Foto no site "A arte de amadurecer"
No interior da Bahia, um juiz tem conseguido evitar que conflitos
familiares e pessoais transformem-se em processos judiciais com a utilização de
uma técnica de psicologia antes das sessões de conciliação. Com ajuda da
chamada Constelação Familiar, dinâmica criada pelo teólogo, filósofo e
psicólogo alemão Bert Hellinger, o magistrado Sami Storch conseguiu índice de
acordo de 100% em processos judiciais onde as partes participaram do método
terapêutico.
Durante a
Semana Nacional da Conciliação deste ano, que ocorrerá entre os dias 24 e 28 de
novembro em todo o país, já estão agendadas 29 audiências cujas partes
participaram da vivência de Constelação Familiar. Para o magistrado, o método
contribui fortemente para o fim do conflito impactando tanto os atores diretos
quanto os envolvidos indiretamente na causa, como filhos e família.
Neste ano, a
técnica vem sendo direcionada aos adolescentes envolvidos em atos infracionais,
processos de adoção e autores de violência doméstica. Na Vara Criminal e de
Infância e Juventude de Amargosa, a 140 km de Salvador, onde atualmente o juiz
Sami Storch dá expediente, o índice de reincidência desses jovens ainda não foi
mensurado, mas o magistrado acredita que, se fosse medido, esse número seria
com certeza menor.
“Um jovem
atormentado por questões familiares pode tornar-se violento e agredir outras
pessoas. Não adianta simplesmente encarcerar esse indivíduo problemático, pois
se ele tiver filhos que, com as mesmas raízes familiares, apresentem os mesmos
transtornos, o problema social persistirá e um processo judicial dificilmente
resolve essa realidade complexa. Pode até trazer algum alívio momentâneo, mas o
problema ainda está lá”, afirma.
O que é Constelação Familiar – A sessão de Constelação Familiar
começa com uma palestra proferida pelo juiz sobre os vínculos familiares, as
causas das crises nos relacionamentos e a melhor forma de lidar com esses
conflitos. Em seguida, há um momento de meditação, para que cada um avalie seu
sentimento. Após isso, inicia-se o processo de Constelação propriamente dito.
Durante a prática, os cidadãos começam a manifestar sentimentos ocultos,
chegando muitas vezes às origens das crises e dificuldades enfrentadas.
Em 2012 e
2013, a técnica foi levada aos cidadãos envolvidos em ações judiciais na Vara
de Família do município de Castro Alves, a 191 km de Salvador. A maior parte
dos conflitos dizia respeito a guarda de filhos, alimentos e divórcio. Foram
seis reuniões, com três casos “constelados” por dia. Das 90 audiências dos
processos nos quais pelo menos uma das partes participou da vivência de
constelações, o índice de conciliações foi de 91%; nos demais, foi de 73%. Nos
processos em que ambas as partes participaram da vivência de constelações, o
índice de acordos foi de 100%.
Para Sami
Storch, a Constelação Familiar é um instrumento que pode melhorar ainda mais os
resultados das sessões de conciliação, abrindo espaço para uma Justiça mais
humana e eficiente na pacificação dos conflitos.
A Semana
Nacional da Conciliação ocorre
todo ano e envolve a maioria dos tribunais brasileiros. Os tribunais selecionam
os processos que têm possibilidade de acordo e intimam as partes envolvidas a
tentar solucionar o conflito de forma negociada. A medida faz parte da meta de
redução do grande estoque de processos na Justiça brasileira – atualmente em 95
milhões, segundo o Relatório Justiça em Números 2014.
Regina Bandeira
Agência CNJ de Notícias
constelacao-familiar/
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