"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

domingo, 29 de abril de 2012

Benefícios de dar Banho de Balde no seu Bebê


Todos nós sabemos o quanto os bebês gostam de tomar banho, eles se sentem á vontade na água, pois durante nove meses viveram dentro dela, visto que no útero da mãe contém água.
Por esse motivo é digno de nota que as crianças gostam muito desse momento, e as mães se aproveitam disso comprando grandes banheiras para deixá-los á vontade, esquecendo-se de quem são pequenos e frágeis.
Pensando nisso trouxemos uma grande novidade para as mães, trata-se de uma técnica conhecida como banho de balde, ou seja, um banho em eu o bebê fica apertadinho como na barriga da mãe.

Como funciona a técnica de banho de balde?

A criança encaixa-se perfeitamente no balde, onde ficará agachadinha assim como era na barriga da mãe, a água precisa estar quentinha e chegar até peito da criança.
Trata-se de um banho muito aconchegante, as crianças gostam muito dessa modalidade. Pediatras já comprovaram que esse tipo de banho trás inúmeros benefícios às crianças.
Devem ser utilizados ‘baldes’ normais, é claro que o da criança precisa ser novo e estar em bom estado, dê preferência aos que são transparentes, pois é possível visualizar o bebê.
No entanto existem alguns baldes próprios a esta atividade, eles já estão disponíveis em casas que vendem coisas para bebês.
O bebê não pode ser grande, existe um tamanho apropriado, até alguns primeiros meses será possível encaixá-lo no balde. Depois não force.

E se o bebê chorar?

Com certeza de inicio ele irá estranhar um pouco, mas certifique-se de que nenhum de seus ossos está dobrado e deixe-o se acostumar.

Até que idade se deve dar banho de balde nos bebês?

Indica-se desde o nascimento até os seis meses de idade, no entanto isso pode ser realizada até quando ele couber dentro do balde.
Com certeza essa será uma grande experiência tanto para os pais quanto para as crianças. Que apreciaram a idéia.

Benefícios para a criança:

  •  Proporciona bem estar.
  •  Dá a impressão do útero da mãe.
  •  Acalma a criança.
  •  Trás tranqüilidade.
  •  Diverte os bebês.
  •  Não deixa de ser um método prático para lavá-los.
Fonte: http://vidademulher.com.br/canais/maes-a-filhos/filhos/199-beneficios-de-dar-banho-de-balde-no-seu-bebe.html

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Comissão aprova presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas


Paraíba, 20/04/2012

A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou na quarta-feira (18) proposta que assegura atendimento por psicólogos e assistentes sociais a alunos das escolas públicas de educação básica. O texto aprovado é o substitutivo do Senado ao Projeto de Lei 3688/00, do ex- deputado José Carlos Elias.
Essa versão do Senado retirou da proposta aprovada anteriormente na Câmara a determinação de que o atendimento psicológico e assistencial deveria ser prestado por psicólogos do Sistema Único de Saúde (SUS) e assistentes sociais dos serviços públicos de assistência social. Pelo texto aprovado, as redes públicas contarão com equipes multidisciplinares próprias, sendo que algumas necessidades específicas de alunos poderão ser tratadas em parceria com o SUS.

O relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), recomendou a aprovação da proposta, por considerar que as equipes multiprofissionais serão capazes de atuar tecnicamente na mediação das relações sociais e institucionais.

O projeto dá um ano, a partir da publicação da lei, para que os sistemas de ensino se adaptem à nova regra.


O relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), recomendou a aprovação da proposta, por considerar que as equipes multiprofissionais serão capazes de atuar tecnicamente na mediação das relações sociais e institucionais.

O projeto dá um ano, a partir da publicação da lei, para que os sistemas de ensino se adaptem à nova regra.

Tramitação
O substitutivo do Senado ainda será analisado pelas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser incluída na pauta do Plenário.

Íntegra da proposta:

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=20050

Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Marcelo Oliveira

sábado, 21 de abril de 2012

O que acontece quando você fica elogiando a inteligência de uma criança

Coisas para se refletir.
De fato, ninguém nasce pronto, é preciso buscar e é preciso dar valor a esse processo de busca, olhar os essencial.

