"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sobre limites, bananas e amor

Foto e texto retirados do Blog Equilibrosa

Por Mônica

Eu não sei o caminho certo para dar limite às crianças. Sinceramente, não sei. Já testei muito, já conversei muito e já li demais sobre isso – inclusive guias que te apresentam uma lista de três ou quatro itens certeiros para por em prática. Não é simples. Sempre me pareceu fazer sentido a ideia de que é preciso saber a hora de determinar, decidir pelas crianças, mostrar, de fato, os limites, inclusive como uma forma de carinho e cuidado. Se eu não fizer agora, a vida fará na marra depois, e aí pode ser muito pior... Muito melhor se as regras, os nãos, os limites nascerem de quem nos ama imensamente.

Mas eu – e acho que uma geração inteira de mães – convivo com outro elemento que pesa nessa hora: a culpa. É tanta informação, tanta orientação, tanto cuidado para não violentar as crianças, não desrespeitar sua individualidade e seus processos de crescimento que, às vezes, me vejo de mãos atadas, morrendo de medo de tomar qualquer atitude. E seu eu traumatizar o menino?
Numa tarde dessas, ele disse que queria comer banana, mas queria quente. Isso é novidade, e aí eu confirmei: “quer quente mesmo?”. “Sim!”, todo entusiasmado. A tia parou o que estava fazendo e foi lá fazer uma bela de uma banana quente. Docinha, cheirosinha! Bastou chegar na frente dele com o prato para começarem aqueles arrancos e voltas em torno do próprio eixo - que só quem tem criança pequena entende - e uma repetição de frases irritantes: “não quero mais; não gosto; tá muito quente”. Eu tentei, e a tia também tentou, contornar a situação de todo jeito, mas ele insistia em dizer “não gosto de banana quenteeeeee”. 

Eu não tinha muita certeza do que fazer – nunca tenho! – e, em princípio, acho o fim da picada obrigar alguém a comer qualquer coisa. Mas naquela hora achei que devia tentar falar com ele sobre duas questões: se negar a experimentar novidades (e sair perdendo imensamente por isso) e não agradecer a quem, de verdade, fez tudo o que podia para te agradar. E não fez porque cismou – fez porque você pediu. Aí, apesar das caretas e dos solavancos, tirei ele de perto do público (público sempre atrapalha) e insisti pra que comesse.


Ele disse que estava muito quente e eu, do jeito que deu, mostrei que não estava. Ele cuspiu a primeira garfada, e eu aproveitei que estávamos na grama e disse: “ok, quer cuspir essa também?”. Ele mastigou e engoliu. Na quarta garfada, passou a abrir a boca sozinho. Na quinta, projetou a boquinha pra frente, e reclamou que eu estava demorando.  Deu um risinho. E lá pelas tantas, com uma carinha sem vergonha, antes de a banana acabar, disse: “mãe, posso te falar uma coisa?”. “Claro!” E aí, sem traumas, veio a surpresa: “eu te amo, mãe”. 

Fonte: http://www.equilibrosa.com/blog/2015/4/7/sobre-limites-bananas-e-amor

Cadê o colo que estava aqui?

Como profissional, tenho minhas sérias ressalvas sobre "dar" um irmãozinho antes dos 3 anos e meio, 4 anos, mas achei esse texto muito interessante.

