Este texto foi escrito por uma jovem que, quando mais nova, atendi algumas vezes quando era perita de uma Vara da infância e juventude no Brasil. Ela me pediu que o publicasse. Talvez na tentativa de achar a sua mãe.
Observem a fidelidade e aliança que ela tem com a figura materna. Ela, de fato, nunca aceitaria a adoção.
É o outro lado, para a gente ver como funciona.
A partir do terceiro parágrafo ela começa a contar a sua história de modo objetivo.
Eu fiz algumas correções ortográficas, mas não muitas para não descaracterizar o texto. Tirei todos os nomes próprios, incluisve dos abrigos onde ela passou e de lugares que pudessem identificá-la por outros, que não a própria mãe.
Boa leitura. Para a gente fica a reflexão e o respeito por esta jovem, que decidiu doar a vida a procura da mãe perdida, que nunca se despediu dela.
We heart it
Viva a Vida
Sei que a partir do momento que você posta algo sobre você, algo pessoal, esse algo sobre você, fica exposto para que todos vejam mais eu decidi me abrir com o mundo passar um pouco do que vivi através das palavras, mas não julguem estamos aptos a erros, passados e lembranças, afinal a vida muda a cada minuto... Falamos tanto em status e não nos preocupamos com o necessário, aquilo que construímos de nós mesmo, definir é o que tempo faz com cada um de nós, porém se basear no que a mídia quer que você seja é uma forma de plagiar o que quer ser e não o que realmente se é, porém não me encaixo nesse padrão plagiar, para a maioria é tão simples julgar quando na verdade não se sabe o que se passa dentro de cada mente, de cada ser e cada vivência.
Na vida aprendemos que nada é como queremos, porém toda experiência é um aprendizado único da qual partilharemos e aprenderemos que nada se julga antes mesmo de ser conhecido, pois todo obstáculo contém uma enorme quantidade de aprendizado, onde nada se perde e tudo se aprende!
Tudo começou quando minha mãe se envolveu com pessoas erradas, tal amiga dela, que dizia ser amiga, mas quando estávamos em casa essa que se dizia SER amiga tentou matá-la, mas minha única sorte é que eu estava dormindo e minha mãe estava acordada, só que quando ela ouviu chiados e olhou pela brecha da janela, ela viu a tal amiga armada descendo com dois rapazes para matá-la, então se pôs embaixo da cama e rezou para que jamais a encontrasse, arrombaram a porta, mas por algo forte não acordei, não sei pela graça de quem... E minha mãe debaixo da cama desesperada, orando para que nada me acontecesse, eles haviam pensado que ela havia saído e me deixado em casa trancada... Apenas olharam e saíram, pois naquela época eu era pequena, quando saíram minha mãe desesperada enrolou de uma ladeira abaixo atrás de ajuda, mais a única que pôde nos ajudar era uma vizinha, que via meus prantos de medo e aflição... Aprendemos que nada na vida é em vão, de tudo se obtém um aprendizado!
Então minha mãe decidiu viajar sem permissão dos meus familiares para um lugar chamado Salvador (Bahia), como era pequena não podia recusar pensava em apenas estar com ela, pois a amava e a amo. Digito isso com lágrimas nos olhos que a cada palavra me fazem derramar o que sinto. Viajamos de carona ela com malas na mão e correndo risco com apenas uma criança que jamais sabia para onde estava indo, por muitas vezes tive que dormir na rua, até que então cheguei a Bahia, em Salvador, ou seja, no 2 de Julho, onde minha mãe passou a usar químicas e a se prostitui devido a falta de grana, e ela me tratava com muito amor e carinho apesar disso, mas como ela trabalhava a noite ela me deixava com alguém, mas que também se metia em muitas confusões, que por várias vezes vi minha mãe ser agredida por homens onde nada pude fazer, mas haviam coisas como as drogas que tornavam minha mãe uma pessoa agressiva e violenta, ela me batia quando estava sob efeito.. até que um dia eu fugi de casa, fui pra rodoviária, com o intuito de voltar para Recife para onde estavam meus dois irmão e minha família, mas foi quando o Juizado me pegou e minha mãe que nem uma desesperada a minha procura sem saber onde estava, foi que me puseram no abrigo para menores chamado (...).
E muitos diziam que minha mãe voltaria para me buscar, mas sempre me pus a esperar e nada, e nesse abrigo entrei com 9 anos de idade fiquei nele por anos à esperar e nada de minha mãe aparecer, até que me puseram para adoção, só que não fiquei, pois a única coisa a ficar em minha mente era voltar para minha mãe, fui para muitos psicólogos e os anos iam se passando quando tentaram me adotar mais uma vez e aí embarquei só que não fiquei pois ainda me perturbava o fato de que se minha mãe for no Juizado me procurar, eu estando adotada, ela jamais me encontraria, então fui para um outro abrigo, ou seja, orfanato para meninas, só que de freira a (...), onde fiquei com 15 anos de idade. Fugi e me pegaram, mas me puseram em outro abrigo (...), mas dessa vez fugi e jamais conseguiram me encontrar, porém o tempo me mostrou que não existe impossibilidade quando se tem um sonho e quando lutamos por ele, foi o que ocorreu ao me levar para perto da pessoa mais íntima de minha mãe biológica, mas logo em seguida soube da parte dela que minha mãe havia sumido, mas acredito que o tempo é sábio e esperar é um dom que Deus me permitiu possuir e, às vezes, o medo de me deparar com uma realidade cruel me domina, é algo que vai além de qualquer crença, porém explicar ainda é complexo, fugir pra tentar construir uma vida e procurar minha mãe.
