente, realizando alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Tal Projeto de Lei, em que pese as boas intenções do legislador, traz verdadeira insegurança jurídica às crianças e adolescentes acolhidos institucionalmente ou em situação de risco exponencial, bem como aos Pretendentes à Adoção, senão vejamos:

Dentre outras existe a seguinte proposição de se alterar o Art. 34 do Estatuto Menorista, sugerindo a inclusão de três parágrafos, abaixo transcritos:

"Art. 34...

§ 1º O Pedido de Guarda de criança ou adolescente, órfão, abandonado ou abrigado poderá ser apresentado por qualquer pessoa, estabelecida pelo casamento civil ao seu favor.

§ 2º Para a apresentação do pedido mencionado no § 1º, poderão ser usadas fórmulas impressas, observado o disposto no art. 165.

§ 3º É assegurada prioridade na tramitação do processo referente à guarda de criança ou adolescente órfão, abandonado ou abrigado."

Necessário destacar que referida previsão, inserta no parágrafo primeiro supra mencionado, impede o trâmite da ação adotiva iniciada por pretendentes solteiros e por homossexuais, bem como retira de cena o processo habilitatório para a Adoção (procedimento de avaliação dos pretendentes hoje utilizado com sucesso), uma vez que exige do pretendente um único critério: ser casado civilmente.

Saliente-se que referido parágrafo ainda permite o pleito de adoção de qualquer criança ou adolescente que se encontre acolhido institucionalmente, o que por si só gera verdadeira insegurança jurídica, pois nem todas as crianças acolhidas em instituições têm situação jurídica definida ou mesmo a certeza da destituição do poder familiar de seus genitores.

Mais grave ainda em referida redação, a alteração que se faz no parágrafo único do artigo 206 do referido do Estatuto da Criança e do Adolescente, quando se prevê a possibilidade de composição de litígio sem a presença e participação de Advogado na representação de seus interesses .

A Constituição Federal em seu artigo 133 estabelece que o Advogado é indispensável à administração da justiça e a possibilidade de composição de litígio judicial sem sua presença caracteriza verdadeira ameaça ao direito bem como à dignidade da Justiça.

Destaque-se que consoante se verifica nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 34, estabelece-se a dispensa do advogado para o pleito de guarda provisória com finalidade adotiva, de qualquer criança ou adolescente órfão, abandonado ou abrigado.

Uma vez que se permite referido pleito de guarda em relação à criança ou adolescente sem situação jurídica definida, necessária a composição de litígio entre o pretendente à Adoção e os genitores da criança ou adolescente, sendo inconcebível o estabelecimento deste litígio sem o acompanhamento profissional de um advogado.

Por fim, cabe ainda rechaçar a possibilidade de inserção do artigo 50-A que prevê aos conselhos municipais, estaduais e federal dos Direitos da Criança e do Adolescente a criação, implantação e manutenção de um cadastro único, uma vez que tal responsabilidade é do Poder Judiciário que já o organiza através do Cadastro Nacional da Adoção (CNA) mantido pelo Conselho Nacional da Justiça.

Desta forma, nos manifestando pela não aprovação do Projeto de Lei em epígrafe, reiteramos o compromisso da Advocacia Paulista com a Legalidade e o Devido Processo Legal, princípios estes basilares da sociedade e que se encontram ameaçados por este projeto de lei que certamente não vem em defesa do direito da Criança e do Adolescente.

São Paulo, 18 de maio de 2011.

Por Antonio Carlos Berlini
Presidente da Comissão Especial de Direito à Adoção da OABSP



Vamos dizer não ao retrocesso!

Postado Por Cintia Liana

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pesquisa fará mapeamento dos abrigos em Alagoas

Mandy Lynne

06/04/11

Técnicos e dirigentes de entidades de acolhimento do Estado reuniram-se na manhã desta quarta-feira (6), no Tribunal de Justiça, para apresentação do projeto que fará uma radiografia das casas de abrigo instaladas em Alagoas.