Cacau Waller

por em Tuesday, April 17, 2012 · 237,513 views

Gabriel é um menino esperto.
Cresceu ouvindo isso.
Andou, leu e escreveu cedo.
Vai bem nos esportes.
É popular na escola e as provas confirmam, numericamente e por escrito, sua capacidade.
“Esse menino é inteligente demais”, repetem orgulhosos os pais, parentes e professores. “Tudo é fácil pra esse malandrinho”.
Porém, ao contrário do que poderíamos esperar, essa consciência da própria inteligência não tem ajudado muito o Gabriel nas lições de casa.
- “Ah, eu não sou bom para soletrar, vou fazer o próximo exercício”.
Rapidamente Gabriel está aprendendo a dividir o mundo em coisas em que ele é bom, e coisas em que ele não é bom.
A estratégia (esperta, obviamente) é a base do comportamento humano: buscar prazer e evitar a dor. No caso, evitar e desmerecer as tarefas em que não é um sucesso e colocar toda a energia naquelas que já domina com facilidade.
Mas, como infelizmente a lição de casa precisa ser feita por inteiro, inclusive a soletração, de repente a auto-estima do pequeno Gabriel faz um… crack.
Acreditar cegamente na sua inteligência à prova de balas, provocou um efeito colateral inesperado: uma desconfiança de suas reais habilidades.
Inconscientemente ele se assusta com a possibilidade de ser uma fraude, e para protegê-lo dessa conclusão precipitada, seu cérebro cria uma medida evasiva de emergência: coloca o rótulo dourado no colo, subestima a importância do esforço e superestima a necessidade de ajuda dos pais.
A imagem do “Gabriel que faz tudo com facilidade” , a do “Gabriel inteligente” (misturada com carinho), precisa ser protegida de qualquer maneira.
Gabriel não está sozinho. São muitos os prodígios, vítimas de suas próprias habilidades de infância e dos bem intencionados e sinceros elogios dos adultos.
Nos últimos 10 anos foram publicados diversos estudos sobre os efeitos de elogios em crianças.
Um teste, realizado nos Estados Unidos com mais de 400 crianças da quinta série (Carol S. Dweck / Ph.D. Social and Developmental Psychology / Mindset: The New Psychology of Success), desafiava meninos e meninas a fazer um quebra-cabeças, relativamente fácil.
Quando acabavam, alguns eram elogiados pela sua inteligência (“você foi bem esperto, hein!) e outros, pelo seu esforço (“puxa, você se empenhou pra valer hein!”).
Em uma segunda rodada, mais difícil, os alunos podiam escolher entre um novo desafio semelhante ou diferente.
A maioria dos que foram elogiados como “inteligentes” escolheu o desafio semelhante.
A maioria dos que foram elogiados como “esforçados” escolheu o desafio diferente.
Influenciados por apenas UMA frase.
O Malcom Gladwell tem um ótimo livro sobre a superestimação do talento, chamado “Fora de Série” (“outliers”). Lá aprendi sobre a lei das 10 mil horas, tempo necessário para se ficar bom em alguma coisa e que já ensinei pro meu filho.
Se você tem um filho, um sobrinho, ou um amigo pequeno, não diga que ele é inteligente. Diga que ele é esforçado, aventureiro, descobridor, fuçador, persistente.
Celebre o sucesso, mas não esqueça de comemorar também o fracasso seguido de nova tentativa.
UPDATE : Apenas alguns esclarecimentos a alguns dos comentários…
01. Não, eu não estou dizendo para não elogiar as crianças. E não, também não estou dizendo para você nunca dizer para o seu filho que ele é inteligente. É apenas uma questão de evitar o RÓTULO.
02. Evidentemente não sou o autor dessa tese/teoria, muito menos desse estudo citado no post. Escrevi justamente SOBRE essa linha de pensamento. Quem escreveu essa teoria foi Carol S. Dweck / Ph.D. Social and Developmental Psychology / Mindset: The New Psychology of Success(http://news.stanford.edu/news/2007/february7/dweck-020707.html) como foi citado acima e nos comentários também.
03. Gostaria de aproveitar o update e agradecer pelos inúmeros comentários e likes, o que prova o quanto esse assunto é fascinante. Obrigado!
 
 

terça-feira, 17 de abril de 2012

"Pode me chamar de Nadí" - Curta metragem

Dica de filme:
É um curta muito interessante que conta um epísódio de Nadí e sua relação com o seu cabelo. Vale a pena ver um pouco o cotidano desta personagem, uma menina pobre de Fortaleza.


Pode Me Chamar de Nadí / Just Call Me Nadi from déo cardoso on Vimeo.
http://vimeo.com/34217717

"Filme de curta-metragem sobre uma menina que, num determinado dia, supera o racismo. Baseado em fatos reais. Escrito e dirigido por Déo Cardoso; Produção de Tamylka Viana. Estrelando Nadiézia Apolinário (Nadí), Laila Pires (Laila) e Rodger Rogério (Tapioqueiro)."

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Abandono, institucionalização e adoção no Brasil: problemas e soluções

Google Imagens
Por Lídia Weber

"Toda criança precisa de adultos afetivos, de pais, que lhe ensinem as fronteiras entre o certo e o errado, que possam lhe enxugar uma lágrima em momentos de tristeza, que possam ouvir e compreender os seus sonhos mais fantásticos e os pesadelos mais  ssustadores. Pais são aquelas pessoas que devem ter um amor incondicional e que ajudam a construir a identidade e o desenvolvimento de uma criança, assim como se constrói um edifício, primeiro as fundações para sentir-se confiante e amada, depois as janelas para poder olhar para o mundo e, por fim, as portas, para sair para o mundo, confiante e com auto-estima sólida e forte para enfrentar essa realidade nem sempre benevolente.

