Como funciona a adaptação da criança e os pais adotivos? Eles convivem durante um tempo, antes de formalizar a adoção? Se sim, por quanto tempo?
Chamamos o momento que antecede a senteça judicial, quando se dá adoção propriamente dita, de período ou estágio de convivência. Esse preríodo vem após as visitas no abrigo.
"O momento da adaptação é fundamental para o sucesso do vínculo porque acontece a integração de elementos de sentido e de significação que caracteriza a organização subjetiva de um âmbito da experiência dos sujeitos, ação, construção, história, transações, trocas sociais e culturais como configurações subjetivas da personalidade. É um complexo de articulações e possibilidades contraditórias, processos de ruptura e renascimento, tudo deve ser visto com sensibilidade e não com um olhar determinista, universalista, as coisas acontecem e tudo é bem vindo para que a relação tome sua própria forma e não uma forma mágica aprendida em livros de contos de fadas". (SILVA, 2010, texto Adoção Internacional)
O tempo vai depender da idade da criança. Estágio de convivência com bebês é curto, pois são pequenos. Já com crianças maiores de 1 ou 2 anos pode durar alguns meses, maiores de 6 anos pode durar mais de 1 ano. Quem determinará esse tempo é o juiz, baseado nos laudos da equipe tecnica, que diz como está caminhando o vínculo afetivo.
Como os pais podem preparar o lar para a chegada do novo membro na família?
É importantíssimo os candidatos a habilitação se perguntarem o que de fato estão buscando com a adoção, o que desejam com ela e que tipo de pais imaginam que serão. Devem também se imaginar como se filhos deles fossem, não como sendo o que eles querem, mas sendo os pais que talvez um filho não deseje que eles sejam, tantando ver o que precisam mudar para serem mais maduros nesta nova jornada, a partir destas reflexões se amadurece a maternagem e paternagem.
A partir daí terão energia suficiente para organizar o fora, o lar e normalmente o espaço que a criança terá na casa reflete o espaço psíquico reservado para ela, para este amadurecimento do espaço do filho nesta família. Este processo de amadurecimento para a atitude adotiva, para o torna-se pai e mãe na adoção se assemelha a gravidez.
Como todo ser humano, uma criança precisa ter seu próprio espaço, um quarto, uma cama, armário onde possa guardas seus pertences. Um espaço onde possa desenvolver sua individualidade, ter privacidade, um terrítório seu. Isso é importante para todo ser humano em desenvolvimento. Se ele deve dividir o quarto com alguém que seja com um irmão, pessoa que condividirá experiências semelhantes e no mesmo nível de desenvolvimento como ele. Não deve dividir o quarto com os pais ou dormir na sala. Isso tudo é avaliado pela assitente social no momento da visita domiciliar.
A organização externa refleta a organização interna, o espaço psíquico que o filho já tem na vida dos adotantes.
Quais atitudes dos pais ajudam no processo de adaptação?
Segurança antes de tudo, que será transmitida a criança. Ter a certeza de que aquele é o filho para eles, e isso a criança também sente.
Não ter a pretensão de achar que devem “moldar” a criança, palavra usada por muitos adotantes em fase de habilitação.
Criança quer se sentir amada, aceita e não controlada, se ela se sente amada é natural que queira ser como os novos pais, que queira satisfazer as suas expectativas positivas. Se ela se sente amada, consequentemente se sentirá segura e livre para amar, adquire segurança e esperança naquela nova relação. Ela busca “garantias” que daquela vez dará certo, que é merecedora de amor e confiança.
Partes da entrevista para o Espaço Vital, em setembro de 2011.
Por Cintia Liana
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