O projeto será executado de acordo com planejamento da Sociedade Alagoana de Pediatria, em parceria com a Petrobras, a Secretaria de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos (SEMCDH), do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA) e da Corregedoria Geral da Justiça.

A secretária Kátia Born falou sobre a importância do encontro e da iniciativa da pesquisa. “Esse é um projeto de pesquisa em que todas as casas de acolhimento serão visitadas, observada as condições, quantas crianças, o que precisa para melhorarmos, para desenvolver uma política de adoção para que as crianças possam arranjar pais, mães e famílias”, explicou Kátia Born.

O presidente do Cedca, Claudio Soriano, falou, durante a apresentação, sobre a importância da pesquisa. “Pesquisa feita recentemente comprovou que a maioria das crianças que se encontram em instituições ou nas ruas não querem voltar para suas casas devido à violência familiar. Por isso, este mapeamento será um subsidio para podermos implantar o Plano de Convivência Familiar e Comunitária”, afirmou.

Participaram da reunião no Tribunal de Justiça a secretária de Estado da Mulher, da Cidadania e dos Direitos Humanos, Kátia Born, o desembargador James Magalhães de Medeiros, a representante da Petrobras Maria das Graças Amaral do Prado, a secretária adjunta Juliana Vergeti, o promotor de Justiça Luís de Medeiros, o juiz Ivan Vasconcelos Brito Júnior e o presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, Claudio Soriano.

Por Agência Alagoas


Postado Por Cintia Liana

domingo, 15 de maio de 2011

Problemas no casamento afetam sono das crianças

Mandy Lynne

De acordo com estudo da Universidade do Estado de Oregon, casais que têm problemas de relacionamento podem ter filhos com problemas para dormir. E isso também pode ter impacto a longo prazo, na idade escolar.

Por Laura Lopes

O estresse entre o casal afeta o sono dos filhos

Gritos, discussões, um ambiente tenso dentro de casa... Tudo isso parece afetar a vida dos filhos de um casal que tem problemas em seu relacionamento. Pesquisadores da Universidade do Estado de Oregon, nos Estados Unidos, descobriram que a instabilidade entre casais quando a criança tem nove meses influencia o sono do bebê aos 18 meses, incluindo dificuldade para dormir e se manter dormindo. Mesmo levando em consideração fatores como as condições do nascimento propriamente dito, a ansiedade dos pais e o temperamento difícil de algumas crianças, os resultados ainda são mantidos.

"Se o problema do sono persistir, pode acarretar em problemas na escola, de falta de atenção e comportamento", diz Anne Mannering, uma das cientistas participantes. Segundo ela, os pais devem estar cientes de que o estresse no casamento pode afetar a criança, mesmo quando ela é bem pequena. Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico especializado Child Development.

Segundo Mannering, este é o primeiro estudo a mostrar uma ligação entre os problemas conjugais e o sono das crianças eliminando a possibilidade de haver uma relação genética entre as duas coisas. Para isso, os pesquisadores entrevistaram mais de 350 famílias com filhos adotados. Para a pesquisadora, as brigas dos pais influenciam o sono infantil muito mais cedo do que já havia sido provado anteriormente. Curiosamente, os pesquisadores não provaram que o inverso seja verdade: os problemas do sono das crianças não indicam instabilidade conjugal.

Para ranquear o estresse entre o casal, os pesquisadores pediram que os pais respondessem, de um a quatro, algumas questões, como "Você já pensou em se divorciar?". Segundo Mannering, os casais era predominantemente de classe média, brancos, de boa educação e haviam adotado o filho nos primeiros três meses de vida da criança. Agora os pesquisadores estão investigando se a relação entre a instabilidade conjugal e problemas do sono infantil persiste após os dois anos de idade, e o papel que a relação dos pais com os filhos poderá ter nessa associação.

