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Por Cintia Liana Reis de Silva
A
vida moderna impõe cada vez mais que a sociedade repita que os bebês devem
desenvolver independência e insiste em práticas que conduzem a uma mentalidade
de que o contato íntimo mãe e bebê é, de certa forma, prejudicial aos dois,
sobretudo nesse ritmo frenético em que vivemos em meio a globalização. As pessoas
confundem a importância do contato mãe e bebê com a necessidade de começar a
educar e a dar limites. Assim é fácil cair no erro de sentir que esse lado
primitivo e instintivo da maternidade é “anormal”, ofensivo à sociedade, que complica e desajuda e, ao
final, desrespeita mãe e criança que acabou de nascer e a impede de sentir o
calor necessário para ser feliz e se sentir inteira.
Hoje
em dia é difícil ouvir a verbo parir e mais difícil ainda ver uma mulher amamentar a sua cria, pois para isso, além de
ser necessário muito equilíbrio emocional e privacidade, é também necessário se
desapegar de muitas crenças ocidentais e abandonar certos valores, um pouco da
vaidade, da imagem, “descer do salto”, esquecer das unhas feitas, achar
magnífico o cheiro do leite e, se precisar, se “descabelar” mesmo e ver beleza
nisso tudo. Uma mãe que amamenta exala sensualidade.
A
espécie humana é a única que não sobrevive sem a atenção de um cuidador, alguém
que lhe dê alimento e afeto. É também a única espécie de mamíferos que não está
sempre acompanhada da mãe no período da amamentação, assim como a única que não
coloca o filho para dormir junto ao seu corpo.
Como
já escrevi em meu texto “Aquele abraço negado”, onde mostro a importância de
colocar ao máximo o filho no colo, eu também falo da fusão emocional mãe e bebê
que vai até o segundo ano de vida, até quando o bebê sente que é uma extensão
do corpo dela e sente tudo o que ela sente. A partir dos dois anos ele adquire
uma autonomia mais expressiva e significativa e nesse momento entra a figura do
pai em cena e vai mostrar o mundo a ele, reivindicando também a companhia de
sua mulher, facilitando a separação emocional que é um processo contínuo até o
início da adolescência, quando é de fato importante a independência, aí sim o
ser humano deve ser mais estimulado a se separar da família e a desenvolver seu
próprio Self. Mas uma criança de 6
meses não é e nem deve ser independente, ela deve estar perto da mãe e saciar
esse desejo de afeto e de calor.
Penso
que a licença maternidade deveria ser de dois anos, seria bom para a criança e
bom para a mãe, que após esses primeiros dois anos retoma o seu espaço psíquico
e deixa de se ver e se sentir “mãebebê”.
É
na primeiríssima infância que ocorre o nascimento de possíveis neuroses e psicoses
que poderão eclodir na fase pré-escolar, no contato social cotidiano. Os pais
devem estar muito atentos ao que para eles é somente a necessidade de promover independência,
manha ou manipulação da criança pequena, mas que para ela podem representar verdadeiros
choques emocionais e reais necessidades não compreendidas. Uma criança é
diferente da outra e também expressa o que vê e vive em seu ambiente e em seus
pais.
Ao
contrário do que dizem muitos especialistas, baseados em teorias ocidentais, dormir
com os pais pode ser positivo. Se torna negativo quando o casal usa a criança
como desculpa para não fazer amor, ou para camuflar um conflito conjugal, desse
modo de fato é muito negativo, inclusive dormir em meio ao casal, que simbolicamente
não é nada bom. A criança pode dormir ao lado da mãe, com o devido cuidado para
não cair da cama e para que ela não role para cima do bebê.
Pode
ser também uma medida curativa para crianças adotadas que sofreram privação
afetiva.
Coloque
a mão em seu coração e se pergunte, “dormir com o meu bebê é importante para
mim e para ele?”, “de que modo isso pode ajudar no fortalecimento do nosso vínculo
e em sua segurança para a vida?”. Pesquisas mostram que as mães têm esse
desejo, essa necessidade, mas se sentem em culpa diante de uma tempestade de críticas
e conselhos distorcidos. Mas tente não sentir culpa, seja justa! O seu filho é
mais importante que todos.
Dos
8 ou 9 meses até os dois anos ocorre a angústia de separação e após esse período
a criança está pronta para criar mais autonomia. A mãe é aquela que consegue
sintonizar na mesma energia do filho, por causa da fusão, e quando ela se
sentir pronta, segura e desejosa para colocá-lo em seu quarto, será uma boa e
importante experiência para os três, pai, mãe e filho.
Por Cintia Liana Reis de Silva
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