"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Biológico X Adotivo: Tem diferença?

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Por Kelma - "Adoção do lado de cá"

Uma coisa que sempre ouvimos dizer é que ser mãe adotiva é totalmente diferente de ser mãe biológica. Normalmente se prega que o filho adotivo já vem “pronto”, que não acontece a fase da barriga (a gestação) ou da amamentação que tudo isso faz com que haja diferença entre adotar e gerar. Quando eu ouvia isso ficava apavorada, pois achava que essa diferença era na emoção, no sentimento e na afetividade.
Da minha experiência, atualmente, afirmo que não há diferença alguma entre ser mãe adotiva e mãe biológica. Há todo um mistério e mistificação em torno da gestação, do processo de gravidez, que nem sempre faz sentido. É claro que é lindo e muito bacana a gravidez (não pretendo criticar a gravidez, claro). Mas é importante dizer que não é esse processo que transformará a mulher em mãe. Tanto que, se fosse assim, não teriam milhares de crianças disponíveis para adoção! Bastaria engravidar para virar mãe e entender o processo da maternidade. Não é? Não. Nada disso. A gestação, a gravidez, a barriga, a amamentação não são fatores determinantes. Eu tive barriga, tive uma gravidez tranquilíssima, amamentei mais de 1 ana... tudo como “manda o figurino”. Contando toda aquela loucura de se tornar mãe, administrar as visitas, manter o casamento, cuidar do filho, lidar com hormônios e tudo o que envolve a maternidade, os sentimentos para gerar e adotar são idênticos. Na verdade não são idênticos para todo mundo, mas podem se tornar idênticos se a pessoa quiser. Meu marido, inclusive, costuma dizer que meu “pós-parto” foi igual quando tivemos meu primeiro filho e quando adotamos a segunda.
O sentimento de se tornar mãe, cuidar de um ser humano, formar alguém, ser responsável por esse alguém e ver a vida transformada radicalmente é o mesmo. As lágrimas, o medo, os receios, as dúvidas são iguais. E o amor também. Não há a menor diferença. Digo isso porque se tivesse como garantir às mães adotivas que elas são mães como qualquer outra eu garantiria sem a menor dúvida. Vivo as duas vias. E são iguais em amor e em doação.
Porém, como todo parto, a chegada de um filho (seja biológico ou adotivo) vira nossa vida de cabeça para baixo. Quando temos um filho biológico não temos escolha: é levar pra casa depois da Maternidade e se virar com a situação. Contudo, quando temos um filho adotivo, há a (maldita) possibilidade de “desistir”. E, assustados com o processo cruel e real que é sair da condição de filhos para nos tornarmos mãe/pai, achamos que por ser o filho adotado não estamos dando conta de aceitar e adaptarmo-nos à ele. E não é assim. Como disse anteriormente, os medos, receios, pavores, dúvidas, questionamentos estarão tanto no filho da barriga quanto no filho do coração (não gosto dos termos, mas vá lá!).
Portanto, que esse primeiro post oficial deixe claro -antes de falar noutros temas- que ser mãe é uma atividade única e não tem distinção nos “formatos”. Transformar sua vida - que antes era autossuficiente e independente - em doação, entrega e responsabilidade dói à beça. Seja para filho biológico ou adotado. Vai mexer profundamente com você, independente de ter adotado ou gerado. E se não causar todo esse rebuliço dentro de você e de suas vidas, aí sim, será sinal de que tem coisa errada! Porque toda mudança dói. E sem dor não haverá a mudança. E sem mudar, não tem maternidade.
O melhor conselho nesses casos é: siga seu instinto. Aceite suas imperfeições. Viva a mudança sem querer ser perfeita. Saia dos protótipos de perfeição que a mídia vende, dizendo que é tudo um mar de rosas (porque não é). Dê a sua cara em sua história, faça a diferença. Isso mostrará as cores reais da maternidade, e não o processo que trouxe um ser humano à vida e para dentro de sua existência.
Um Grande Abraço
Kelma (Artigo escrito e publicado em 16/01/2009)

domingo, 27 de maio de 2012

Uma mãe de tirar o fôlego!

11/05/12 - 02:41
Por Jairo Marques

Não é incomum de se pensar que a vida de uma pessoa com deficiência seja um castelo, com os portões trancados, cheio de sofrimentos, de provações, de perrengues e de desafios a serem quebrados todos os dias.

De fato, muitas vezes, o povo que não vê, não escuta, não anda e nem nada se lasca para conseguir se firmar como cidadão que é, como um ser humano comum que é, como uma pessoa com sonhos, desejos e planos como deve ser.

Mas tem gente que além de tudo isso, de enfrentar preconceitos, de cavar um espaço digno na sociedade, ainda causa “pequenas” revoluções no mundo e cravam seus nomes na história.

