É importante repensarmos tudo! Tudo mesmo.
Um excelente texto.
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Imagem: luiginter via Foter.com / CC BY-NC-SA
30 de agosto de 2016
Por Lidiane Vasconcelos
Festa infantil em bufê da moda… e bem caro! Quem nunca foi a um evento assim? O
ambiente a gente conhece: brinquedos com luzes piscando e emitindo sons os mais
diversos, e as crianças enlouquecidas correndo de um lado para o outro. De
repente, uma parada: a criança aniversariante entra na festa. Mas agora ela usa
uma roupa diferente da que estava logo no início do evento, quando recebeu 3
dígitos de convidados. Será que aquele pingo de gente conhece mesmo tantas
pessoas assim? A comemoração segue. Os presentes ainda nem foram abertos,
repousam num lugar reservado para eles. Isso fica pra depois! Foi-se o tempo da
alegria de abrir o mimo, e agradecer pessoalmente a gentileza do amiguinho ou
do primo com um abraço. Isso tornou-se desnecessário.
As festas viraram
espetáculos caros, exagerados e entusiasmados um pouco acima do normal, a meu
ver. Por que passamos a celebrar mais um ano de vida das crianças desse jeito?
Ainda não entendi bem. Por que passamos a comemorar a vida de maneira que beira
o impessoal, em detrimento das festas afetivas de antigamente?
Você lembra? As festas
de aniversário eram em casa, ao redor de nossas mesas, com brigadeiros e doces
desiguais, e tudo bem! A reunião era para poucos, familiares e amigos que, de
fato, faziam parte da história da criança, com quem se encontrava outras vezes
ao longo do ano. Era uma festa, portanto, afetiva. A festa começava nos
preparativos, na produção das delícias e na arrumação da casa para o momento em
si. Todo esse processo era o que tanto trazia alegria… você se lembra? A festa
tinha um propósito: reunir as pessoas mais queridas para a celebração por mais
um ano de vida. Isto, por si só, era o motivo mais que especial, e ter os mais
queridos por perto era extraordinário. Onde foi que nos perdemos quando
passamos a nos empenhar tanto para tornar esse momento em algo espetacular? O
que dizer quando as pessoas passaram a dar mais importância em mostrar o que
têm e o que podem pagar, em detrimento de vivenciarem o que verdadeiramente são
na essência? É isso o que torna essas pessoas mais felizes?
A gente ouve falar
demais que o mundo anda bastante competitivo, e que é preciso preencher alguns
requisitos para atender a um modelo de sucesso social. Sem isso, somos vistos
como fracassados, perdedores… esse veneno todo chegou às comemorações nos
aniversários infantis? A celebração feliz e genuína, pela vida da criança,
junto aos mais próximos, não é mais o bastante? Vem daí a loucura de muitas
vezes fazer o que não se pode, parcelar a festa em inúmeras vezes, ou ainda
pegar empréstimos (já ouvi falar que até isso fazem!), tudo para mostrar o que
tem, ou fingir para a sociedade o que de fato não tem? De onde vem essa
necessidade de impressionar, de fazer mais e diferente a cada ano?
É
claro que cada família é livre para fazer a comemoração do aniversário da cria
como bem entender, e fazer o investimento que puder e quiser. Se isso é
significativo para elas, assim mesmo como vemos hoje em dia, que seja. E nem se
trata de eu ter me sentido desconfortável por ter estado em um evento assim.
Absolutamente! Não é essa a questão. O que desejo colocar como reflexão é se
isso tudo realmente traduz a essência dessas famílias. O que há de verdade
nisso tudo? O que resta, em termos de sentimento, desses superultramega eventos? O quanto isso tem sido
saudável para todos? O que vamos ensinar às crianças com todo esse movimento
eufórico e consumista em torno das festas infantis? Quero refletir com você,
apenas…
Felizmente, tenho
percebido algum movimento contrário a isso tudo. Se por um lado há essa
necessidade coletiva de aprovação, que busca a opinião do outro quanto a
sermos, ou não, pessoas bem sucedidas, nem que para isso haja tanto desgaste e
gastos financeiros desproporcionais, por outro lado é animador assistir ao
resgate do simples e descomplicado, com festas intimistas e afetivas que buscam
nada mais que produzir gostosas recordações, e festejar afetivamente. É
revigorante ver, em tempos de festas espetáculo, comemorações em que há uma
reunião com significado, apenas pela presença dos que estão ali. É gostoso ver
a alegria da criança ao ganhar um presentinho, e logo poder abrir e se deliciar
com a surpresa ali mesmo, sem a necessidade de seguir o roteiro do “agora não é
hora de abrir os presentes”. É confortável poder receber pessoas queridas,
servi-las com guloseimas desiguais… e tudo bem! Elas são de casa e não se
importariam com esses detalhes. Que importância tem a perfeição dos doces,
afinal?
Repensar tudo isso nos
coloca diante de um (velho) mundo novo, de novas possibilidades, das escolhas
verdadeiras e do coração, das festas com significado que arrancam sorrisos e
alegria dos pequenos por estarem com quem amam e por quem são amados na real, e
que, a gente sabe bem, não há dinheiro algum que compre. Nenhum!
Fonte: http://www.trololodemulher.com.br/2016/08/30/festa-infantil-2/
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