"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A relação com os filhos depende da relação com os pais

Cintia Liana

Sobre o final belo do texto abaixo, "Orfandade Silenciosa" (Post anterior), da minha xará Cintia, tenho a adicionar, como profissional da mente humana, que nada mais é mais potente que o autoconhecimento.

Para travar uma relação de afeto com nossos filhos devemos nos reconciliar antes de tudo com a figura internalizada dos nossos pais, com a nossa criança ferida, com a imagem interna e regredida que temos das nossas figuras de base. Esse é o único caminho da transformação de nossas relações, afinal nós somos o produto do tipo de relação que tivemos com nossos pais nos primeiros anos de vida, num meio que é foco de neuroses para todos nós seres humanos que é a família, isso já é científico há muito tempo. E que estamos fortemente propensos e repetir os meeeeesmos erros dos nossos genitores também é fato, Bowlby já provou há muito tempo e o único jeito de mudar isso é fazendo um trabalho psicoterapêutico, nada adianta forçar de fora pra dentro, o trabalho é de dentro pra fora.

Acredito que muitos homens e mulheres não conseguem procriar porque têm muito medo do desconhecido que mora dentro deles, do que trazem da relação mal resolvida com seus pais. Como diz Bowlby, é na hora de tornar-se genitor que abrem-se feridas intergeracionais e como dar o que não se teve? Na hora de gerar, o CORPO também pode reagir e se perguntar, como posso ser mãe se não "aceito" e não sei lidar com a mãe que tenho? Com a minha mãe internalizada, se tenho conflito com o modelo de mãe que tenho? Muitas mulheres conseguem gerar depois que iniciam suas terapias, algumas também depois de provarem ser mães através da adoção.

Todos nós precisamos de terapia, afinal nenhuma família é perfeita. Vamos lá, coragem, força, por amor aos nossos filhos, por amor a nós mesmos e para descobrirmos um amor maior ainda que podemos sentir pelos nossos pais.

Cintia Liana

terça-feira, 29 de maio de 2012

A orfandade silenciosa

Coluna Atitude Adotiva
Publicado em 22.05.2012, às 15h52

Por Cintia Andrade Moura*

O que entendemos por orfandade? Qual o primeiro pensamento que nos vem à mente quando escutamos essa palavra? Imediatamente, lembramos das crianças desamparadas que perderam os pais. E onde elas estão? Supomos que estão nas instituições de abrigamento ou nas ruas. Ah! Ledo engano. Os órfãos não se encontram apenas nos abrigos ou nas ruas, mas dentro dos incalculáveis lares pelo mundo afora. São os filhos desamparados do afeto, os privados de cuidados, os que perderam o amor daqueles que lhes deveriam ser pai ou mãe.

http://www2.uol.com.br/JC/pai_ausente.jpg
(Foto: Internet)

Muitos filhos não se sentem realmente filhos. Sentem que a televisão, a academia, o trabalho, as viagens são mais importantes que eles. Tudo o mais é sempre mais importante. Desejando manterem-se no controle da situação, esses pais tentam compensar sua ausência afetiva com brinquedos. Dão-lhes presentes em vez de presença.

E o que dizer dos filhos que percebem que não são os mais queridos? Que o irmão ou irmã é mais importante? Se eles pudessem desabafar, diriam certamente que gostariam de serem compreendidos, amados e desejados. São os rejeitados, que tentam de tudo, até mesmo irritar profundamente aqueles a quem querem a todo custo chamar a atenção. Quantos, entre nós, não carregamos lembranças amargas da rejeição, da falta de carinho e do desprezo afetivo?

Já ouvi o amargo desabafo de pais e mães que não conseguem gostar de seus filhos. Alguns deles, ao contrário, chegam a sentir pelas suas crianças uma verdadeira repulsa. Sofrem e frustram-se pelo insucesso na educação da prole. Uma cruel realidade mais comum do que se imagina.

Portanto, a respeito da orfandade, é imperioso que nos perguntemos: Meu filho é um problema para mim ou as minhas limitações e frustrações como pessoa são grandes problemas para ele? Que nível de envolvimento afetivo eu venho construindo com ele? Em que momento e de que forma expresso meu amor e afeto? Quais as prioridades e renúncias eu promovo para estar com ele? Quais os limites que estabeleço para a sua educação? Será que sou capaz de me tornar uma pessoa melhor para ajudá-lo? Percebo as consequências futuras da nossa relação se falhar agora?

Esforça-te pelo amor! Aquele filho que tens maior dificuldade em lidar, adota-o hoje enquanto comungas com ele a mesma jornada. Reconcilia-te para que uma nova história seja vivida. Busca maiores entendimentos com momentos de pacificação e cumplicidade. Afinal, nunca é tarde para aceitar e amar.

