"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Marcos do desenvolvimento: Separação e independência

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Separação e independência

Quando será que seu filho vai entender onde você termina e ele começa? Ao nascer, a criança acha que é parte de você e não se enxerga como um ser único (eles nem se dão conta que as mãozinhas e pézinhos que vêem são os seus).

Com o desenvolvimento mental, físico e emocional, o bebê vai começar a perceber que tem seu próprio corpo, pensamentos e sentimentos e aí vai cada vez mais querer fazer as coisas do seu jeito.

Quando acontece

A individualidade leva anos para se formar. Depois de acreditar que é a mesma coisa que a mãe, por volta dos 6 meses a criança não só passa a ver a diferença como também entende que pode ser deixada sozinha. É nessa fase que se inicia um medo de abandono conhecido como ansiedade de separação, algo que pode durar até os 2 anos.

Com o passar do tempo e ao se tornar mais sociável e confiante de que você volta mesmo depois de deixá-lo na creche ou sob os cuidados de outra pessoa, o bebê vai conseguir superar seus temores e começar a formar sua própria identidade. Depois do primeiro aniversário, você vai ver que a conquista da independência pode até virar um problema e a raiz de muitos desaforos.

Como acontece

De 1 a 6 meses
Com menos de 6 meses, as crianças se identificam totalmente com as pessoas que tomam conta delas. Além disso, basicamente pensam em suas necessidades básicas: comida, amor e atenção. Nos primeiros 3 meses, identidade própria está fora de cogitação para seu filho, que se concentra em ter controle de movimentos simples e reflexos. Você poderá notar os primeiros sinais de independência aos 4 meses, quando o bebê descobre que chorar chama atenção. Esse é um dos primeiros passos para a criança aprender que tem vontade própria e que seu comportamento provoca reação nas outras pessoas.

De 7 meses a 1 ano
Por volta dos 7 meses, seu filho vai compreender que é independente de você. Esse é um importante salto cognitivo, mas, infelizmente, vai deixar o bebê ansioso. O elo com você já ficou tão forte que uma mera saída de vista por um segundo fará o bebê se debulhar em lágrimas. A criança ainda não entende que você vai e volta. E não pense que sair de fininho ao deixar seu filho na escola ou com uma babá vai ajudar. Na verdade, isso pode assustar o bebê ainda mais. Por mais duro que seja, na hora de ir embora, se despeça cara a cara.

Uma famosa pesquisa britânica mostrou como os bebês não fazem idéia da própria existência. Bebês com menos de 1 ano foram colocados diante de espelhos para ver se entendiam que o reflexo na frente era o deles. Isso não ocorreu. As crianças tocaram a imagem como se estivessem vendo outro bebê. Em seguida, os cientistas puseram ruge vermelho no nariz de cada uma e voltaram a apresentar os espelhos. Em vez de tocar o próprio nariz, os bebês voltaram a tentar "pegar" o visto no reflexo.

De 1 a 2 anos
O bebê se diferencia melhor de você e do mundo à sua volta. No mesmo estudo mencionado acima, os pesquisadores pintaram o nariz de crianças de cerca de 1 ano. Ao olhar no espelho, elas tocaram o próprio nariz, indicando entender que a imagem era somente um reflexo delas mesmas.

Aos 2 anos, seu filho poderá ainda ficar chateado ao ser deixado na escolinha ou com uma babá, mas isso vai passar muito mais rápido, já que ele tem maior segurança. Experiência e a crescente habilidade da memória ensinaram que você volta depois de algum tempo. A confiança em você é maior, alimentada por mostras contínuas de amor e cuidados. Essa confiança é que vai possibilitar que a criança se aventure por novidades por conta própria. Quais são os sinais de independência nessa fase? Pode ser a insistência em vestir aquele agasalho todo puído que você tenta dar há tempos, pode ser a boca pronta só para um tipo de comida ou pode ser a vontade de escalar até a cadeirinha do carro sozinho.

