"O momento ideal para iniciar a vida sócio escolar"
Por Cintia Liana Reis de Silva
Por Cintia Liana Reis de Silva
Publicado no Site Indika Bem no dia 25 de setembro de 2014.
Cada dia que passa as crianças vão o mais cedo possível à creche ou à escola, ou melhor os bebês, pois até 2 anos o menor ainda é um bebê. Cada criança segue esse percurso de acordo com as necessidades dos pais, por causa do trabalho ou até pelo fato de desejarem ter mais tempo para eles.
A crença de que os menores precisar ir logo à escola, mesmo sem a necessidade vem não só em virtude das mães de hoje precisarem trabalhar, mas também do pensamento de que a crianças pequenas precisam se socializar o mais rápido possível, mesmo quando têm uma mãe que pode passar todo o tempo com elas. Muitos acreditam que esse intenso contato com a mãe pode ser nocivo e torná-los muito dependentes um do outro, mas não é verdade.
Quando as crianças iniciam a vida escolar, eclodem as neuroses que nasceram naturalmente no seio da família. E essas neuroses vêm a tona de forma mais forte nesse contato social intenso e desnecessário para ela. É desnecessário estar sem a família por perto para gesti-la emocionalmente, sem figuras afetivas e de apego significativas para lhe darem suporte, e é nesse momento que as crianças começam a ficar doentes, não só pelos vírus que as rodeiam. O vírus ataca a pessoa que está com baixa imunidade e a baixa imunidade é característica de alguém que não está bem emocionalmente. O não estar equilibrado emocionalmente pode ser pelo fato desse contato social intenso ter começado antes da hora, antes da criança estar madura o suficiente para essa experiência e por não ter aproveitado mais a vida cotidiana despretensiosa em seu próprio lar.
Crianças até 2 anos precisam estar muito tempo com a mãe! É uma necessidade real, existencial e vital que só faz bem. A manutenção e o estabelecimento dessa proximidade com sua principal figura provedora de cuidados, que geralmente é a mãe, é o lastro firme para um futuro de uma mente equilibrada. O que faz mal é uma mãe super protetora e controladora, mas caso contrário, essa base e companhia, se forem sadias só darão à criança a possibilidade e a segurança de se relacionar bem com o resto do mundo. Por isso, não se sinta culpada por querer passar todo o tempo com o seu filho enquanto ele ainda é pequenino. Aproveite com sabedoria! Contra indicado é ele passar muito tempo com a “baby sitter” ou na creche.
Se ele tiver que ir a creche muito cedo, com 4 meses, tente encontrar tempo para estar próxima ao seu filho, tempo de qualidade, colocar ele para dormir sobre o teu peito. Procure não competir nas situação de conflito, não perder a paciência meio ao cansaço físico e mental. Crie alianças positivas.
É importante ter sempre em mente que a crianças refletem os medos, as ansiedades e os traumas da mãe, dos pais, do casal. No caso da mãe, muitas vezes ela se vê refletida nesse filho, projeta a sua criança ferida, conduz a relação em parte com base nesses medos e nessas feridas e fantasias, por isso faz-se necessário reflexão honesta ou até mesmo terapia para amadurecer esse olhar.
Se partirmos do princípio de que para o “apego seguro” se desenvolver bem são necessários 3 anos e meio de uma boa interação com uma disponibilidade afetiva incondicional e muito positiva com a figura de apego, de acordo com o pai da teoria do apego, John Bowlby, o ideal seria a criança passar bastante tempo com mãe até essa idade e ir a escola só após completar 3 anos e meio. Se socializar não se faz só na escola, mas dentro da família, com os primos, com os avós e tios, com os filhos dos amigos, no parque, no jardim perto de casa com outras crianças, na natação, na aula de dança.
Aproveitando, te convido a conhecer um pouco os tipos de apego. O apego em quatro padrões:
“Seguro – o bebê sinaliza a falta da mãe na separação, saúda ativamente a mãe na reunião, e então volta a brincar; Inseguro – evitante – o bebê exibe pouco ou nenhuma aflição quando separada da mãe e evita ativamente e ignora a mãe na reunião; Inseguro – resistente – o bebê sofre muito, tem muita aflição ou angústia pela separação e busca o contato na reunião, mas não pode ser acalmado pela mãe e pode exibir forte resistência; Inseguro – desorganizado – apresenta comportamento misto, ora como evitante, ora como resistente.” (Lantzman, 2014)
O apego resultante da interação bebê-mãe, varia de acordo com o tipo de cuidado materno e das características inerentes ao bebê.
Com 2 anos de idade se ganha naturalmente uma autonomia emocional maior, quando é indicado que ocorra o desmamem total para que se cresça ainda mais e sua mãe retome o seu espaço psíquico e os pais voltem a estar mais próximos como casal. Então, como tudo é algo a ser refletido e preparado com delicadeza e respeito, indico que cada mãe avalie e sinta quais são e por onde vão as suas emoções. Se ela sente que seu filho deseja estar mais tempo com outras crianças, se ele se sente seguro em passar umas 3 manhãs na creche para brincar e se ela lhe dá tempo para se adaptar a essa nova realidade, porque não? Se a mãe se sente preparada para esse passo, se está fisicamente cansada, não deve se sentir culpada e nem sentir medo de ser “abandonada”.
Se a criança for respeitada em seus medos e ansiedades, sem críticas e julgamentos, com pais que alimentam o autoconhecimento para amadurecerem com honestidade, com um envolvimento afetivo nutritivo, ela será feliz, se sentirá bem e segura e isso é o mais importante para o seu bom desenvolvimento bio-psíquico-sócio-afetivo.
Cintia Liana Reis de Silva
Referência:
Lantzman, Mauro. O apego. Disponível em: http://www.pet.vet.br/puc/oapego.pdf. Acesso em: 10 de setembro de 2014.
Fonte da imagem: www.cuidardebebe.com (Créditos e Divulgação)
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