"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Pais falam honestamente sobre por que se arrependem de ter tido filhos

É preciso muito investimento em uma terapia chamada constelação familiar ou na própria terapia de abordagem familiar para colocar em ordem a desordem que esse sentimento expressa. 
Não penso de nenhum modo que um pai ou mãe deva se contentar em sentir algo do tipo, é preciso colocar as coisas em ordem, rever os modelos familiares e sobretudo se reconciliar com os pais para que as coisas funcionem dentro das ordens do amor, sem sentimentos controversos.

Publicado: Atualizado: 

sexta-feira, 11 de março de 2016

O que fazemos repercutirá na vida de todos os nossos descendentes

We Heart it

Devemos ser muito sábios em todas as nossas escolhas e atitudes, porque temos uma grande a assustadora responsabilidade: tudo o que fazemos repercutirá na vida de todos os nossos descendentes e de todas as pessoas que entrarem na família deles. Responsabilidade ainda mais complexa é trabalharmos também o produto que somos da nossa família, os enredamentos e rompermos os padrões familiares adoecidos para que eles não se repitam com nossos filhos.

Cintia Liana
______________________________

Indico o livro "Constelações Familiares", de Bert Hellinger.


Esse livro é para os fortes.
Porque aquele filho é "escolhido"? Porque acontecem as tragédias nas famílias? Porque essas tragédias e situações se repetem? O porque das doenças físicas e mentais, do câncer? Porque escolhem aquele membro da família? O que fazer com a dor? Porque algumas pessoas são rejeitas e abandonadas? Tudo isso e mais. Como sair desse ciclo.

Para comprar on line: 
http://www.pensamento-cultrix.com.br/constelacoesfamiliares,product,978-85-316-0673-1,49.aspx

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A ética na exposição dos filhos

Tumblr

Por Cintia Liana Reis de Silva

Hoje em dia se fala muito sobre a ética em relação a exposição dos filhos nas diversas mídias, mas pouco se fala sobre o que está por trás desta necessidade. Primeiro, obviamente, o que vem em mente é querer mostrar a todos como ele é belo, e isso é muito natural, e daí vem o desejo de mostrá-lo, usando os veículos mais comuns, que são fotos e publicidades para a TV.

Mas será que as crianças desejam serem mostradas, expostas desta ou de outras maneiras? E que consciência elas têm desta exposição? Outras perguntas também aparecem como, que resultado isso traz para a vida de cada uma? O que isso tem a acrescentar para o seu desenvolvimento “psicoafetivosociocultural”?

Muitos pais podem procurar expor os filhos e torná-los uma espécie de celebridade com o intuito de asceder socialmente ou de buscar uma certa luz ou brilho para preencher suas próprias faltas. Iluminar o filho é como se talvez estivessem iluminando a sua infância plena de memórias de carências afetivas. Ver o filho brilhar e ser reconhecido é não só se iluminar com a mesma luz naquele momento por ser pai ou mãe daquele ser que é visto como especial, mas é, de certa forma, iluminar a criança ferida e frustrada dentro de cada um.

Dentro deste tema poderemos levantar vários aspectos a serem levados em consideração, não só os motivos subjascentes que levam os genitores a buscarem fama para os filhos, como também os diversos pontos positivos e negativos que essa exposição causa na vida objetiva do menor e em sua vida social; como ela assimila isso tudo e quais são os reflexos em seu comportamento futuro. São muitas perguntas delicadas a serem feitas.

Podemos observar várias crianças que foram protagonistas de filmes famosos que depois desapareceram da mídia porque ficaram marcadas por aquele personagem com o estigma negativo. Isso marca toda uma vida. Outras que fizeram papéis em novelas e depois buscaram outros rumos quando adolescentes. O próprio público, quando sente falta de um ator mirim na TV, imagina logo que este faliu, mas não é comum pensarem que ele pode ter escolhido outra estrada, como fazer faculdade para trabalhar em outro ramo, porque no fundo se crê que ser famoso é o que há de melhor e que esta é a forma mais confortável de provar que se tem algum valor pessoal ou social.

É importante buscar ser feliz sem precisar ser reconhecido publicamente ou por um grande número de pessoas. Não se esperar que venha dos outros e de desconhecidos o senso de valor que deve ser construído dentro de cada um é algo a se entender e isso é algo importante para dar e ensinar aos filhos em seu processo de crescimento, que o que ele faz, independente de que os outros vejam, deve fazer sentido para ele e que deve ser algo valoroso e honroso porque é digno e isso não precisa ser reconhecido externamente. O reconhecimento externo é um detalhe que pode ocorrer, mas não deve ser o principal e nem o objetivo central, senão tudo se perde.

A questão é que os pais devem estar atentos porque são eles que decidem tudo para a criança no início de sua vida, porém algo pode ser tão potente neste início e comprometer todo o seu futuro sem que a nova “pessoinha” se dê conta que quem escolheu aquele seu presente foram os pais. Algumas pessoas só entendem isso quando já têm suas vidas totalmente traçadas pelos outros e já estão vivendo coisas que não a agradaram como deveria.

Precisa ter bom senso quando se usa a imagem do filho, justamente porque este não tem consciência do que faz e do que acarretará em sua vida futura.

Se deve entender que não se nasce pronto para ser pai ou mãe, que esse é um processo que deve ser construído com sabedoria, muita reflexão e autoconhecimento, para que saibamos com inteireza que educar um filho e ajudá-lo em seu crescimento é uma tarefa muito complexa, onde se pode formar um ser que depende de aplausos para ser feliz ou outro que busca ser feliz com seus próprios recursos internos e vê os aplausos como reforços positivos, mas não como o objetivo principal.

