"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A metacomunicação da criança e o sintoma

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A criança não tem maturidade suficiente para metacomunicar, ela cria um sintoma. Antes de "diagnosticar", procure enxergar, aceitar e respeitar as reais necessidades do seu filho, que vai além dos interesses dos adultos ou do que eles são geralmente capazes de ver. Criança também ensina e muito, basta abandonar o medo, o vício de rotular, de estigmatizar, de criticar. Basta aprender a deixar fluir a sensibilidade.
 
Cintia Liana

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ter filhos, o projeto de vida mais sério e belo

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Antes de ter filhos as pessoas deveriam ler Françoise Dolto. Deveria existir um curso de preparação, uma severa avaliação, como para a adoção. Desse modo, o futuro da humanidade estaria quase salvo e as crianças felizes. Ter um filho é o maior projeto de vida que alguém pode ter, é o mais sério, arriscado e pode ser também o mais belo, onde se pode fazer de alguém muito feliz ou totalmente desequilibrado, sobretudo no que diz respeito a primeira infância.
Crianças... Inocentes crianças.
 
Cintia Liana

O peso do segredo na adoção


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Por Cintia Liana Reis de Silva

"Todo ser humano precisa da verdade sobre a sua existência para apropriar-se desta e organizar-se dentro de sua própria vida". (Cintia Liana)

A chegada do filho, que é trazido pelos pais adotivos, é tão perfeita como no parto. Na adoção existe a substituição completa da família de origem, exceto a nível biológico. (FLARTMAN, 1994)

O Segredo na adoção pode significar sinal de insegurança dos pais ou de que nem eles mesmos vêem ou acreditam na beleza da relação adotiva. Medo? Vontade de encobrir uma possível infertilidade? Receio do filho sofrer preconceito? Sim, isso é real, mas é algo que precisa ser trabalhado e não levar os pais a trazerem um outro problema para o filho, ou seja, colocarem nas costas dele "o peso insuportável e incômodo do segredo".

A criança já cresce sentindo um mal estar, um tabu relacionado a sua existência, algo que não é falado, pois é entendido como "feio". O problema que não é falado é a história dela, da criança. Mais que complicado crescer sem saber o que te aflige inconscientemente é esse mal estar voltado para a sua própria história de vida, para o seu nascimento, ou seja, o sentimento em torno de sua vida e a forma em como chegou está contaminado por algo que não é dito, que nem os pais, que deveriam ser fortes o suficiente  e enfrentar os seus fantasmas, estão dando conta.

No fundo, essa história pode ser um eterno fantasma, um peso para toda a família, motivo de repúdio e fazer com que a criança cresça sentindo um mal estar que ela nunca conseguirá decifrar, só sentirá que sua vida está ligada a um segredo indesvendável, segredo este que envolve a forma como ela foi gerada e que compromete a relação de respeito e confiança com as pessoas que ele deveria mais confiar, os pais adotivos.

Um ser humano estigmatizado é protegido por um segredo, mas o segredo também promove a estigmatização. (FLARTMAN, 1994)

Os pais acham que sabem esconder bem, mas a linguagem vai muito além da falada, da consciente. Há a linguagem do olhar, do toque, dos gestos e toda a infinidade de linguagens inconscientes que vão além de nosso controle e entendimento.

Como será tocar no filho e pensar, "eu não te conto que você nasceu de outra barriga porque tenho medo de você não me amar como uma mãe de verdade". Ela mesma já se sente a "mãe de mentira". E quem é a mãe de verdade? Não é aquela que está junto? Deve ser muito mais difícil pensar isso todas as vezes que abraçar o filho e crescer nesta culpa, ao invés de abrir a alma, o corpo, a voz e todas as portas do universo para a verdade mais justa e tranquila, a verdade que o filho merece, a verdade que não pode ser roubada dele.

Será que é mais fácil omitir, mentir ou preparar o filho para ser um grande homem, enxergando todo o lado positivo da adoção e lamentar o que se deve de fato? O segredo serve para quê, proteger o filho de sua própria história?

A verdade ninguém muda, por pior que ela seja é a única que existe, o que pode mudar é a nossa postura diante dela, assim tudo pode ficar mais leve e mais bonito. 

Se alimantarmos o segredo, além de plantarmos em nosso lar a desconfiança estamos, desta forma, aceitando o preconceito de achar que a relação adotiva é inferior a biológica.

Sobre o segredo e a dificuldade em dar o espaço merecido à verdade, o adotado fala de uma sensação de vazio, de um vácuo que causa perturabação e dor. Deve mesmo ser muito assustador e desnorteante não fazer contato consciente com a sua própria história de vida. Muitas coisas parecem não fazer sentido. A identidade do adotado estará intimamente ligada ao segredo.

