"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Preparação e preconceitos: adotando crianças de outra etnia

Mandy Lynne

No caso de candidatos de etnia branca, o ideal seria que eles adotassem uma criança da mesma etnia para evitar que ela sofra descriminação da família extensa, e de outros segmentos da sociedade?

Por Cintia Liana Reis de Silva

É claro que aparentemente seria bem mais fácil a adoção de uma criança com características semelhantes as dos pais adotivos, para que diminuissem as chances de comparação e que não se evidenciasse tanto o elo não consaguíneo, porém só este pensamento já seria negar implicitamente ou esconder o elo puramente de amor e escolha consciente feitas no ato de se ter um filho através da adoção.

As pessoas não devem deixar de adotar filhos de etnias diferentes para não sofrerem com o preconceito, isso seria eceitá-lo, seria compactuar com ele, acatar a sua eterna existência. Quem alimenta preconceitos é que deve ser questionado e reeducado a entender de modo mais maduro o que chamamos de “diferente”.

No Brasil existem muitas crianças negras e pardas para serem adotadas e seria muita injustiça fazê-las crescer sem pais pelo simples motivo de não poderem ter pais brancos. Devemos lutar contra o preconceito, e uma das formas de fazer isso é não vivendo de acordo com ele, é enfrentá-lo no dia a dia de modo leve e seguro e não tomar outras estradas, se moldando de acordo com seus princípios, isso seria empobrecer demais a vida.

Pesquisas mostram que crianças sofrem preconceito por terem sido adotadas e não por terem uma cor de pele diferente da dos pais.

Os pais devem dar uma base muito segura para que a criança encare essa diferença como algo natural, é um processo cotidiano. Existem sim outros pontos neste cenário, como o modo como esta criança lida com essas diferenças, mas a segurança dos pais é passada de modo sutil ao filho dentro do lar, nos mínimso detalhes, como na postura e no olhar.

Quanto mais preparados, seguros e bem resolvidos são os pais mais eles estarão protegidos por este clima de certeza deste amor e desta coesão familiar. Quando é desenvolvido a  certeza e tranquilidade frente as facetas da adoção nada pode abalar o núcleo familiar, no máximo pode ser motivo de diálogo e maiores descobertas desses fenômenos sociais.

Cintia Liana Reis de Silva é psicóloga e psicoterapeuta, especialista em casal e família, trabalha com adoção há 10 anos. Vive na Itália.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Adoção na mídia

Google Imagens

Por Alexandre Rocha

Noticia no site "Globo.com": "Idosa era maltratada por filha adotiva de 11 anos em Santa Maria, RS".

Primeira questão: Existe algum selo ou tatuagem, quem sabe uma pequena marca que exponha que uma pessoa é adotada?
Na certidão de nascimento, após o término do processo não tem qualquer referência a essa informação. 

Próxima pergunta: O que importa para sociedade que está lendo essa reportagem se a filha é ou não adotiva?

Acompanhem meu raciocínio, temos muitos abrigos e pessoas competentes em um esforço hercúleo para fazer com que os processos caminhem e essas crianças estejam finalmente disponíveis para adoção.
A grande maioria das pessoas que se propõe a adotar buscam um bebê. Com isso, temos várias crianças que vão crescendo e suas esperanças diminuindo.

Uma simples notícia dessa tem um impacto implícito na sociedade. 
Leia a chamada da reportagem e reflita quais são as informações que mais chamam a atenção:
1. Uma senhora maltratada por uma criança de 11 anos;
2. Essa criança é adotiva.

Agora continuem acompanhando meu raciocínio. Qual é a motivação dessa reportagem:
1. Uma criança de 11 anos usando a aposentadoria da mãe para gastar com supérfluos e deixando a própria mãe a merce da sorte, com problemas de saúde e higiene.

A pergunta mais importante até agora: "FAZ DIFERENÇA SE ELA É ADOTIVA?"

Qual o resultado disso: "Uma boa parte da sociedade é levada sem nem saber direito a um preconceito absurdo para com as crianças adotivas.

Qual a consequência direta: "Os casais que em algum momento pensaram que poderiam adotar crianças maiores, sem nem saber porque, desistem. E com isso, voltando ao que falei no início do texto, essas crianças ficam sem esperanças e vão crescendo até que completam 18 anos e são retiradas dos abrigos e não tem qualquer suporte para viver. Advinha como elas conseguem dinheiro para comer? Advinha onde elas vão viver?"

Sei que parece teoria da conspiração, mas não faz algum sentido pra vc?

APENAS REFLITAM.