Não é exagero meu dizer que a miudinha, talentosa, carismática e apaixonante Katya Hemelrijk, 36, a Katynha, eleita por mim mesmo como a “mãe do ano” deste blog, de 2012, fez exatamente isso.

Toda ‘charmozamente’ tortinha e cadeirante devido à osteogenisis imperfecta, a síndrome dos ossinhos de cristal, Katynha, que é coordenadora de comunicação de uma empresa gigante de cosméticos, deixa os mortais comuns de boca aberta diante de sua atitude maior diante à vida:

Após um casamento feliz com o consultor Ricardo Severiano, 34, quis, naturalmente, formar uma família. Como sua enfermidade é genética, seus descentes herdariam a síndrome que a acomete.


Katynha e Ricardo, então, decidiram por gerar filhos a partir do coração, da alma… Adoram Yasmin, 6, e Renan, 7, duas crianças que fugiam do “padrão” do que buscam os pais adotivos tradicionais: não são de pele clarinha, não são bebezinhos de colos.

Com um fôlego vindo de um caráter invejável e de amor à vida, essa mãe adotou irmãos negros e crescidinhos…

A conversa que tive com essa incrível mãe, é mais um brinde que faço nesta semana cheia de emoções aqui no blog! E coroam esse bate-papo, as imagens sempre fantásticas, emocionantes e reveladoras do meu parceiro de todas as horas, o fotógrafo Arthur Calasans!
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Blog – Mais difícil foi decidir não ter filhos naturalmente ou adotar crianças já crescidinhas?
Katynha – Na verdade não foi uma decisão difícil…difícil seria arrumar alguém que quisesse encarar essa comigo.. emotion.  Desde pequena sabia dos riscos da maternidade biológica e não era a minha primeira opção. Sempre pensei em adotar.”

Blog - Há muita desconfiança dos outros em relação a sua capacidade de ser mãe?
Katynha – Confesso que hoje eu agradeço muito por eles terem vindo maiores. Acho realmente que eu ia precisar de muita ajuda caso viessem bebês! A desconfiança da capacidade materna atinge todas as mães, mas para as mães cadeirantes rolam também os questionamentos da capacidade física.
‘O que eu vou fazer se eles saírem correndo? E se eles se machucarem e eu não conseguir acudir?’ Mas é incrível como eles vão tomando consciência das nossas limitações naturalmente e acabam não se arriscando tanto e até obedecendo mais quando estão sozinhos com a gente!

Blog – Seus filhos devem ter causado uma revolução no seu cotidiano. Ser mãe tá sendo padecer no paraíso?
Katynha – Pode ser quando eles estão dormindo? Hahaha…!!! Ser mãe é uma sensação indescritível…é um sentimento tão forte e dominante que você só sabe sendo.
A rotina da minha vida e do Ricardo virou de ponta cabeça…as prioridades mudam totalmente. Filme antes das 22h? Só de criança! Mas vale muito a pena. A sensação que eu tenho quando coloco eles na cama e os vejo dormindo com aquelas caras de anjo, é a que nossa missão do dia foi cumprida, mas na verdade, nós temos agora uma missão para a vida toda e é isso que da sentido às nossas vidas. Acho que estou um pouco mais doidinha do que eu já era, mas ainda sou uma pessoa quase “normal”….

Blog – O fato de você ter uma deficiência chegou a ser, em algum momento, complicador judicial para a adoção? 
Katynha – Chegou um momento que eu achei que sim. Demorou tanto que eu comecei a desconfiar. Questionei na entrevista com a assistente social e ela me garantiu que da parte do fórum não, mas que a gente podia sofrer resistência do abrigo. Mas isso foi o contrario…. Foi tudo muito tranquilo. Eles chegaram a preparar o Renan para a possibilidade dele ter uma mãe cadeirante.

Blog – O que sonha para seus pequenos? Acha que filhos de pessoas “malacabadas” tendem a ser mais inclusivos?
Katynha – Tenho certeza disso! Acho que eles já vivem uma situação que pede isso na essência deles. Os meus então…rs…além de serem filhos de uma mãe “malacabada”, são adotados e negros de pais branquelos….  não tem como eles serem preconceituosos.
Acho também que eles acabarão influenciando os amigos. Na escolinha você já saca que eles tem orgulho de dizer que eu sou a mãe deles…é muito lindo!
Blog – Família passou a ser o que após a adoção?
Katynha – Passou a ser plenitude! Acho que eles tiveram a capacidade de transformar tanta coisa, tantos sentimentos, que eu não sei descrever! Minha família já era incrível antes da chegada deles, agora então, é indescritível. O mais legal de tudo, é que ao mesmo tempo que a família que já existia cresceu, uma nova família nasceu…e é tudo uma coisa só! A nova família nasceu de um casal que se ama muito e que acima de tudo se respeita!