Revista Época – 13.05.2011


Postado Por Cintia Liana

sábado, 14 de maio de 2011

Maternidade

Mandy Lynne


"Nós estávamos sentadas almoçando, quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em 'começar uma família'. 'Nós estamos fazendo uma pesquisa', ela diz, meio de brincadeira. 'Você acha que eu deveria ter um bebê?'. 'Vai mudar a sua vida', eu digo, cuidadosamente mantendo meu tom neutro. 'Eu sei', ela diz, 'nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas...'.

Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha, tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais grávidos. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.
Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar 'E se tivesse sido o MEU filho?' Que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar. Que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.

Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzi-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote. Que um grito urgente de 'Mãe!' fará com que ela derrube um suflê na sua melhor louça sem hesitar nem por um instante.
Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos ela investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade.
Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia ela entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê. Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.
Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina. Que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino no McDonald's se tornará um enorme dilema. Que ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.
Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, ela se questionará constantemente como mãe.
Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que ela jamais se sentirá a mesma sobre si mesma. Que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho. Que ela a daria num segundo para salvar sua cria, mas que ela também começará a desejar por mais anos de vida, não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.
O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.
Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que através da história tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.
Eu espero que ela possa entender porque eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que eu me torno temporariamente insana quando eu discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro de meus filhos.
Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta. Eu quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Eu quero que ela prove a alegria que é tão real que chega a doer. O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.

'Você jamais se arrependerá', digo finalmente. Então estico minha mão sobre a mesa, aperto a mão da minha filha e faço uma prece silenciosa por ela, e por mim, e por todas as mulheres meramente mortais que encontraram em seu caminho este que é o mais maravilhoso dos chamados. Este presente abençoado de Deus... que é ser Mãe."

(Autoria Desconhecida)


Postado Por Cintia Liana

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Autoridades chinesas investigam confisco e venda de crianças

Mandy Lynne

10/05/2011 - 11h24

Da BBC Brasil

As autoridades chinesas investigam relatos de que cerca de 20 crianças foram confiscadas de famílias pobres na província de Hunan, no sul do país, por causa da política de um filho por família.
A mídia chinesa diz que oficiais de planejamento familiar locais teriam confiscado crianças de famílias que não podiam pagar as multas por ter mais de um filho.
Elas teriam sido vendidas para orfanatos locais, registradas como órfãs e adotadas por famílias estrangeiras, em especial dos Estados Unidos.
As reportagens publicadas no país fizeram com que o governo de Hunan anunciasse a abertura de uma investigação formal sobre a questão.
A política de um filho por família entrou em vigor na China em 1982, para controlar o crescimento populacional no país, que atualmente tem 1,35 bilhão de habitantes.

RIGOR
Os oficiais chineses nem sempre são rigorosos na implantação da política - em muitos casos, o máximo que se pode esperar é uma multa.
No entanto, famílias de cidades pequenas na província de Hunan disseram que os agentes de planejamento familiar locais começaram a levar seus filhos há cerca de dez anos.
Antes disso, eles teriam destruído casas de famílias com mais de um filho e prendido alguns pais.
A revista chinesa Caixin Century, que fez uma reportagem sobre as alegações, conta a história do casal Yang Libing e Cao Zhimei, cuja filha foi levada em 2005 porque eles não podiam pagar a multa de 6 mil yuans (cerca de R$ 1.500).
No momento em que a menina foi levada pelos fiscais, seus pais estavam trabalhando em uma cidade próxima.
Em 2009, o casal reconheceu a filha através de fotografias enviadas dos Estados Unidos em uma campanha iniciada por uma reportagem no jornal "Los Angeles Times".