Artigo da psicóloga Cintia Liana Reis de Silva publicado no site Indika Bem no dia 23 de janeiro de 2013

Fonte: http://indikabem.com.br/psicologia/a-etica-na-exposicao-dos-filhos/

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Pelo direito de não querer ter filhos


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Por Casal Sem Vergonha | Yahoo! Brasil – 23 minutos atrás

Por mais que nos consideremos seres livres, estamos presos à amarras invisíveis que se apoiam na desculpa das tradições culturais. Ter filhos é uma delas. Por mais que estejamos vivendo num período em que preconceito com quem questiona o padrão nesse quesito começa entrar em processo de queda, muita gente ainda te olha como um extraterrestre quando você pronuncia as palavras: “Eu não quero ter filhos.”

Ter filhos sempre foi uma tradição muito cultuada e esperada na sociedade. Tanto é que um dos papéis principais de nossas mães e avós era parir e cuidar dos filhos. Além de cuidar da casa, essa era a função principal de todas as mulheres – muitas delas nem tinham o direito de questionar se queriam realmente ser mães. Esse comportamento se explica pois ele segue a ordem de evolução da natureza – machos caçam e espalham os seus espermatozóides para o maior número de fêmeas que conseguirem na vida. A fêmea aguenta o filhote no bucho, dá a luz, cuida da cria enquanto o macho sai em busca de alimento. Mas temos que ter muito cuidado ao criar conceitos tão importantes para nossas vidas, nos baseando na realidade dos outros animais. As pessoas não precisam mais se preocupar em reproduzir desesperadamente, porque já conquistamos nosso espaço como espécie e principalmente pelo fato que o mundo já está superlotado. Nossa realidade hoje é outra.

Não estou dizendo aqui que as pessoas devem parar de dar cria. Imagina. As gerações precisam continuar, a economia precisa de mão de obra jovem, criança é vida. Mas isso não significa que TODO MUNDO precise fazer isso. Só que algumas pessoas ainda não perceberam isso, e nem se questionam realmente se se consideram preparadas para colocar mais um ser no mundo, em questões financeiras e (principalmente) de sanidade mental. Sério. Tem gente que não dá conta nem da própria vida e quer mesmo ser responsável pela criação de uma outra, ou, nos casos mais dramáticos, de muitas outras. Fico me perguntando: se de repente não querer ter filhos fosse visto como uma escolha tão comum quanto não querer pintar as unhas do pé, quantas pessoas teriam escolhido resolver seus problemas primeiro em vez de envolver mais um serzindo neles? Ou seja, a questão não é não ter filhos – é ter o direito de escolher se quer tê-los, sem precisar prestar contas para um monte de gente.

Há também o caso de mulheres que sofrem preconceito por decidirem ter filhos mais velhas – vulgo, com mais de 30. Ora, se hoje as nossas condições de vida permitem que uma mulher de 30 anos esteja no auge de muitas coisas, como podemos dizer que essas mulheres já estejam ficando velhas demais para essa escolha? Sim. Há questões de saúde, mas a medicina tem avançado muito nessa questão, desenvolvendo alternativas para mulheres que decidem engravidar mais tarde. Há também a questão da disposição – uma mãe de 45 anos provavelmente não terá a mesma disposição que uma de 25, mas como saber se, em questões de sabedoria, uma mulher nessa idade está muito mais centrada e certa dos valores que quer passar para um outro ser? E aí o que vemos são mulheres desesperadas com a possibilidade de não estarem prontas psicologicamente para gerar outro ser, mas que ignoram esse fato em nome da pressão invisível que ainda insiste em clamar que mulher que não teve filhos, não teve real utilidade para a vida. É aquela velha história “- Você vai mesmo deixar sua mãe sem netos?”, como se devêssemos fazer uma escolha tão séria em nome de uma vontade das nossas mães – elas já tiveram as vidas delas, as chances delas, e já fez as escolhas delas. Agora é a nossa vez.

A escolha de querer ter filhos precisa vir de dentro (não só do chamado do corpo, mas também das condições da mente), e não de imposições sociais ou familiares. Assim como casar na igreja, ou morar junto, as pessoas precisam entender que a realidade de hoje é diferente, e que esses conceitos podem e devem ser revistos, para que sejam ajustados da melhor forma a realidade de cada um – hoje. Fazer as nossas escolhas em vez de ir pro caminho que o vento te leva, é a maior garantia de uma vida mais feliz e, o mais importante, com menos arrependimentos.
 

domingo, 1 de abril de 2012

Filhos como companheiros

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"Não sabemos o que podemos esperar de um filho adotivo, como não sabemos o que podemos esperar de um filho biológico, pois são seres humanos que se desenvolverão na troca com o mundo, na troca com as pessoas, que se formarão independente do nosso desejo, pois têm coisas que estão longe do nosso controle ou manipulação. O que podemos fazer é darmos o melhor de nós mesmos, sermos sinceros com o mundo a as pessoas que nos cercam, não nos comportarmos de forma contraditória com nossos discursos. Podemos eleger nossos filhos como companheiros e não alguém que vamos moldar, manipular ou fiscalizar, mas como um ser que precisa de auxílio e que podemos, antes de tudo, respeitá-lo naquilo que ele é, naquilo que ele traz, naquilo que ele faz a diferença, não lhe tirando a sensibilidade, a intuição e  a percepção".
Cintia Liana Reis de Silva em seu primeiro livro "Filhos da esperança".