Blog –  Se pudesse encorajar mulheres a tomarem a mesma decisão que tomou, qual seria seu principal argumento?
Katynha –  A adoção, aos olhos de quem vê de fora, parece um ato de heroísmo, alias, é o que escutamos direto, mas no fundo, a adoção no nosso caso foi o meio que nos levou a realizar um sonho, tanto para nós quanto para eles.
A energia e o amor que rola é tão grande, que, de verdade, não são os nove meses de gestação só que constroem isso. A intensidade de cada momento, o medo, a alegria, a coragem e até mesmo a falta dela, fortalecem este vinculo de tal forma, que parece que eles estão com a gente desde sempre!
Para quem tem uma pontinha de vontade, eu indico! Não é fácil, mas o fato é que não é fácil para ninguém, não importa de são biológicos ou não!
Blog – O que já aprendeu com seus pequenos no tempo em que estão juntos? O que acha que já conseguiu ensinar?
Katynha – Já aprendi tanta coisa…aprendi que a vida é muito maior do que a gente imagina, aprendi que as pessoas são diferentes, mesmo que você dê a mesma educação, aprendi a valorizar as coisas de uma forma diferente, aprendi a dar menos peso para o meu trabalho, aprendi que o que eu achava que sabia do amor não era nada perto do que sei agora!
Acho que nestes 11 meses, já conseguimos ensinar bastante coisa para eles. Na verdade, estamos apresentando um mundo que eles sonhavam, mas não tinham nenhuma noção do que era na realidade.
Estamos tentando ensinar que os valores das pessoas são insubstituíveis e que cada um é cada um, da forma que é. Não precisa fingir o que não é para ser aceito.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Inadequação de crianças adotadas, adoção ilegal e Varas da Infância

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Há diversos trabalhos e opiniões divergentes sobre o fato de quê crianças adotivas, por sua condição teriam tendência em apresentar problemas psicológicos ou de inadaptação social no ambiente escolar ou em casa, qual a sua opinião sobre este tema?
Não concordo, vejo que todos nós temos lacunas e dificuldades existencias a serem resolvidas, vistas, curadas, todos precisamos crescer.

Leio pesquisas que apontam que filhos adotivos não presentam mais dificuldades que filhos biológicos. Todos os seres humanos podem apresentar dificuldades sobre aspectos seus, o que vai diferenciar é a forma de lidar com eles, o temperamento. Um filho adotivo pode lidar com seu passado de modo muito maduro, ele precisa ser preparado e fortalecido pelos pais adotivos.

Quando um filho biológico tem problemas todos encaram como se fosse natural aquela fase ou reação, mas quando é adotivo colocam a responsabilidade na adoção, simplificam, querem achar respostas para tudo e acham logo essa. Muitas pessoas cometem atrocidades e ninguém aponta para a condição dela de filha biológica ou perguntam como foi educada pelos pais, mas se ela foi adotada jogam a “culpa” nisso. Acontece que as pessoas estão condicionadas a fazerem esta ligação do problema com a adoção.

Numa escola tem muitas crianças que apresentam os mais diversos problemas, mas todos encaram como natural, mas se entre elas tem só um adotado observem se não é o que chama mais atenção! Ele sofre preconceito e discriminação até por parte de alguns professores por ignorância profissional.

Quando existe um problema com a criança ele não começa e termina nela, ela não é a causa, se trata de um sistema dinâmico e complexo, uma combinação de todos os fatores, onde muitas vezes o problema da criança é somente um sintoma de um adoencimento maior de toda a família, que pode ser causado por algo não-dito, por um segredo, algo passado de modo indireto, uma crença errada, uma mágoa não trabalhada, excesso de expectativas, preconceitos, excesso de controle, ou a combinações de muitas dessas e outras coisas. Por esses e outros motivos que é de extrema importâcia a preparação e amadurecimento correto dos adotantes.

 Como é desenvolvido o processo adotivo com  outras instituições como por exemplo abrigos e Vara de Infância?

O processo de adoção nacional se dá exclusivamente através das Varas da Infância e Juventude (VIJ), os abrigos operam de acordo com as leis e a justiça e ouvem ordens do juiz ou juízes da infância responsáveis por aquela comarca.

A criança deve ser preparada pelos profissionais que estão perto dela e avaliada pelo psicóloga da vara, mas muitas varas operam de modo diferente, cada juiz faz suas regras dentro da lei.

O psicólogo tem algum tipo de atuação diante de casos de adoção ilegal, em caso positivo, qual a sua atuação?
Adoção ilegal entendo como aquela em que o adotante registra a criança como se filho biológico dele fosse. O psicólogo pode ser acionado para fazer uma avaliação psicológica das partes envolvidas, se o caso for denunciado e for parar na Vara da Infância e Juventude e Ministério Público.

