Foi com muita alegria que estreei como colunista do site Indika Bem no dia 28 de novembro de 2012.
O Indika bem é um excelente site, onde reúne especialistas de várias áreas da ciência, filosofia e da vida cotidiana, falando de assuntos importante e de grande interesse.
Confiram o meu primeiro texto.
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Por Cintia Liana Reis de Silva
É muito comum casais procurarem terapia para o filho quando detectam que este apresenta alguns sinais persistentes de dificuldades em casa, na escola ou em outros grupos sociais, porém as teorias científicas psicológicas provam que a criança é um reflexo do que ela vive e das impressões que tem do comportamento de seus pais e até do que não é dito em casa, dos segredos, dos tabus, dos preconceitos, de como interpreta as dificulades cotidianas e sobretudo de como sente o mundo que é apresentado à ela. As crianças sentem tudo e é muito natural emitirem algum tipo de resposta ao mundo, do seu modo particular.
Poderíamos dizer que é desaconselhável e até irresponsável atender em psicoterapia uma criança pequena sem introduzir seus pais num processo de reconhecimento da origem das dificuldades. Seria como trabalhar aquele que está fazendo o favor de comunicar a existência de um desequilíbrio familiar e reintroduzí-lo no ambiente adoecido, que nem os pais se deram conta de que não está fucionando de modo justo. Nesse sentido, os pais devem ser bem orientados e aderirem à proposta do trabalho terapêutico aceitando a necessidade de se questionarem.
Devemos usar aquele que está comunicando o desequilíbrio para deflagrar mais ainda o que é de fato importante trabalhar e, a partir daí, propor o conhecimento das situações conflitantes, os motivos, os padrões, os maus hábitos de todos e caminhar em direção a possíveis mudanças.
É claro que é muito mais difícil olhar para si mesmo e admitir que algo pode não estar indo bem e que o filho está sentindo tudo, para isso é preciso humildade e trabalhar o sentimento de culpa. É difícil admitir que o sistema familiar está desorganizado e desarmonioso, afinal os adultos não querem errar, muito menos com os filhos. Talvez seja mais fácil crer que o problema nasce e acaba no filho que, aos olhos de muitos adultos, é um ser que ainda não aprendeu a viver, que não está acostumado com o mundo ou que é rebelde. É mais simples e mais ingênuo pensar assim e usar essas desculpas para não se enxergar, mas se trata de uma fantasia que não ajuda em nada.
A criança, por menor que seja, é um ser que merece respeito, ser tratada com educação. Ela muitas vezes já indica quem será quando adulto e quais são suas prioridades, vontades e tem senso de direitos. Os adultos precisam aprender a entendê-las, o que estão querendo expressar, e aceitar com humildade que eles podem estar errando. As crianças nascem com intuição, sensibilidade e emoção aguçadas, ao longo do tempo é que se pode ir perdendo tudo isso.
Se deve agir com sabedoria e fazer um diagnóstico dos sistemas em que a criança está inserida, pois ela é um reflexo de como está sentindo o mundo e sobretudo reflete quem são de fato os seus pais, seu lado positivo e negativo. Mesmo que doa, ver a sua própria imagem negativa refletida no filho é uma tarefa importante para a transformação de todos e das futuras gerações, tomar consciência deste processo e mudar. As crianças repetem o que os pais fazem de censurado socialmente e eles brigam com ela, sem ao mínimo terem se dado conta de que eles é que deram o modelo.
Tudo pode mudar quando todos resolvem colaborar e ser sinceros, reconhecendo as dificuldades, sem usar de “culpas”, promovendo mudanças sadias. Afinal, uma vida sã propõe crescimento, inteligência e coragem para enfrentar os limites com verdade. E ter filhos é uma responsabilidade muito séria, que muitas pessoas não se dão conta do tamanho desse doce e forte compromisso, nem mesmo depois de tê-los.
Cintia Liana Reis de Silva é Psicóloga e Psicoterapeuta, Especialista em casal, família e Adoção
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