"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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segunda-feira, 21 de março de 2016

Crianças que sentem ódio

Todo esse quadro político, mas sobretudo o modo em como a maioria está reagindo, está "adoecendo" as crianças. Como achar isso saudável? Uma criança que deseja a morte de outras pessoas? Crianças que respiram ódio sentem ódio e aprendem isso por toda a vida delas.
É preciso ter muito cuidado para não ser levado por essa onda de ódio, mas é preciso ter cuidado com tudo na vida, ser mais crítico de si mesmo e para não criar muito mal os filhos.

No Facebook:

"Seguramente essa foi uma das coisas mais absurdamente tristes que apareceu por aqui!! Uma criança desejando a morte de quem quer que seja é o fim de tudo!! Ninguém nasce odiando, aprende-se o ódio como aprende-se o amor, a depender do que esteja disponível para ser aprendido. As crianças apreendem e exploram o mundo pelo exemplo, aprendem com todo o corpo, aprendem de todo coração, aquilo que por sorte ou azar estiver à sua disposição."

domingo, 11 de novembro de 2012

Gravidez: o que acontece quando a barriga não cresce!


Por Cláudia Gimenes

Quando eu falo a palavra gravidez o que vem à mente de quem lê: uma mulher com uma barriga enorme!
Sempre relacionamos palavras a imagens, entretanto as palavras nem sempre relacionam exatamente a apenas uma imagem. A palavra 'banco', por exemplo, sem nenhuma outra referência pode remeter a um banco de jardim embaixo de uma árvore numa praça ou a um banco financeiro. A imagem vai depender do foco de quem está lendo certo? Nem sempre!

Com a palavra gravidez é assim: você lê a palavra e a imagem é de uma mulher barriguda. Não tem como fugir disso, entretanto se falarmos em esperar um filho a figura associada muda? Para a maioria das pessoas não!
Quando eu digo que estou esperando mais um filho as pessoas me perguntam de quantos meses eu estou. Se eu falo que são, aproximadamente, 48 meses as pessoas mudam de assunto. Não sei, mas acham que estou debochando, entretanto eu estou esperando outro filho há aproximadamente 48 meses mesmo!

A sociedade ainda não assimilou o sentido de esperar um filho, de estar grávida do coração. Por conta disso podemos esperar nossos filhos por 3, 4, 5, 10 anos e quando eles chegam é como se tivessem aparecido por encanto, assim 'do nada'.

Vamos fazer uma analogia: gravidez biológica x gravidez do coração.
Na gravidez biológica a barriga cresce e, via de regra, dura 9 meses ou 42 semanas! Todo mundo participa, compartilha da felicidade da futura mãe, ansia pelo momento de ver a carinha do bebê, sonha com o momento de poder visitar, planeja presentes e tal. Essa é a parte social: amigos, parentes, colegas de trabalho, vizinhos, todos se envolvem com a barriga, todo mundo sempre tem algo positivo ou alguma recomendação para dar sobre o bebê e isso é legal, afinal de contas uma nova vida que chega é sempre motivo de festa. Como diz a famosa marca de fraldas: é um pequeno milagre que vem ao mundo!

A mulher grávida fica sensível pela mudança hormonal e também pela mudança real que terá em sua vida e família em poucos meses. Terá uma pessoa a mais em casa, uma pessoa totalmente dependente dela e ela passará a ter que zelar pela saúde e bem estar desta pessoa! A mulher grávida sente felicidade por estar grávida, mas conforme a barriga vai crescendo ela sente ansiedade, medos dos mais variados, tem sonhos sobre como será o seu bebê, que carinha vai ter. Tem fantasmas que povoam sua mente: como será quando chegar o momento? vai dar tudo certo? o médico estará disponível?, o hospital terá estrutura suficiente se o bebê tiver algum problema?, ele terá saúde?, terá todos os dedinhos? e se não chorar na hora que nascer? e se não me mostrarem e depois trocarem meu bebê? e se depois que chegar em casa eu não souber cuidar? e se eu não  conseguir amamentar? e se o leite for fraco? e se...e se...e se? Na cabeça de uma gestante, por mais que ela se cerque de todas as garantias e tenha certeza que está tudo certo passam todas essas perguntas e muitas outras mais.