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Uma jornada de compromissos

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*Por Cintia Liana Reis de Silva

Criança que cresce escutando música muita alta, que sente a luz acender em seu rosto enquanto dorme, que cresce ouvindo gritos, agressões verbais e presenciando brigas acaba achando isso muito natural. Sim, os detalhes também contam.

Criança que cresce vendo bons exemplos, sendo escultada, com seus medos validados, que é motivada a falar o que sente e que aprende a reconhecer suas sensações terá muito mais chances de ser um adulto emocionalmente sadio e maduro.


Interessante é entender que o filho repete mais o que os seus pais fazem quando acham que ninguém está observando. Criança "pega no ar" o que não é dito, ela entende olhares, se incomoda com segredos, se ressente com rejeição velada.

Lembre-se, teu filho está aprendendo a ser hoje a pessoa de amanhã, se você não romper com os padrões familiares negativos que permeiam a sua família há séculos, se não tiver sensibilidade, desapego, coragem e disponibilidade interna para enxergá-los, muito provavelmente, durante mais outros séculos seus descendentes venham a sofrer dos mesmos males.

Você não é responsável pelos que já passaram, mas se torna responsável pelos que estão vindo e pelo que você é.
Ter filhos é uma jornada de compromissos, reconhecimentos e amadurecimento.

*Cintia Liana é psicóloga e psicoterapeuta, especialista em psicologia conjugal e familiar.

domingo, 9 de outubro de 2011

Filhos de novas uniões


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Por Ana Maria Morateli da Silva Rico

família nuclear clássica como era conhecida, quer sejam, pai, mãe e filhos, está em plena transformação há algum tempo. Como fato comprovado, o número de divórcios por ano quase se iguala ao de casamentos efetuados no mesmo período. O aumento de separações por motivos vários, faz parte de uma triste realidade que causa profundo impacto nos filhos.

Apesar disso e, pelo fato de ter se tornado uma situação mais comum dentro dos lares, a criança tem maior facilidade em encontrar outra também de pais separados, favorecendo a troca de sentimentos e funcionando como suporte emocional uma da outra.

Com o tempo e após se refazerem do doloroso processo de separação, os pais começam a dar continuidade à própria vida pessoal. Muitos conhecem um novo parceiro e iniciam uma vida conjugal sólida e amorosa. Por vezes, ainda, o novo parceiro também traz seus próprios filhos da união anterior, aumentando consideravelmente a família.

Desta forma, todos os envolvidos direta ou indiretamente, terão que se rearranjar a fim de que se faça um lugar físico e emocional para todos. Não é fácil, pois há muito a se considerar. Se para um adulto é complicado, imagine para crianças de diferentes idades e fases de vida.

Primeiramente e, se possível, civilizadamente, ao perceber que se trata de uma ligação estável e duradoura e que de fato a pessoa fará parte da família, deve-se conversar com o ex-cônjuge, da melhor maneira, para que possa se tornar uma aliado e ajudar no momento de dar a notícia para a criança.

Esta atitude demonstra respeito e compreensão para com os sentimentos dela. Importante é não julgar a reação que tiver, pois é uma situação delicada e complexa, devendo dar-lhe tempo para que possa refletir e assimilar a grande novidade.

Em segundo lugar, vem a participação para o filho. Há de se ter tato, pois é difícil para ele incluir um estranho no lugar que é da mãe ou do pai. Dependendo com quem a criança vive, pode manifestar maior ou menor sentimento de rejeição, ciúme e ou raiva, pois teme deixar de ser amada por aquele que está vivendo com os filhos do novo par.

Tolerância, compreensão e amor devem ser redobrados, para a criança se reassegurar de que é amada e de que será bem recebida na nova família. Mas, em nenhum momento, abrir mão da imposição dos limites para não se perder de vista as regras familiares e sociais, que devem nortear a educação infantil.

Ana Maria Morateli da Silva Rico
Psicóloga Clínica



Postado Por Cintia Liana

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Filhos são do mundo

Foto: Google Imagens

Por José Saramago

Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até de nossas ordens. A partir de certa idade, só valem conselhos.

Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.

Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.

Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e emocionalmente.

E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!

Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo para os fllhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo. O problema é que meu coração já é deles.
Santo anjo do Senhor...

É a mais concreta realidade. Só resta a nós, mães e pais, rezar e aproveitar todos os momentos possíveis ao lado das nossas 'crias', que mesmo sendo 'emprestadas' são a maior parte de nós !!!

"A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver "
José Saramago


Postado Por Cintia Liana

domingo, 5 de dezembro de 2010

Filhos de presos sofrem com a negligência e preconceito

Foto: Google Imagens

29/11/2010
Por Felipe Maeda Camargo

Filhos de pai ou mãe presos passam por problemas como preconceito e abandono nos abrigos do município de São Paulo. Tal situação foi observada pela professora Maria José Abrão em sua pesquisa pela Faculdade de Educação (FE) da USP. O abrigo é um lugar que oferece proteção, uma alternativa de moradia para crianças que foram afastadas dos pais por diversos motivos, como violência doméstica, abandono e prisão do responsável.

Pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o abrigo é considerado provisório e excepcional, utilizável como forma de transição para posterior colocação das crianças e adolescentes em família substituta. No entanto, Maria conta o caso de um jovem de 14 anos que relatou estar no abrigo desde que nasceu. Seus pais foram presos há 14 anos e, desde então, ele e seu irmão, hoje com 17 anos, ficaram em regime de abrigo.

“O jovem deveria ser reinserido na família com algum parente, isso é feito por intermédio de um trabalho com os familiares. Pela lei, a criança não deveria permanecer por tanto tempo no abrigo. Esta não pode ser uma solução para a criança, mas uma medida paliativa e de urgência”, comenta a professora.