De 2 anos e 1 mês a 3 anos
Entre 2 e 3 anos, a vontade de ser independente fica cada vez maior. Seu filho vai andar a uma distância maior em relação a você e continuará a testar limites. Prepare-se para ouvir o refrão "deixa eu" muitas e muitas vezes.

O que vem pela frente

A passagem para essa fase tende a trazer mais independência e consciência de si mesmo. A cada ano você vai constatar que seu filho quer fazer mais coisas sem ajuda. Entre as novidades à frente estão a vontade de escolher como quer a comida, as amizades e a transição para a escola (para as crianças que ainda não frequentam).

O que você pode fazer

Para que seu filho tenha vontade de explorar o mundo, é preciso que um forte vínculo esteja estabelecido com você. Uma criança que tem amor e cuidados constantes adquire a confiança necessária para se soltar. Esse forte elo tem que ser construído desde o nascimento. Pequenos gestos, como responder imediatamente ao choro do bebê, alimentação quando ele está com fome, troca de fraldas molhadas ou sujas e muita conversa e sorrisos, ajudam a formar o laço entre pais e filhos.

Outra coisa importante é que sua casa seja um ambiente seguro para seu filho. Bebês e crianças pequenas têm que testar limites e explorar o mundo a seu redor para desenvolver a independência. Em vez de ficar falando mil vezes "não", coloque objetos perigosos ou frágeis fora do alcance. Isso evita frustração e permite que a criança vá de um lado para o outro em segurança.

O fato de que seu filho está mais independente não quer dizer que precise menos do seu carinho. Embora menos apegadas, as crianças continuam querendo atenção constante dos pais. Estimule os momentos de descoberta, mas fique de braços abertos quando seu filho voltar correndo para se assegurar da sua presença. Esse tipo de conforto dos pais ainda será necessário por muito tempo.

Quando se preocupar

A ansiedade de separação é normal para bebês de entre 10 meses e 1 ano e meio, mas não deixe de conversar com seu *pediatra se essa ansiedade se tornar tão forte que a criança não consegue fazer nada sem você por perto ou se ela continua inconsolável muito tempo depois que você saiu.



*Observação: Com o pediatra não, com um psicólogo, especialista em desenvolvimento infantil ou em família. Essa é a área do psicólogo e não do pediatra.

segunda-feira, 26 de março de 2012

A dor na separação dos pais

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Por Cintia Liana Reis de Silva*

Os “adultos” precisam entender uma coisa. Quando eles se separam o filho não sofre pelo rompimento do sub sistema familiar “casal”, não importa se eles continuarão se beijando ou não. O filho sofre pelo fato de que terá que abdicar da presença de um dos dois em casa, sobretudo se esse um for uma figura muito importante e sã em sua vida.

Não adianta, o filho pequeno não entenderá a dimensão dos fatos, não adianta muito conversar, explicar, colocar para fazer terapia... Ele não terá maturidade para entender que não está sendo abandonado, ele se sentirá abandonado de qualquer modo, a situação gera insegurança, vazio e medo. Os pais é que devem fazer terapia para serem orientados em como fortalecer a criança, entender o seu mundo e minimizar seu sofrimento.

Ninguém o está abandonando, mas ele sentirá a dor do abandono e da distância mesmo assim. O pai pode visitá-lo todos os dias, mas para ele não bastará. Pode falar, mas ele continuará sentindo a dor da separação e da mudança do cotidiano familiar.

Por isso, antes de ter um filho, se deve escolher bem o parceiro, porque a criança carregará a dor da separação até adulto, mesmo que ela negue. Quando tiver humildade e maturidade terá a percepção de que precisa trabalhar esta lacuna e irá em busca de orientação profissional, fará terapia para curar essa péssima sensação que o acompanhou por tantos anos. Essa separação certamente fez desenvolver uma auto estima mais baixa, por ter achado que não foi suficientemente amada, que não era boa o bastante, o que gerará alguns outros problemas de socialização.