Na gravidez do coração a barriga não cresce, o tempo de espera é indeterminado, praticamente ninguém participa da felicidade da futura mãe, pouquíssima gente se lembra que ali naquela família em algum momento vai haver uma criança nova para ser visitada. Colegas de trabalho, vizinhos, amigos e conhecidos: quase ninguém se envolve com a mãe na espera e mesmo assim, como diz a famosa marca de fraldas, este filho, assim como o biológico, é um pequeno milagre que vem ao mundo!

A grávida do coração  fica sensível também. Para ela não existem mudanças hormonais, mas as mudanças emocionais são tais e quais as da grávida biológica:  ela sabe que terá uma pessoa a mais em casa, uma pessoa totalmente dependente dela e ela passará a ter que zelar pela saúde e bem estar desta pessoa! A mulher grávida do coração sente felicidade por estar esperando um filho, e mesmo sem barriga crescendo ela sente ansiedade e medos dos mais variados, tem sonhos sobre como será o seu filho que pode não ser um bebê, tenta imaginar que carinha vai ter. Tem fantasmas que povoam sua mente, também: como será quando chegar o momento? vai dar tudo certo? o fórum ai demorar para ligar?, o abrigo estará cuidando bem da criança?, será perfeitinho? e se não gostar de mim?, e se depois que chegar em casa eu não souber cuidar? e se eu não  conseguir alimentar? e se...e se...e se? Na cabeça de uma grávida do coração, por mais que ela se cerque de todas as garantias e tenha certeza que está tudo certo passam todas essas perguntas e muitas outras mais. 

É possível perceber que existe uma diferença fisiológica grande entre a grávida biológica e a grávida do coração, entretanto na parte emocional não é muito diferente, salvo algumas peculiaridades inerentes a um estado e a outro.
Mesmo para se engravidar, seja biologicamente, seja do coração existem alguns caminhos muitos semelhantes:
- grávida biológica antes planeja o filho, para com o contraceptivo, engravida e espera.
- grávida do coração antes planeja o filho, preenche um monte de papéis, entrega no fórum e passa por processo de avaliação (fase de parar os contraceptivos e engravidar!), se habilita (engravida!) e espera.

Se por um lado na parte emocional não existe muita diferença, na parte social existe um abismo!
Uma grávida do coração não ganha um filho 'do nada'! Ela faz uma espécie de pré-natal no fórum que não é para garantir a saúde da criança e um bom parto, mas sim para terem a certeza de que ela tem saúde física e mental para ter a criança. Ela passa por uma espera tão angustiante quanto a da grávida biológica entretanto a espera dela tem prazo para começar e não tem prazo para terminar.
A grávida do coração não recebe paparicos, salvo excessões não ganha mimos para o filho e não tem muito direito de falar sobre suas ansiedades sob pena de ser taxada de obsessiva e só falar nesse assunto. Isso na melhor das hipóteses, porque se para a grávida biológica todo munto tem algo positivo para falar sobre o filho vindouro, para a grávida do coração boa parte dos conselhos são temerários!
A grávida biológica pode reduzir seu grau de ansiedade descobrindo o sexo do bebê para fazer o enxoval e o quarto, a grávida do coração sequer pode fazer enxoval a menos que tenha um perfil muito restrito, o que aumenta muito sua ansiedade.

