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Por Cintia Liana Reis de Silva*
Os “adultos” precisam entender uma coisa. Quando eles se separam o filho não sofre pelo rompimento do sub sistema familiar “casal”, não importa se eles continuarão se beijando ou não. O filho sofre pelo fato de que terá que abdicar da presença de um dos dois em casa, sobretudo se esse um for uma figura muito importante e sã em sua vida.
Não adianta, o filho pequeno não entenderá a dimensão dos fatos, não adianta muito conversar, explicar, colocar para fazer terapia... Ele não terá maturidade para entender que não está sendo abandonado, ele se sentirá abandonado de qualquer modo, a situação gera insegurança, vazio e medo. Os pais é que devem fazer terapia para serem orientados em como fortalecer a criança, entender o seu mundo e minimizar seu sofrimento.
Ninguém o está abandonando, mas ele sentirá a dor do abandono e da distância mesmo assim. O pai pode visitá-lo todos os dias, mas para ele não bastará. Pode falar, mas ele continuará sentindo a dor da separação e da mudança do cotidiano familiar.
Por isso, antes de ter um filho, se deve escolher bem o parceiro, porque a criança carregará a dor da separação até adulto, mesmo que ela negue. Quando tiver humildade e maturidade terá a percepção de que precisa trabalhar esta lacuna e irá em busca de orientação profissional, fará terapia para curar essa péssima sensação que o acompanhou por tantos anos. Essa separação certamente fez desenvolver uma auto estima mais baixa, por ter achado que não foi suficientemente amada, que não era boa o bastante, o que gerará alguns outros problemas de socialização.
Têm pessoas que crescem afirmando que a separação dos pais não lhes causou nada, pois têm sucesso, não têm “problemas”, mas é preciso sinceridade e humildade para se entender que nossa realidade interna é desconhecida mesmo, que precisamos mergulhar na hipótese da existência de uma angústia e de existirem muitos reflexos advindos da separação de um dos pais.
O abandono é muito dolorido, é cruel, é monstruoso, pode acabar com as esperanças de futuro de uma criança e, por tanta dor, muitas vezes as pessoas acham melhor não vê-lo.
Imaginem então o que sente uma criança que foi de fato abandonada! A dor existe, não adianta negar, ser abandonado é horrível, mas não faz de ninguém inferior. Se essa dor for trabalhada acertivamente, falada, chorada, será é uma vitória e a conquista da liberdade.
Muito provavelmente, esses filhos de pais separados, mais tarde desejarão se casar e não se separar, mas não somente por não querer sentir a dor de mais uma separação, e sim para não fazer com que seus filhos sofram como eles sofreram um dia.
*Cintia Liana Reis de Silva é psicóloga e psicoterapeuta, especialista em casal e família. Atendeu dezenas de casos de crianças que sofriam no momento da separação dos genitores e apresentavam quadro psicossomático de pneumonia.
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