ARRECADAÇÃO
Segundo a publicação, as multas e a venda de crianças para orfanatos se tornaram fontes importantes de arrecadação para os governos locais nas regiões mais pobres da província.
A revista afirma que entre 2004 e 2005, as agências de planejamento familiares, responsáveis pela aplicação da política de um filho por família, teriam recebido menos de 20% das multas pagas pelas famílias com dois ou mais filhos.
A maior parte do dinheiro teria sido gasta com despesas dos governos dos municípios e províncias onde as multas foram cobradas.
Entre 2000 e 2005, a agência de planejamento familiar de Hunan teria vendido pelo menos 12 crianças para um orfanato da cidade de Shaoyang a cerca de mil yuans (R$ 250) cada.
O orfanato, por sua vez, teria recebido até 3.000 dólares (cerca de R$ 4.900) por cada criança adotada por uma família estrangeira.



Postado Por Cintia Liana

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Decisão do STF facilita adoção e pensão para gays

Mandy Lynne

05/05/2011 - 20h38

Por Mariana Desidério
De São Paulo

O STF (Superior Tribunal de Justiça) decidiu nesta quinta-feira, por unanimidade, que a união estável homoafetiva é equivalente à união entre heterossexuais. Com isso, casais gays de todo o país têm diversos direitos assegurados.

Haverá mais facilidade para adotar crianças, por exemplo, de acordo com Adriana Galvão, vice-presidente da comissão de de diversidade sexual do conselho federal da OAB e presidente da comissão no Estado de São Paulo.

Até agora, muitos casais gays escolhiam fazer a adoção em nome de apenas um dos parceiros, por não terem sua união reconhecida, o que gera uma insegurança inclusive para a criança. "Se o pai adotivo morrer, o outro não tem nenhuma responsabilidade jurídica", diz.

A advogada explica ainda que fica assegurado aos companheiros homossexuais o direito a requerer pensão alimentícia, a fazer uma declaração conjunta do imposto de renda, ou ainda a colocar seu companheiro como dependente em clubes ou seguros.

Considerado um companheiro estável, o parceiro do mesmo sexo poderá também reconhecer a morte do parceiro e assinar documentos necessários em hospitais.

Também fica mais fácil para o companheiro do mesmo sexo ter acesso à herança em caso de morte, de acordo com Maíra Coraci Diniz, que atua no núcleo especializado de combate a à discriminação e ao preconceito da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

Entretanto, para Adriana Galvão, da OAB, a questão ainda não está clara, por envolver direitos de outras pessoas da família e devido às restrições feitas pelo ministro Ricardo Lewandowski em seu voto.

De qualquer forma, a decisão traz mais segurança jurídica, diz Adriana Galvão. "Hoje vemos decisões controversas de tribunais diversos sobre questões envolvendo casais homossexuais."

A decisão do STF não é equivalente a uma lei sobre o assunto. O artigo 1.723 do Código Civil estabelece a união estável heterossexual como entidade familiar. O que o supremo fez foi estender este reconhecimento a casais gays.

Agora, se um clube vetar o nome de um companheiro homossexual como dependente, por exemplo, o casal pode entrar na Justiça e provavelmente ganhará a causa, pois os juízes tomarão sua decisão com base no que disse o STF sobre o assunto, reconhecendo a união estável.

A nova regra também tem valor simbólico, diz Maíra Coraci Diniz, da Defensoria Pública de São Paulo. "A decisão do STF reconhece uma realidade que está posta e que as pessoas preferem não falar e vai gerar uma situação que pode ensejar uma mudança legislativa", diz. Ela ressalta que o ideal seria ter uma mudança na legislação.
O que o Supremo Tribunal Federal julgou?
Os ministros do tribunal reconheceram que a relação homoafetiva é uma "família" e afirmam que um casal gay, numa união estável, tem mesmos direitos de um casal heterossexual, numa união estável.
Quais os direitos que poderão ser reconhecidos?
Adoção de filhos, pensão/aposentadoria, plano de saúde e herança são alguns dos exemplos. O casamento civil, no entanto, não foi legalizado com a votação de ontem no Supremo.
A mudança é automática?
Em alguns casos, o direito poderá ser negado, e o casal terá de recorrer à Justiça para que seja reconhecido.
E na adoção?
Segundo especialistas, ainda deve haver dificuldades para adotar crianças. A decisão do Supremo Tribunal Federal não define explicitamente esse direito, apenas reconhece direitos e deveres da união homossexual.
Como ocorria até hoje?
Até agora, cada juiz decidia sobre os direitos de casais homossexuais segundo o seu entendimento. As uniões gays, até então, não eram aceitas juridicamente como uniões familiares em alguns casos.