É um direito dos casais que não podem ter filhos adotar bebês, mas é um dever do Estado proporcionar condições para que cada família mantenha seus filhos e, para as crianças já abandonadas, encontrar pais substitutos. Quanto à comunidade, é preciso trabalhar para que exista uma atitude de solidariedade ativa, nacional e internacional e para que haja famílias disponíveis às diversas formas de acolhimento. Todos nós devemos lutar por aquilo que estas crianças pedem: uma chance, um esforço, uma esperança, um pouco menos de medo, um pouco mais de coragem, um pouco menos de leis e um pouco mais de justiça. Quem sabe assim seja possível transformar os filhos de ninguém em filhos do coração!"

Lídia Weber em:
Weber, L.N.D. (2005). Abandono, institucionalização e adoção no Brasil: problemas e soluções. , 53-70.
O Social em Questão, 14

AbandonoinstitucionalizacaoeadocaonoBrasilproblemasesolucoes.pdf

domingo, 15 de abril de 2012

O que as crianças que moram em internatos sentem

Cintia Liana e Lídia Weber em Roma,
no Congresso Internacional da INFAD.
Abril de 2011

Por Lídia Weber

MAGNO E MONTENEGRO (2002), em uma matéria jornalística, enfatizaram que as crianças que vivem em abrigo são sedentas por alguém que as escute. “A maioria das crianças gosta de conversar com visitantes, tocá-los ou ficar quietinho por perto, pois o que há de mais precioso na vida delas é o fato de serem objeto de afeição de alguém, mesmo que seja por alguns minutos” (WEBER, 1997, p. 45).

Uma pesquisa (WEBER, MOREIRA, TERRA & MESSIAS, 1999), cujo objetivo era identificar os sentimentos em relação aos pais biológicos e às expectativas sobre o futuro de crianças institucionalizadas entre 7 a 18 anos e sem vínculo familiar, revelou que 61% das crianças estão na instituição de 3 anos a 18 anos. A maioria absoluta nunca recebeu visitas de seus pais (67%), atribui valoração negativa aos pais genéticos (66%). As respostas relativas às expectativas de futuro são estereotipadas e inconsistentes;  apenas 50% dos internos desejam casar ou ter filhos, sendo que 53% preferem morar na instituição que com sua família biológica, mas o maior desejo de todos é ser adotado (80%). Os dados também apontam que: 1) o afastamento da família biológica e o caráter negativo da experiência familiar pregressa determinaram a valoração negativa atribuída por essas crianças e adolescentes a seus pais biológicos; 2) a dificuldade em planejar e refletir sobre o futuro e o pessimismo sobre o plano afetivo está intimamente ligado ao abandono e à impossibilidade de criar novos vínculos; 3) a necessidade de apego seguro, sob a forma de adoção, revelou-se premente nestas crianças institucionalizadas que desejam ser amadas na condição de filhas.

A maioria das crianças entrevistadas sentiu muita tristeza no momento em que foi deixada na instituição: “Eu fiquei triste; minha mãe disse que vinha me buscar no sábado e não veio” (João, 10 anos); “Eu chorei, tava com medo de dormir, aí eu fui me acostumando; agora não estou mais reclamando” (Marcos, 8 anos); “Senti assim: não vou ser feliz, minha mãe não me quer” (LUIZA, 13 anos).

Ao verificar se as crianças passam a amar alguém no internato, as respostas revelaram que após a separação de sua família, estas crianças tentam encontrar outras figuras de apego, mas a criação e, ou, manutenção de vínculos afetivos nas instituições é bastante restrita principalmente por transferências dos internos para diferentes instituições: 56% dos entrevistados já moraram em dois ou mais internatos diferentes. A maioria absoluta dos entrevistados respondeu que havia encontrado uma figura de apego (geralmente um colega de internato ou um funcionário), mas em 98% dos casos o contato com essa pessoa foi perdido.

Os internos tentam encontrar novamente outras vinculações afetivas e, novamente, correm o risco de perdê-las, num processo doloroso em que revivem inúmeras vezes o abandono.

Verificamos que, às vezes, não existem sequer documentos sobre a criança, quanto mais dados específicos sobre a sua história de vida. O discurso dos internos deixa transparecer total desconhecimento de sua situação legal, pessoal, familiar e, conseqüentemente, eles tecem fantasias sobre suas perspectivas futuras (WEBER et al., 1999) e querem uma família, mas às vezes a esperança já não existe mais:

“Acho eu não vou ser adotado porque já passei da idade; só adotam até 14 anos” (Fernando, 15 anos; “Acho que não vou ser adotada, acho que desisti, eles eram pra ter arrumado família pra mim faz tempo. (Maria, 9 anos; “Ainda não fui adotada porque sou nova aqui; tem que ficar bastante tempo” (Ana, 12 anos); “Não fui adotada ainda porque meu caso ainda não foi visto pelas pessoas que arrumam pais pra gente” (Olivia, 12 anos).

