"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

domingo, 18 de setembro de 2016

Sobre a maternidade e seus vícios

Blog Skopós
Por SolQS
Estava lendo um livro que me fez pensar. O livro falava sobre vícios e como nossa sociedade quebrou alguns tabus e evoluiu em relação à muitos deles. Lidamos aparentemente melhor com pessoas viciadas jogos. Lidamos melhor com pessoas viciadas em sexo e orgias. Lidamos muito melhor, a ponto de admirar, aqueles viciados em trabalho. Lidamos melhor.
Mas e os vícios da maternidade? Ah, esses não tem como lidar melhor, afinal de contas eles envolvem um pequeno ser que não tem recursos para se defender ou tomar decisões. Então é por bem que critiquemos esses vícios, essas péssimas mães viciadas em tantas coisas proibidas na maternidade. Claro, maternidade tem regras e elas devem ser seguidas. Afinal de contas, que mãe que em sã consciência dorme abraçada com o bebê em sua cama? Que mãe inconsequente que acostuma tão mal seu bebê ao ponto de ensiná-lo a dormir mamando no peito? Quanto egoísmo querer sentir o carinho que aquela mãozinha faz enquanto mama ou olhar aqueles olhinhos tão fixos nos seus. Da horror só de pensar em deixar o bebe se acostumar a ser tirado do berço ou do carrinho quando chora para acalmá-lo em seus braços. Lugar de bebê é no berço, no carrinho, na escola, mas não no colo da mãe.
Ah, e por falar em escola, não podemos esquecer daquelas que abandonam uma carreira por um ou dois anos para cuidar dos filhos e não dão à eles o exemplo de independência que deveriam dar. Afinal, um bebê precisa saber que o mundo não deve ser machista. Também existem aquelas que deixam de ir viajar e dar atenção aos seus maridos só para ficar pertinho de seu filho, um tremendo absurdo, já que o bebê precisa entender e aceitar essa separação que o marido, adulto e que optou por ser pai, não consegue.
Ah, esses vícios da maternidade. Ah, esse instinto materno que faz com que as mães insistam em dar o peito o tempo todo e em qualquer lugar para alimentar, acalmar ou estar em um contato mais íntimo com seu bebe, que faz com que as mães queiram ter seus filhos em seus braços sentindo seu calor e exercendo seu papel de protetora, que faz com que abram mão de parte de suas próprias vidas em prol de uma outra. Ah, esse instinto materno…
Certo mesmo é proibir esse contato físico e aumentar a distância entre mãe e filho. Certo mesmo é facilitar a vida dessa mãe, coitada, que precisa descansar. Deixem-a então trabalhar fora por muitas horas, para chegar e cuidar da casa, do jantar e do marido. Deixem-a cuidar de suas obrigações, porque cuidar do filho, ah não, cuidar do filho do jeito que ela sente vontade é terrível demais para ele. Pode ser mal acostumado, se tornar um bebê mimado, chato e inconveniente. O bebê precisa mesmo é ir com qualquer pessoa e saber que não terá o que quer a qualquer choro. Isso sim, ah, isso sim, faz um bem enorme a sociedade. É só ver a nossa, tão egoísta, tão violenta, tão intolerante. Tão, tão, tão contraditória.
E se respeitarmos as mães ao ponto de as deixarmos livres para tomarem suas decisões baseadas em seus instintos? E se nós, mães, nos respeitarmos ao ponto de nos deixarmos livres?
Livres de livros, teorias, conselhos e julgamentos. Livre para seguirmos o nosso instinto.
“A NATUREZA NUNCA NOS ENGANA. SOMOS SEMPRE NÓS QUE NOS ENGANAMOS” (ROUSSEAU)


Fonte: https://skopospp.wordpress.com/2016/09/16/sobre-a-maternidade-e-seus-vicios/