Foto e texto retirados do blog Equilibrosa

* Era "meu irmãozinho" pra cá, "meu fofinho" pra lá, "bebezinho lindo" e tal, e eu cheguei a achar que tinha conseguido a façanha das façanhas: levar um recém-nascido para casa, virar a rotina do irmão de 3 anos de cabeça pra baixo, e escapar das tão faladas crises de ciúme... Tinham me avisado que faz parte, que ele aparece de um jeito ou de outro, mas... Quem sabe eu não seria presenteada com o improvável? Até que um dia estávamos eu e os meninos na sala, eu dando papinha pro bebê, quando vi voar, sem qualquer aviso prévio, rumo à tela da TV, o tão querido boneco do Woody. Repreendi, reclamei, questionei, e a justificativa que eu ouvi foi: "É que eu preciso que um adulto cuide de mim, mãe!"
Essa história não é pra desanimar ninguém - até porque cada criança é uma, e eu continuo achando que uma combinação de circunstâncias pode mesmo levar a um caso raro de crise zero. Mas vamos pensar: você está lá, vivendo feliz e tranquilo no seu mundo, acostumado com o ritmo das coisas, quando alguém aparece e relativiza tudo. E o pior: todo mundo diz que esse alguém é lindo e fofo e que você deve amá-lo, ainda que ele esteja ocupando seu colo favorito... Dureza, não é? O ciúme, como se vê, faz um sentido danado, mas quase sempre fica fora do “projeto irmãozinho”. Na maioria das vezes, não nos preparamos pra ele, embora ele seja tão real quanto a alegria de aumentar a família. E dá trabalho lidar com esse cenário, que não faz parte do nosso ideal, e que, por isso, talvez fira mais os pais do que as crianças envolvidas. Elas, mais cedo ou mais tarde, vão se acertar.
Mais de seis meses depois do voo do Woody, tenho aqui um irmão mais velho cheio de amor pra dar, mas muita água já passou por debaixo da ponte. Ele nunca fechou a cara pro irmão, mas já vimos muito choro "sem explicação", muita agitação acima da média. A saída, arrisco dizer, foi dar nome aos bois. Deixar de idealizar nossos filhos talvez seja uma das maiores ajudas que podemos oferecer, e é fundamental para um outro passo importante: encorajá-los a admitir, eles mesmos, o que não está bom. O choro e a pirraça foram diminuindo, ao longo dos meses, na mesma medida em que as reclamações foram tomando forma e sendo ouvidas.
E nem de longe essas reclamaçōes impediram o fortalecimento do vínculo entre os irmãos. Risadas do caçula e declarações de amor do mais velho aparecem a toda hora. Dias atrás ele me disse que o neném, o mesmo que o atrapalha a montar seus bonecos de Lego e que chora alto demais, é "o irmão que ele sempre quis". Sim, porque idealização é coisa de adulto...
Texto publicado originalmente na revista "Viver e crescer"

Fonte: http://www.equilibrosa.com/blog/2015/11/30/cad-o-colo-que-estava-aqui

domingo, 10 de janeiro de 2016

Desde que o mundo é mundo crianças...

We Heart it
Por Sílvia Barbieri
"Desde que o mundo é mundo crianças comem doce, não tinha frescura, se comia danoninho, toddy, bolacha maizena e ninguém morreu! Mas não contaram que uma grande porcentagem das da que não morreram tiveram diabetes, e essa mata mais que HIV, tuberculose e malária, somados. A OMS recomenda o consumo de doces a partir de 2 anos.
✔Desde que o mundo é mundo, se inicia a Introdução Alimentar aos 20 dias, 1 mês, 4 meses, e ninguém morreu! Não morreram, mas podem ter anemia, baixa absorção de nutrientes, diarréia, alergias obesidade, diabetes.

✔ Desde que mundo é mundo, os bebês tomam suco de laranja lima, e nunca ninguém morreu! Mas 21% das que não morreram tem chance de adquirir diabetes tipo 2.

✔Desde que o mundo é mundo, as crianças apanham de cinta, levam umas palmadas, 1 criança é espancada a cada 5 segundos, ninguém morreu, mas das 18 mil espancadas diariamente pelos menos 100 morrem, as que não morrem com "palmadinhas", empurrões e violência verbal, adquirem doenças cardíacas, obesidade, artrite, problemas de socialização, depressão, uso de drogas. 


✔Desde que o mundo é mundo tem que deixar chorar até dormir, para aprender, ninguém nunca morreu por isso! Não morre, mas eleva os níveis de cortisol, afeta o desenvolvimento do cérebro, causa trauma na infância, depressão, síndrome do pânico. 


✔Desde que o mundo é mundo, independente da via de parto, importante é nascer saudável, ninguém morre, mas as chances de morte de uma cesarea eletiva, são de 2.84 vezes maior que o que parto normal, que as chances das crianças desenvolver alergia, problemas respiratórios, uti neo natal, são maiores na cesarea eletiva.

✔Desde que o mundo é mundo, todo mundo toma leite de caixinha e ninguém morreu, mas as que não morreram podem desenvolver alergias, problemas gastrointestinais, síndrome do intestino irritável, prejudica os rins por possuir 3 vezes mais proteína que o leite humano, não possui nutrientes para melhor desenvolvimento da visão e cerebral.
✔Desde que o mundo é mundo bebês desmamam cedo, tomo leite artificial, e ninguém morreu, mas bebês amamentados com LM exclusivamente até o sexto mês de vida, anualmente, evitam mais de 1,3 milhão de mortes de crianças menores de 5 anos nos países em desenvolvimento.
O mundo da maternidade é cheio de assuntos polêmicos, e quando esses assuntos caem na mesa, ou melhor, Facebook ou nos grupos de whats, a chuva de desinformação cai, muitas vezes vem a agressão verbal, a não aceitação e as famosas frases "dei para meus filhos e ninguém morreu", ou pior "não sou 'menas main' por..." 
Eu me pergunto onde está a maturidade dessas mães? A bolsa é da moda, o resumo da novela está atualizado e na ponta da língua, a time line do face cheio de indiretas a cada 5 minutos, mas quando um assunto importante lhe bate a porta, a cabeça fecha por puro orgulho em não aceitar uma informação. Desde que o mundo é mundo cada um cria o filho da forma que ACHA melhor, cada um tem uma concepção do que é bom, a informação tá aí, antes de se debater sobre um assunto ter uma discussão saudável e inteligente, leia, ou para rebater, ou para se informar e melhorar o " melhor para seu filho".