Esse mesmo adolescente também relatou situações de preconceito na escola. Colegas faziam brincadeiras por ele ser filho de presos e até os professores o tratavam diferentemente. Segundo Maria, o exemplo do garoto não é exclusivo. Outras crianças e adolescentes que vivem em abrigos sofrem com diferentes tipos de preconceito. Ao visitar alguns abrigos, a professora percebeu que seus dirigentes e funcionários temiam comentar sobre as crianças filhas de pais encarcerados.

“As crianças acabam sendo penalizadas e estigmatizadas pelo crime do pai ou da mãe”, critica a professora, que aponta dificuldades que elas sofrem também para serem adotadas por causa do preconceito. Mas, ela relata um caso particular de quatro irmãos que tiveram a mãe presa. Um deles será adotado por uma família estrangeira; para que o processo de adaptação ocorra bem, o abrigo em que ele mora trabalha para que ele perca aos poucos a memória de sua mãe. Porém, Maria diz que a criança ainda tem um laço afetivo grande com sua mãe. Ela acredita que essa situação é complexa e pensa que prejudicará a criança.

Restrições

Segundo o ECA, os abrigos precisam preservar os vínculos familiares das crianças e não podem privá-las de liberdade, diferentemente neste aspecto de um internato. Apesar disso, Maria verificou restrições nos abrigos. Neles, não permitem que as crianças façam atividades escolares fora da escola ou do abrigo, além de não poderem visitar amigos fora desses locais.

Além disso, as crianças e adolescentes que conversaram com a professora disseram que não tinham contato com os pais. Somente em um dos abrigos visitados o dirigente admitiu que uma vez levou as crianças para visitarem seus pais na prisão, mas ele disse que a experiência não deu certo. “A criança não escolhe se quer visitar os pais , o adulto decide o que ela faz. Os abrigos estão mais preocupados com a questão de presos dos responsáveis pela criança do que as condições deles como pais”, afirma Maria.

Todos os relatos dos jovens que a professora obteve vieram de um abrigo que ela consultou para um trabalho de disciplina de sua pós-graduação na FE. Já em sua pesquisa, que fez parte de sua dissertação de mestrado pela FE, sob orientação do professor Roberto da Silva, nenhum abrigo permitiu que ela se aproximasse das crianças. De 20 abrigos consultados, somente sete permitiram que ela visitasse o local, com os dados vindos somente por via dos dirigentes.

Maria vê pouca preocupação com o a situação dos abrigos e do cuidado destinado aos filhos de presidiários pelas autoridades e comenta que há poucos trabalhos acadêmicos sobre o assunto. “As crianças filhas de pais presos são invisíveis, socialmente falando: pouco se sabe o que elas pensam, quem são, quantas são e onde estão. É urgente pensar políticas públicas para esse grupo a fim de garantir o direito à convivência familiar e comunitária como preconiza a lei.”



Postado Por Cintia Liana

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A comunicação com seu filho

Foto: Luz Art. Google Imagens.

Pais de filhos pré-históricos: como se comunicar

Você Tarzan: Eu, Mamãe!
O primeiro passo é pensar em você como um embaixador do século 21 ajudando uma criatura Neanderthal. Seu convidado não entende seus costumes nem fala sua língua, mas veio para ficar até o ano que vem.

O objetivo de um embaixador é promover a harmonia e evitar conflito. Ele se vale de respeito, bondade e negociação. Não é dominador nem tem medo de ter controle da situação. E às vezes precisa ser firme. Claro que seu trabalho como embaixador fica muito mais fácil depois que seu convidado aprende a sua língua.
Legitimando o sentimento da criança pequena[/rd]
É importante legitimar o que a criança está sentindo ANTES de dizer a sua opinião a respeito. Muitas vezes os pais cometem os seguintes erros, interrompendo a criança que chora:

- Racionalizar: "Viu? Não tem monstro nenhum debaixo da cama".
- Minimizar o sentimento: "Ah, que nada, nem foi tão forte assim. Nem doeu!"
- Distrair: "Vamos lá ver aquele livro!"
- Ignorar: Simplesmente virar as costas e deixar a criança chorando.
- Perguntar: "Mas ele bateu em você? Quem começou?"
- Ameaçar: "Se não se comportar, vai ficar de castigo".
- Reafirmar: "Não chore, tudo bem. Mamãe está aqui".

Tais respostas têm a sua hora e lugar, mas só quando for a SUA vez de falar ! É preciso PRIMEIRO legitimar o sentimento da criança angustiada."

Por que minhas táticas falham?

Porque você tem uma falha na comunicação com o seu filho. Mesmo lógica, distração e carinhos freqüentemente são ineficazes para acalmar um pequeno primitivo IRADO, na hora da birra. Por quê?

- Seu filho não consegue realmente "escutar" você: todos nós temos dificuldade em enxergar (e ouvir) as coisas como elas são quando estamos nervosos. Isso é especialmente válido para crianças pequenas, com seus cérebros pré-históricos que não aprimoraram a linguagem ainda.

- Seu filho não sabe usar a lógica: Racionalizar requer uso do lado esquerdo do cérebro, ainda muito desorganizado em crianças menores de 4 anos.

- Seu filho está focado no que ELE quer, não no que você quer: Você consegue imaginar uma criança pequena dizendo "você está tão certa, Mamãe. Como eu nunca tinha pensado nisso antes?" Não espere que seu amiguinho pré-histórico raciocine e ceda quando está atacado (já é difícil quando ele está calmo e feliz!).

