"A respeito das intervenções desnecessárias, da medicalização do parto, da violência obstétrica e neonatal. Ou seja: a respeito desse modelo de entendimento do parto, do nascimento, da mulher e de seu corpo. Vamos mudar esse olhar e essa prática? Depende de nós." (Página Facebook "Amigas do Parto")
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01/11/16
Do G1 SP
Lucielma Cardoso Teixeira, mãe de Bruna, de quatro meses, disse ao SPTV que não pretende mais ter filhos por causa do trauma que sofreu durante o parto da filha. Ela procurou o Ministério Público Federal em São Paulo para fazer uma denúncia contra a maternidade onde a menina nasceu. Luciema conta que na hora de dar à luz a médica subiu em sua barriga com os dois braços e ficou apertando. A recém-nascida fraturou o braço e a clavícula esquerda.
"Ela dizia que minha filha tinha que descer que a minha filha tinha que nascer. Eu não sabia se eu respirava ou se eu fazia força pra minha filha nascer, com medo de acontecer alguma coisa com ela", disse a mãe. "Não pretendo ter outro filho, fiquei muito assustada, muito traumatizada."
O Ministério Público Federal em São Paulo quer que o Hospital e Maternidade SacreCoeur, do Grupo NotreDame Intermédica, apure denúncias de violência obstétrica em partos. Três mulheres disseram que os médicos e enfermeiros usaram a “manobra de Kristeller” no parto, procedimento que consiste em empurrar a barriga da mulher para forçar a saída do bebê.
O MPF disse que órgãos médicos nacionais e internacionais “são uníssonos ao condenar a manobra”. Segundo o órgão, os processos de violência obstétrica se acumulam. Nos últimos dois anos, o MPF já recebeu 50 denúncias na capital.
A NotreDame Intermédica disse em nota que no parto da menina Bruna foram feitos procedimentos obstétricos para a passagem do ombro do bebê, mas que em nenhum momento foi realizada a manobra de Kristeller."
"Após a primeira manifestação do Ministério Público Federal sobre o alerta relacionado a referida manobra, o Hospital e Maternidade Sacrecouer, assim como os demais hospital do Grupo, intensificaram ações relacionadas ao tema e vem constantemente monitorando o cumprimento do referido protocolo oficial”, diz a nota.
Além de apurar as denúncias, o MPF pede “que médicos e enfermeiros do hospital sejam formalmente comunicados de que a adoção da manobra de Kristeller está proscrita [banida] e passem por treinamentos sobre métodos humanizados de parto”. O Grupo NotreDame disse que “toda a equipe de saúde” do SacreCoeur passou por treinamentos em parto humanizado.
A procuradora Ana Carolina Previtalli Nascimento, autora dos pedidos, também quer que cartazes sejam afixados na unidade alertando o público e a equipe médica para a proibição do procedimento.
Esta já é a sexta recomendação expedida pelo MPF a hospitais e órgãos de saúde na capital paulista por práticas consideradas agressivas nos partos. Além da manobra de Kristeller, são alvo da investigação a realização do corte na região da vagina para facilitar a saída do bebê (episiotomia), a infusão intravenosa para acelerar o trabalho de parto (ocitocina sintética), maus tratos verbais, cesarianas sem necessidade e contra o desejo da parturiente, entre outros procedimentos inadequados.
Para denunciar violência obstétrica, as mulheres podem procurar o MPF pelo sitewww.cidadao.mpf.mp.br ou pessoalmente em qualquer unidade do MPF.
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