Não sejamos nós os futuros órfãos do amor mal resolvido. Hoje nossos filhos nos solicitam a atenção constante. Amanhã poderemos ser nós a desejar-lhes a presença e o afeto.

* Cintia Andrade Moura é mãe adotiva, escritora e integrante do Gead (Grupo de Estudos e Apoio à Adoção do Recife)

Fonte: http://ne10.uol.com.br/coluna/atitude-adotiva/index.php

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Sobre o final belo do texto acima, "Orfandade Silenciosa" (Post anterior), da minha xará Cintia, tenho a adicionar, como profissional da mente humana, que nada mais é mais potente que o autoconhecimento.

Para travar uma relação de afeto com nossos filhos devemos nos reconciliar antes de tudo com a figura internalizada dos nossos pais, com a nossa criança ferida, com a imagem interna e regredida que temos das nossas figuras de base. Esse é o único caminho da transformação de nossas relações, afinal nós somos o produto do tipo de relação que tivemos com nossos pais nos primeiros anos de vida, num meio que é foco de neuroses para todos nós seres humanos que é a família, isso já é científico há muito tempo. E que estamos fortemente propensos e repetir os meeeeesmos erros dos nossos genitores também é fato, Bowlby já provou há muito tempo e o único jeito de mudar isso é fazendo um trabalho psicoterapêutico, nada adianta forçar de fora pra dentro, o trabalho é de dentro pra fora.

Acredito que muitos homens e mulheres não conseguem procriar porque têm muito medo do desconhecido que mora dentro deles, do que trazem da relação mal resolvida com seus pais. Como diz Bowlby, é na hora de tornar-se genitor que abrem-se feridas intergeracionais e como dar o que não se teve? Na hora de gerar o CORPO também pode reagir e se perguntar, como posso ser mãe se não "aceito" e não sei lidar com a mãe que tenho? Com a minha mãe internalizada, se tenho conflito com o modelo de mãe que tenho? Muitas mulheres conseguem gerar depois que iniciam suas terapias, algumas também depois de provarem ser mães através da adoção.

Todos nós precisamos de terapia, afinal nenhuma família é perfeita. Vamos lá, coragem, força, por amor aos nossos filhos, por amor a nós mesmos e para descobrirmos um amor maior ainda que podemos sentir pelos nossos pais.

Cintia Liana

domingo, 27 de maio de 2012

Uma mãe de tirar o fôlego!

11/05/12 - 02:41
Por Jairo Marques

Não é incomum de se pensar que a vida de uma pessoa com deficiência seja um castelo, com os portões trancados, cheio de sofrimentos, de provações, de perrengues e de desafios a serem quebrados todos os dias.

De fato, muitas vezes, o povo que não vê, não escuta, não anda e nem nada se lasca para conseguir se firmar como cidadão que é, como um ser humano comum que é, como uma pessoa com sonhos, desejos e planos como deve ser.

Mas tem gente que além de tudo isso, de enfrentar preconceitos, de cavar um espaço digno na sociedade, ainda causa “pequenas” revoluções no mundo e cravam seus nomes na história.

Não é exagero meu dizer que a miudinha, talentosa, carismática e apaixonante Katya Hemelrijk, 36, a Katynha, eleita por mim mesmo como a “mãe do ano” deste blog, de 2012, fez exatamente isso.

Toda ‘charmozamente’ tortinha e cadeirante devido à osteogenisis imperfecta, a síndrome dos ossinhos de cristal, Katynha, que é coordenadora de comunicação de uma empresa gigante de cosméticos, deixa os mortais comuns de boca aberta diante de sua atitude maior diante à vida:

Após um casamento feliz com o consultor Ricardo Severiano, 34, quis, naturalmente, formar uma família. Como sua enfermidade é genética, seus descentes herdariam a síndrome que a acomete.


Katynha e Ricardo, então, decidiram por gerar filhos a partir do coração, da alma… Adoram Yasmin, 6, e Renan, 7, duas crianças que fugiam do “padrão” do que buscam os pais adotivos tradicionais: não são de pele clarinha, não são bebezinhos de colos.

Com um fôlego vindo de um caráter invejável e de amor à vida, essa mãe adotou irmãos negros e crescidinhos…

A conversa que tive com essa incrível mãe, é mais um brinde que faço nesta semana cheia de emoções aqui no blog! E coroam esse bate-papo, as imagens sempre fantásticas, emocionantes e reveladoras do meu parceiro de todas as horas, o fotógrafo Arthur Calasans!
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Blog – Mais difícil foi decidir não ter filhos naturalmente ou adotar crianças já crescidinhas?
Katynha – Na verdade não foi uma decisão difícil…difícil seria arrumar alguém que quisesse encarar essa comigo.. emotion.  Desde pequena sabia dos riscos da maternidade biológica e não era a minha primeira opção. Sempre pensei em adotar.”

