"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

domingo, 16 de outubro de 2011

A satisfação de poder mudar a realidade de uma criança abandonada


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Segundo o dicionário, adoção significa aceitação voluntária e legal de uma criança como filho. Mas a definição, de fato, vai além disso. É um ato de amor e coragem assumir, sem preconceito ou ressalvas, uma criança e tomar para si todas as responsabilidades da vida daquele ser que passou a fazer parte da sua história.

Engana-se quem pensa que essa é a última tacada de quem não pode, por algum motivo, gerar um filho. Muitos casais encaram a adoção  como uma maneira de mudar a realidade de uma criança abandonada. “Sempre sonhei em adotar uma filho e meu marido amou a idéia. Fizemos a escolha por pura opção, e foi a coisa mais incrível que já me aconteceu”, diz Sandra Betinassi, 36 anos, especializada na concepção  de bolos diferenciados.

A mãe de Mariana, hoje com 7 anos, lembra com emoção quando conheceu a menina em um orfanato em São Paulo, com apenas 40 dias de vida. Foi paixão à primeira vista. Sabia que ela era para ser minha. Voltei dias depois para buscá-la, diz. “Minha gravidez durou quatro dias”, brinca.

A decisão de adotar ou não uma criança não pode ser encarada  de forma simplista. “É uma escolha que precisa ser muito bem pensada e resolvida entre o casal. Caso contrário, está fadada ao fracasso”, afirma a psicoterapeuta e escritora Olga Tessari. Se há dúvidas, o ideal é esperar até adquirir a segurança necessária para assumir a responsabilidade. Conversar com pais adotivos e assistentes sociais pode ajudar a chegar a uma decisão. “Precisa querer muito. Essa é a maternidade mais consciente que existe”, afirma Olga.

Uma dúvida que sempre surge é: quando e como contar à criança que ela é adotada? “Essa questão deve ser encarada com naturalidade”, defende Olga. Para ela, a criança tem o direito de saber sobre a adoção e isso deve ser contado em um momento oportuno, sem dar à conversa um tom muito sério. “Não pode ter hora nem lugar marcado para falar sobre o assunto. É preciso esperar o momento certo e falar com serenidade. Deixar claro que o amor independe dos laços sanguíneos.”



Sandra e o marido, Gilson, sempre fizeram questão de contar a verdade à filha e não se sentiram ofendidos quando a menina quis conhecer suas origens. “Esse nunca foi um assunto tabu dentro da minha casa. Desde bem pequena, Mariana sabe que foi adotada e adorou conhecer e brincar com as crianças do orfanato  de onde veio”, conta Sandra. “Ela lida tão bem com a situação que até já falou sobre sua história para todos os amiguinhos da escola”, orgulha-se. 

Publicada na Revista Veja - São Paulo (10/05/2006)


Postado Por Cintia Liana

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