- Seu filho pensa que você não o entendeu: Como pode seu filho gritar com você 25 vezes e ainda assim achar que você não o entendeu ? Porque você não o respondeu na língua dele!".

Organização e compilação: Andréa Goulart


Postado por Cintia Liana

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os 4 Estágios Evolucionários da Criança Pequena

Foto: Erin Patrice O'Brien

Podemos traçar um paralelo entre a evolução de uma criança de 18 meses até 4 anos e os 5 milhões de anos de evolução dos humanos.

As 4 fases são distintas, mas se sobrepõem:
- "O Chimpanzé Charmoso"(12 a 18 meses) - consegue se mover só com os pés e usa as mãos livres para segurar tudo o que alcança. Chimpanzés selvagens conseguem comunicar 20-30 palavras usando sinais e gestos. Parece familiar?

- "O Neanderthal" (18 a 24 meses) - Consegue usar uma colher, beber num copo sem espirrar e jogar uma bola. É ambidestro e bagunceiro, mas seu equilíbrio é bem melhor que o dos chimpanzés, assim como sua habilidade em torcer, futucar e separar objetos em pequenos pedaços. Mas o progresso tem preço. Com as novas habilidades, aparece também um problema de atitude. Os Neanderthais não viviam com medo dos animais ferozes, porque podiam se defender com pedras e paus (usados como armas). Isso os fez muito confiantes, egocêntricos e brigões. Não é à toa que o termo "terrible twos" aplica-se a esta idade. O período entre 18 meses e o segundo aniversário é provavelmente quando a criança é mais inflexível, cheia de razão e pouco disposta a ceder.

- A Criança das Cavernas (24-36 meses): Os homens das cavernas tentavam fazer amizades e criar alianças, entraram no mundo de linguagem um pouco mais complexa, com instrumentos mais evoluídos e aprenderam a arte de fazer trocas. Um sinal de que a criança já consegue planejar é quando ela é capaz de fazer desenhos circulares no papel. A capacidade de prestar mais atenção e o interesse em fazer amigos aumenta a habilidade do seu filho em esperar a vez dele e ser paciente. Mas, quando frustrado pelas novas experiências, sua criaturinha pouco civilizada ainda vai usar de respostas primitivas, como bater ou morder.

- O Morador de Cidades (36 a 48 meses) - Por volta do terceiro aniversário, seu filho chega perto do nível de evolução dos moradores das primeiras cidades (60 mil anos atrás). Eles inventaram regras de educação, aprenderam regras sociais e adquiriram uma linguagem sofisticada, que possibilitava formar comparações, cantar músicas longas, dançar e contar estórias. Nesta idade a criança já consegue fazer comparações como "o avestruz é como um pássaro-girafa" ou "eu não sou um bebê, sou grande". Como um morador de uma vila primitiva, a criança nesta idade abraça a magia livremente, como uma forma de explicar o inexplicável. E, como os antigos habitantes das primeiras vilas, ela também carece de habilidade neurológica para colocar suas palavras em forma escrita.

Com a excitante descoberta de que ela é maior que um bebê, chega a enervante realidade de que, comparada com todo o resto do mundo, ela é pequena e vulnerável. Não é surpresa que crianças de 3 anos sejam fascinadas por estórias e jogos onde ela é grande e forte, principalmente se ela for o grande monstro!"

Uma vez que você vê seu filho sob a luz da escala evolucionária, suas frustrações e combates diários passam a fazer mais sentido. As birras, os gritos, o visível desprezo por seus pedidos e o desejo de arremessar pedras nos seus gatos - a falta de civilidade do seu filho - fazem todo o sentido (talvez até explique o porquê de criancinhas adorarem Barney e dinossauros de brinquedo!).

Lembre-se de que você conhece o seu filho melhor do que qualquer autor de livro. Essas categorias de idade são apenas uma idéia. Cada criança tem seu tempo e atinge suas fases em épocas diferentes."


Organização e compilação: Andréa Goulart

Postado por Cintia Liana

domingo, 8 de agosto de 2010

Como elogiar os filhos


Foto: Getty Images

"1. Use elogios grandes e também pequenos. Dizer sempre "você é a melhor garota do mundo" é demais.

2. Elogie a ação e não a criança: evite dizer sempre "Fulano é um ótimo ajudante", porque no minuto seguinte ele pode recusar-se a ajudar, mas "o Fulano limpou a água que ele derramou no chão e foi uma grande ajuda".

3. Não estrague o elogio, como "Parabéns, comeu tudo... mas por que demorou tanto?" Elogio é como alimento, não ofereça e depois retire da boca da criança na hora em que ela começa a apreciar.

* 12-24 meses: acham-se o centro do universo. Gostam de aplauso, elogios entusiásticos. Use palavras curtas, num tom de voz alegre.

* 2-3 anos: gostam de aplauso, mas se receberem o tempo todo, passam a considerar uma obrigação dos pais. Observe a criança, sorria enquanto ela faz algo positivo "Hummm... eu gosto disso".

* 3-4 anos: são interessados nas respostas e sentimentos dos pais. Adoram ouvir "obrigada por me ajudar a carregar aquela caixa pesada. Ajudou muito." Gostam de comparações "você fez isso super rápido, rápido como um tigre".


Elogios Sem Palavras

"12 maneiras de demonstrar que a criança é apreciada, sem dizer nada:

* preste atenção nela - com interesse

* sorria

* balance a cabeça afirmativamente

* abrace-a

* faça um cafuné

* faça um carinho no ombro dela

* levante as sobrancelhas como numa surpresa boa

* faça o sinal de positivo com o dedão

* diga "hummm" e "uau !"