Blog - Há muita desconfiança dos outros em relação a sua capacidade de ser mãe?
Katynha – Confesso que hoje eu agradeço muito por eles terem vindo maiores. Acho realmente que eu ia precisar de muita ajuda caso viessem bebês! A desconfiança da capacidade materna atinge todas as mães, mas para as mães cadeirantes rolam também os questionamentos da capacidade física.
‘O que eu vou fazer se eles saírem correndo? E se eles se machucarem e eu não conseguir acudir?’ Mas é incrível como eles vão tomando consciência das nossas limitações naturalmente e acabam não se arriscando tanto e até obedecendo mais quando estão sozinhos com a gente!

Blog – Seus filhos devem ter causado uma revolução no seu cotidiano. Ser mãe tá sendo padecer no paraíso?
Katynha – Pode ser quando eles estão dormindo? Hahaha…!!! Ser mãe é uma sensação indescritível…é um sentimento tão forte e dominante que você só sabe sendo.
A rotina da minha vida e do Ricardo virou de ponta cabeça…as prioridades mudam totalmente. Filme antes das 22h? Só de criança! Mas vale muito a pena. A sensação que eu tenho quando coloco eles na cama e os vejo dormindo com aquelas caras de anjo, é a que nossa missão do dia foi cumprida, mas na verdade, nós temos agora uma missão para a vida toda e é isso que da sentido às nossas vidas. Acho que estou um pouco mais doidinha do que eu já era, mas ainda sou uma pessoa quase “normal”….

Blog – O fato de você ter uma deficiência chegou a ser, em algum momento, complicador judicial para a adoção? 
Katynha – Chegou um momento que eu achei que sim. Demorou tanto que eu comecei a desconfiar. Questionei na entrevista com a assistente social e ela me garantiu que da parte do fórum não, mas que a gente podia sofrer resistência do abrigo. Mas isso foi o contrario…. Foi tudo muito tranquilo. Eles chegaram a preparar o Renan para a possibilidade dele ter uma mãe cadeirante.

Blog – O que sonha para seus pequenos? Acha que filhos de pessoas “malacabadas” tendem a ser mais inclusivos?
Katynha – Tenho certeza disso! Acho que eles já vivem uma situação que pede isso na essência deles. Os meus então…rs…além de serem filhos de uma mãe “malacabada”, são adotados e negros de pais branquelos….  não tem como eles serem preconceituosos.
Acho também que eles acabarão influenciando os amigos. Na escolinha você já saca que eles tem orgulho de dizer que eu sou a mãe deles…é muito lindo!
Blog – Família passou a ser o que após a adoção?
Katynha – Passou a ser plenitude! Acho que eles tiveram a capacidade de transformar tanta coisa, tantos sentimentos, que eu não sei descrever! Minha família já era incrível antes da chegada deles, agora então, é indescritível. O mais legal de tudo, é que ao mesmo tempo que a família que já existia cresceu, uma nova família nasceu…e é tudo uma coisa só! A nova família nasceu de um casal que se ama muito e que acima de tudo se respeita!


Blog –  Se pudesse encorajar mulheres a tomarem a mesma decisão que tomou, qual seria seu principal argumento?
Katynha –  A adoção, aos olhos de quem vê de fora, parece um ato de heroísmo, alias, é o que escutamos direto, mas no fundo, a adoção no nosso caso foi o meio que nos levou a realizar um sonho, tanto para nós quanto para eles.
A energia e o amor que rola é tão grande, que, de verdade, não são os nove meses de gestação só que constroem isso. A intensidade de cada momento, o medo, a alegria, a coragem e até mesmo a falta dela, fortalecem este vinculo de tal forma, que parece que eles estão com a gente desde sempre!
Para quem tem uma pontinha de vontade, eu indico! Não é fácil, mas o fato é que não é fácil para ninguém, não importa de são biológicos ou não!
Blog – O que já aprendeu com seus pequenos no tempo em que estão juntos? O que acha que já conseguiu ensinar?
Katynha – Já aprendi tanta coisa…aprendi que a vida é muito maior do que a gente imagina, aprendi que as pessoas são diferentes, mesmo que você dê a mesma educação, aprendi a valorizar as coisas de uma forma diferente, aprendi a dar menos peso para o meu trabalho, aprendi que o que eu achava que sabia do amor não era nada perto do que sei agora!
Acho que nestes 11 meses, já conseguimos ensinar bastante coisa para eles. Na verdade, estamos apresentando um mundo que eles sonhavam, mas não tinham nenhuma noção do que era na realidade.
Estamos tentando ensinar que os valores das pessoas são insubstituíveis e que cada um é cada um, da forma que é. Não precisa fingir o que não é para ser aceito.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Abandonados, novamente

Elena Kalis

Apesar de mais exigências de preparação dos pais e melhora na avaliação de quem pode ou não adotar, “devolução” ainda ocorre
Publicado em 22/05/2012 | BRUNA MAESTRI WALTER


ADOÇÃo
A chegada a uma família adotiva nem sempre é garantia de um desfecho feliz na vida das crianças e adolescentes órfãos. Os adotados podem ficar sujeitos a uma situação que,  Segundo especialistas, ocorre com mais frequência do que se imagina: a “devolução”. Não há números sobre o assunto, mas a experiência de profissionais envolvidos no processo evidencia a necessidade de ações de prevenção, pela gravidade desse tipo de situação.

