"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A ética na exposição dos filhos

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Por Cintia Liana Reis de Silva

Hoje em dia se fala muito sobre a ética em relação a exposição dos filhos nas diversas mídias, mas pouco se fala sobre o que está por trás desta necessidade. Primeiro, obviamente, o que vem em mente é querer mostrar a todos como ele é belo, e isso é muito natural, e daí vem o desejo de mostrá-lo, usando os veículos mais comuns, que são fotos e publicidades para a TV.

Mas será que as crianças desejam serem mostradas, expostas desta ou de outras maneiras? E que consciência elas têm desta exposição? Outras perguntas também aparecem como, que resultado isso traz para a vida de cada uma? O que isso tem a acrescentar para o seu desenvolvimento “psicoafetivosociocultural”?

Muitos pais podem procurar expor os filhos e torná-los uma espécie de celebridade com o intuito de asceder socialmente ou de buscar uma certa luz ou brilho para preencher suas próprias faltas. Iluminar o filho é como se talvez estivessem iluminando a sua infância plena de memórias de carências afetivas. Ver o filho brilhar e ser reconhecido é não só se iluminar com a mesma luz naquele momento por ser pai ou mãe daquele ser que é visto como especial, mas é, de certa forma, iluminar a criança ferida e frustrada dentro de cada um.

Dentro deste tema poderemos levantar vários aspectos a serem levados em consideração, não só os motivos subjascentes que levam os genitores a buscarem fama para os filhos, como também os diversos pontos positivos e negativos que essa exposição causa na vida objetiva do menor e em sua vida social; como ela assimila isso tudo e quais são os reflexos em seu comportamento futuro. São muitas perguntas delicadas a serem feitas.

Podemos observar várias crianças que foram protagonistas de filmes famosos que depois desapareceram da mídia porque ficaram marcadas por aquele personagem com o estigma negativo. Isso marca toda uma vida. Outras que fizeram papéis em novelas e depois buscaram outros rumos quando adolescentes. O próprio público, quando sente falta de um ator mirim na TV, imagina logo que este faliu, mas não é comum pensarem que ele pode ter escolhido outra estrada, como fazer faculdade para trabalhar em outro ramo, porque no fundo se crê que ser famoso é o que há de melhor e que esta é a forma mais confortável de provar que se tem algum valor pessoal ou social.

É importante buscar ser feliz sem precisar ser reconhecido publicamente ou por um grande número de pessoas. Não se esperar que venha dos outros e de desconhecidos o senso de valor que deve ser construído dentro de cada um é algo a se entender e isso é algo importante para dar e ensinar aos filhos em seu processo de crescimento, que o que ele faz, independente de que os outros vejam, deve fazer sentido para ele e que deve ser algo valoroso e honroso porque é digno e isso não precisa ser reconhecido externamente. O reconhecimento externo é um detalhe que pode ocorrer, mas não deve ser o principal e nem o objetivo central, senão tudo se perde.

A questão é que os pais devem estar atentos porque são eles que decidem tudo para a criança no início de sua vida, porém algo pode ser tão potente neste início e comprometer todo o seu futuro sem que a nova “pessoinha” se dê conta que quem escolheu aquele seu presente foram os pais. Algumas pessoas só entendem isso quando já têm suas vidas totalmente traçadas pelos outros e já estão vivendo coisas que não a agradaram como deveria.

Precisa ter bom senso quando se usa a imagem do filho, justamente porque este não tem consciência do que faz e do que acarretará em sua vida futura.

Se deve entender que não se nasce pronto para ser pai ou mãe, que esse é um processo que deve ser construído com sabedoria, muita reflexão e autoconhecimento, para que saibamos com inteireza que educar um filho e ajudá-lo em seu crescimento é uma tarefa muito complexa, onde se pode formar um ser que depende de aplausos para ser feliz ou outro que busca ser feliz com seus próprios recursos internos e vê os aplausos como reforços positivos, mas não como o objetivo principal.

Artigo da psicóloga Cintia Liana Reis de Silva publicado no site Indika Bem no dia 23 de janeiro de 2013

Fonte: http://indikabem.com.br/psicologia/a-etica-na-exposicao-dos-filhos/

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