Eu acredito que tudo deve ser feito dentro da lei, até para que a criança sinta a tranquilidade em todos os passos dados pelo futuros pais. Não acho que uma adoção ilegal possa ter um bom significado para a família, eu sou totalmente contra. A adoção deve seguir um rumo digno. A criança merece isso, ela está iniciando sua vida.

Diante do perfil das crianças a serem adotadas, geralmente sendo raro a adoção de mais velhos, como a psicologia pode atuar junto a essas crianças que ficam muito tempo em abrigos ou instituições?
Não é raro a adoção de crianças maiores de 5 anos não, já participei de muitas. Infelizmente muitas dessas crianças não fazem interface com um psicólogo. Se nem lembram de todas para lhes dar pais não lembrarão também para lhes possibilitar acompanhamento psicológico.

O trabalho a ser feito é de psicoterapia, de escuta terapêutica, fortalecimento da auto estima e identidade.

Partes da entrevista cedida a estudante da UNIP.

Por Cintia Liana

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A importância dos vínculos afetivos no desenvolvimento e nas dificuldades de aprendizagem

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Por David Léo Levisky


O desenvolvimento das funções psíquicas, entre elas o aprendizado, depende de questões ligadas ao equipamento biopsicológico, e ao investimento afetivo dessas funções.
 
Aprender tem origem latina: “ ex-ducere” - colocar para fora, um processo que vem do interior para o exterior. Entende-se interior o mundo mental, interno, dos afetos, das emoções, dos sentimentos, dos pensamentos, sonhos e fantasias. São elementos que constituem a subjetividade individual, cada vez mais singular na cultura contemporânea. Considero aprendizado o desenvolvimento de um conjunto de funções cognitivo-afetivas que envolvem processos e sistemas neuropsicoafetivos e sócio-culturais que participam da vida adaptativa do sujeito ao meio e às suas necessidades, dentro dos seus limites, na busca de maior autonomia. São sistemas interligados que sofrem influências externas tanto do ambiente físico quanto do psicossocial. Tais sistemas se estimulam de forma recíproca e adquirem no decorrer do processo de desenvolvimento relativa autonomia funcional que depende de capacidades integrativas das experiências objetivas e subjetivas do sujeito.

Nesta oportunidade não serão abordadas as dificuldades de aprendizagem decorrentes de causas orgânicas congênitas ou adquiridas (seqüelas traumáticas ou infecciosas), mas aquelas decorrentes de distúrbios relacionais ao nível dos investimentos afetivos durante o desenvolvimento da criança.

A clínica psiquiátrica de orientação psicanalítica põe em evidência dificuldades de aprendizado, global e específica, como conseqüência da vida relacional, não raro, a partir das primeiras relações afetivas ou, até mesmo antes do nascimento e, em função do imaginário dos pais e do meio circundante. Distúrbios neuroperceptivos pré-existentes contribuem na organização e na dinâmica das dificuldades relacionais. Nos processos precoces de desenvolvimento e no estudo dos seus desvios torna-se difícil determinar qual fator teve início primeiro. De qualquer forma, são situações interdependentes que demandam atenção global e não apenas voltadas para as dificuldades específicas.

As dificuldades de aprendizagem podem ter causas específicas que levam a problemas emocionais emocionais. Mas o inverso também é verdadeiro, questões psicoemocionais gerando dificuldades específicas. As dificuldades de aprendizado podem ser a expressão de sintomas de conflitos psíquicos inconscientes decorrentes de inibições, repressões, cisões, projeções, ansiedades, fobias que interferem nos processos de simbolização e de representação. Há casos cuja dificuldade de aprendizagem é conseqüente à não aquisição ou à aquisição deficitária ou distorcida na construção do mundo interno, da organização egoica e superegoica, das vicissitudes da vida pulsional. São fenômenos que interferem nos processos de simbolização, ligados aos mecanismos de defesa do ego, à estruturação do self, ao processo de identificação, às características das relações objetais e à baixa tolerância às frustrações.

As dificuldades de percepção e de discriminação que se manifestam precocemente ou durante a vida escolar de modo a interferir na pedagogia formal e no comportamento como expressão de conflitos inconscientes que afetam as funções egóicas, inclusive a organização do pensamento, a leitura e a escrita, a compreensão e a expressão do mundo simbólico. Lembrar sempre que estamos falando de seres em desenvolvimento cujas funções estão em processo de estruturação biológica e funcional. Todos nós temos a experiência de ter passado por momentos de angústia e sentido sua interferência na percepção do mundo interno e externo. São situações que afetam a capacidade de pensar, de analisar, associar. Uma criança que sofra estados repetitivos ou crônicos de ansiedade, e mesmo de angústia, pode resultar em perturbações na apreensão da realidade interna e externa bem como na organização de respostas catárticas ou elaboradas.