* dê uma piscadinha

* aperte a mão dela ou "high-five"

* coloque os desenhos dela na parede."


Organização e compilação: Andréa Goulart


Postado por Cintia Liana

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mãe da Barriga, Mãe do Coração

Foto: Facebook

E-mail de uma mãe:

"Vc abriu o seu coração e agora vou abrir o meu.
Eu só entendi a maternidade depois que fui mãe. E fui mãe das duas formas.

Me perguntaram um dia desses se era a mesma coisa, um filho biológico de um adotivo. Eu dei a resposta padrão: “é claro”. Mas claro que não é. O processo da adoção trás emoções que nenhuma gravidez traria. Conhecer a criança, ir buscar, o primeiro dia, este amor, a biologia não explica.

A gravidez também traz emoções que a adoção não traz. O “se sentir normal”, ter um filho com a cara do marido, saber que você espera 9 meses e não tem fila, o mexer na barriga. Mas é só. A partir do momento que a criança chega nos braços fica tudo igual.

Quando leozinho veio para meus braços pela primeira vez foi tão emocionante quanto quando Isabelle veio pra meus braços. E a partir daí, eu sou mãe, sou responsável por aquela criatura, não importa de onde ela veio.

C., quando leio mensagens como a sua, eu me pergunto se estou agindo certo com o meu filho. Não sei se você sabe, tenho 2 filhos. O mais velho, Leozinho, adotivo, de quase 3 anos e a mais nova Isabelle, biológica de 3 meses. Não quero nunca que ele pense que não o amo de verdade, ou que amo mais a irmã. Comecei a refletir nestas coisas depois que uma amiga descobriu que era filha adotiva. Ela ficou tão revoltada, e eu não conseguia entender o motivo, porque ela era tão amada que nunca desconfiou e levou um susto quando soube. Mas só você e ela sabem dizer o que se passa dentro de vocês.

Não acredito em “o sangue fala”, se não pessoas boas não gerariam filhos bandidos, não acredito em “índole do pai bandido”, porque eu acredito que o amor e a educação mudam qualquer pessoa. Eu só quero é que meu filho nunca na vida dele duvide do meu amor por ele.

Quantas vezes chorei sozinha depois que disciplinei Leozinho? Quantas vezes achei que fui dura demais, ou orei pra Deus curar ele de alguma febre? E pedi a Deus pra ficar doente no lugar dele?

Eu me preocupo não porque espero qualquer tipo de gratidão, jamais, mas porque quero que ele curta a vida dele, com a cabeça sempre erguida, porque ele é um menino maravilhoso, carinhoso e vai ser um homem maravilhoso, eu tenho certeza. Não quero que ele fique sofrendo com algo que não é verdade. Eu o amo demais.

Então, se vc puder falar mais sobre este seu sentimento, vai me ajudar muito.

Só pra encerrar, depois de ter passado por uma gravidez recente, sabe qual é a única coisa que eu senti falta por não ter parido Leozinho? Senti falta dos 13 meses que meu filho esteve longe de mim (9 de gestação da biológica + 4 de nascido) que eu não sei como o trataram, se o alimentaram, se ele precisou de mim e eu não estive lá. Foi a única coisa que dei falta na minha “gestação” dele."

Bia

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"Eu sentia um chamado, sabia que ele me aguardava. A busca por meu filho foi além de tentativas de engravidar. Foi na adoção que o encontrei. E esta certeza incontestável, inclusive juridicamente, de que ele é meu filho, filho da minha alma, do meu coração, foi o que me inpulsionou a prosseguir na busca. Só mesmo o amor de uma mãe e de seu filho pode explicar os laços que os unem."

Bia Maia

Blog de Bia:
http://maedabarrigamaedocoracao.blogspot.com/

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O e-mail acima foi um dos mais lindos que já li.

Observação: O e-mail foi cedido por Bia, a autora, amiga e companheira de adoção.
Disse que eu poderia preservar os nomes dela e dos filhos e que poderia postar fotos deles. Neste post não usei fotos da família dela.

Obrigada sempre Bia, pelo carinho, confiança, amizade e parabéns pela linda mãe que você é, e teve o presente de o ser das duas formas.

Por Cintia Liana

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Filhos Adotivos, Pais Verdadeiros

Foto: Google Imagens

Mais um ótimo texto que compartilho com vocês!

Um abraço a todos.


Nair de Oliveira Pontes [1]
Revista Viver – Janeiro/2001

É possível observar, na dinâmica de alguns casais com seus filhos adotivos, alguns comportamentos repetitivos. Tais comportamentos referem-se aos sistemas emocionais provenientes das famílias de origem de ambos os cônjuges e funcionam como modelos na criação dos filhos adotivos. Embora muitos rejeitem a maneira como foram criados pelos próprios pais, acabam repetindo esses padrões.

Então, vemos se frustrar uma das expectativas que carregam muitos dos casais que resolvem adotar uma criança. Alguns deles poderiam ter tido os próprios filhos, mas vislumbram na adoção a possibilidade de rompimento de padrões trazidos das famílias de origem e que são tidos como se já estivessem no “sangue” da família.