Certas vezes a realidade e a fantasiam misturam-se na esperança de ser filho de alguém:

“Eu acho que vou ser adotada, porque sim, porque eu tenho certeza, porque nunca se deve perder a esperança” (Karina, 12 anos); “Eu sei que vou ser adotada, mas não sei o dia que o Juiz vai me chamar. Acho que vai demorar um pouco. (Silvia, 10 anos); “Acho que vou ser adotada porque eu já tirei três fotos pra mostrar pro Juiz” (Camila, 13 anos); “Eu vou ser adotada porque a gente tem fé em Deus e pode conseguir” (Tatiana, 15 anos); “Eu acho que vou ser adotada porque é a terceira vez que a minha foto vai pra Itália e para os Estados Unidos” (Cintia, 12 anos); “Eu acho que vou ser adotada porque já está na hora de ir embora, meus pais já vão chegar...”. (Denise, 10 anos).

Alguns depoimentos mostram o pensamento mais freqüente das crianças, uma infância repleta de sofrimento:

“Tenho 13 anos e cheguei aos nove anos. Nunca recebi visita de ninguém. Vim pra cá porque minha mãe me batia. Se tivesse com minha mãe estaria apanhando, então eu estou mais feliz aqui. Meu maior desejo é ter uma família nova. Queria ser adotado, daí eu ia para uma casa que ninguém me batesse e teria alguém para me fazer carinho” (Roberto, 13 anos). “Eu tinha 8 anos quando vim para cá. Foi o carro do Juizado que me trouxe aqui. Já morei em três internatos diferentes. Meu pai é alcoólatra e minha mãe morreu e eu nunca recebi visitas de ninguém. Meus três maiores desejos? Eu queria ser adotada e ganhar um pai na Itália, uma mãe e uma bicicleta! Eu seria mais feliz” (Mariana, 11 anos, institucionalizada desde os 8 anos).

Um dos capítulos de um artigo de Lídia Weber
Weber, L.N.D. (2005). Abandono, institucionalização e adoção no Brasil: problemas e soluções.
O Social em Questão, 14, 53-70.

AbandonoinstitucionalizacaoeadocaonoBrasilproblemasesolucoes.pdf


Empatia: uma atitude naturalmente sábia e compassiva

Posto este belo texto sobre empatia, que é uma palavra tão rica de significados e peço que ao ler observem que na adoção existe um fluxo natural de empatia com a criança. É a nossa criança falando com a outra que nos espera.

Google Imagens
Por Bel Cesar

O desenvolvimento da espiritualidade nos lança em direção ao mundo: nos torna cada vez mais empáticos com os outros. Para que isto se torne realidade, precisamos inicialmente incluir em nossas atividades cotidianas uma atitude empática para conosco mesmos.

Ser empático é algo natural no ser humano: quando vemos alguém sofrendo surge espontaneamente em nós o desejo de ajudar, simplesmente porque nesses momentos reconhecemos no outro alguém como nós e nos identificamos com ele.

A palavra empatia origina-se do termo grego empátheia, que significa entrar no sentimento. Portanto, a primeira condição para sermos empáticos é sermos receptivos aos outros e simultaneamente à nossa totalidade interior. Isto significa estar disposto a conhecer tanto os outros como a si mesmo. A empatia nos ajuda a nos libertar dos nossos padrões rígidos e repetitivos.

Segundo Robert Sardello, precisamos passar por três fases distintas para desenvolver a empatia. O primeiro aspecto dessa atividade consiste em voltarmos conscientemente a nossa atenção para uma outra pessoa em uma atitude de abertura. Estendemos parte de nosso ser para além de seus limites usuais, ficamos interessados na existência e no destino da outra pessoa – mas não por curiosidade, aventura, criticismo, interesse pessoal ou poder. Para tanto, temos antes que deixar escoar os nossos pensamentos habituais sobre ela e nos permitir senti-la de um modo mais direto e intuitivo.

Uma vez que abandonamos nossas idéias preconcebidas sobre aquela pessoa e nos encontramos sintonizados com ela, podemos passar para a próxima etapa: Você se move em direção a sentir as qualidades interiores da outra pessoa sem saber ou precisar saber quais são elas, exatamente como uma criança que, antes de formar conceitos sobre o mundo, está aberta às suas impressões imediatas e qualidades interiores. Neste processo, entretanto, nem por um instante perdemos o senso de nós mesmos. O exercício não é uma fusão com a outra pessoa.

A idéia é derrubar as barreiras que nos impedem de fazer um contato mais direto e espontâneo com o outro sem nos confundirmos com ele; portanto, a terceira fase consiste em retornar à parte de nós mesmos deixada para trás enquanto encontrávamos a outra pessoa. Um eco daquilo que experimentamos enquanto residíamos no interior da outra pessoa permanece, e agora essa ressonância vive em nós como uma imagem da alma. Tal imagem pode gradualmente ser trazida ao entendimento através da contemplação.

Este exercício nos aproxima dos outros, e nos ajuda a reconhecer as diferenças e os pontos que nos unem. Empatia não quer dizer tornar-se similar ao outro. Muito pelo contrário: ela surge à medida em que nos tornamos receptivos às diferenças. Compreender o outro em sua particularidade é fundamental.

Formar parcerias torna-nos cada vez mais empáticos, pois estreitar nossos relacionamentos ajuda-nos a nos desapegarmos da visão autocentrada que gera ansiedade e solidão.