Recentemente, um casal de Minas Gerais foi condenado na Justiça pelo abandono de um garoto. Adotado aos 4 anos, o menino foi devolvido dois anos depois. Em abril deste ano, uma sentença judicial impôs aos pais o pagamento de 15% do salário mínimo de pensão alimentícia e R$ 15 mil por danos morais à vítima, que atualmente está com 17 anos e continua vivendo em um abrigo.

Reflexão
O sucesso de um processo de adoção depende de algumas medidas, segundo os especialistas:
Procure profissionais da área da adoção. Converse com eles, troque ideias, pergunte sobre os prós e contras relacionados ao assunto e avalie bem a situação.
Reflita sobre o significado da paternidade e maternidade e a motivação da adoção, para que ela possa ser genuína, conscientizada e sustentada.
Tenha consciência de que adotar uma criança é o mesmo que gerar um filho, um gesto para a vida inteira.
Pense como seria a rotina com essa criança.
Lembre-se de que o percurso da relação afetiva entre pais e filhos não é fácil e que dificuldades podem ocorrer nesta adaptação.


Incremento
TJ-PR contrata novas equipes para atender postulantes à adoção
No Paraná, algumas comarcas careciam de equipes técnicas, sem psicólogos e assistentes sociais para o preparo dos postulantes à adoção. A informação é do juiz Fábio Ribeiro Brandão, dirigente da Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Ele completa que, para combater a defasagem, foram feitas novas contratações. No fim de abril, o presidente do TJ-PR, Miguel Kfouri Neto, assinou decreto de nomeação de 75 profissionais das áreas de Psicologia e Serviço Social aprovados em concurso público. Segundo o TJ, as nomeações representam um acréscimo de 80% às equipes existentes no estado. Está prevista ainda a contratação de mais 75 profissionais em 2013 e outros 75 em 2014, totalizando, ao fim do triênio, 225 novas nomeações.

Segundo a psicóloga e psicanalista Maria Luiza Ghirardi, o caso mostra que é necessário investir em medidas preventivas, com a preparação dos pais e a instrumentalização dos psicólogos e assistentes sociais que acompanham o processo de avaliação dos casais. “[A devolução] ocorre muitas vezes devido a uma intensa relação conflitiva entre os pais e a criança, em que pai e mãe não conseguem ver outra alternativa senão devolvê-la”, diz.
Em 2008, Maria Luiza desenvolveu uma pesquisa de mestrado na Universidade de São Paulo (USP) para saber as motivações dos pais adotivos que abandonam a criança adotada. Chegou à conclusão de que muitas vezes ocorrem conflitos quando uma adoção é fortemente baseada em sentimentos ligados ao altruísmo. “A criança passa a ser vista de maneira muito idealizada, uma visão pouco realista e pouco consciente das dificuldades que podem ser encontradas.” Também podem surgir conflitos quando há a expectativa de que a adoção da criança ajude a resolver problemas pessoais, se existe dificuldade em lidar com as origens da criança ou se não ocorre uma aceitação plena da infertilidade do casal, completa a psicóloga.
Segundo o presidente da Associação dos Filhos Adotivos do Brasil, Ricardo Fischer, o abandono acontece pela falta de preparo das pessoas em saber o que é uma adoção. Fischer, que é filho adotivo e adotou duas crianças, afirma que uma adoção devolvida representa um processo mal realizado. A preparação para os que pretendem se habilitar a adotar está prevista na lei nacional de adoção (12.010, de 2009), mas, segundo Fischer, na prática ela não é feita em muitos casos pelo país.
No Paraná
De acordo com o juiz Fábio Ribeiro Brandão, dirigente da Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Paraná, a exigência de preparação e o aprimoramento dos mecanismos de controle e verificação de quem pode ou não adotar têm reduzido as “devoluções”. Como juiz da infância, ele estima que as ações de abandono não ultrapassam 3% dos casos por ele atendidos. “A imensa maioria delas costuma ser exitosa.”
A presidente do Grupo de Apoio à Adoção Consciente, Halia Pauliv de Souza, também observa que a devolução diminuiu bastante com a preparação dos casais. “A solução está na paciência: os pais devem dar o tempo necessário à hora de esperar, à aceitação da criança e à substituição do desejo de gerar pelo de ser pai e mãe”, conclui.

sábado, 12 de maio de 2012

Filha procura mãe biológica


Estive olhando sua página na internet (blog), pois estava procurando assunto relacionado ao tema (mães que abandonam) e acabei encontrando sua página. Vou torcer para que a senhora leia meu e-mail e responda.

