"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O momento ideal para iniciar a vida sócio escolar

Fonte da imagem: www.cuidardebebe.com
"O momento ideal para iniciar a vida sócio escolar"

Por Cintia Liana Reis de Silva
Publicado no Site Indika Bem no dia 25 de setembro de 2014.
Cada dia que passa as crianças vão o mais cedo possível à creche ou à escola, ou melhor os bebês, pois até 2 anos o menor ainda é um bebê. Cada criança segue esse percurso de acordo com as necessidades dos pais, por causa do trabalho ou até pelo fato de desejarem ter mais tempo para eles.
A crença de que os menores precisar ir logo à escola, mesmo sem a necessidade vem não só em virtude das mães de hoje precisarem trabalhar, mas também do pensamento de que a crianças pequenas precisam se socializar o mais rápido possível, mesmo quando têm uma mãe que pode passar todo o tempo com elas. Muitos acreditam que esse intenso contato com a mãe pode ser nocivo e torná-los muito dependentes um do outro, mas não é verdade.
Quando as crianças iniciam a vida escolar, eclodem as neuroses que nasceram naturalmente no seio da família. E essas neuroses vêm a tona de forma mais forte nesse contato social intenso e desnecessário para ela. É desnecessário estar sem a família por perto para gesti-la emocionalmente, sem figuras afetivas e de apego significativas para lhe darem suporte, e é nesse momento que as crianças começam a ficar doentes, não só pelos vírus que as rodeiam. O vírus ataca a pessoa que está com baixa imunidade e a baixa imunidade é característica de alguém que não está bem emocionalmente. O não estar equilibrado emocionalmente pode ser pelo fato desse contato social intenso ter começado antes da hora, antes da criança estar madura o suficiente para essa experiência e por não ter aproveitado mais a vida cotidiana despretensiosa em seu próprio lar.
Crianças até 2 anos precisam estar muito tempo com a mãe! É uma necessidade real, existencial e vital que só faz bem.  A manutenção e o estabelecimento dessa proximidade com sua principal figura provedora de cuidados, que geralmente é a mãe, é o lastro firme para um futuro de uma mente equilibrada. O que faz mal é uma mãe super protetora e controladora, mas caso contrário, essa base e companhia, se forem sadias só darão à criança a possibilidade e a segurança de se relacionar bem com o resto do mundo. Por isso, não se sinta culpada por querer passar todo o tempo com o seu filho enquanto ele ainda é pequenino. Aproveite com sabedoria! Contra indicado é ele passar muito tempo com a “baby sitter” ou na creche.
Se ele tiver que ir a creche muito cedo, com 4 meses, tente encontrar tempo para estar próxima ao seu filho, tempo de qualidade, colocar ele para dormir sobre o teu peito. Procure não competir nas situação de conflito, não perder a paciência meio ao cansaço físico e mental. Crie alianças positivas.
É importante ter sempre em mente que a crianças refletem os medos, as ansiedades e os traumas da mãe, dos pais, do casal. No caso da mãe, muitas vezes ela se vê refletida nesse filho, projeta a sua criança ferida, conduz a relação em parte com base nesses medos e nessas feridas e fantasias, por isso faz-se necessário reflexão honesta ou até mesmo terapia para amadurecer esse olhar.
Se partirmos do princípio de que para o “apego seguro” se desenvolver bem são necessários 3 anos e meio de uma boa interação com uma disponibilidade afetiva incondicional e muito positiva com a figura de apego, de acordo com o pai da teoria do apego, John Bowlby, o ideal seria a criança passar bastante tempo com mãe até essa idade e ir a escola só após completar 3 anos e meio. Se socializar não se faz só na escola, mas dentro da família, com os primos, com os avós e tios, com os filhos dos amigos, no parque, no jardim perto de casa com outras crianças, na natação, na aula de dança.
Aproveitando, te convido a conhecer um pouco os tipos de apego. O apego em quatro padrões:
“Seguro – o bebê sinaliza a falta da mãe na separação, saúda ativamente a mãe na reunião, e então volta a brincar; Inseguro – evitante – o bebê exibe pouco ou nenhuma aflição quando separada da mãe e evita ativamente e ignora a mãe na reunião; Inseguro – resistente – o bebê sofre muito, tem muita aflição ou angústia pela separação e busca o contato na reunião, mas não pode ser acalmado pela mãe e pode exibir forte resistência; Inseguro – desorganizado – apresenta comportamento misto, ora como evitante, ora como resistente.” (Lantzman, 2014)
O apego resultante da interação bebê-mãe, varia de acordo com o tipo de cuidado materno e das características inerentes ao bebê.
Com 2 anos de idade se ganha naturalmente uma autonomia emocional maior, quando é indicado que ocorra o desmamem total para que se cresça ainda mais e sua mãe retome o seu espaço psíquico e os pais voltem a estar mais próximos como casal. Então, como tudo é algo a ser refletido e preparado com delicadeza e respeito, indico que cada mãe avalie e sinta quais são e por onde vão as suas emoções. Se ela sente que seu filho deseja estar mais tempo com outras crianças, se ele se sente seguro em passar umas 3 manhãs na creche para brincar e se ela lhe dá tempo para se adaptar a essa nova realidade, porque não? Se a mãe se sente preparada para esse passo, se está fisicamente cansada, não deve se sentir culpada e nem sentir medo de ser “abandonada”.
Se a criança for respeitada em seus medos e ansiedades, sem críticas e julgamentos, com pais que alimentam o autoconhecimento para amadurecerem com honestidade, com um envolvimento afetivo nutritivo, ela será feliz, se sentirá bem e segura e isso é o mais importante para o seu bom desenvolvimento bio-psíquico-sócio-afetivo.
Cintia Liana Reis de Silva
Referência:
Lantzman, Mauro. O apego. Disponível em: http://www.pet.vet.br/puc/oapego.pdf. Acesso em: 10 de setembro de 2014.
Fonte da imagem: www.cuidardebebe.com (Créditos e Divulgação)

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