Quando lerem uma outra reportagem dessas, mentalmente coloquem uma tarja na informação: "ADOTIVA" e descubram que não faz qualquer diferença. Pode parecer incrível, mas filhos biológicos também cometem erros.

domingo, 8 de julho de 2012

O ser humano adoecido

  Google Imagens

 

Por Marilena Henriques Teixeira Netto

 

Muitas são as perguntas sobre a causa de crianças e adolescentes que apresentam doenças “de adultos”.


O que acontece com eles, atualmente, que antes, não acontecia?
Nas décadas de 50, 60 e 70 as crianças eram ainda “crianças” com brincadeiras de crianças, cercadas por familiares e, principalmente, pelas mães que as mandavam para a escola somente aos 6 ou até 7 anos de idade. A diversão era na rua (na época, segura) ou mesmo dentro de casa. O apoio dos pais (onde a permanência mais duradoura dos casamentos existia) dava a essas crianças o suporte necessário para que crescessem sentindo-se seguras e amparadas.

As mudanças, já as conhecemos bem:
- no tempo dessa mãe que passa a maior parte de seu dia no trabalho;
- no casamento, onde pais separados tiveram de se dividir na atenção dos filhos e, também,
- na pessoa daquele que antes educava e que agora, passa o bastão para professores, babás. creches, etc…

O abandono se instala na percepção dessa criança que, na tentativa de se adaptar satisfatoriamente, inicia seus processos de somatização, ansiedade, angústia e autoestima fragilizada. Nesse processo, ainda, o isolamento transforma-se em “egoísmo” onde esse ser precisa pensar e focar em si mesmo nessa tentativa de adaptação.

Como consequência, no início dos relacionamentos que essa criança irá desenvolver, passa a existir a dificuldade de construir vínculos fortes e permanentes, onde a incapacidade de pensar no outro deixa de existir. Pois, afinal, aquele que passou tanto tempo investindo em si mesmo e tentando emocionalmente adaptar-se de maneira mais saudável, agora, desenvolver bons relacionamentos significa dar “tempo ao outro” e “pensar no outro”. Sacrifício demais exigido por alguém desacostumado a viver esse intercâmbio até dentro da própria casa, onde se sentia abandonado ou percebido como tal.

A prova e resultado disso são os relacionamentos desses jovens oriundos daquela geração que mal se sustentam e inviáveis de permanecerem por muito tempo. Jovens que apresentam as mais diversas consequências dessa dinâmica familiar, adoecidos, com síndrome do pânico, fobias as mais diversas, depressão, transtornos obsessivos, etc… etc…

O jovem perdido de hoje, infeliz, doente e solitário, pede socorro a esses pais que repensem seu comportamento e expectativa diante da vida e diante do o que é ser pai e mãe. Pais que aceitam a imposição moderna e o formato do mundo atual da imposição do “ter mais”, “ser mais” deixando de lado esses filhos abandonados e perdidos à procura de uma resposta para suas vidas.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

"Chegaram a falar que eu faria isso para me promover", diz Vanessa da Mata

A cantora, que adotou três crianças, conta que sofreu preconceito
28/06/2012 às 11h59
Atualizado em 28/06/2012 às 14h53
 
Vanessa da Mata fala sobre preconceito que sofreu ao fazer adoção (Foto: Encontro / TV Globo)

Vanessa da Mata e o marido aumentaram a família por meio da adoção. O casal optou por adotar três irmãos, e conta que não costuma falar muito sobre o assunto. “Eu nunca falei sobre isso porque as pessoas gostam muito de fofoca e eu tenho o dever de proteger os meus filhos”, disse.

A cantora conta que as pessoas ainda têm muito preconceito em relação ao assunto. “Eu estava nos Estados Unidos e contei para os meus amigos de lá que ia adotar e eles fizeram um jantar para brindar. No Brasil, as pessoas diziam para eu não fazer isso, pelo amor de Deus. Foi decepcionante ver o preconceito. Algumas pessoas chegaram a falar que eu ia fazer isso para me promover, até por esse motivo eu prefiro não falar muito sobre o assunto”, disse.

Apesar de poder ter filhos biológicos, Vanessa revelou que optou pela adoção por causa da avó. “A minha avó tem sete filhos biológicos e, ao longo da vida, cuidou de quase 20 filhos adotivos com um salário mínimo. Ela é uma mulher muito digna e humilde que criou os filhos ensinando o que é certo. Isso para mim sempre foi impressionante e ficou marcado. Eu nunca tive preconceito nem medo. Nunca achei que criança puxa o sangue, ela segue o exemplo dos pais”.