Ao longo do ciclo vital, os jovens pais tendem a reproduzir com seus filhos modelos de comportamento dos próprios pais, podendo trazer antigos conflitos para as relações presentes.
Num artigo publicado na revista Science, de 5/11/1999, sobre um estudo feito por pesquisadores canadenses da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, a respeito do relacionamento entre pais e filhos, afirma-se que “o amor da mãe não é algo que já se nasça sabendo;é algo que se aprende pelo exemplo e que passa de geração em geração não porque está escrito no material genético dos seres vivos, mas sim pela experiência.
O estudo dos pesquisadores canadenses salienta, portanto, que o que mais influencia o comportamento do ser humano não são as características genéticas herdadas, pois o genes nada tem a ver com tal situação, mas sim a relação do indivíduo com o meio ambiente e com a cultura. O núcleo da aprendizagem, do condicionamento, da experiência emocional, da vivência dos desejos e das expectativas diante da realidade, todos esses contextos, tanto social, emocional, quanto econômico, influenciam a qualidade do relacionamento entre pais e filhos e podem mostrar continuidade através das gerações, mesmo com os filhos adotivos.
A pesquisa feita pelos canadenses corrobora os estudos de Elisabeth Banditer, nos quais ela afirma: “O amor materno não constitui um sentimento inerente à condição de mulher, ele não é um determinismo, mas algo que se adquire”. Para a autora, os sentimentos humanos da mãe variam de acordo com suas ambições ou frustrações, com a cultura e as flutuações socioeconômicas da história. O amor materno pode existir ou não, aparecer e desaparecer, se forte ou ser frágil, ter preferência por determinado filho ou não. Ele “é apenas um sentimento humano como outro qualquer e, como tal, incerto, frágil e imperfeito”, acrescenta Banditer.
O mundo da paternidade está cheio de fantasias. Cada casal cria mitos, como, por exemplo, o de ser pais perfeitos e ter uma família feliz. E essa mitologia agrava-se ao entrar em contato com um sistema de percepções muitas vezes sufocado pela ansiedade, por sentimentos de culpa e pela rejeição (rejeição de si mesmo como filhos e o desejo de ter tido outros pais, outra família). Ou seja: as percepções acabam germinando a fantasia de pais ideais, determinante que busca sua expressão num modelo de amor irrestrito, inacabado, infinito. São os pais por excelência, os pais que tudo sabem, donos da verdade, do afeto dos filhos e do futuro deles. São os pais que dizem: “Eu sei o que é melhor para você”.
Hoje há uma excessiva preocupação com o relacionamento e com o que se deve fazer para garantir o bom desenvolvimento emocional nas relações entre pais e filhos. Muitas vezes, essa atitude embota a espontaneidade, a intuição, a criatividade e o bom senso dos envolvidos no sistema relacional.
Acreditamos que ser desejado é o primeiro anseio a ser realizado no universo afetivo do ser humano. Toda criança quer ser desejada. Quem não quer ser amado? É de se esperar que a criança necessite de demonstração de amor. Partindo desse pressuposto – o desejo de ser acariciada e tocada com amor -, ela, provavelmente, não quer ser cuidada de forma mecânica e automatizada. Só que, por não ter o domínio da linguagem, não consegue expressar em palavras essa insatisfação. Estamos falando de um período emocional, um período de impressões marcantes, aquele que Freud chama de período de molde, que se dá na primeira infância. Ou seja, tudo o que a criança vivencia nos primeiros anos de vida será tão marcante que poderá influenciá-la por toda a existência, pois já estará impresso no modelo recebido. Esse cenário da infância nos deixa numerosas lições afetivas e precisamos contar com elas, sejam positivas ou negativas.
Cabe dizer, também, que o fato de ser filho, independentemente de ser ou não biológico, não garante necessariamente que a criança seja bem-vinda, pois tudo dependerá do que essa relação e do que a criança poderá despertar nos pais. É preciso saber de que maneira esses pais aprenderam a amar no contato com os próprios pais. Elizabeth Banditer comenta que o discurso psicanalítico contribui muito para tornar a mãe o personagem central da família, embora a psicanálise jamais tenha afirmado ser a mãe a única responsável pelo inconsciente do filho. A autora explica: “Para que uma mulher possa ser a “boa mãe”, é preferível que ela tenha experimentado, em sua infância, uma evolução sexual e psicológica satisfatória, junto de uma mãe também relativamente equilibrada. Mas, se uma mulher foi educada por uma mãe perturbada, há grande probabilidade de que sinta dificuldade em assumir a sua feminilidade e maternidade. Quando for mãe, reproduzirá, diz-se, as atitudes inadequadas que foram as da sua própria mãe.”
Como nossos pais – Nossa sociedade valoriza autonomia, individualidade e independência. Mas por que umas pessoas conseguem desenvolver essas características e outras não? Muitos dos nossos comportamentos resultam do que aprendemos com os modelos que vemos. Nosso primeiro modelo é a mãe, ou a figura substituta; depois vem a família e por fim a sociedade. O modelo da primeira infância, considerado importante e marcante, acaba sendo reproduzido de modo tanto positivo quanto negativo. Quando positivo, poderá favorecer o indivíduo a obter autonomia, individualidade, identidade e independência. Mas, quando negativo, a pessoa terá dificuldades de se adaptar à sociedade. Isso não significa, no entanto, que seja impossível ultrapassar os obstáculos. Nesse caso, é necessário que ela se conscientize das próprias atitudes e perceba os comportamentos repetitivos inadequados, que prejudicam seus relacionamentos.
A partir do momento em que o casal começa a perceber suas dificuldades em se organizar diante da educação recebida de seus ancestrais, vêm à tona conflitos nascidos das percepções de cada um deles. Uma das tarefas do terapeuta tem como objetivo perceber e compreender como eles podem se tornar verdadeiros pais buscando cada um deles um modelo adequado a suas necessidades, isto é, sem dar continuidade ao modelo rígido recebido dos pais verdadeiros, muitas vezes, sentidos como adotivos. Só assim os filhos, mesmo os adotivos, poderão sentir-se verdadeiros e autênticos com os pais.
O trabalho do terapeuta com os casais é mostrar quais são os padrões recorrentes, por meio das lembranças e memórias vivenciais e emocionais acionadas durante o processo terapêutico. E, assim, trabalhar a história pessoal de cada um, levando-os a perceber seus papéis e funções nesse contexto, como forma de diferenciarem-se não só entre eles, mas também de diferenciar em seu ego do de seus pais.

