Indika Bem
Por Cintia Liana Reis de Silva
(Publicado dia 27.02.14 no Portal Indika Bem)
Na nossa cultura de hoje é duro se tornar mãe e mais duro ainda nascer. Querem acabar de vez com a natureza selvagem dos indivíduos, com o que ela tem de bom. Acabar com o parto natural, com a amamentação, com o contato livre e intenso entre mãe e bebê. Inconscientemente, as necessidades do recém nascido estão se tornando uma espécie de alergia social em prol do “não perder tempo”, do diminuir os custos nos hospitais, para que a indústria do leite artificial e farmacêutica não se enfraqueçam, para que as mulheres voltem a trabalhar mais cedo, etc.
Uma parte da literatura está sendo manipulada e a cultura popular quer ensinar imediatamente à nova mãe que o seu filho já deve nascer independente. Se eu disser aqui que os bebês, ao nascer, deveriam dormir junto ao corpo da mãe (não no meio do casal, mas ao lado da mãe), muitas pessoas vão pensar duas vezes se é verdade e se, de fato, traria benefícios aos dois, porque foram ensinadas que isso faz mal. Mas será que a bendita frase do conselho de não dormir junto com o filho nasceu do medo de que os pais fizessem sexo ao lado dele? Muito provavelmente. Nenhum estudo mostra que alguém fique mais dependente na fase adulta por ter dormido os dois primeiros anos de vida com a mãe. Ao contrário, estar em contato com o corpo da mãe a faz produzir muito mais leite e esse contato seguro dará uma bela base para que a criança cresça segura dessa relação intensamente íntima, que deve ser plenamente alimentada ao menos até os dois anos de idade, depois a criança naturalmente ganha mais autonomia psicológica e física. Tudo o que é saciado na infância dá mais força ao futuro adulto.
A mulher, que se prepara para ser mãe (os pais precisam se preparar emocionalmente), deve estar muito lúcida e segura de que precisa dar mais ouvidos à sua intuição, ao que diz a sua alma humana de mulher. Ela deva esquecer os conselhos disparados compulsivamente por quase todos, pois 99% deles são distorcidos e preconceituosos, advindos da nossa cultura ocidental capitalista. Ela não deve perder tempo com textos e livros de “receitas”, que dizem o que ela deve fazer e os passos a seguir nos cuidados com seu pequeno filho.
A mulher que se prepara para ser mãe, deveria ler o que a faz despertar para os dons da sua alma; o que motiva a sua essência a se iluminar diante de sua cria; o que a faz olhar e aceitar as suas reais necessidades; o que a faz enxergar suas feridas para não usá-las cegamente contra a criança, que a reflete de algum modo; a ver e a querer romper com seus padrões familiares adoecidos; o que a ensina a olhar amorosamente para a sua sombra, a se comunicar com ela para transformá-la em luz; o que a faz mergulhar em si mesma e a reencontra-se mais autêntica do que nunca; a reconhecer o que a faz se sentir magoada e ameaçada; que a fortaleça a ouvir a voz do seu coração e a entrar em contato sem receios com os seus medos e inseguranças; a ouvir o seu potencial criativo e curativo; a confiar em sua capacidade de entrega e doação e que a faça acreditar na força do seu amor, porque tudo o que ela sente, se reflete na psiquê do recém nascido.
Só uma mãe suficientemente fortalecida pelo verdadeiro conhecimento do ser humano, da sua mente e de seu filho, aconselhada por um psicólogo experiente e não por um médico (que só conhece a parte física), se sentindo apoiada pelo seu companheiro e por sua família, respeitada e tratada com afeto no momento do seu parto, momento em que que ela renasce, é que poderá ser capaz de fazer um filho crescer feliz e mentalmente sadio, numa relação límpida, nutritiva, madura e harmoniosa.
Cintia Liana Reis de Silva, psicóloga, especialista em psicologia de casal, família, infância e adoção, seu blog recebe mais de 15.000 visitantes ao mês, o http://www.psicologiaeadocao.blogspot.com.
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