Regressões, fixações, organizações defensivas caracteriais, inibições interferem no desenvolvimento psicopedagógico e comprometem o desenvolvimento das potencialidades agressivas, destrutivas e reparadoras, da criatividade, da capacidade de brincar e das capacidades instrumentais da criança, podendo se cristalizar.

Para um desenvolvimento adequado das potencialidades psíquicas, e, portanto, das funções ligadas ao aprendizado, é fundamental a existência de um bom vínculo inicial parental por meio do qual se estabelece o sentimento de confiança básica. A qualidade das relações afetivas interfere no desenvolvimento dos processos biológicos, na mielinização, no desenvolvimento das terminações sinápticas, nas defesas imunológicas, no ganho pôndero-estatural, por exemplo. Através da relação dual mãe-bebê, acrescida da função paterna complementar às necessidades de sustentação das funções maternas e determinante no processo de triangulação, o bebê terá condições para desenvolver o que Winnicott chamou de espaço transicional no qual a cultura, o conhecimento e o aprendizado terão lugar. Dependendo das características de desenvolvimento e resolução desta triangulação, exemplificada pela elaboração da relação simbiótica entre o bebê e sua mãe com a separação proporcionada pela entrada do terceiro elemento, o pai é que se estabelecem as noções do eu, tu, ele; a percepção do espaço bi e tridimensionais fundamentais para a formação e o desenvolvimento da atividade simbólica, da linguagem em suas diferentes formas de expressão.

Winnicott mostra a importância do espaço, do objeto e dos fenômenos transicionais para o desenvolvimento dos elementos simbólicos e consequentemente da cultura. A capacidade simbólica pode ser compreendida “como a capacidade de experimentar a perda do objeto e o desejo de recriá-lo no interior de si mesmo dão ao indivíduo uma liberdade inconsciente na utilização dos símbolos; o fato de que o indivíduo a experimenta como uma de suas próprias criações permite-lhe sua livre utilização. A formação do símbolo reina sobre a capacidade de comunicar, pois toda comunicação é feita através de um símbolo”(Hanna Segal, 1957).

Viver o espaço da ilusão e da realidade, usar, brincar, fantasiar, confrontar experiências a partir do contato com o objeto real externo, a mãe ou sua representante afetiva, inicialmente representada pelo corpo materno, são as bases para o aprendizado criativo.

Os distúrbios da aprendizagem se manifestam, com frequência, sobre aquelas funções em franco desenvolvimento por estarem recebendo maior investimento afetivo. Distúrbios de orientação têmporo-espacial, por exemplo, pode ser uma decorrência da falta de sincronismo nos ritmos existentes na relação mãe-bebê ao perturbar a capacidade de continência das tensões emocionais.

Para o diagnóstico das dificuldades de aprendizagem não basta uma coleta cuidadosa dos sintomas e da história do paciente. É preciso diagnosticar a qualidade das relações emocionais do presente e do passado-presente, isto é, dos aspectos infantis presentes nas relações. Assim, será possível, levantar hipóteses sobre a existência de fatores psicológicos e emocionais na organização psíquica do sujeito. Não basta conhecer a criança. É fundamental compreender a criança que está na cabeça dos pais e os pais que estão na cabeça da criança: expectativas, papéis, fantasias, condições sócio-culturais e emocionais mesmo antes do nascimento e, principalmente, durante os primeiros anos de vida.

A compreensão da dinâmica familiar interfere na constituição do espaço interno e na formação e desenvolvimento dos objetos representativos dos afetos e do mundo exterior. Tais elementos participam do processo de aprendizagem e da dinâmica na mediação entre o sujeito e o mundo ao seu redor. Ansiedades existentes na relação do casal ou num dos pais é apreendida pela criança interferindo e mobilizando fantasias ou mesmo perturbando o desenvolvimento de funções como dar e receber, unir e separar, dividir e multiplicar, experimentar ou evitar a experiência emocional.

A aquisição do aprendizado e do conhecimento depende da capacidade para suportar tensão e frustração na aquisição do novo. Portanto, é fundamental que se tenha a preocupação de procurar entender a gênese do fenômeno: se as dificuldades apresentadas pela criança são expressão de conflitos emocionais da criança, da família, do meio sócio-cultural ou uma resultante de um conjunto no qual a criança é o emergente, o sintoma de uma rede complexa de relações perturbadoras que interferem no processo de aprendizagem.

