"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

domingo, 14 de julho de 2013

A doença e sua relação com o estado emocional da criança e do adulto

Google Imagens

Por Cintia Liana Reis de Silva

Como disse o jornalista e poeta brasileiro Olavo Bilac, “uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével”.

Quem hoje se prepara para ter filhos? Quem conhece os seus processos intergeracionais familiares? Quem já fez terapia para se entender antes de procriar? Quem conhece a fundo as suas verdadeiras feridas? As dificuldades existenciais são passadas de pais para filhos e todos têm as suas. Como melhorar as futuras gerações se os pais não têm essa consciência do que não funciona bem na vida de sua família e em sua própria vida?

Psicólogos de todo o mundo, especialistas em desenvolvimento infantil, sabem que é na primeiríssima infância que nascem as neuroses e psicoses em todas as famílias. Esses problemas, em geral, são desencadeados na idade pré-escolar com o início da vida social fora da família.

O que pode parecer para nós adultos simples passagens da idade e a necessidade de maior independência, para as crianças podem representar grandes choques ou pequenos traumas que vão se acumulando e tomando forma, eclodindo aos poucos e influenciando na construção da personalidade.
Os processos cognitivos do recém nascido são de natureza muito primitiva, sendo difícil de entender como ele interpreta uma cadeia de acontecimentos que o faz sentir inseguro, por exemplo.

O modo de comunicar os sentimento na linguagem infantil é a produção de um sintoma físico ou um comportamento disfuncional, assim como sintomas físicos podem causar desconforto e sintomas psicológicos.

A disciplina psicossomática na psicologia mostra que a doença física aponta um estado emocional alterado. O corpo é um reflexo da mente, a imunidade física também depende do estado emocional do ser humano. Todos os órgãos, sistemas e aparelhos sofrem algum tipo de alteração dependendo das emoções e pensamentos que temos. Assim como a expectativa, a agitação, a ansiedade ou medo diante de algum evento futuro pode causar uma alteração física mesmo que transitória, como um quadro febril.

Problemas físicos sem causas orgânicas ou sem explicação médica são chamados de psicossomáticos ou somatoformes como, por exemplo, a infertilidade em algumas mulheres, que na terapia familiar mostra que pode estar ligada a sua relação mal resolvida com a sua própria mãe, o que afeta o seu sentimento relacionado à sua mãe internalizada, caracterizando um conflito.

As doenças também têm seus fatores relacionados a predisposição genética e a fatores ambientais, mas os fatores psicológicos ajudam muito a desencadeá-las.

Cada criança reage aos acontecimentos que vivencia a seu modo, mas é comum bebês e crianças, por exemplo, apresentarem crises e problemas no aparelho respiratório, como asma, pneumonia, bronquite, rinite alérgica, choros, tosses, gripes, crises de garganta, após vivenciarem sentimentos ligados a tristeza, ao medo, ao abandono e a carência efetiva, que eclodem após situações como, a volta da mãe ao trabalho, início da ida à escolinha ou problemas relacionados à ela, separação dos pais, crises ou violência conjugal, violência urbana, ruptura emocional, sentimentos de limitação, mudanças de casa, de escola ou de amizades, crise econômica afetando a família, doença grave, conflitos internos associados a passividade, insegurança, irritabilidade, estresse agudo, morte na família, fobias, mães dominadoras, pais ausentes na educação e toda ameaça de separação ou perda.
Em relação ao perfil da própria criança, ela pode apresentar passividade, dificuldades de comunicação, introversão, agressividade, baixa autoestima e sintomas de depressão.

Sem contar que nos primeiros meses de vida a criança também reflete a alma da mãe, como expliquei em meu texto “Aquele abraço negado”, onde também falo sobre a importância de colocar ao máximo o filho no colo, em contato com o corpo da mãe, para o sentimento de segurança e alegria profunda, entre outras coisas tão importantes para o seu desenvolvimento global.

Outros sintomas psicossomáticos comuns ligados a outras situações são: dor de cabeça, no ouvido, de garganta, de estômago, dor de barriga, dor ao urinar, dor nas pernas, distúrbios na salivação, aftas, náuseas e vômitos, enjoo de viagem, dor abdominal, colite, encoprese, prurido, urticária, eczema, palidez, desmaio, taquicardia, enurese, torcicolo, espasmo, tremores, tiques, tontura, cefaléia, enxaqueca.

A criança não sabe metacomunicar, isto é, dizer o que está errado na comunicação entre ela e os pais, então ela cria situações ou sintomas que deflagram o problema emocional e quando o remédio trata só a doença é como se o adulto a calasse, sem respeitar ou fazer a leitura do que realmente importa, a causa, ou seja, o seu sentimento frente a uma situação. Nesse momento, a família deve repensar a sua postura frente a ela, que pode apresentar durante muito tempo os mesmos sintomas ou sintomas parecidos e acabar crescendo sendo medicada.

As doenças e quadros sintomatológicos infantis devem ser tratados por uma equipe interdisciplinar ou, ao menos, pelo psicólogo e pelo pediatra, só assim teremos um tratamento mais completo e sadio para a criança, olhando o físico e o mental-emocional, mas infelizmente o nosso sistema sanitário ainda é muito arcaico e precário e não inclui o psicólogo nesse diálogo como deveria, assim como a maioria das pessoas não é bem informada o bastante para buscar a ajuda de um psicólogo, quando é só ele que pode ajudar. Temos também o belo trabalho da terapeuta floral, do naturopata, do médico homeopata, do fitoterapia, que são muito importantes, mesmo quando se trata de prevenção.

A psicologia trata também pacientes com doença e desequilíbrio mental, mas é uma ciência magnânima, que auxilia sobretudo pessoas ditas “normais”, trazendo a tona os mistérios da mente e das relações, ajudando na promoção da saúde de toda a família e no bem estar da criança.

Cintia Liana Reis de Silva é psicóloga e psicoterapeuta desde 2000. Escritora. Especialista em psicologia conjugal, familiar e adoção. Seu blog recebe mais de 15.000 visitantes ao mês, o www.psicologiaeadocao.blogspot.com.

2 comentários:

Walkíria Andrade F. disse...

Filha, que texto maravilhoso! Adorei!
Cada dia que passa, tenho mais orgulho de você!
Te amo

Walkíria Andrade F. disse...

Filha, o texto é maravilhos, adorei!
Parabéns!
Te amo