É como escreve Márcia Mattos: O fato de o outro existir junto comigo – de estar ao meu lado e de se dispor a fazer coisas comigo – me inspira a despertar qualidades que estavam inconscientes em mim. Toda personalidade se enriquece com isso. [...] Há uma poderosa química que o outro exerce sobre nós, produzindo efeitos e aflorando virtudes das quais nós sozinhos seríamos incapazes de nos apropriar.

O delicado equilíbrio entre as minhas, as suas e as nossas necessidades

Em geral, temos o hábito de olhar apenas para nossas necessidades, mesmo quando pensamos ser generosos. Esta é a razão por que é tão difícil ajudar os outros: temos dificuldade de percebê-los nas suas necessidades. Desta maneira, acabamos por criar vínculos desequilibrados e neuróticos, baseados na co-dependência.

Co-dependente é uma pessoa que tem deixado o comportamento de outra pessoa afetá-la, e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa. Quando dizemos sim, mas na realidade queremos dizer não, quando fazemos coisas que não queremos realmente fazer, ou fazemos o que cabia aos outros fazerem, estamos sendo co-dependentes e não pacientes e nem mesmo generosos! Uma atitude co-dependente pode parecer positiva, mas, na realidade, está gerando baixa auto-estima e falta de confiança.

Em outras palavras, se ao nos dedicarmos aos outros estivermos nos abandonando, mais à frente teremos de nos confrontar com as conseqüências de nossa atitude ignorante. Reconhecer nossos limites e necessidades é tão saudável quanto a motivação de querer superá-los.

Sentir a dor do outro não quer dizer ter que repará-la. Este é nosso grande desafio: sentir a dor com o intuito de simplesmente nos aproximarmos dela, em vez de querer transformá-la de modo imediato.

É preciso deixar claro que ter empatia não tem nada a ver com a necessidade compulsiva de realizar os desejos alheios, própria dos relacionamentos co-dependentes.

Stephen Levine nos dá uma boa dica para identificarmos se nossos relacionamentos são saudáveis ou não: Na co-dependência, as balanças sempre pendem para um lado. É freqüente que um tenha de estar ‘por baixo’ para que o outro se sinta ‘por cima’. Não há equilíbrio, somente a temida gravidade. Em um relacionamento equilibrado não há um ‘outro dominante’; os papéis estão em constante mudança. Quem tiver o apoio mais estável sustentará a escalada naquele dia.

A troca equilibrada entre ceder e requisitar, dar e receber afeto e atenção nos aproxima de modo saudável das pessoas que nos cercam sem corrermos o risco de criar vínculos destrutivos. O paradoxo do relacionamento é que ele nos obriga a sermos nós mesmos, expressando sem hesitação e assumindo uma posição. Ao mesmo tempo, exige que abandonemos todas as posições fixas, bem como nosso apego a elas. O desapego em um relacionamento não significa que não tenhamos necessidades ou que não prestemos atenção a elas. Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências nem com as preferências e aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato com nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir desta perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento.

A empatia começa com a capacidade de estarmos bem conosco mesmos, de reconhecermos o que não gostamos em nós e admirarmos nossas qualidades. Quanto melhor tivermos sido compreendidos em nossas necessidades e sentimentos quando éramos crianças, melhor saberemos reconhecê-las quando adultos.

Entrar em contato com os próprios sentimentos é a base para desenvolver a empatia. Como alguém que desconhece suas próprias necessidades poderá entender as necessidades alheias?



Bel Cesar é psicóloga e pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano. Trabalha com a técnica de EMDR, um método de Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares. Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções, Mania de sofrer e recentemente O sutil desequilíbrio do estresse, todos pela editora Gaia.
Email: belcesar@ajato.com.br



Fonte: http://www.stum.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=3912

sábado, 14 de abril de 2012

Campanha em SC incentiva adoção de crianças com mais de três anos



Edição do dia 10/04/2012

Cerca de 80% das famílias que estão na fila de espera para "adoção" busca meninas de no máximo três anos e sem irmãos.

Já faz mais de dez anos que o Jornal Nacional reserva um tempo para valorizar a ação de pessoas que ajudam outras pessoas. E você reconhece essas reportagens logo no início - porque elas sempre começam com uma marca forte, que tem as cores da bandeira do Brasil e uma frase musical do nosso hino.

A edição desta terça-feira (10) traz, mais uma vez, um exemplo desse Brasil bonito. Em Santa Catarina, a gente mostra o resultado de uma campanha que incentiva casais a adotarem crianças mais velhas e adolescentes.

Quando Mariá viu Juliana pela primeira vez ficou encantada. A menina tinha seis anos e morava num abrigo.  “Foi amor à primeira vista. Eu senti que aquela era a criança que eu queria adotar”, conta a professora Mariá Nascimento Pereira.

Mas aí veio a surpresa. “A Juliana correu para o meu colo e disse: ‘mas tem um problema’. Eu perguntei: qual é ? ‘tia, eu tenho mais três irmãs’", lembra.

O marido levou um susto. Fabio e Mariá já tinham dois filhos biológicos.