Não se pode avaliar as dificuldades de aprendizagem desvinculada dos processos relacionais familiares e sócio-culturais com o risco de se fragmentar o sujeito e favorecer o desenvolvimento de sentimentos de exclusão.

Para ilustrar estas questões complexas que envolvem as primeiras relações afetivas e a aprendizagem apresentarei o caso de um rapaz de 15 anos. As inúmeras dificuldades sociais e de aprendizagem conduziram-no a se submeter à psicoterapia psicanalítica e ao um trabalho psicopedagógico, complementares entre si.

João é muito tímido, aspecto frágil e aparenta um ar deficitário. Envergonha-se ao fazer algo errado. É repetente por duas vezes. Desde o início do primeiro grau necessitou de reforço pedagógico. Suas dificuldades escolares se intensificaram na quinta série, em desenho geométrico, depois em matemática e ciências. Relaciona-se, de preferência, com crianças menores. É motivo de gozação entre os colegas. Primogênito e único homem de uma prole de 3 filhos. Tem pouca iniciativa. Mantém-se distante das irmãs e pouco se relaciona com o pai, mais descontraído quando em companhia da mãe. Queixa-se de pesadelos após filmes de terror, apesar de sentir grande atração. Imagina-se futebolista profissional no futuro, mas não tem tenacidade. Desiste ao ter de enfrentar dificuldades, mesmo as mais comuns. Tem poucos colegas e não se mantém em grupo. Suas qualidades esportivas não correspondem às suas expectativas. É motivo de agressão entre os colegas. Inúmeros medos. Fez várias tentativas de tratamento psicoterápico e psicopedagógico com resultados medíocres. Apresenta-se dependente e com pouca autonomia. Quer sempre agradar e tem pavor de errar. O envolvimento afetivo é superficial e não demonstra grande curiosidade cognitiva. Seu ritmo é extremamente lento, sem energia. O conteúdo adquirido é de forma mecânica. Não apresenta déficits de compreensão, manejos gramaticais ou semânticos; bom vocabulário ativo, denotando dificuldades para a “metalinguagem”, isto é, para explicar o significado das palavras. Acentuada disgrafia. A leitura é adequada quanto a entonação, expressividade, velocidade e pontuação. Sua visão dos fatos é rígida e não reflexiva, com pouca mobilidade do pensamento. A elaboração oral é melhor do que a escrita. Dificuldades de análise e síntese.

Em sua história de vida existem fatos relevantes que permitem suspeitar da importância da qualidade dos vínculos precoces na relação mãe-bebê-família. A sucessão de situações traumáticas resultou na vivência angustiante e catastrófica de sua relação com o mundo, com as novas experiências. O paciente, muito esperado, nasceu num ambiente de alta expectativa intelectual. Os pais, durante o período gestacional, estavam muito preocupados com a mudança para o exterior, dedicando-se pouco à gravidez. Surgiram graves conflitos entre o casal. Por ocasião do seu nascimento a mãe entrou em importante quadro depressivo. O período adaptativo no exterior foi muito difícil, o mesmo ocorrendo no retorno para o país.

Tudo isto para reproduzir o texto de Winnicott intitulado “Tudo começa em casa” no qual aborda a importância das primeiras relações afetivas na constituição do sentimento de ser e das possibilidades para o desenvolvimento das potencialidades psíquicas. Só existe um bebê lá onde existe o outro para lhe dar significado. É através de trocas complexas entre mãe e bebê que se organiza um continente psíquico no qual poderão emergir e evoluir as potencialidades psíquicas construtivas, destrutivas e reparadoras. O uso pelo bebê do objeto afetivo, seguido de frustrações adequadas, permite prazer e desprazer em níveis suportáveis para o bebê possa integrar e modular aspectos contraditórios e sintônicos do self. Esse processo evolutivo depende da capacidade de ilusão e de desilusão, elementos participativos do processo de simbolização. Ele ocorre por ocasião da incorporação e projeção dos objetos do mundo interno (símbolos representativos dos objetos reais e concretos da vida afetiva do bebê). Por meio desses processos iniciais adequados, da continência afetivo acolhedora o bebê desenvolve conhecimento e aprendizado concomitantes ao processo de identificação, imitativos e criativos, re-significados pelos pais e meio ambiente, durante os sucessivos intercâmbios que ocorrem na vida relacional.

Bibliografia
Levisky, D.L.: “ Algumas contribuições da psicanálise à psicopedagogia” In Scoz (org) Psicopedagogia: contextualização, formação e atuação profissional Porto Alegre Artes Médicas 1992

”Ética, psicanálise e responsabilidade social na educação” trabalho apresentado no “El umbral del milenio” Lima-Peru 15 a20 abril de 1998 Sociedad Psicoanalítica del Peru.