Com essa analogia quero orientar o seguinte:
1. quando souber que uma pessoa está esperando para adotar, lembre-se que a barriga não está crescendo, mas esta pessoa está grávida emocionalmente tanto quanto uma que carrega o filho na barriga;
2. O filho recém-chegado de uma mãe do coração não surgiu 'do nada'! Ela possivelmente esperou muito mais tempo do que uma gravidez biológica regulamentar;
3. Toda grávida precisa de atenção com relação à sua espera e com a grávida do coração não é diferente.
4. A grávida do coração não é obsessiva, ela tem um grau de ansiedade um pouco maior porque sua espera é um pouco maior também;
5. Quando uma pessoa opta pela adoção ela está envolvida com a chegada de um filho e é crueldade com o seu emocional discursos preconceituosos sobre a origem da criança e seu possível futuro tenebroso. Ninguém cogita com uma grávida biológica que o filho dela pode vir a ser um marginal, um bandido, que possa matar toda a família num acesso de revolta ou de ingratidão e ninguém tem garantias que isso não vá acontecer com um biológico, nem tampouco que vá acontecer com um adotivo!

 
Eu tive 3 filhos por adoção e me senti muito, mas muito sozinha durante a espera. Não pretendo entrar em detalhes a respeito, até porque a analogia por si já diz tudo, entretanto quero deixar aqui um depoimento:
Nesta última espera vivi uma grande emoção há alguns dias: uma pessoa muito querida fez um presente para minha filha que ainda é projeto.
Saber que ela fez o mimo especialmente para minha filha e que me entregou assim, sem ter um motivo como chá de bebê ou a chegada dela foi uma sensação indescritível. Já tem um tempinho e ainda me emociono com o carinho!  Vem à minha mente como esse ditado é verdadeiro: quem beija meu filho minha boca adoça.
Esta pessoa já é alguém por quem eu nutro carinho muito especial e tanto o mimo como ver os olhos dela brilhando quando falou de sua ansiedade pela chegada da minha filha certamente fez com que esse carinho especial se multiplicasse muito mais.
Um gesto que para mim significou muito e que de certa forma amenizou todas as tristezas, mágoas e lágrimas de todas as vezes que me senti sozinha na espera pelos outros filhos!
Saber que tem alguém que sonha comigo a chegada dessa criança foi algo muito bom de experimentar!

Fonte: http://www.adocaoamorverdadeiro.blogspot.it/2012/10/gravidez-o-que-acontece-quando-barriga.html

domingo, 16 de outubro de 2011

A satisfação de poder mudar a realidade de uma criança abandonada


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Segundo o dicionário, adoção significa aceitação voluntária e legal de uma criança como filho. Mas a definição, de fato, vai além disso. É um ato de amor e coragem assumir, sem preconceito ou ressalvas, uma criança e tomar para si todas as responsabilidades da vida daquele ser que passou a fazer parte da sua história.

Engana-se quem pensa que essa é a última tacada de quem não pode, por algum motivo, gerar um filho. Muitos casais encaram a adoção  como uma maneira de mudar a realidade de uma criança abandonada. “Sempre sonhei em adotar uma filho e meu marido amou a idéia. Fizemos a escolha por pura opção, e foi a coisa mais incrível que já me aconteceu”, diz Sandra Betinassi, 36 anos, especializada na concepção  de bolos diferenciados.

A mãe de Mariana, hoje com 7 anos, lembra com emoção quando conheceu a menina em um orfanato em São Paulo, com apenas 40 dias de vida. Foi paixão à primeira vista. Sabia que ela era para ser minha. Voltei dias depois para buscá-la, diz. “Minha gravidez durou quatro dias”, brinca.

A decisão de adotar ou não uma criança não pode ser encarada  de forma simplista. “É uma escolha que precisa ser muito bem pensada e resolvida entre o casal. Caso contrário, está fadada ao fracasso”, afirma a psicoterapeuta e escritora Olga Tessari. Se há dúvidas, o ideal é esperar até adquirir a segurança necessária para assumir a responsabilidade. Conversar com pais adotivos e assistentes sociais pode ajudar a chegar a uma decisão. “Precisa querer muito. Essa é a maternidade mais consciente que existe”, afirma Olga.