Minha historia é a seguinte:

Me chamo Clarisia Laiana da Silva e Silva (tenho orkut e facebook onde conto minha historia, inclusive na página da Sandrinha, comunidade procuro mãe biológica), tenho 27 anos, nasci em 1 de abril de 1985. Nao sei qual foi a maternidade, nao sei nada, apenas a data que consta na certidão (adoção a brasileira). Minha mãe biológica me abandonou logo após o nascimento, não sei nada a meu respeito, minhas origens. Fui adotada e dentro do possível bem criada, bons colégios, uma boa casa e meus pais são carinhosos, mas não tenho irmãos adotivos.

Só me contaram oficialmente da adoção aos 21 anos, mas sempre soube que era adotada, a gente sabe, sempre sabemos, não precisa contar, parece que uma voz, algo dentro de nós diz que fomos rejeitadas. Por mais amor que uma criança receba no lar adotivo, a rejeição sempre estara em primeiro lugar. Essa é a ordem dos fatos. Primeiro há uma rejeição, para que depois aja a adoção. Posso falar por mim, nunca se supera um abandono, é insuperável, e não acredito que exista alguém neste mundo que conviva felizmente com isso.

Sou casada, formada, tenho dois filhos maravilhosos, e já passei necessidade, mas jamais abandonaria meus filhos.

Até hoje procuro minha mãe biológica, mas até agora nada, chego a acreditar que ela sabe que estou a sua procura, mas não quer ser encontrada.

Na verdade estou mandando este e-mail, porque muito se fala a respeito do abandono materno, focando apenas na adoção, mas não há muitos estudos a respeito dessas mulheres.

Tenho a impressão que depois que uma mulher abandona sua filha, ela some, desaparece do cenário mundial. Nao sei se isso é real ou se é apenas um mecanismo de defesa de minha parte, visto que sou uma filha abandonada que tenta compreender o porque da mae ter escolhido esta péssima opção.

Ja fiz psicoterapia, fui a igreja, conversei com outras pessoas a respeito, mas não adianta, essa dor não passa. Acredite, não existe nada pior do que ser abandonada pela própria mãe. Uma mulher que decidi entregar seu filho a adoção nao sabe o que é amor. Escuto pessoas que dizem que quando a mãe entrega a criança com todos os cuidados a um hospital, a um casal, ela na verdade está protegendo o filho, mas discordo.

Todos os dias eu penso onde ela está... E principalmente... Será que ela se arrependeu? Já que a maioria segue com sua própria vida sem olhar para trás...

São perguntas que ficarão para sempre sem respostas. Mas acredito que um dia eu retorne para a psicoterapia, não para superar o que é insuperavel, mas é bom buscar ajuda sempre.

Obrigada.

************
 
Obrigada por responder, fiquei muito feliz. Em relação a minha história pode publicar, pode colocar meu nome verdadeiro (Clarisia Laiana da Silva e Silva Tavares. Data de nascimento: 1º de Abril de 1985. Fortaleza, Ceará). Até porque não tenho problema algum em expor, pelo contrário, já coloquei minha história no orkut, no facebook, tem até foto minha, até já pensei em colocar uma foto minha quando bebê.
 
Penso que falar, mostrar, divulgar, me faz bem, quando conversamos e mostramos nossos problemas para as pessoas parece que a nossa dor melhora, sinto uma sensação de alivio, me sinto mais confortável em dividir a minha angústia, até porque sei que existem muitas pessoas passando pelo mesmo problema. Pode postar meu e-mail, minha história, as pessoas vão ler e se identificar e quem sabe aconteça um milagre, alguém ler e reconhece minha história, até a própria mãe biológica, nada é impossivel.  Mais uma vez obrigada por responder meu e-mail, obrigada pela atenção.