Levisky,R.B. “Possíveis relações entre a psicodinâmica familiar e o processo de aprendizagem” Psicopedagogia – Avanços teóricos e práticos –escola-família – aprendizagem. Anais do V Congresso Brasileiro de Psicopedagogia São Paulo Vetor editora psico-pedagógica Ltda. Pag.272-279. 2000.

Segal, H.: “Notes on symbol formation”Int. J. Psychoanal.38, 391-397 1957

Agradeço a colaboração de Tânia Maria Campos Freitas que realizou a avaliação psicopedagógica deste caso.

David Léo Levisky


Postado Por Cintia Liana

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mãe da Barriga, Mãe do Coração

Foto: Facebook

E-mail de uma mãe:

"Vc abriu o seu coração e agora vou abrir o meu.
Eu só entendi a maternidade depois que fui mãe. E fui mãe das duas formas.

Me perguntaram um dia desses se era a mesma coisa, um filho biológico de um adotivo. Eu dei a resposta padrão: “é claro”. Mas claro que não é. O processo da adoção trás emoções que nenhuma gravidez traria. Conhecer a criança, ir buscar, o primeiro dia, este amor, a biologia não explica.

A gravidez também traz emoções que a adoção não traz. O “se sentir normal”, ter um filho com a cara do marido, saber que você espera 9 meses e não tem fila, o mexer na barriga. Mas é só. A partir do momento que a criança chega nos braços fica tudo igual.

Quando leozinho veio para meus braços pela primeira vez foi tão emocionante quanto quando Isabelle veio pra meus braços. E a partir daí, eu sou mãe, sou responsável por aquela criatura, não importa de onde ela veio.

C., quando leio mensagens como a sua, eu me pergunto se estou agindo certo com o meu filho. Não sei se você sabe, tenho 2 filhos. O mais velho, Leozinho, adotivo, de quase 3 anos e a mais nova Isabelle, biológica de 3 meses. Não quero nunca que ele pense que não o amo de verdade, ou que amo mais a irmã. Comecei a refletir nestas coisas depois que uma amiga descobriu que era filha adotiva. Ela ficou tão revoltada, e eu não conseguia entender o motivo, porque ela era tão amada que nunca desconfiou e levou um susto quando soube. Mas só você e ela sabem dizer o que se passa dentro de vocês.

Não acredito em “o sangue fala”, se não pessoas boas não gerariam filhos bandidos, não acredito em “índole do pai bandido”, porque eu acredito que o amor e a educação mudam qualquer pessoa. Eu só quero é que meu filho nunca na vida dele duvide do meu amor por ele.

Quantas vezes chorei sozinha depois que disciplinei Leozinho? Quantas vezes achei que fui dura demais, ou orei pra Deus curar ele de alguma febre? E pedi a Deus pra ficar doente no lugar dele?

Eu me preocupo não porque espero qualquer tipo de gratidão, jamais, mas porque quero que ele curta a vida dele, com a cabeça sempre erguida, porque ele é um menino maravilhoso, carinhoso e vai ser um homem maravilhoso, eu tenho certeza. Não quero que ele fique sofrendo com algo que não é verdade. Eu o amo demais.

Então, se vc puder falar mais sobre este seu sentimento, vai me ajudar muito.

Só pra encerrar, depois de ter passado por uma gravidez recente, sabe qual é a única coisa que eu senti falta por não ter parido Leozinho? Senti falta dos 13 meses que meu filho esteve longe de mim (9 de gestação da biológica + 4 de nascido) que eu não sei como o trataram, se o alimentaram, se ele precisou de mim e eu não estive lá. Foi a única coisa que dei falta na minha “gestação” dele."

Bia

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"Eu sentia um chamado, sabia que ele me aguardava. A busca por meu filho foi além de tentativas de engravidar. Foi na adoção que o encontrei. E esta certeza incontestável, inclusive juridicamente, de que ele é meu filho, filho da minha alma, do meu coração, foi o que me inpulsionou a prosseguir na busca. Só mesmo o amor de uma mãe e de seu filho pode explicar os laços que os unem."

Bia Maia

Blog de Bia:
http://maedabarrigamaedocoracao.blogspot.com/

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O e-mail acima foi um dos mais lindos que já li.

Observação: O e-mail foi cedido por Bia, a autora, amiga e companheira de adoção.
Disse que eu poderia preservar os nomes dela e dos filhos e que poderia postar fotos deles. Neste post não usei fotos da família dela.

Obrigada sempre Bia, pelo carinho, confiança, amizade e parabéns pela linda mãe que você é, e teve o presente de o ser das duas formas.