Uma dúvida que sempre surge é: quando e como contar à criança que ela é adotada? “Essa questão deve ser encarada com naturalidade”, defende Olga. Para ela, a criança tem o direito de saber sobre a adoção e isso deve ser contado em um momento oportuno, sem dar à conversa um tom muito sério. “Não pode ter hora nem lugar marcado para falar sobre o assunto. É preciso esperar o momento certo e falar com serenidade. Deixar claro que o amor independe dos laços sanguíneos.”



Sandra e o marido, Gilson, sempre fizeram questão de contar a verdade à filha e não se sentiram ofendidos quando a menina quis conhecer suas origens. “Esse nunca foi um assunto tabu dentro da minha casa. Desde bem pequena, Mariana sabe que foi adotada e adorou conhecer e brincar com as crianças do orfanato  de onde veio”, conta Sandra. “Ela lida tão bem com a situação que até já falou sobre sua história para todos os amiguinhos da escola”, orgulha-se. 

Publicada na Revista Veja - São Paulo (10/05/2006)


Postado Por Cintia Liana

domingo, 9 de outubro de 2011

Filhos de novas uniões


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Por Ana Maria Morateli da Silva Rico

família nuclear clássica como era conhecida, quer sejam, pai, mãe e filhos, está em plena transformação há algum tempo. Como fato comprovado, o número de divórcios por ano quase se iguala ao de casamentos efetuados no mesmo período. O aumento de separações por motivos vários, faz parte de uma triste realidade que causa profundo impacto nos filhos.

Apesar disso e, pelo fato de ter se tornado uma situação mais comum dentro dos lares, a criança tem maior facilidade em encontrar outra também de pais separados, favorecendo a troca de sentimentos e funcionando como suporte emocional uma da outra.

Com o tempo e após se refazerem do doloroso processo de separação, os pais começam a dar continuidade à própria vida pessoal. Muitos conhecem um novo parceiro e iniciam uma vida conjugal sólida e amorosa. Por vezes, ainda, o novo parceiro também traz seus próprios filhos da união anterior, aumentando consideravelmente a família.

Desta forma, todos os envolvidos direta ou indiretamente, terão que se rearranjar a fim de que se faça um lugar físico e emocional para todos. Não é fácil, pois há muito a se considerar. Se para um adulto é complicado, imagine para crianças de diferentes idades e fases de vida.

Primeiramente e, se possível, civilizadamente, ao perceber que se trata de uma ligação estável e duradoura e que de fato a pessoa fará parte da família, deve-se conversar com o ex-cônjuge, da melhor maneira, para que possa se tornar uma aliado e ajudar no momento de dar a notícia para a criança.

Esta atitude demonstra respeito e compreensão para com os sentimentos dela. Importante é não julgar a reação que tiver, pois é uma situação delicada e complexa, devendo dar-lhe tempo para que possa refletir e assimilar a grande novidade.

Em segundo lugar, vem a participação para o filho. Há de se ter tato, pois é difícil para ele incluir um estranho no lugar que é da mãe ou do pai. Dependendo com quem a criança vive, pode manifestar maior ou menor sentimento de rejeição, ciúme e ou raiva, pois teme deixar de ser amada por aquele que está vivendo com os filhos do novo par.

Tolerância, compreensão e amor devem ser redobrados, para a criança se reassegurar de que é amada e de que será bem recebida na nova família. Mas, em nenhum momento, abrir mão da imposição dos limites para não se perder de vista as regras familiares e sociais, que devem nortear a educação infantil.

