"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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sábado, 26 de junho de 2010

Palmadas - Efeitos do Castigo Físico

Foto: Facebook

Nos meninos e nas meninas:
• Diminui a auto-estima, gerando a sensação de que eles valem menos;
• Ensina a serem vítimas. Algumas pessoas acreditam que o sofrimento torna as pessoas mais fortes, que as prepara para a vida. Nos dias de hoje, sabemos que não só não faz as pessoas mais fortes, como também as converte em pessoas com dificuldades de sentirem-se capazes de resolver seus próprios problemas;
• Interfere no processo de aprendizagem e no desenvolvimento de sua inteligência, de seus sentidos e de suas emoções;
• Gera sentimentos de solidão, tristeza e abandono;
• Faz com que eles observem a sociedade de uma forma negativa e as pessoas como seres ameaçadores, causando dificuldade de integração social;
• Cria um muro que impede a comunicação entre os pais e filhos e prejudica os vínculos emocionais que existem entre eles;
• Cultiva sentimentos de raiva e desejo de fugir de casa;
Ensina que a violência é um modo adequado para resolver os problemas;
Dificulta a cooperação com as figuras de autoridade;
• Deixa a criança mais exposta a vários acidentes;
• Em relação aos meninos, como são mais castigados fisicamente do que as meninas para se tornarem “homens” faz com que eles sejam mais agressivos e os deixa mais vulneráveis a utilizar drogas (incluindo o álcool) no futuro;
• Em relação às meninas, a tendência é internalizar sua dor que vai acabar se manifestando emocionalmente por meio de depressão, insegurança, culpa e submissão.

Nos pais e mães:
• Produz ansiedade e culpa, inclusive nos pais que consideram esse tipo de castigo correto;
• O uso do castigo físico aumenta a probabilidade dos pais mostrarem comportamentos violentos em outras situações com maior freqüência e intensidade;
Impede sua comunicação com os filhos e dificulta as relações familiares no presente e no futuro.

Na sociedade:
A relação entre ter sido vítima de violência física na infância ou ter testemunhado este tipo de violência em sua família, faz com que exista a tendência de que seja reproduzida na fase adulta;
Incentiva as novas gerações a usarem a violência como forma de resolver um conflito;
• Faz com que se acredite que existem dois grupos de cidadãos: as crianças e os adultos. Os adultos mandam e podem agredir; as crianças obedecem e apanham;
Promove modelos familiares onde existem os que agridem e os que são agredidos. Nesses casos, os envolvidos têm dificuldade de entender a importância de uma relação de igualdade entre as pessoas, um dos pontos fundamentais da sociedade democrática;
• Dificulta a proteção à infância. Ao tolerar essa prática, a sociedade não se legitima como um espaço protetor para meninos e meninas;
• Torna os cidadãos submissos porque, em seus primeiros anos de vida, aprenderam que ser vítima é uma condição natural dos indivíduos que fazem parte daquela sociedade.

Fontes:
Educa, no Pegues. Campaña para la sensibilizació n contra el castigo físico en la familia. Madrid: Save the Children, Comité Español de UNICEF, CEAPA y CONCAPA, 2002;
Pesquisa Homens, violência de gênero e saúde sexual e reprodutiva: um estudo sobre homens no Rio de Janeiro/Brasil. Instituto PROMUNDO e Instituto NOOS, 2003.

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Até certo ponto é bem difícil de entender essas causas, mas se analisarmos sutilmente, sem querer medir quem está com a razão, percebemos que a agressão física e o aprendizado pela dor causada pelos pais só gera intolerância e revolta.

É uma consciência que se adquire com uma reflexão sem querer brigar pelo certo ou errado, sem querer brigar com a nova lei, e sim chegando a conclusões sobre a dor física.

Profissionais da área da família, experientes e com filhos, dizem que até uma palmada é desnecessário e uma vez ouvi de um expert no assunto que a palmada só aparece quando já se esgotaram todos os outros recursos e que ele nunca chegou a dar uma palmada num dos 4 filhos dele. No início não concordei, mas dois anos depois de pensar nisso concordo.

Filhos que dizem não ter sofrido com pancada creio que nunca fizeram terapia, porque a raiva que se sente quando se apanha do pai ou da mãe fica marcada no corpo, em forma de memória corporal e isso dói, a mágoa da dor emocional acompanhada da física.

Tem filho que tem uma péssima relação com seus pais autoritários e que fizeram uso de palmadas e não sabe porque e depois vem dizer que aqueles tapas foram bons para sua educação?

Penso que podemos pensar bastante em outras possibilidade mais eficazes que não passam pela dor física e sim pela tomada de consciência. A experiência com a surra é muito humilhante, é para a relação com inimigos e traz outros prejuízos de ordem moral que comprometem a relaçao com o filho. O limite em que ele terá com os outros em relação a violência física no futuro estará comprometida por uma vivência e um aprendizado de modelo educacional distorcido, onde tem pancada.

Se condeno alguém que dá uma palmada? Claro que não, mas acho que são coisas para serem pensadas. Penso que quanto maior é a ignorancia espiritual e emocional, mas os pais vão bater, o limite vai ser menor sobre a violência em casa. Por esse caminho de pensamento prefiro não bater. Sou 0% palmada.

Quando for mãe refletirei novamente, mas aí estarei em outro estágio de consciência, com mais recursos ainda para lidar com as birras e pirraças. Um comportamento ou olhar de uma mãe chateada pode ser mais eficaz, depende da proposta dela.

A questão dos padrões de violência familiares é muito séria, é um ciclo que pode começar e não acabar mais, que passa de geração em geração.


Por Cintia Liana