"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Eu não educo meu filho para a independência

Foto: We Heart it

By milfwtf, July 21, 2013
Eu não educo meu filho pra independência e sim para a autonomia, porque um ser humano nunca ser...á independente. Somos todos seres sociais que precisam uns dos outros para viver. Quem vem me dizer que devo dar menos colo para o meu bebê, quem sugere que eu o deixe em um carrinho em nome de uma liberdade que eu não desejo, quem diz que cama compartilhada é perigoso, quem diz que choro é birrinha manipuladora, quem se incomoda com o excesso de amor que dou pra ele, enfim, tem uma compreensão das necessidades de um bebê bem diferente da minha.
A minha compreensão (respaldada por evidências científicas e pela minha intuição) é a de que bebês precisam ser atendidos em suas necessidades de contato (pele, colo e peito) para que se sintam seguros e para que, assim, comecem a desenvolver a autonomia. Não sou eu que tenho que forçar esse aprendizado, a autonomia é uma característica inerente ao ser humano e a minha plena confiança nisso faz com que eu sinta prazer em ter a minha liberdade temporariamente limitada em prol do desenvolvimento da liberdade dele. Gradualmente ele se desenvolve. Eu confio na potência do meu filho. Confiança faz parte do amor. Amor é o oposto do medo. A minha liberdade, hoje, está em amar meu filho e faço isso por meio do corpo. Eu o amo com a pele, com o colo, com o seio.
Quando ele aprender a ouvir e a falar, quando ele aprender a me amar e a se relacionar com o mundo por meio das palavras, a necessidade da pele, do colo e do peito vai diminuir. Até que o seu vocabulário aumente e meu peito não seja mais necessário. Porque essa é a função do seio: nutrir e acalmar. Até que ele fique fluente na língua portuguesa e saiba verbalizar suas frustrações e inseguranças e não precise gritar e chorar e vir pro meu colo porque sabe que um diálogo resolve seu problema mais rapidamente. Até que ele não caiba mais dentro do meu colo. E mesmo depois de aprender a escrever, ele sempre terá as minhas mãos para um cafuné nos momentos em que palavra nenhuma funcionar.
Eu não o educo para a independência e sim para que ele seja uma pessoa confiante em sua própria capacidade de lidar com tudo o que acontecer com ele, inclusive com as frustrações. Isso é autonomia. Eu o educo para que ele saiba confiar em si mesmo. Para isso, ele precisa de alguém que confie nele antes. Eu confio no meu filho, acredito que seu choro é um chamado que merece ser ouvido, não birrinha. E sei o que ele quer quando me chama: colo, pele, peito. Eu o educo para que a partir de sua autoconfiança, ele tome decisões que tragam consequências positivas para sua vida e para o coletivo. Eu o educo para que ele também aprenda a confiar nas pessoas do mesmo jeito que quero que ele confie em mim. Eu o educo para que ele tenha uma referência cristalina de amor. Eu o educo para que ele entenda que eu não sou perfeita, que tenho direito ao erro tanto quanto ele, mas que eu busco desenvolver cada vez mais a minha capacidade de acertar, porque sempre é possível ser uma pessoa mais consciente. Não para ser independente.
 
A independência é a ilusão do século XX. Eu educo o meu filho para o século XXI. Para o hoje. E para o amor que é o que une todos nós apesar das diferenças. O amor infinito e atemporal.
 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Marcos do desenvolvimento: Separação e independência

Google Imagens

Separação e independência

Quando será que seu filho vai entender onde você termina e ele começa? Ao nascer, a criança acha que é parte de você e não se enxerga como um ser único (eles nem se dão conta que as mãozinhas e pézinhos que vêem são os seus).

Com o desenvolvimento mental, físico e emocional, o bebê vai começar a perceber que tem seu próprio corpo, pensamentos e sentimentos e aí vai cada vez mais querer fazer as coisas do seu jeito.

Quando acontece

A individualidade leva anos para se formar. Depois de acreditar que é a mesma coisa que a mãe, por volta dos 6 meses a criança não só passa a ver a diferença como também entende que pode ser deixada sozinha. É nessa fase que se inicia um medo de abandono conhecido como ansiedade de separação, algo que pode durar até os 2 anos.

Com o passar do tempo e ao se tornar mais sociável e confiante de que você volta mesmo depois de deixá-lo na creche ou sob os cuidados de outra pessoa, o bebê vai conseguir superar seus temores e começar a formar sua própria identidade. Depois do primeiro aniversário, você vai ver que a conquista da independência pode até virar um problema e a raiz de muitos desaforos.