[1] Nair de Oliveira Pontes é psicóloga clínica e psicoterapeuta de família e de grupos.
Por Cintia Liana

domingo, 8 de novembro de 2009

"Filho é pra quem pode!" .

Por MÔNICA MONTONE

"Eu, não posso! Apesar de ser biologicamente saudável.

Não posso porque desconheço o poço sem fundo das minhas vontades, porque às vezes sou meio dona da verdade e porque não acredito que um filho há de me resgatar daquilo que não entendo ou aceito em mim.

Acredito que a convivência é um exercício que nos eleva e nos torna melhores, mas, esperar que um filho reflita a imagem que sonhamos ter é no mínimo crueldade.
Não há garantias de amor eterno e o olhar de um filho não é um vestido de seda azul ou um terno com corte ideal. Gerar um fruto com o único intuito de ser perfumada por ele no futuro é praticamente assinar uma sentença de sal.
Filhos não são pílulas contra a monotonia, pílulas da salvação de uma vida vazia e sem sentido, pílula “trago seu marido de volta em 9 meses”.
Penso que antes de cogitar a hipótese de engravidar, toda mulher deveria se perguntar: eu sou capaz de aceitar que apesar de dar a luz a um ser ele não será um pedaço de mim e portanto não deverá ser igual a mim? Eu sou capaz de me fazer feliz sem que alguém esteja ao meu lado? Eu sou capaz de abrir mão de determinadas coisas em minha vida sem depois cobrar? Eu sou capaz de dizer “não”? Eu quero, mesmo, ter um filho, ou simplesmente aprendi que é para isso que nascemos: para constituir uma família?
Muitas das pessoas que conheço estão neurotizadas por conta de suas relações com as mães. Em geral, são mães carentes que exigem afeto e demonstração de amor integral para se sentirem bem e, quando não recebem, martirizam os filhos com chantagens, críticas e cobranças.
As mães podem ser um céu de brigadeiro ou um inferno de sal. Elas podem adoçar a vida dos filhos ou transformar essas vidas numa batalha diária cheia de lágrimas, culpas e opressões.
Eu, por exemplo, não consigo ser um céu de brigadeiro nem para mim mesma, quiçá para uma pessoinha que vai me tirar o juízo madrugadas adentro e, honestamente, acho injusto colocar uma criança no mundo já com essa missão no lombo: fazer a mamãe crescer.
Dar a luz a um bebê é fácil, difícil é ser mãe da própria vida e iluminar as próprias escuridões."

Texto de uma grande e querida amiga, que é poeta e escritora.
Vocês podem ler esse e outros tantos textos no blog da autora.
Por Cintia Liana

sábado, 7 de novembro de 2009

O que é adoção

[Disponível em : http://www.youtube.com/watch?v=lSwIBBr1Ueg]

Adoção é o processo de acolher, afetiva e legalmente, uma criança ou adolescente que seja percebido e sentido como verdadeiro um filho. O filho adotado, gerado por outra pessoa, passa a ocupar no universo afetivo e familiar do adotante o lugar de filho legítimo.

Adotar não é um gesto de caridade - apesar de fazer bem a todos os envolvidos nela - quem o faz é por desejo de ser pai e mãe, por vontade de se ter um filho. O amor que existe e experimentado entre as pessoas envolvidas na adoção é igual àquele sentido por parentes consanguíneos, mas ainda podemos acrescentar na relação de adoção alguns requintes de consciência, pois os pais adotivos, quando têm seus filhos, vão em busca deles com consciência de que os querem e não se trata de "um golpe do destino", de uma gravidez indesejada. É a busca por seu filho tão desejado.

Todo vínculo de amor é conquistado pela convivência e pelo respeito e não pela herança genética.

Schettini (1998) diz que “a adoção afetiva é a verdadeira relação parental. Não existem filhos, verdadeiramente filhos, que não sejam adotivos”. Até um filho biológico precisa ser adotado pelos pais para tornar-se verdadeiro filho.

“Todos os filhos são biológicos e todos os filhos são adotivos. Biológicos, porque essa é a única maneira de existirmos concreta e objetivamente; adotivos, porque é a única forma de sermos verdadeiramente filhos”. (FILHO apud NASCIMENTO et al, 2006)

A criança que tem pais falecidos, desaparecidos, desinteressados das funções e responsabilidades parentais, inaptos a assegurar seus direitos e que perdeu o poder familiar decretado em forma de processo regular pelo Juiz, é inserida na família substituta de maneira definitiva e legítima, assume os mesmos direitos de um filho biológico. A adoção cria um elo irrevogável parental civil e imutável entre as partes envolvidas. A certidão de nascimento é substituída por outra, com uma nova relação de filiação que proporcionará ao adotado gozar de idênticos direitos que possuam os eventuais filhos biológicos do adotante.

Por Cintia Liana

Referência:

NASCIMENTO, Roberta et al. O processo de Adoção no Ciclo Vital. Disponível em: . Acesso em 17 de fevereiro de 2007.

SCHETTINI, Luiz. Compreendendo o filho adotivo. 3. Ed. Recife: Edições Bagaço, 1998.