E desde 1974, surgiu o conceito de PROGRAMMING, introduzido na literatura por Dörner. Significa “a indução, deleção ou prejuízo do desenvolvimento de uma estrutura somática ou ajuste de um sistema fisiológico por um estímulo ou agressão que ocorre num período suscetível (por exemplo, fases precoces da vida), resultando em consequências em longo prazo para as funções fisiológicas.” Traduzindo : deu e não morreu, mas depois é outra história.

Como cada um cria como quer, falo somente por mim. Quero ninha filha saudável, com qualidade de vida, lhes peço encarecidamente, por favor respeite minhas escolhas, não alimente a minha filha com coisas que ela não pode comer ou beber, se você faz com os seus,a escolha é sua, faça só com eles. "

Por Sílvia Barbieri

Não. Os bebês não são como nos é dito

We Heart it

Autora desconhecida. Texto retirado da página Facebook "Parto Normal"

Não. Os bebês não são como nos é dito
Não. Os bebês não são como nos é dito. Os bebês não gostam de dormir num berço. Rodeados por grades. Presos numa gaiola. Não. Os bebês querem dormir ao lado do corpo da sua mãe, quentes, seguros, protegidos, amados, tocados.
Não. Os recém-nascidos não querem nem sequer estar numa posição horizontal. Eles querem dormir no seu peito, na vertical, balançando-se ao som do seu coração. Horizontalizados retardam a digestão, têm vômitos, têm cólicas, assustam-se, sentem-se vulneráveis.
Não. Os bebês não se acostumam aos braços: nascem já acostumados. Desde o início sabem bem o que é bom.
Não. Os bebês não dormem toda a noite. Eles acordam a cada minuto. Para comer e para não comer. Para verificar se está ao seu lado e se se importa. Para certificar-se da sua presença, que é a sua segurança. Para tocá-la e cheirá-la.
Não. Os bebês não querem ficar sozinhos. Eles não querem perdê-la de vista por um minuto, querem estar consigo no centro da vida.
Não. Os bebês não querem brincar sozinhos num parque. Eles querem brincar consigo, sorrir, serem atendidos, treparem-te para cima, rastejarem pela sala.
Não. Os bebês não querem beber leite de outra espécie. Eles querem o seu leite.
Não. Os bebês não querem chupar todo o dia um pedaço de plástico. Eles querem chupar os seus seios, as suas pequenas mãos, os seus dedos… pele humana.
Não, os bebês não querem que os vistam, nem que lhes coloquem tecidos que picam, nem brincos nas orelhas, roupas apertadas, fitas, rendas e outras coisas irritantes. Eles querem estar nus, correndo descalços, apreciando o toque da natureza na sua pele, estar pele com pele consigo.
Não. Os bebês não querem ficar parados. Eles querem que se mova, que mexam neles, que os embalem, que ande, passeie e os leve consigo. Assim que eles podem, querem gatinhar, correr, saltar, explorar, chegar a toda a parte… Sim, os bebês são naturalmente curiosos. Eles querem e precisam tocar em tudo. Incluindo aquelas coisas que a vêem usar: controles, relógios, telefones, computadores… A sua riqueza sensorial desenvolve-se a partir daí.
Não. Os bebês aprendem o que vivem. Se estão sempre a ouvir “não”, estarão sempre prontos para dizerem não. Se tem medo de tudo, em breve terão medo de tudo.
Não. Os bebês não são macro-exigentes. Nós é que somos micro-pacientes, micro-tolerantes, micro-disponíveis e micro-respondedores.
Não. Os bebês não querem que os deixem. Eles querem ir consigo a todos os lugares, você é o seu exemplo, a sua segurança, a sua referência, o seu único universo.
Goste ou não goste, assim são os bebês humanos, primatas, mamíferos. Se quiser confirmar, basta ter um. Nenhuma outra espécie desconhece e prejudica tanto as suas próprias crias. Se queremos um mundo um pouco mais humano, faríamos bem em entender isto. Não é como nos disseram “Eles são infinitamente melhores e mais inteligentes.” Quem quer que visse estes filhotes diria: que espécie tão avançada! E como é que eles se tornaram no que são? 
(Autora desconhecida)