Cintia Liana
Sobre o final belo do texto abaixo, "Orfandade Silenciosa" (Post anterior), da minha xará Cintia, tenho a adicionar, como profissional da mente humana, que nada mais é mais potente que o autoconhecimento.
Para travar uma relação de afeto com nossos filhos devemos nos reconciliar antes de tudo com a figura internalizada dos nossos pais, com a nossa criança ferida, com a imagem interna e regredida que temos das nossas figuras de base. Esse é o único caminho da transformação de nossas relações, afinal nós somos o produto do tipo de relação que tivemos com nossos pais nos primeiros anos de vida, num meio que é foco de neuroses para todos nós seres humanos que é a família, isso já é científico há muito tempo. E que estamos fortemente propensos e repetir os meeeeesmos erros dos nossos genitores também é fato, Bowlby já provou há muito tempo e o único jeito de mudar isso é fazendo um trabalho psicoterapêutico, nada adianta forçar de fora pra dentro, o trabalho é de dentro pra fora.
Acredito que muitos homens e mulheres não conseguem procriar porque têm muito medo do desconhecido que mora dentro deles, do que trazem da relação mal resolvida com seus pais. Como diz Bowlby, é na hora de tornar-se genitor que abrem-se feridas intergeracionais e como dar o que não se teve? Na hora de gerar, o CORPO também pode reagir e se perguntar, como posso ser mãe se não "aceito" e não sei lidar com a mãe que tenho? Com a minha mãe internalizada, se tenho conflito com o modelo de mãe que tenho? Muitas mulheres conseguem gerar depois que iniciam suas terapias, algumas também depois de provarem ser mães através da adoção.
Todos nós precisamos de terapia, afinal nenhuma família é perfeita. Vamos lá, coragem, força, por amor aos nossos filhos, por amor a nós mesmos e para descobrirmos um amor maior ainda que podemos sentir pelos nossos pais.
Cintia Liana
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