Fonte: http://m.folha.uol.com.br/cotidiano/911819-decisao-do-stf-facilita-adocao-e-pensao-para-gays.html


Postado Por Cintia Liana

domingo, 8 de maio de 2011

Ser mãe é uma questão de atitude

Mandy Lynne

Por Cintia Liana Reis de Silva

Adotar uma criança tem diferenças de uma gravidez e essas diferenças não devem ser rejeitadas ou negligenciadas no processo de fortalecimento da identidade da família adotiva, mas esperar o filho adotivo guarda algumas semelhanças com a gestação.

As futuras mãe adotivas fazem como as biológicas, elas sonham, querem, imaginam seu futuro filho. O processo de adoção leva a uma gestação emocional que nem toda gravidez leva, pois na adoção existe o momento em que é necessário refletir sobre as expectativas e as motivações que levam uma mulher a desejar um filho naquele período de sua vida. Certamente a equipe técnica das Varas da Infância, com seus estudos técnicos, levará de algum modo as adotantes a amadurecerem seu desejo ser serem mãe, o próprio processo judicial as “obriga”, de algum modo. Se todas as mães, antes de engravidar, tivessem um estágio de reflexão como as adotivas talvez tudo fosse diferente.

Com a adoção vem um processo de reconhimento de tudo o que circunda a maternidade. Esse gestar emocional e esse tempo na adoção são importantes para se amadurecer todas as questões relacionadas não só a maternagem e relação com o filho, como também as particularidades oriundas da adoção em si, como perfil do filho desejado, revelação da adoção, posicionamento frente a história anterior do filho, relação com a sociedade e os possíveis preconceitos a serem enfrentados, então as mães devem mergulhar num universo totalmente novo, se descobrindo e entendendo que um filho não pode vir com outra função que não seja somente o de ser filho. Filho não pode servir como tábua de salvação, filho-companhia, filho-distração, fazer caridade, salvar casamento ou fazer crescer.

Esse “tornar-se mãe” normalmente ocorre paralelamente ao processo de habilitação e depois com a espera pela indicação da criança, até quando se encontra com ela e inicia-se o processo de visitação e o período de convivência, nesse momento ocorre o parto sem dor tão esperado, o parto é sem dor, mas existe muita ansiedade e expectativas voltadas para esta espera e este primeiro encontro.

O amor construído pelo filho imaginado, neste momento, pode ser direcionado para o filho real e aí vai sendo construída uma relação de amor no dia a dia, para isso é preciso maturidade e sobretudo aceitação, entender que para dar certo é preciso abertura para amar e todo o resto vai sendo conquistado com paciência. A criança, quando se sendo plenamente aceita, não tem medo de se entregar, pois sente que não haverá um segundo abandono.

Não existem diferenças entre filhos biológicos e adotivos, filho é filho e isso se dá na convivência, na relação em si, o apego vai sendo construído e fortalecido, é assim que ocorre também nas relações consanguíneas.

As pesquisas mostram que os filhos adotados se sentem amados e queridos por suas famílias e sentem seus pais adotivos como os seus de fato. Quando se chega a conhecer os biológicos existe até um estranhamento, ou seja, a parentalidade é construída na convivênvia, ela não vem no DNA.

As diferenças da gestação biológica e da adotiva estão nas particularidades sobre a forma da chegada do filho e sobre a existência de um passado em outra família, mas todo o resto é igual, assim também é o amor materno na adoção.