“Triplicar o time não é fácil, mas nós decidimos encarar”, afirma o professor Fábio Nascimento Pereira.
Hoje a família não tem dúvidas: o que triplicou foi o amor entre eles.

“Eu sinto vontade de falar para todo mundo que eu tenho a melhor família do mundo, a mais feliz, a mais alegre, a melhor família”, diz Mariá.

Histórias como esta são raras no Brasil. Cerca de 80% das famílias que estão na fila de espera para "adoção" buscam meninas de no máximo três anos e sem irmãos.

O desejo de encontrar uma criança "ideal" afasta os pais dos possíveis filhos adotivos. Para reduzir esta distância, Santa Catarina criou a campanha laços de amor.

Os vídeos produzidos e exibidos no estado incentivam a adoção de crianças que já passaram dos três anos de idade.

“Os pais imaginam que essas crianças que sofreram muito na sua vida até então, tenham numa nova vida marcas do passado. E isso, muitas vezes, preocupa e assusta. As experiências práticas mostram o contrário, mostram crianças sedentas de carinho que retribuem por dez aquilo que recebem dos pais adotivo”, explica o Deputado Gelson Merísio.

Gabriel já tinha sete anos e poucas esperanças de ser adotado quando Iria abriu os braços para ele.
“Foi crescendo o nosso amor, a nossa simpatia, a nossa afinidade e foi assim. Eu estou cuidando do Gabriel, ele está cuidando de mim, e nós somos felizes juntos porque é um momento especial para nós dois”, afirma a aposentada Iria Guterrez.

Amparadas, as crianças ganham confiança para construir o futuro: “Eu estou estudando muito porque eu quero ser juíza e o meu sonho é ajudar outras crianças a serem adotadas também”, diz Ana Claudia, de 15 anos.

“Não precisa esperar um filho, mas sim conhecer um filho”, acredita Juliana Nascimento Pereira, de 13 anos.

Essa campanha envolve o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, a Ordem dos Advogados e a Assembléia Legislativa de Santa Catarina.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Palestra sobre adoção nos diários associados

 Luiz Schettini – Crédito: Larissa Lins/DP/DA Press
É preciso entender primeiramente que a relação pais-filhos depende muito mais do afeto do que da genética, para aproveitar do modo como deve ser aproveitada uma palestra do Dr. Luiz Schettini Filho. Renomado e conceituado em todo o mundo, Schettini discursa sobre os aspectos psicológicos do processo adotivo. Autor de 20 livros, dos quais oito tratam diretamente da adoção, o psicólogo, teólogo e estudioso revelou ainda que possui um certificado de jornalista, da época em que ainda não havia graduação para a atividade. Esta manhã, seu palco foi o auditório dos Diários Associados, onde conversou com os jornalistas a respeito das implicações psicológicas das adoções.

Schettini iniciou a palestra lembrando que qualquer filiação transcende o genético e se apóia nas questões éticas, de escolhas pessoais e busca afetiva. “Quando ouço falar em laços de sangue, isso sempre me soa um pouco vampiresco”, brincou o psicólogo, enquanto explicava que cada adoção nasce de uma procura já existente.

Schettini defende que assim como marido e mulher são a princípio dois estranhos que acabam por estabelecer um vínculo de amor, crianças adotadas podem e devem ser acolhidas ultrapassando as barreiras genéticas e sanguíneas. A também psicóloga Suzana Schettini, que é esposa do Dr. Schettini, ressaltou ainda a importância de focar o processo adotivo no bem estar das crianças, não apenas na satisfação dos pais. Ela coordena o GEAD (Grupo de Estudo e Apoio à Adoção) no Recife, que visa desmistificar preconceitos acerca do assunto e disseminar uma nova cultura de adoção.

Os jornalistas que compareceram ao avento, assistiram ainda à uma palestra do Desembargador do Tribunal de Justiça, Luis Carlos Figueiredo, que orientou os comunicadores sobre como transmitir na mídia informações judiciais. Foram dadas instruções sobre como proceder com publicações que envolvam menores de idade, infrações e processos adotivos sob os cuidados da Justiça. Luís Carlos é relator da Lei 12.010, conhecida como a Nova Lei da Adoção, produzida em 2009 e que atualmente guia os rumos da adoção no Brasil.

Casos como o assassinato do bispo Robinson Cavalcanti e sua repercussão na mídia entraram em pauta como exemplos do destaque negativo que muitas vezes se dá à adoção nas manchetes dos jornais. Dr. Schettini, Dra. Suzana Schettini e o Des. Luis Carlos problematizaram o fato, explicando que a culpa que se atribui a um filho adotivo deve ser a mesma atribuída a um filho biológico, já que ambos estabeleceram a relação de pai e filho ao longo de anos de criação.