As pesquisas científicas revelam que pais adotivos que discutem abertamente e compartilham informações criam adultos mais seguros e com um senso firme de self. (FLARTMAN, 1994)

A aceitação da diferença é uma variável importante na previsão de adoções bem sucedidas. Isso é também de grande importância aos olhos do técnicos que avaliam os candidatos a habilitação.

Sobre todos os aspectos da adoção, a crianças deve sentir que sua chegada ao mundo foi um acontecimemto especial e que a sua vida vale a pena ser contada. 

Referência:
FLARTMAN, A. Segredos na família e na terapia familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Fazer terapia é um luxo!


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Por Cintia Liana Reis de Silva

O termo terapia significa relação de ajuda e psicoterapia relação de ajuda através do psiquismo. O profissional habilitado para fazer a psicoterapia é o psicólogo que tem formação na área.

A mente humana é um enigma onde podem ser encontradas todas as respostas para os aspectos da vida do homem, os motivos de seus problemas, infortúnios, escolhas mal feitas, padrões de comportamento, falências, repetições de erros, relações conflituosas, problemas com os filhos, etc. Todos esses mistérios podem ser desvendados com cuidado, com o desejo do terapeutizando em um processo contínuo, sério, de investimento emocional, de tempo e na frente de um profissional competente e ético.

Ainda existem muitos preconceitos em relação a terapia e a quem se submete à ela, mas em alguns círculos sociais fazer terapia é sinal de inteligência e maturidade. Em alguns Países já virou moda e sinônimo de elegância, trazendo um certo status social.

A verdade é que quem se submete a um processo de autoconhecimento no mínimo quer se confrontar, não se acomoda em se conhecer pouco, como a maioria das pessoas. Quer cuidar e se sentir bem consigo mesmo sem artifícios: como fazer fofoca e nutrir curiosidade pela vida alheia para achar que a sua vida é um pouco melhor; comprar para se sentir mais valorizado; beber e usar drogas para se sentir mais seguro; ser arrogante ou se sentir falsamente mais inteligente ou especial para e sentir menos inferior ou mostrar aos outros que possui bens materiais para se sentir mais importante.

Na terapia se pode construir um self mais sólido, pois se adquire uma visão sócio histórica mais consciente de si mesmo e se entende que a autovalorização é algo que vem de dentro para fora e não de fora para dentro, que o se sentir bem é uma busca de quem se é de forma franca, se aceitando, se respeitando, se sentido responsável por sua própria vida e capaz de mudá-la e isso inclui o reconhecimento da própria família, da própria história, da própria identidade, das próprias feridas infantis, dos dilemas, fragilidades, traumas, faltas, carências e dores.

Problemas físicos também podem nascer das dificuldades e contratempos emocionais, como febres sem motivo, dores do corpo, problemas respiratórios, de pele, gastrointestinais, dificuldade em engravidar e muito mais. Existem várias áreas da psicologia que tratam esse sintomas físicos como a psicossomatização, a biossíntese, a bioenergética... O corpo é um reflexo da mente, dos sentimentos.

De acordo com a teoria de sistemas familiares e do teórico Bowen existe uma força vital que é a diferenciação. É uma capacidade instintiva que impulsiona o ser humano a amadurecer e a tornar-se uma pessoa emocionalmente independente da família, apesar de que ninguém nunca será capaz de adquirir uma completa independência emocional em relação a ela. Mas quanto maior é o grau de maturidade dos pais, maior poderá ser o grau de maturidade dos filhos, ou seja, a diferenciação básica é amplamente determinada por um processo emocional multigeracional. Mesmo assim, o indivíduo pode chega num ponto onde começa a ver mais claramente os seus modelos familiares intergeracionais adoecidos, o emaranhado familiar, aquilo que ele quer levar e o que ele quer abandonar em relação a sua própria família, e entende que pode fazer melhor do que os seus pais fizeram, melhorar as futuras gerações, se tornado menos reativo e mais responsivo, com a capacidade de pensar, sentir e agir por si mesmo e só após essa tomada de consciência é que ele estaria em grau de ter filhos e educar um outro ser humano.

Idade não determina e nem traz maturidade. Algumas pessoas podem ficar paralisadas no tempo, com uma baixo nível de diferenciação. São pessoas reativas, ansiosas e solitárias, não criam relações duradouras e se sentem desconfortáveis nas relações. Podem se sentir secretamente superiores para encobrir o sentimento de infelicidade, inferioridade e vazio. São pessoas que agem sempre no intuito de ir contra a opinião dos outros, normalmente são crianças nascidas em famílias desarmoniosas, com um alto grau de tensão, com pais desatentos e imaturos. Esses indivíduos quando crescem têm como repertório de valores e crenças opor-se a crença dos outros, são negativistas e contraditórios.