As possíveis dificuldades que podem ocorrer com uma criança que foi adotada não é porque ela não é do mesmo sangue dos pais, todas as crianças têm dificuldades ou apresentam algum problema em algum momento do seu desenvolvimento, o que causam grandes dificuldades são o abandono, a indiferença, a violência e esses aspectos, infelizmente, também encontramos em muitos lares biológicos.

O importante para pais adotivos que adotam crianças que apresentam dificuldades é saber encontrar as formas de lidar com as memórias, o desejo de procurar curar as feridas e o amor que se tem no presente.

A gravidez é um processo, mas não é garantia que uma mulher amadureça, se fosse assim não existiriam histórias de bebês abandonados de modo tão triste ou mães violentas. Estudiosos mostram que a gravidez não faz de ninguém mãe, pode ser um acontecimento puramente biológico, que varia de uma mulher para outra o modo de sentir, pode transformar uma, mas a outra pode rejeitar o fato. Ao contrário da adoção, onde a espera pelo filho é um forte acontecimento, existe a busca, o desejo de amar, o sonho e a reafirmação do desejo de cuidar, tudo isso é importante no processo de fortalecimento da atitude materna e pode ocorrer tanto na adoção como na gestação.

Parir um filho não faz de ninguém mãe. Uma mãe se faz pelo desejo, pela decisão e atitude.

Resposta na íntregra da entrevista de Cintia Liana cedida ao Jornal "A Gazeta" para o dia das mães de 2011.

Por Cintia Liana

sábado, 7 de maio de 2011

Quando mães cumprem um mandato familiar

Liberty Biberty

Por Cintia Liana Reis de Silva

Uma breve reflexão sobre as mães que abandonam


O próprio processo biológico de se ter um filho já faz a mulher ser obrigada a conviver mais com a gestação e com esta realidade que o homem. Algumas não têm condições de assumirem sozinhas esta empreitada ou, para outras, para este projeto, elas precisam de apoio, seja do parceiro ou de sua família extensa, o problema é quando se veem completamente sozinhas, sem nenhuma perspectiva, algumas não têm base emocional, psíquica, nem financeira para suportar tamanha responsabilidade.

As leis civis e familiares não são conhecidas nem divulgadas claramente. Educação sexual não chega para todos, ao contrário, a minoria tem acesso e dá atenção à ela. Muitas mulheres não sabem que entregar o filho para adoção não é crime, já outras abandonam às escondidas por sentirem culpa e vergonha, por não conseguirem sentir esse amor materno culturalmente mitificado. As pesquisas apontam que normalmente são mulheres que cresceram sem experimentar esse amor vindo de pais, que não foram maduros e protetores para com estas quando crianças. Quando pequenas sofreram rejeição, violência, abuso físico e moral e total abandono afetivo.

Na sociedade existe uma forte cultura que impulsiona a opinião pública a julgar e condenar, e de fato ocorrem situações hediondas e cruéis que nos mobilizam emocionalmente e revoltam muito, mas é necessário tentar entender todos esses processos humanos e quando somos levados somente pelo julgamento do ponto de vista moral perdemos de vista o essencial, que é o entendimento dos processos psicológicos que levam uma pessoa a abandonar o próprio rebento. Esse entendimento é importante também para que invistamos na cura do ser humano, da sociedade, para que nos aproximemos da compreensão da verdade.

Em meu livro, publicado no Brasil em 2011, "Filhos da Esperança", eu explico, com base na psicologia relacional sistêmica, que esses “progenitores podem ter cumprido um mandato familiar na forma de uma tradição ou de um padrão intergeracional, no qual podem ter passado, como sua mãe, a avó da criança, um padrão de rejeição e falta de acolhimento. Essa genitora pode ter sofrido um processo de projeção familiar transmitido pela imaturidade e baixo nível de diferenciação do self da sua mãe. Diferenciação esta que significa adquirir autonomia com habilidade de pensar, sentir e agir por si mesmo, como um adulto responsivo.” (ANDOLFI apud SILVA, 2011, p. 67)