Uma curiosidade sobre o grupo de palestrantes é que os três são também pais adotivos. “Nós vivenciamos a adoção na teoria e na prática, por dentro e por fora, do café ao jantar”, pontuou Suzana Schettini.


quarta-feira, 4 de abril de 2012

Pelo direito de não querer ter filhos


Google Imagens

Por Casal Sem Vergonha | Yahoo! Brasil – 23 minutos atrás

Por mais que nos consideremos seres livres, estamos presos à amarras invisíveis que se apoiam na desculpa das tradições culturais. Ter filhos é uma delas. Por mais que estejamos vivendo num período em que preconceito com quem questiona o padrão nesse quesito começa entrar em processo de queda, muita gente ainda te olha como um extraterrestre quando você pronuncia as palavras: “Eu não quero ter filhos.”

Ter filhos sempre foi uma tradição muito cultuada e esperada na sociedade. Tanto é que um dos papéis principais de nossas mães e avós era parir e cuidar dos filhos. Além de cuidar da casa, essa era a função principal de todas as mulheres – muitas delas nem tinham o direito de questionar se queriam realmente ser mães. Esse comportamento se explica pois ele segue a ordem de evolução da natureza – machos caçam e espalham os seus espermatozóides para o maior número de fêmeas que conseguirem na vida. A fêmea aguenta o filhote no bucho, dá a luz, cuida da cria enquanto o macho sai em busca de alimento. Mas temos que ter muito cuidado ao criar conceitos tão importantes para nossas vidas, nos baseando na realidade dos outros animais. As pessoas não precisam mais se preocupar em reproduzir desesperadamente, porque já conquistamos nosso espaço como espécie e principalmente pelo fato que o mundo já está superlotado. Nossa realidade hoje é outra.

Não estou dizendo aqui que as pessoas devem parar de dar cria. Imagina. As gerações precisam continuar, a economia precisa de mão de obra jovem, criança é vida. Mas isso não significa que TODO MUNDO precise fazer isso. Só que algumas pessoas ainda não perceberam isso, e nem se questionam realmente se se consideram preparadas para colocar mais um ser no mundo, em questões financeiras e (principalmente) de sanidade mental. Sério. Tem gente que não dá conta nem da própria vida e quer mesmo ser responsável pela criação de uma outra, ou, nos casos mais dramáticos, de muitas outras. Fico me perguntando: se de repente não querer ter filhos fosse visto como uma escolha tão comum quanto não querer pintar as unhas do pé, quantas pessoas teriam escolhido resolver seus problemas primeiro em vez de envolver mais um serzindo neles? Ou seja, a questão não é não ter filhos – é ter o direito de escolher se quer tê-los, sem precisar prestar contas para um monte de gente.

Há também o caso de mulheres que sofrem preconceito por decidirem ter filhos mais velhas – vulgo, com mais de 30. Ora, se hoje as nossas condições de vida permitem que uma mulher de 30 anos esteja no auge de muitas coisas, como podemos dizer que essas mulheres já estejam ficando velhas demais para essa escolha? Sim. Há questões de saúde, mas a medicina tem avançado muito nessa questão, desenvolvendo alternativas para mulheres que decidem engravidar mais tarde. Há também a questão da disposição – uma mãe de 45 anos provavelmente não terá a mesma disposição que uma de 25, mas como saber se, em questões de sabedoria, uma mulher nessa idade está muito mais centrada e certa dos valores que quer passar para um outro ser? E aí o que vemos são mulheres desesperadas com a possibilidade de não estarem prontas psicologicamente para gerar outro ser, mas que ignoram esse fato em nome da pressão invisível que ainda insiste em clamar que mulher que não teve filhos, não teve real utilidade para a vida. É aquela velha história “- Você vai mesmo deixar sua mãe sem netos?”, como se devêssemos fazer uma escolha tão séria em nome de uma vontade das nossas mães – elas já tiveram as vidas delas, as chances delas, e já fez as escolhas delas. Agora é a nossa vez.

A escolha de querer ter filhos precisa vir de dentro (não só do chamado do corpo, mas também das condições da mente), e não de imposições sociais ou familiares. Assim como casar na igreja, ou morar junto, as pessoas precisam entender que a realidade de hoje é diferente, e que esses conceitos podem e devem ser revistos, para que sejam ajustados da melhor forma a realidade de cada um – hoje. Fazer as nossas escolhas em vez de ir pro caminho que o vento te leva, é a maior garantia de uma vida mais feliz e, o mais importante, com menos arrependimentos.
 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Após repercussão, STJ admite rever decisão sobre estupro

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Após repercussão negativa, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, admitiu nesta quinta-feira (29), que a Corte pode rever o julgamento em que inocentou um homem que manteve relações sexuais com meninas de 12 anos. Pelo entendimento do tribunal, a relação sexual entre um homem e crianças menores de 14 anos de idade não configura necessariamente o crime de estupro.

“É um tema complexo. Foi decidido por uma seção do tribunal. É a palavra do tribunal, mas evidentemente cada caso é um caso. O tribunal sempre está aberto para a revisão de seus julgamentos. Talvez isso possa ocorrer”, admitiu Ari Pargendler.

O resultado do julgamento recebeu crítica de vários setores – do governo, do Parlamento e dos Procuradores da República. A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, criticou o resultado do julgamento e defendeu a reversão da decisão. “Quem foi julgada foi a vítima, mas não quem está respondendo pelo crime”, afirmou revoltada.