Como acontece

De 1 a 6 meses
Com menos de 6 meses, as crianças se identificam totalmente com as pessoas que tomam conta delas. Além disso, basicamente pensam em suas necessidades básicas: comida, amor e atenção. Nos primeiros 3 meses, identidade própria está fora de cogitação para seu filho, que se concentra em ter controle de movimentos simples e reflexos. Você poderá notar os primeiros sinais de independência aos 4 meses, quando o bebê descobre que chorar chama atenção. Esse é um dos primeiros passos para a criança aprender que tem vontade própria e que seu comportamento provoca reação nas outras pessoas.

De 7 meses a 1 ano
Por volta dos 7 meses, seu filho vai compreender que é independente de você. Esse é um importante salto cognitivo, mas, infelizmente, vai deixar o bebê ansioso. O elo com você já ficou tão forte que uma mera saída de vista por um segundo fará o bebê se debulhar em lágrimas. A criança ainda não entende que você vai e volta. E não pense que sair de fininho ao deixar seu filho na escola ou com uma babá vai ajudar. Na verdade, isso pode assustar o bebê ainda mais. Por mais duro que seja, na hora de ir embora, se despeça cara a cara.

Uma famosa pesquisa britânica mostrou como os bebês não fazem idéia da própria existência. Bebês com menos de 1 ano foram colocados diante de espelhos para ver se entendiam que o reflexo na frente era o deles. Isso não ocorreu. As crianças tocaram a imagem como se estivessem vendo outro bebê. Em seguida, os cientistas puseram ruge vermelho no nariz de cada uma e voltaram a apresentar os espelhos. Em vez de tocar o próprio nariz, os bebês voltaram a tentar "pegar" o visto no reflexo.

De 1 a 2 anos
O bebê se diferencia melhor de você e do mundo à sua volta. No mesmo estudo mencionado acima, os pesquisadores pintaram o nariz de crianças de cerca de 1 ano. Ao olhar no espelho, elas tocaram o próprio nariz, indicando entender que a imagem era somente um reflexo delas mesmas.

Aos 2 anos, seu filho poderá ainda ficar chateado ao ser deixado na escolinha ou com uma babá, mas isso vai passar muito mais rápido, já que ele tem maior segurança. Experiência e a crescente habilidade da memória ensinaram que você volta depois de algum tempo. A confiança em você é maior, alimentada por mostras contínuas de amor e cuidados. Essa confiança é que vai possibilitar que a criança se aventure por novidades por conta própria. Quais são os sinais de independência nessa fase? Pode ser a insistência em vestir aquele agasalho todo puído que você tenta dar há tempos, pode ser a boca pronta só para um tipo de comida ou pode ser a vontade de escalar até a cadeirinha do carro sozinho.

De 2 anos e 1 mês a 3 anos
Entre 2 e 3 anos, a vontade de ser independente fica cada vez maior. Seu filho vai andar a uma distância maior em relação a você e continuará a testar limites. Prepare-se para ouvir o refrão "deixa eu" muitas e muitas vezes.

O que vem pela frente

A passagem para essa fase tende a trazer mais independência e consciência de si mesmo. A cada ano você vai constatar que seu filho quer fazer mais coisas sem ajuda. Entre as novidades à frente estão a vontade de escolher como quer a comida, as amizades e a transição para a escola (para as crianças que ainda não frequentam).

O que você pode fazer

Para que seu filho tenha vontade de explorar o mundo, é preciso que um forte vínculo esteja estabelecido com você. Uma criança que tem amor e cuidados constantes adquire a confiança necessária para se soltar. Esse forte elo tem que ser construído desde o nascimento. Pequenos gestos, como responder imediatamente ao choro do bebê, alimentação quando ele está com fome, troca de fraldas molhadas ou sujas e muita conversa e sorrisos, ajudam a formar o laço entre pais e filhos.

Outra coisa importante é que sua casa seja um ambiente seguro para seu filho. Bebês e crianças pequenas têm que testar limites e explorar o mundo a seu redor para desenvolver a independência. Em vez de ficar falando mil vezes "não", coloque objetos perigosos ou frágeis fora do alcance. Isso evita frustração e permite que a criança vá de um lado para o outro em segurança.

O fato de que seu filho está mais independente não quer dizer que precise menos do seu carinho. Embora menos apegadas, as crianças continuam querendo atenção constante dos pais. Estimule os momentos de descoberta, mas fique de braços abertos quando seu filho voltar correndo para se assegurar da sua presença. Esse tipo de conforto dos pais ainda será necessário por muito tempo.

Quando se preocupar

A ansiedade de separação é normal para bebês de entre 10 meses e 1 ano e meio, mas não deixe de conversar com seu *pediatra se essa ansiedade se tornar tão forte que a criança não consegue fazer nada sem você por perto ou se ela continua inconsolável muito tempo depois que você saiu.



*Observação: Com o pediatra não, com um psicólogo, especialista em desenvolvimento infantil ou em família. Essa é a área do psicólogo e não do pediatra.