A terapia facilita e promove esses processos maturacionais, pois nela exercita o olhar voltado para si mesmo e vê não só o que ele quer mas também o que ele não gostaria de ver, a sua parte sombra, a sua imaturidade, dependências, vícios cotidianos, como de fato está educando seus próprios filhos e enxerga o que ele passou a vida escondendo dele mesmo e dos outros, caem suas  máscaras sociais aprendidas, se questiona os padrões familiares internalizados. O paciente aprende a comunicar e traduz em palavras o que o incomoda nos outros e em si mesmo e vai entendendo os seus sentimentos, de onde vêm e quais são as suas causas.

A partir dessa tomada de consciência o paciente se liberta de muitas amarras invisíveis, o funcionamento do seu self se torna menos dependente do suporte e da aceitação dos outros e pode aprender a se relacionar de um modo mais confortável e a se comportar como sempre teve vontade, mas não conseguia, se permitindo crescer.

Resumindo, fazer terapia é para os “fortes”, afinal se olhar no espelho “nu e cru” não é algo para os “fracos”. Os fracos fingem não ter dificuldades, já os fortes querem vê-las, enfrentá-las e superá-las. Enfim, fazer terapia é um luxo!

Por Cintia Liana Reis de Silva
 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Maturidade para aceitar a evolução do pensamento humano


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Por Cintia Liana Reis de Silva

Há algumas décadas se acreditava que os negros eram como animais, que não tinham a mesma inteligência dos homens brancos. Há tantos anos se acreditava que as mulheres não eram capazes e inteligentes como os homens. Ainda hoje existem tantos preconceitos contra a adoção, com as famílias adotivas, com as crianças que foram adotadas, acreditando que a adoção é uma filiação de segunda ordem e que as crianças adotadas terão como destino serem problemáticas. O mesmo absurdo, muito conveniente para a igreja, um pensamento ignorante, cometem aqueles que repetem e acreditam que os homossexuais não são pessoas sadias como os heterossexuais, que não têm capacidade de adotar, amar e educar bem uma criança, um filho.

Infelizmente ainda são tantas as pessoas que raciocinam com a cabeça da igreja católica e que não têm a liberdade de pensamento, não procuram estudar, ler, pesquisar, serão sempre escravos e vítimas dos que manipulam as mentes e o comportamento das grandes massas.

Mas não importa, mesmo que essas pessoas batam os pés como crianças birrentas e mal acostumadas, querendo ter razão como uma espécie de competição, de guerra para medir quem tem mais força, a ciência já provou que a homossexualidade não é uma doença ou uma disfunção e continua a estudar e a falar nos Países mais desenvolvidos e com as leis mais avançadas que as crianças que têm pais adotivos homossexuais são pessoas emocionalmente e intelectualmente tão sadias quanto as outras de famílias biológicas nucleares.

Lembrando que muitas famílias nucleares, ou seja, formadas por pais heterossexuais e filhos, também podem educar muito mal, serem agressivas, violentas e não saberem amar.

Ser um bom pai adotivo não é uma questão de ser homo ou heterossexual, e sim uma questão de maturidade e boa educação. Nós, psicólogos que avaliamos psicologicamente os candidatos a adoção, sabemos o que observar de importante e relevante nos adotantes. Com certeza podemos dizer cientificamente, com base na antropologia, sociologia, filosofia, medicina e psicologia, que uma família não é feita somente de um homem, uma mulher e filhos biológicos, mas sim de seres humanos que são capazes de ter o sentimento de pertencimento, que se aceitam por aquilo que são, que se respeitam e conseguem respeitar os outros porque têm um bom exercício de respeito em casa e sobretudo de seres que se amam. E aqueles que não querem viver ou aceitar essa verdade já provada estará sempre vivendo em atraso, de acordo com uma grande hipocrisia e a brigar com a evolução do mundo que, ainda bem, é inevitável.

O fato de fazer parte de um grupo do que chamamos de minorias, nos faz ao menos esperar que os homossexuais possam ensinar uma bela coisa a seus filhos adotados - que muitos pais heterossexuais estão esquecendo por não ter a capacidade de serem tolerantes - a respeitar as diferenças sem brigar com o mundo somente para provar a si mesmos que têm algum valor por ter razão, porque uma coisa é justa e muito boa, todos somos humanos, mas ninguém é igual.

É uma tristeza, um desgosto que ainda existam tantas crianças experimentando a dor do desamparo e da insegurança sem ter uma família em muitos Países com leis atrasadas, como as da Itália, por exemplo, também pelo fato de muitos ainda acreditarem que não poderiam ter pais homossexuais, talvez porque os seus governantes a muitos cidadãos, que não lutam para mudar as suas leis, já terem esquecido o que é ser criança.

Por Cintia Liana Reis de Silva