Encontrei meu ex-marido que me ajudou e me ensinou o que é a vida, passei fome, fui humilhada, fiquei como uma andarilha na casa de um e outro, mas meu único refúgio era (...) onde aprendi que pra ser feliz não precisa de dinheiro, que a felicidade se manifesta nas pequenas coisas que Deus nos oferece, não por querer, porém aprendi a encarar as coisas como aprendizado, porém evitar os erros ainda é inevitável, mais por falta de opção, mas minha vida hoje, digo de minha infância pra cá, foram e está sendo o maior inferno, pois não tenho conseguido superar mais nada, pois minha vida está parada, pois meus documentos estão na mão do Ministério Público, onde ele dará apenas a um namorado meu, só que de maior.
Tenho tentado esconder mas em meu rosto demonstra o rosto de cansado e um olhar amargurado, muitas pessoas podem me olhar com olhar criticado, mas se tem uma coisa a qual busco são objetivos que venho tentando encontrar! OU SEJA, MÃE, ONDE VOCÊ ESTÁ?!
É na caminhada do fracasso que aprendemos a valorizar pequenas conquistas e que conhecimento não se adquire do nada, é necessário passar primeiro pela linha do fracasso para se obter conhecimento, saberia não se dá, se conquista!
Voltei ao abrigo onde convivi por um longo tempo, revi pessoas e ouvir negatividades da parte das pessoas. Se você não acredita em si mesmo as pessoas nunca poderão acreditar, escolher entre o sucesso e o fracasso, optaria pelo fracasso, pois é com ele que você aprende a valorizar as pequenas vitórias que a vida te dá, e aprende que sorrisos às vezes vem de pessoas que não nos querem bem, por trás de sorrisos pode haver maldades.
Devemos encarar as circunstâncias como pequenos passos para um futuro brilhante, nenhum vencedor chega ao ponto de chegada sem antes ter passado pela linha do fracasso, somos seres em busca de horizontes, experiências e aprendizado, e chorar não é admitir o fracasso, mas ter a coragem de abrir com os olhos o que o coração não pode dizer com as palavras, e amar o próximo deve estar além de qualquer circunstância, por mais magoada(o) que você fique e por mais que as pessoas machuquem, por que deixar de amar é como deixar de existir, e na caminhada percorrida as pessoas nunca vão admitir nossas qualidades, elas sempre observarão nosso defeitos e apontarão sempre nossos erros, e aprenda a ser sempre você sem diminuir os outros, pois da mesma forma que se pode estar por cima, pode estar por baixo, a vida é um jogo da qual as coisas planejadas nunca saem conforme dito, a vida sempre dá um jeito de nos surpreender, e saudades deixam aqueles que partem sem se despedir, e partir sem dizer adeus é uma forma de deixar um até logo.
As circunstâncias foram longas e os obstáculos cada vez maiores, me impulsionando á desistência, e a dor dentro de mim passou a ser maior, então optei pelo ato mutilátorio (cortes), que para muitos foram atos de tolice, sem questionar o que havia por trás de tal ato, somos seres questionadores em busca de soluções óbvias acerca da vida, erramos e aprendemos com isso, mas as pessoas que nos cercam nos condenam como feito erro eterno, as pessoas julgam as outras se olhando no reflexo do próprio espelho, definição é o que na verdade não temos acerca de nós mesmo, nos destruímos, cigarros, bebidas, drogas é o que nos faz parecer diante daquele que tachamos como tolo.
Foram tentativas, medo, ódio e ao mesmo tempo amor e desejo em busca de um futuro incerto, você nunca saberá se não tentar, mas em meio aos caminhos tortuosos encontrei pessoas que se puseram a me ajudar, e pela minha criatividade de escrita muitos foram os que duvidaram do que passei, mas tenho certeza que minha vida não se baseia nas dúvidas das pessoas, mas no aprendizado, aprendi a reconhecer a grandiosidade de Deus nas pequenas coisas acrescentadas a mim, e ao contrário do ano 2010, meu 2011 está sendo repletos de conquistas, aprendizados e pessoas que durante toda á minha trajetória nunca me deixaram de lado e sempre me aceitaram da forma que sou, enquanto a sociedade julga-me pela aparência os verdadeiros me julgam pelo que sou, porém somos quem quisermos ser!
Aprendemos que não se pode mudar o passado, porém o presente existe para se fazer diferença!
E na caminhada sempre há experiências que deixa cicatrizes, uma ferida nunca sara sem deixar pequenas cicatrizes assim são as experiências o tempo não é capaz de curar apenas ameniza, mas deixam aprendizado, assim como a sabedoria que não se compra, mas se adquire ao logo do tempo, dando a cada um de nós um pouco de maturidade e por muitas vezes por escolha optei por estar só, tentei esconder de muitas pessoas quem sou por causa de muitos medos, mas devemos ser nós mesmos sem nos mascarar por que por mais que o tempo demore as máscaras sempre caem!
(O nome da autora é protegido)
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