"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Biológico X Adotivo: Tem diferença?

Google Imagens

Por Kelma - "Adoção do lado de cá"

Uma coisa que sempre ouvimos dizer é que ser mãe adotiva é totalmente diferente de ser mãe biológica. Normalmente se prega que o filho adotivo já vem “pronto”, que não acontece a fase da barriga (a gestação) ou da amamentação que tudo isso faz com que haja diferença entre adotar e gerar. Quando eu ouvia isso ficava apavorada, pois achava que essa diferença era na emoção, no sentimento e na afetividade.
Da minha experiência, atualmente, afirmo que não há diferença alguma entre ser mãe adotiva e mãe biológica. Há todo um mistério e mistificação em torno da gestação, do processo de gravidez, que nem sempre faz sentido. É claro que é lindo e muito bacana a gravidez (não pretendo criticar a gravidez, claro). Mas é importante dizer que não é esse processo que transformará a mulher em mãe. Tanto que, se fosse assim, não teriam milhares de crianças disponíveis para adoção! Bastaria engravidar para virar mãe e entender o processo da maternidade. Não é? Não. Nada disso. A gestação, a gravidez, a barriga, a amamentação não são fatores determinantes. Eu tive barriga, tive uma gravidez tranquilíssima, amamentei mais de 1 ana... tudo como “manda o figurino”. Contando toda aquela loucura de se tornar mãe, administrar as visitas, manter o casamento, cuidar do filho, lidar com hormônios e tudo o que envolve a maternidade, os sentimentos para gerar e adotar são idênticos. Na verdade não são idênticos para todo mundo, mas podem se tornar idênticos se a pessoa quiser. Meu marido, inclusive, costuma dizer que meu “pós-parto” foi igual quando tivemos meu primeiro filho e quando adotamos a segunda.
O sentimento de se tornar mãe, cuidar de um ser humano, formar alguém, ser responsável por esse alguém e ver a vida transformada radicalmente é o mesmo. As lágrimas, o medo, os receios, as dúvidas são iguais. E o amor também. Não há a menor diferença. Digo isso porque se tivesse como garantir às mães adotivas que elas são mães como qualquer outra eu garantiria sem a menor dúvida. Vivo as duas vias. E são iguais em amor e em doação.
Porém, como todo parto, a chegada de um filho (seja biológico ou adotivo) vira nossa vida de cabeça para baixo. Quando temos um filho biológico não temos escolha: é levar pra casa depois da Maternidade e se virar com a situação. Contudo, quando temos um filho adotivo, há a (maldita) possibilidade de “desistir”. E, assustados com o processo cruel e real que é sair da condição de filhos para nos tornarmos mãe/pai, achamos que por ser o filho adotado não estamos dando conta de aceitar e adaptarmo-nos à ele. E não é assim. Como disse anteriormente, os medos, receios, pavores, dúvidas, questionamentos estarão tanto no filho da barriga quanto no filho do coração (não gosto dos termos, mas vá lá!).
Portanto, que esse primeiro post oficial deixe claro -antes de falar noutros temas- que ser mãe é uma atividade única e não tem distinção nos “formatos”. Transformar sua vida - que antes era autossuficiente e independente - em doação, entrega e responsabilidade dói à beça. Seja para filho biológico ou adotado. Vai mexer profundamente com você, independente de ter adotado ou gerado. E se não causar todo esse rebuliço dentro de você e de suas vidas, aí sim, será sinal de que tem coisa errada! Porque toda mudança dói. E sem dor não haverá a mudança. E sem mudar, não tem maternidade.
O melhor conselho nesses casos é: siga seu instinto. Aceite suas imperfeições. Viva a mudança sem querer ser perfeita. Saia dos protótipos de perfeição que a mídia vende, dizendo que é tudo um mar de rosas (porque não é). Dê a sua cara em sua história, faça a diferença. Isso mostrará as cores reais da maternidade, e não o processo que trouxe um ser humano à vida e para dentro de sua existência.
Um Grande Abraço
Kelma (Artigo escrito e publicado em 16/01/2009)

Um comentário:

Paulinha disse...

Nossa que show esse seu texto!
Sou mãe biológica de uma linda menina que vai fazer 1 ano mês que vem...
Mas o meu sentimento e vontade de adotar uma criança não terminou mesmo depois de ter minha filha...

So que eu tenho muitas duvidas... as pessoas colocam muitos medos na nossa cabeça principalmente a nossa própria família., dizendo pra tirar isso da minha cabeça, porque eu já tenho uma filha e já da trabalho imagina dois...
Dizem que não sabe quem foi os pais e as crianças vem com uma herança genética com as suas personalidades... enfim eh difícil tomar uma decisão sabe...
Porque eu não sei explicar mas eh uma coisa de dentro uma vontade que sempre tive antes mesmo de ter minha filha e agora penso em quem sabe aumentar nossa família pq não adotar?

O meu medo mesmo eh não conseguir conversar com ela quando ela me perguntar dos pais dela... seria muito difícil pra mim falar que ela foi abandonada enfim não queria mentir...

Bom ainda tenho tempo...
Que Deus ilumine meus pensamentos..

E sempre estarei lendo artigos sobre adoção abre bastante a a cabeça!

Sei que tenho muito que aprender tenho 24 anos...
Mas vai ser difícil esse meu desejo de adotar terminar...

Quero ser mãe novamente.. mas que esse filho venha da adoção...

Beijosss