Ana Maria Morateli da Silva Rico
Psicóloga Clínica



Postado Por Cintia Liana

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A oração de um filho adotivo

Cacau Waller

Senhor, hoje posso assim chamar-te porque aprendi a pronunciar este teu nome santo e maravilhoso com a mulher que hoje chamo e sempre chamarei de Mãe.
Alguém um dia, abandonou-me em um hospital quando tinha apenas 3 meses de vida.
Não sei porque fizeram isso comigo!
A semelhança de todas as outras crianças que no mundo sofrem, sofri muito em consequência apenas dos erros dos adultos.
Paguei muito caro por males que não cometi!
Porém não tenho nenhum rancor de quem me abandonou.
Depois de tratado em um hospital, levaram-me para um orfanato onde só conheci tios e tias, pois foi assim que me ensinaram a chamar todos os que me cercavam.
Queria balbuciar a palavra mãe.
Mas, quem me ouviria? Ninguém!
Nas noites frias e geladas, quantas vezes estas palavras, ficaram entaladas em minha própria garganta. Se, em desespero, algumas vezes, depois de muito chorar, consegui com voz rouca e longínqua, pronunciá-las, perdiam-se elas na escuridão das noites solitárias e intermináveis.
Mas Tu, Senhor, que habitas no esconderijo do Altíssimo e moras nas fimbrias do infinito, me ouviste, enquanto os que estavam bem ao meu lado não me escutavam!
E Tu mandaste, quando tinha 3 anos, uma mulher que como anjo descido das tuas moradas, tomou-me para si e me amou, apesar do meu aspecto franzino e doentio e apesar dos meus modos, um pouco inadequados pois havia até então, crescido entre outras crianças que, como eu, também só conheciam tios e tias.
Que encanto, Senhor, foi poder chamar, pela primeira vez, alguém de mãe.
Esta palavra mágica agora me conduzia aos paramos da felicidade.
Com ela eu voava, até os castelos e idílios mais remotos dos sonhos, que uma criança podia sonhar.
Agora me parecia que todos os tios e tias do mundo sumiram e que, em toda parte, Tu [Deus] só fazias nascer mães.
Agora o sorriso de todas as faces, pareciam raios de sol fugentes e o gesto de todas as mãos pareciam salvas pejadas de amor.
Eu tinha renascido! Eu tinha revivido!
Agora, Senhor, só peço uma coisa: me dê forças para viver em permanente gratidão a Ti. (De Geração em Geração)

Autor desconhecido
Extraído ao boletim nº 185 de 08.05.2011 da IPI da Lapa



Postado Por Cintia Liana

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Os cuidados voltados para a criança abrigada

Foto: Google Imagens

*Podemos também refletir sobre que tipo de preparo ou interesse o Estado tem em fazer uma seleção de profissionais sérios e respeitosos, preocupados, acima de tudo, com o bem estar da criança. Para tal função, deveria ser feita uma seleção totalmente minuciosa e um treinamento dessas pessoas, com base em teorias do desenvolvimento infantil e da adolescência e das emoções, para que essas pessoas pudessem proporcionar a essas crianças uma educação e dedicação com excelência, mas que mesmo assim não se assemelharia aos cuidados de uma mãe amorosa, consciente e com as atenções voltadas para o seu bebê, colocando-o como prioridade.
É importante ressaltar que aqui não há nenhuma intenção de desqualificar o trabalho das mães e pais sociais. Há aqueles que são muito habilidosos e afetuosos, mas num olhar geral, os pais e mães sociais são contratados para cuidar e não só de uma criança, mas às vezes de oito ou mais crianças, como é o caso de uma casa-lar, por exemplo. Abrigos que são projetados com a proposta das casas-lares, que dividem as crianças em espaços diferentes, que se assemelham a casas de verdade.
Podemos dizer que o pai ou mãe social faz as vezes de uma babá, por exemplo, que executa o trabalho de um ponto de vista profissional, mesmo que empenhe naquilo muito amor. Mas para ser pai e mãe os papéis devem ser reafirmados e reforçados a cada dia e a criança passa a ser olhada como ser único e não como mais um no abrigo, a espera por uma família.

Alexandre e Vieira (2004, p. 1 e 2), sobre a manifestação do comportamento de apego das crianças nos abrigos, dizem que:
“Apego é uma ligação contínua e íntima, apresentado pela criança em relação à mãe ou cuidador e o comportamento de apego é qualquer forma de comportamento adota para conseguir e/ou manter uma proximidade com algum outro indivíduo claramente identificado, por exemplo, a mãe. (Klaus, Kennell & Klaus, 2000)”.