As dúvidas são muitas, lendo seu -email em relação a pessoa que doou o 3º filho... Sempre penso, o que leva uma mãe a doar todos seus filhos? Ou o que leva uma mãe a doar apenas um de seus filhos? Acredito que quando uma mãe entrega um filho, ela deve estar em um momento de grande desespero, ou infelizmente ela também ja foi abandonada. Eu nao fui abandonada apenas pela minha mãe biologica, fui abandonada por duas familias, a familia materna e paterna. Por isso quando penso na minha mãe biológica, logo tenho a certeza de que se tratava de alguem sem extrutura familiar alguma. O problema é que adoção (que para mim é um ato de amor e coragem, pois ainda há muito preconceito) dá a oportunidade de que a criança cresça em um lar, receba amor, atenção e se desenvolva, mas em contrapartida continuamos (isso é fato) a viver com a rejeição. E a esperança de um dia encontrá-la. O que nós filhos queremos (não todos é claro, mas a maioria) nossos pais adotivos, a sociedade, os amigos, o dinheiro, ninguém pode nos dar, apenas ela, a mãe biológica.
 
Infelizmente não temos o apoio necessário para encontrarmos nossa origem biológica. Graças a Deus existem comunidades, "Filhos adotivos do Brasil" que dá apoio, sites, blogs que falam da adoção, psicólogos, e a nossa fé.
 
É assim que eu vivo cada dia, buscando respostas, tentando entender, não é facil, penso em minha mãe biológica todos os dias, possíveis irmãos, avós, pai, minha história... E não vou desistir de encontrá-la.
Obrigada
abraços

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Mães adotivas passam a ter direito ao salário-maternidade por 120 dias

Boa notícia!

Google Imagens

Sentença judicial faz o INSS conceder o mesmo prazo como direito às mães

A partir de agora, mães adotivas de todo o país também têm direito a receber do INSS quatro meses de salário-maternidade para ficar em casa com o novo filho, independente da idade que ele tenha. A ação civil pública da Justiça Federal foi assinada nesta quinta-feira em Florianópolis e iguala a situação das mães adotivas às das mães biológicas – um avanço para quem sempre lutou por direitos iguais.

Conforme a sentença, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é obrigado a conceder o salário-maternidade por 120 dias a todas as seguradas da Previdência Social que adotarem ou obtiverem guarda judicial com objetivo de adoção. Até então, o prazo desse benefício variava entre 30 e 120 dias, conforme a idade da criança – quanto mais velha ela fosse, menor era o tempo do pagamento.

A sentença foi proferida com base na reclamação de seis mães adotivas de Santa Catarina, que questionavam essa igualidade de direitos. O juiz federal Marcelo Krás Borges, autor da ação, considera indispensável o fato da criança adotada ter contato e intimidade com a mãe nos primeiros meses de adoção, a fim de que possa se adaptar à nova vida e se adequar à nova família. Para ele, esse direito sempre esteve previsto pela Constituição, mas tinha uma interpretação equivocada.
– A Constituição sempre previu que as crianças adotivas tivessem os mesmos direitos das biológicas, então não poderia haver esta discriminação lá no início do processo de adoção. Esse tempo da mãe conviver com o novo filho é essencial para que a adoção tenha sucesso – resume o juiz.

A ação passa a valer dentro de dez dias em todo o país. Para os casos que já estão em andamento, a sentença determina ao INSS que prorrogue o benefício, até que atinja 120 dias. A multa em caso de descumprimento será de R$ 10 mil por dia. O INSS, no entanto, pode recorrer da ação no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre.
– As mães adotivas podem não amamentar, não sofrer com os efeitos do parto, mas elas precisam de uma fase de adaptação com a criança para poder formar uma família de verdade. A adoção é uma situação difícil, de coragem, que precisa ser estimulada pelo governo. A adoção é uma política pública – diz
Marcelo.

Como era
::: As mães adotivas já recebem do INSS o pagamento do salário-maternidade durante o período em que ficam afastadas do trabalho para receber o novo filho em casa. Porém, o prazo do pagamento variava entre 30 e 120 dias, conforme a idade da criança.
::: Quanto mais velha fosse a criança, menor era o tempo do pagamento o benefício. Apenas as mães que adotassem crianças menores de um ano tinham direito a receber por 120 dias. Para as crianças entre um e quatro anos, as mães recebiam por 60 dias e, para as que têm entre quatro e oito, apenas 30 dias.

Como vai ser
::: As mães adotivas passam a ter direito de receber o salário-maternidade por quatro meses, independente da idade da criança que adotou.
::: Se uma mãe adotou um adolescente de 15 anos, por exemplo, ela pode receber o benefício por 120 dias, exatamente o que receberia se o filho tivesse um ano.
::: A sentença vale para novos casos e para mães que já estão em licença. Neste caso, o INSS deve ampliar o período até que ele alcance os 120 dias.
 
O que fazer
::: Negocie com a empresa o afastamento de 120 dias, caso tenha adotado uma criança. Neste período, quem pagará o salário-maternidade, pela nova sentença, será o INSS, e não a empresa.
::: A sentença, porém, não determina sobre o período de afastamento. Se a empresa não aceitar a liberação, a mãe adotiva precisa procurar a Justiça Federal para resolver estas questões trabalhistas.
::: Para as mães que já estão afastadas do trabalho, é preciso que procurem o INSS para solicitar o prazo restante. Um requerimento com base na sentença já resolve o problema.
::: No entanto, se o INSS não aprovar, é preciso que a mãe procure a Justiça Federal para reclamar o caso e para que a multa seja aplicada contra o órgão.