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) classificou a decisão do STJ como uma afronta ao princípio da proteção absoluta de crianças e adolescentes. “O tribunal pressupõe que uma menina de 12 anos estaria consciente da liberdade de seu corpo e, por isso, se prostitui. Isso é um absurdo”, afirmou o presidente da associação, Alexandre Camanho.

Já os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga a violência contra a mulher, aprovaram uma nota de repúdio à decisão do STJ. A presidente da Comissão, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) disse que a decisão abre um precedente que fragiliza pais, mães e todos aqueles que lutam para cuidar de nossas crianças e adolescentes.

E concorda com a decisão da ministra Maria do Rosário de encaminhar solicitação ao Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, e ao Advogado-Geral da União, Luiz Inácio Adams, para que analisem medidas judiciais cabíveis para reversão da decisão.

De Brasília
Com agências

fonte:http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/stj-admite-rever-decisao-sobre-estupro

Código Penal


Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 1o  Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 3o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

§ 4o  Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)

STJ, crianças exploradas e minha indignação

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Por Márcio Rosa da Silva 
Indignação, perplexidade, incredulidade até. Foi assim que recebi a notícia de que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) inocentou um sujeito que manteve relações sexuais com três meninas, com idade de doze anos cada uma. A legislação brasileira considera criminosa qualquer relação sexual com pessoa com menos de quatorze anos, mesmo assim a corte absolveu o homem que praticou os estupros.
Conforme notícia do site do próprio STJ (www.stj.jus.br, acessado dia 30.03.2012), a absolvição não se deu por falta de provas, isso nem se discutiu. O fato, as relações sexuais, foi comprovado. O que ocorreu, para meu espanto, é que a corte entendeu que as meninas de doze anos, repito DOZE ANOS, já tinham muita experiência sexual e já se prostituíam há tempos, o que, segundo eles afasta a ocorrência do crime. Literalmente a decisão diz o seguinte: “Com efeito, não se pode considerar crime fato que não tenha violado, verdadeiramente, o bem jurídico tutelado – a liberdade sexual –, haja vista constar dos autos que as menores já se prostituíam havia algum tempo”.
As “menores” a que se refere a relatora do recurso, sim uma mulher, eram, na época dos fatos, adolescentes com doze anos de idade. Afirmar que elas “se prostituíam havia algum tempo” é reconhecer que elas eram vítimas de crimes sexuais desde quando eram crianças, que haviam sido submetidas à exploração sexual desde tenra idade. Ninguém com doze anos se prostitui, mas sim é submetida à prostituição e à exploração sexual. Meu Deus, são vítimas. Mas no caso julgado por suas excelências foram consideradas as responsáveis pelo estupro, as causadoras do crime, as sedutoras que não deram chance de o agressor resistir. Foram mais uma vez vitimadas. E o adulto agressor? Ah, esse um ingênuo que não teria condições de discernir sua conduta criminosa.
Não podemos aceitar tamanho disparate. Nós, adultos, temos que ter a responsabilidade de proteger nossas crianças de toda forma de exploração e violação de direitos. É isso que impõe o princípio da proteção integral, presente na Constituição Federal. Não é aceitável que crianças sejam submetidas à prostituição e que os adultos exploradores não sejam punidos. É inadmissível que se institucionalize a exploração sexual de crianças e adolescentes. Isso é uma doença, uma chaga social que recebeu a aquiescência, pelo menos por ora, do STJ.
Milhares de crianças e adolescentes ficaram ainda mais vulneráveis depois dessa decisão. Milhares de agressores, estupradores e pedófilos se sentirão mais à vontade para continuar fazendo vítimas. Temos que ser a voz de protesto dessas crianças, já com pouca voz por conta das ameaças que sofrem e que lhes impõe a lei do silêncio, e agora ainda com menos força diante de tamanha injustiça. Nós que a temos, devemos falar.
Chocado com essa postura dos julgadores de uma das mais altas cortes do Brasil, concordo com o já saudoso Millôr Fernandes: “Se isso tudo não for um pesadelo, este país vai mal”.
Márcio Rosa da Silva

domingo, 1 de abril de 2012

Filhos como companheiros

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"Não sabemos o que podemos esperar de um filho adotivo, como não sabemos o que podemos esperar de um filho biológico, pois são seres humanos que se desenvolverão na troca com o mundo, na troca com as pessoas, que se formarão independente do nosso desejo, pois têm coisas que estão longe do nosso controle ou manipulação. O que podemos fazer é darmos o melhor de nós mesmos, sermos sinceros com o mundo a as pessoas que nos cercam, não nos comportarmos de forma contraditória com nossos discursos. Podemos eleger nossos filhos como companheiros e não alguém que vamos moldar, manipular ou fiscalizar, mas como um ser que precisa de auxílio e que podemos, antes de tudo, respeitá-lo naquilo que ele é, naquilo que ele traz, naquilo que ele faz a diferença, não lhe tirando a sensibilidade, a intuição e  a percepção".
Cintia Liana Reis de Silva em seu primeiro livro "Filhos da esperança".