Por Cintia Liana

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Falando sobre a Adoção, os Motivos e o Abandono

Imagem: Google

Em atendimentos realizados em meu consultório ou realizados há algum tempo na Vara da Infância com jovens ou crianças adotadas observava que esses, quando sabiam que eram adotados juntamente com a informação da infertilidade dos pais, apresentavam as seguintes questões:
1. Fantasia de que, mesmo antes de nascer, mataram o filho do casal na barriga ou que eles eram os culpados pela infertilidade ou problema da mãe;
2. Acreditam que foram adotados pelos pais, por estes não terem tido outra opção de ter filhos.

Não é necessário falar que adotou porque não pôde ter um "filho da barriga". Já li alguns textos sobre esse mesmo assunto e lembro a vocês que, inicialmente, seria importante que o filho soubesse que é adotado e que foi uma escolha do casal, um projeto de vida assumido pela família, independente da infertilidade, que pode ser revelada mais tarde, quando a criança estiver mais madura.

Cuidado também ao falar sobre os possíveis motivos que levaram a mãe de origem a "abandonar" seu filho. Se colcar a responsabilidade na falta de dinheiro por, exemplo, isso pode comprometer a relação que teu filho terá com o dinheiro, afinal "ele foi o culpado pelo abandono". Sempre que você se queixar de falta de dinheiro ele poderá ficar com muita ansiedade gerada pelo medo de ser abandonado novamente. Imagina? Gente, cabeça de ser humano é muito complexa e as relações feitas por nós nem nós mesmos muitas vezes  somos capazes de alcançar e nem acerditar que imaginamos aquilo. Outro motivo é não haver a necessidade de se falar algo que não se sabe, então é melhor dizer que não sabe ao certo.

"A tranquildade de falar sobre a adoção nasce da capacidade de se desapegar das próprias crenças e medos, porque a criança está pronta para saber sobre os laços que a unem a família adotiva. Está pronta para a verdade. No fundo, ela já sabe de tudo."

Cintia Liana


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Este estudo explica e reafirma algumas falas minhas no post anteriror sobre "O Segredo na Adoção".

Foto: Google Imagens


A avaliação psicossocial no contexto da adoção: vivências das famílias adotantes

Liana Fortunato CostaI e Niva Maria Vasques Campos
Universidade Católica de Brasília e Universidade de Brasília
Serviço Psicossocial Forense do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios

Uma parte do estudo de Liana e Niva:

A importância da verdade
Na continuidade de um dos diálogos sobre a semelhança física entre adotante e adotado, as famílias apontam para a importância da criança crescer sabendo a verdade, sabendo que foi adotada. "É fundamental que a criança saiba desde pequena, que é uma criança adotada, justamente, para não ter choque". Apesar de ressaltar a importância do tema, as falas indicam que esta não é uma tarefa fácil, percebe-se que há um receio, um temor de que cedo ou tarde algum problema venha a acontecer.

Eu soube de uma história de uma moça que depois de 20 anos se revoltou, ficou sabendo e se revoltou contra a família toda. E foi um drama. Então essas coisas acontecem de verdade. E é mais fácil você encobrir o problema, mas e lá na frente?

Durante este diálogo, o esposo ressaltou: "Na adoção quanto mais certinho você fizer menos problemas você vai ter". Esta última fala parece ainda revelar o estigma do adotado e da adoção que de algum modo sempre dá problema.

O diálogo das famílias nos levou a pensar que talvez se revele a verdade mais por medo de que algo saia errado, do que por acreditar ser um direito da criança conhecer sua história de origem. Neste aspecto, é ressaltado também o caráter orientador dos estudos psicossociais, no tocante a revelação da adoção: "por isso que entra o papel da equipe de adoção, acho que eles têm obrigação de tentar evitar o máximo que o casal venha a ter problema no futuro".

As famílias trouxeram exemplos da vida real em que pais adotivos esconderam dos filhos a verdade e isto acarretou prejuízos graves às relações familiares, à confiança entre pais e filhos e a todos os envolvidos. Embora ambas as famílias tenham contado aos filhos que estes eram adotivos, uma fala indica a existência de fantasias parentais relativas aos laços de sangue que poderiam ser mais fortes e ameaçar os pais adotivos de serem trocados pelos pais biológicos: "a gente corre o risco de eles quererem conhecer os pais biológicos". Schettini (1998a) aponta a dificuldade de muitos pais adotivos enfrentarem o problema da revelação da origem, que vai sendo postergado indefinidamente. O autor alerta que comunicamos não somente através das palavras, mas também através da linguagem corporal e do inconsciente.


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Esse "comunicar" que Schettini fala é o segredo vindo a tona há todo instante. O peso dele que existe e incomoda.
É preciso amadurecer algumas questões antes de adotar, é preciso trabalhar seus próprios medos e limitações. É preciso travar com os filhos relações leves e limpas.

*Em posts anteriores vocês podem achar histórias e como revelar a adoção.




Por Cintia Liana