Diário Catarinense

terça-feira, 8 de maio de 2012

Ciúmes: Irmão maior x Irmão menor

Foto: "Artigos de Psicologia"

Por Marilena Henriques Teixeira Netto

É notório que muitos irmãos são verdadeiros amigos, ao passo que alguns, se não são declarados, são camufladamente “inimigos”, ou pelo menos adversários. O ciúme entre o irmão mais velho e o irmão mais novo pode chegar a extremos. Precisamos estar atentos e tomar cuidado com nossa atitude como pais. A comparação é uma das atitudes que devemos evitar. Portanto, avalie qual tem sido seu comportamento em relação à comparação, e esteja pronto para mudar!

Quando pensamos sobre o comportamento entre irmãos, como: ciúme, inveja, rivalidade, competição, etc., pensamos sempre como comportamentos anormais e negativos. O ciúme, é visto como algo totalmente condenável e proibido entre irmãos, principalmente, em relação ao irmão mais velho, quando nasce o segundo filho.

Muitos pais chegam mesmo a dizer ao filho, que o ciúme é feio, que não deve nunca existir em relação ao irmãozinho e que esse irmãozinho veio para brincar com ele, ser seu amigo e companheiro nas brincadeiras. Isso é verdade, mas existe também uma outra verdade que nunca dizemos, mas sabemos. Esse irmão veio para dividir com ele o amor da mãe, do pai, dividir a casa, às vezes o quarto, os brinquedos, a atenção dos parentes, etc.

A criança percebe essa verdade, no momento em que a mãe chega da maternidade com o bebê no colo. O colo já começa a ser dividido desde então. O ciúme nesse caso, é esperado e, portanto, normal. O anormal seria que esse irmão mais velho não sentisse rivalidade nenhuma por esse bebê que chega e o tratasse amigavelmente. Caso isso acontecesse, poderíamos dizer que essa atitude seria estranha e preocupante porque não faz parte da índole da criança, e que obviamente, ela deveria demonstrar esse ciúme alguns momentos.

Tanto o ciúme quanto a inveja, quando intensos, são fonte de grande ansiedade. O ciúme na criança, quando não é muito forte, é característica normal da persona1idade. Envolve rivalidade sadia e quando surge no relacionamento com irmãos, é um treino preparatório da fase competitiva, que mais tarde ela precisará enfrentar no ambiente social e profissional.

As manifestações mais comuns do ciúme são a hostilidade e o ódio. A hostilidade pode oscilar entre leves manifestações de implicância e pequenas agressões até uma completa intolerância para suportar a presença do irmão; onde o desejo é o de “eliminar” o objeto odiado.

O ciúme pode, também, se manifestar de maneira indireta:a criança experimenta ansiedades, dirigindo sua hostilidade abertamente contra o irmão. Pode voltá-la contra si mesma, ou contra o ambiente.

Pode haver também uma regressão: manha, revolta, agressão contra os pais, inapetência (falta de apetite), fracasso nos estudos ou recusa em crescer (independência). Quando essa fase se estende muito, pode ameaçar o equilíbrio da personalidade infantil, levando a distúrbios, como: sinais de ambivalência e indecisão, dificuldade em tarefas que exijam capacidade de abstração ou chegar a conclusões com clareza. Como característica do comportamento desse irmão ciumento, pode surgir o oposicionismo que é dirigido contra os pais. Por exemplo: os pais gostariam que ele fosse bom aluno, fosse disciplinado, etc. e a criança reage ao contrário, opondo-se a essa expectativa e assim atraindo a atenção tão desejada dos pais.

Existem também os mecanismos passivos: a criança interioriza sua hostilidade, mas é vítima de maior carga ansiosa. Aparecem os tiques nervosos, a fala “tate-bi-tate” (em idade em que a linguagem já tenha sido estabilizada e a criança já venha se expressando com facilidade). Volta a molhar a cama ou querer que lhe dê comida na boca.

Outra forma passiva, é quando a criança fica apática, apagada, preguiçosa, sem entusiasmo. Pode bloquear-se afetivamente, sufocando junto com a inveja e o ciúme, o amor. Deixa de ter reações amorosas com familiares e irmãos. Desde que a afetividade e a inteligência estão intimamente ligadas e interdependentes, a produção e o rendimento dessa criança costuma ser precário.