Estudiosos falam sobre “o mito do amor materno”, "que o apego é inerente à mãe. Tem que existir um contexto positivo, um solo fértil para alimentar a criança e criar uma relação de apego saudável. Ela acredita que para que uma mulher possa ser a “boa mãe”, é preferível que ela tenha experimentado, em sua infância, uma evolução sexual e psicológica satisfatória, junto de uma mãe também relativamente equilibrada. Mas, se uma mulher foi educada por uma mãe perturbada, há grande probabilidade de que sinta dificuldade em assumir a sua feminilidade e maternidade. Quando for mãe, reproduzirá, diz-se, as atitudes inadequadas que foram as da sua própria mãe." (PONTES apud SILVA, 2011, p. 68)

Outras teorias mostram que "quando o indivíduo passa da condição de filho para a condição de genitor usará o mesmo modelo que foi aprendido com os pais. Quando ele desempenha este novo papel, se faz necessário algumas respostas efetivas, abrem-se feridas intergeracionais e vem a tona uma questão de base: “como se pode dar aos filhos aquele afeto verdadeiro e tangível que se pensa nunca ter recebido dos genitores, quando crianças ou adolescentes?”." (ANDOLFI apud SILVA, 2011, p. 68)

Elisabeth Banditer e outros pesquisadores, apontam que "o amor materno não é um sentimento inerente à condição de mulher, não é algo determinante, mas algo que se adquire, e esses sentimentos humanos de mãe pode variar de acordo com suas ambições ou frustrações, com a cultura e as flutuações sócio-econômicas da história. Eles explicam que “o amor materno pode existir ou não, aparecer e desaparecer, ser forte ou ser frágil, ter preferência por determinado filho ou não”. O amor materno acaba por ser “apenas um sentimento humano como outro qualquer e, como tal, incerto, frágil e imperfeito”." (SILVA, 2011)

Isso quer dizer que, não basta se tornar mãe através do parto para sentir o “maior amor do mundo”, esse sentimento não é uma regra, ele varia de uma mulher para a outra, depende da experiência de cada uma, suas particularidades e mais uma série de fatores subjetivos. Gerar um filho não faz de ninguém amoroso ou protetor, o amor materno é um amor construído na convivência, assim como nas outras relações. (SILVA, 2011, p. 69)

Figuras parentais é que proporcionam um lastro firme para o desenvolvimento sadio de um ser humano. Se este não teve exemplos de afeto, não é porque se tornou adulto e pariu um filho é que estará transformado e preparado para assumir esta responsabilidade com empenho de um afeto que desconhece, que não se teve de ninguém. Por isso, e por outras coisas é que deveríamos cuidar dessas outras crianças que estão crescendo nos abrigos sem experimentar afeto, um dia elas poderão ser pais também. Mas se, ao contrário de crescerem sem experimentar amor, tiverem uma família substituta, onde possam crescer em sua totalidade e exercitar o afeto isso poderá ser mudado. Os mandatos familiares podem ser rompidos neste investimento e assim começarmos a construir um futuro melhor para todos.

Outro aspectos importante, é que é melhor que os pais adotivos sintam empatia pela fonte do vida do filho que raiva, e essa compreensão leva a uma relação de mais harmonia com essas figuras que trouxeram essa criança ao mundo e a criança, por sua vez, também sente essa energia de gratidão que os pais adotivos nutrem pelos pais biológicos e tudo entra em ordem.

*Umas das respostas, na íntegra, da entrevista de Cintia Liana cedida ao Diário de São Paulo.

Referência:
SILVA, Cintia Liana Reis de. Filhos da Esperança: Os Caminhos da Adoção e da Família e seus Aspectos Psicológicos. Edição do autor, Salvador, 2011.
Livro: https://www.clubedeautores.com.br/book/43553--Filhos_da_Esperanca?topic=pscicologia#.V5d2UEZ97IU

Por Cintia Liana