Têm pessoas que crescem afirmando que a separação dos pais não lhes causou nada, pois têm sucesso, não têm “problemas”, mas é preciso sinceridade e humildade para se entender que nossa realidade interna é desconhecida mesmo, que precisamos mergulhar na hipótese da existência de uma angústia e de existirem muitos reflexos advindos da separação de um dos pais.

O abandono é muito dolorido, é cruel, é monstruoso, pode acabar com as esperanças de futuro de uma criança e, por tanta dor, muitas vezes as pessoas acham melhor não vê-lo.

Imaginem então o que sente uma criança que foi de fato abandonada! A dor existe, não adianta negar, ser abandonado é horrível, mas não faz de ninguém inferior. Se essa dor for trabalhada acertivamente, falada, chorada, será é uma vitória e a conquista da liberdade.

Muito provavelmente, esses filhos de pais separados, mais tarde desejarão se casar e não se separar, mas não somente por não querer sentir a dor de mais uma separação, e sim para não fazer com que seus filhos sofram como eles sofreram um dia.

*Cintia Liana Reis de Silva é psicóloga e psicoterapeuta, especialista em casal e família. Atendeu dezenas de casos de crianças que sofriam no momento da separação dos genitores e apresentavam quadro psicossomático de pneumonia.

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Artigo científico:

domingo, 9 de outubro de 2011

Filhos de novas uniões


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Por Ana Maria Morateli da Silva Rico

família nuclear clássica como era conhecida, quer sejam, pai, mãe e filhos, está em plena transformação há algum tempo. Como fato comprovado, o número de divórcios por ano quase se iguala ao de casamentos efetuados no mesmo período. O aumento de separações por motivos vários, faz parte de uma triste realidade que causa profundo impacto nos filhos.

Apesar disso e, pelo fato de ter se tornado uma situação mais comum dentro dos lares, a criança tem maior facilidade em encontrar outra também de pais separados, favorecendo a troca de sentimentos e funcionando como suporte emocional uma da outra.

Com o tempo e após se refazerem do doloroso processo de separação, os pais começam a dar continuidade à própria vida pessoal. Muitos conhecem um novo parceiro e iniciam uma vida conjugal sólida e amorosa. Por vezes, ainda, o novo parceiro também traz seus próprios filhos da união anterior, aumentando consideravelmente a família.

Desta forma, todos os envolvidos direta ou indiretamente, terão que se rearranjar a fim de que se faça um lugar físico e emocional para todos. Não é fácil, pois há muito a se considerar. Se para um adulto é complicado, imagine para crianças de diferentes idades e fases de vida.

Primeiramente e, se possível, civilizadamente, ao perceber que se trata de uma ligação estável e duradoura e que de fato a pessoa fará parte da família, deve-se conversar com o ex-cônjuge, da melhor maneira, para que possa se tornar uma aliado e ajudar no momento de dar a notícia para a criança.

Esta atitude demonstra respeito e compreensão para com os sentimentos dela. Importante é não julgar a reação que tiver, pois é uma situação delicada e complexa, devendo dar-lhe tempo para que possa refletir e assimilar a grande novidade.

Em segundo lugar, vem a participação para o filho. Há de se ter tato, pois é difícil para ele incluir um estranho no lugar que é da mãe ou do pai. Dependendo com quem a criança vive, pode manifestar maior ou menor sentimento de rejeição, ciúme e ou raiva, pois teme deixar de ser amada por aquele que está vivendo com os filhos do novo par.

Tolerância, compreensão e amor devem ser redobrados, para a criança se reassegurar de que é amada e de que será bem recebida na nova família. Mas, em nenhum momento, abrir mão da imposição dos limites para não se perder de vista as regras familiares e sociais, que devem nortear a educação infantil.

Ana Maria Morateli da Silva Rico
Psicóloga Clínica



Postado Por Cintia Liana