Outro mecanismo passivo, é a própria desvalorização. A criança acha-se inferior e, portanto, se anula. Essa atitude determina reações depressivas que são autodestrutivas. Deve-se, nesse momento, canalizar essa agressividade adequadamente, valorizando seus sucessos numa escolinha de natação, ou outra atividade qualquer onde a criança se destaque com desenvoltura. Ela deve ser estimulada a fazer novas amizades e a freqüentar outros lugares diferentes daqueles do irmão. As comparações, obviamente, devem ser evitadas. Inevitavelmente, elas ocorrerão, mas espera-se, vindas de fora. Dizer que um dos irmãos é mais inteligente, mais carinhoso, etc., não servirá de estimulo ao outro irmão; muito pelo contrário, só fará com que ele se sinta humilhado e inferiorizado. Mais tarde, é provável que se torne num adulto que se julgue pouco inteligente ou pouco afetuoso, bloqueando-se nessas áreas; o que não é incomum. Com freqüência encontramos adultos ou adolescentes que se julgam feios, incapazes ou pouco criativos porque sempre foram comparados ao irmão. Comparações desse tipo minam traços do caráter da criança e podam seu desenvolvimento.

Outra situação de rivalidade pode surgir, quando um filho é mais rebelde do que o outro. O rebelde é sempre alvo de maior controle em relação a estudo, tipos de brincadeiras e raramente é deixado sozinho por muito tempo. O outro filho sente-se rejeitado e pouco importante. O filho que não dá trabalho, que é responsável, que é dócil, deve receber a mesma atenção cuidadosa, com tempo especial também para conversas e brincadeiras.

Não quero dizer que o ciúme e a inveja precisem ser apagados e impossibilitados de aparecerem. Em diferentes situações eles aparecerão, mas bem solucionados não trarão conseqüências desastrosas como as acima.

Como podem ser bem solucionadas?
Uma solução, está no que se refere às personalidades dos filhos.
Os pais devem identificar e realçar as características positivas de cada um.
As habilidades e talentos devem ser sempre valorizados e nunca comparados.
Quando um dos filhos é mais carinhoso, mais amoroso com os pais, geralmente os conquista com mais facilidade. Os pais se “derramam” na resposta desse afeto e tendem a comparar tal procedimento com a frieza e distância do outro filho. Essa característica, quando é observada por familiares e amigos, em vez de estimular essa afetividade, só ajuda a reprimi-la.

Lembre-se que, a habilidade e o equilíbrio de elogios e estímulos, é uma excelente alavanca para fortalecer e ajudar os filhos a suportarem suas diferenças.

Artigo publicado originalmente na revista Casal Feliz (Ano XII – no.46)


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Crianças adotadas cedo não levam vantagem em relação às adotadas tardiamente, diz pesquisa

Estudo também mostrou que filhos adotados e não adotados apresentam mesmas queixas



No sucesso de bilheteria Bruna Surfistinha, estrelado pela atriz Deborah Secco, a personagem Raquel sofre com o complexo de inferioridade e com os deboches do irmão mais velho por ser adotada. A adolescente deixa a casa e a superproteção dos pais para cair em um mundo de drogas e prostituição.

Embora a história seja uma autobiografia, ela não reflete a realidade da maioria das famílias que têm crianças adotadas. Essa foi uma das conclusões tiradas em pesquisa de mestrado em Psicologia Clínica da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), orientada pela professora Maria Lúcia Tiellet Nunes (a pesquisa não tem relação com o filme).

Com base em prontuários de 316 meninos e meninas atendidos em clínicas-escola de Porto Alegre, a mestranda Andrea Kotzian Pereira investigou se havia diferenças nas queixas apresentadas por crianças adotadas e não adotadas no momento em que buscam atendimento psicoterápico. Do ponto de vista estatístico, a pesquisadora não encontrou diferenças significativas entre os dois grupos.

— Existe uma ideia de que crianças adotadas têm dificuldades devido à condição. Mas as queixas que mais apareceram foram em relação à agressividade e aos problemas de aprendizagem e atenção, nos dois grupos — conta Andrea.

O comportamento agressivo é a reclamação que mais aparece nos tratamentos entre adotados e não adotados (29,1% e 26,6%, respectivamente), seguido de problemas de atenção (20,2% e 17,7%). Os prontuários que integram a pesquisa são de crianças entre um ano e meio e 12 anos.

Além desse resultado, a pesquisa aponta para o fato de que as crianças adotadas mais cedo não levam vantagem em relação às adotadas tardiamente. Andrea acredita que o que interfere são as questões mais constitucionais, genéticas, e vê uma mudança na forma como o tema vem sendo tratado:

— Antigamente, a questão da adoção ficava como um segredo e, na maioria dos casos, era ilegal. Há um movimento no sentido de ser algo mais falado, mais exposto. Quando a criança não tem muito clara sua história, sua origem, é difícil para ela aprender outras coisas.