Eles afirmam ainda que, segundo Bowlby (1990), uma criança que tem um lar harmonioso e pais afetuosos e protetores conseguem desenvolver um sentimento de segurança e confiança em relação àqueles que fazem parte de sua convivência. Mas, do contrário, se a criança é exposta a crescer numa situação de privação de vida familiar, pressupõe-se que sua base suportiva e de segurança tende a desaparecer o que pode comprometer sua relação com as outras pessoas, havendo prejuízos em outros setores do seu desenvolvimento.
O estudo sobre a resiliência também revela que crianças que cresceram no abandono podem apresentar uma adaptação positiva, uma capacidade notável para se desenvolver de forma saudável. “Em síntese, uma segura relação de apego reduz os efeitos das adversidades e auxilia na resiliência”. (ALEXANDRE e VIEIRA, 2004, p. 2)
Alexandre e Vieira (2004) também dizem que a criança quando institucionalizada, mesmo recebendo cuidados alimentares, higiênicos e médicos, ela caminha tardiamente, demora a falar e tem dificuldade para estabelecer ligações significativas. No abrigo a criança é privada de intimidade e cumplicidade, pois é praticamente impossível estabelecer relação íntima em virtude da quantidade de crianças que é muito maior em relação ao número de adultos. O afeto e a atenção são divididos para várias crianças.
Ainda assim, os funcionários dos abrigos são os únicos a darem suporte a essas crianças, deste modo, é natural que direcionem um comportamento de apego a eles e as demais crianças que nele vivem, como dizem Alexandre e Vieira (2004). Sobre isso, J. Ajuriaguerra diz que não haverá prejuízos à criança se esta romper os vínculos com a ama do abrigo até os 8 meses de vida. Já M. David e G. Apepll acham que entre oito e quinze meses a criança “ainda não construiu uma ligação bastante personalizada com a ama, asseverando, que após esse período não se poderá evitar a ruptura de um vínculo fundamental”. (apud ALMEIDA, 2002, p. 22)
Fica claro a privação de laços afetivos durante a infância interfere no desenvolvimento satisfatório da criança, podendo afetar suas relações com o outro e com o meio que a cerca, assim como, a ruptura dos vínculos construídos nos abrigos.
A colocação em família substituta ou reinserção na família natural – caso esta tenha as condições de acolher novamente a criança e responsabilizar-se por ela - é uma medida de prevenção de problemas psíquicos, afetivos, comportamentais já que observamos como pode ser danoso o rompimento de vínculos ou a inexistência deles para uma pessoa em pleno desenvolvimento. Por isso, a sociedade deve trabalhar o mais rápido para definir o destino de centenas de crianças abrigadas.
É importante deixar claro que os autores consultados para a construção deste trabalho não incentivam a adoção como um estímulo de abandono, como pontua também Weber (2008), é importante também dar suporte a essas famílias carentes. Mas devemos olhar urgentemente para este grande número de crianças que crescem nas instituições, algumas sem nem receber visitas de nenhum familiar ou lembrar deles.

Por Cintia Liana

Referência:

ALEXANDRE, Diuvani Tomazoni; VIEIRA, Mauro Luís. Relação de apego entre crianças institucionalizadas que vivem em situação de abrigo. Psicologia em Estud. vol. 9, nº. 2. Maringá. May/Aug. 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722004000200007. Acesso em: 03 de julho de 2008.


*Trecho de minha monografia

Para citar partes deste texto use a referência:

Silva, Cintia L. R. de. Filhos da esperança:Reflexões sobre família, adoção e crianças. Monografia do curso de Especialização em Psicologia Conjugal e Familiar. Faculdade Ruy Barbosa: Salvador, Bahia, 2008.

"Respeite a obra alheia, atribua os créditos ao autor".