"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Entrevista para o Jornal Expresso Popular - Pergunta 3

Foto: Google Imagens

Terceira Pergunta:

3) Para esses pais o maior pesadêlo é perder o menor depois de terem criado vínculos sólidos com ele. (Conhecemos um caso de uma família em que o bebê já tem dois anos e já fala mamãe e papai e a mãe biológica não é encontrada para a cessação do pátrio poder).
Como psicóloga especializada na área, como você aconselharia pais e mães que vivem essa expectativa que para eles parece não ter fim?

Resposta na íntegra:

O Juiz não precisa da autorização de uma mãe desaparecida para fazer a destituição do Poder Familiar (antigamente chamado de Pátrio Poder), ele tem poder para fazê-lo, pois não seria justo para a criança - que tem a família extensa desinteressada de seus cuidados e a “mãe de origem” com paradeiro desconhecido - esperar tanto. O ECA a protege neste caso.

Aconselho que os adotantes procurem se informar sobre seus direitos e os direitos da criança, conheçam o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), estudem, busquem na internet informações, conversem com um advogado e não tenham, em hipótese alguma, receio de procurar auxílio psicológico nessas horas, o que pode ser uma experiência maravilhosa em todos os sentidos para toda a vida.

Cintia Liana

 
Repórter: Alcione Herzog
Expresso Popular


Por Cintia Liana

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Entrevista para o Jornal Expresso Popular - Pergunta 2

Foto: Google Imagens

Segunda pergunta:

2) É realmente necessário que os adotantes que conseguem a guarda provisória e que, portanto, são considerados aptos pelos técnicos e pela Justiça para oferecer um lar digno a um menor sofram as vezes por mais de dois anos na incerteza se terão ou não a paternidade decretada? Como se dá isso na Itália?

Resposta na íntegra:

É muito improvável que uma adoção seja negada já em estágio de convivência, a não ser que exista algo de muito grave na relação que se está construindo entre os adotantes e o adotando, mas o que acontece é que algumas pessoas sentem muito medo de perder o filho que já passou a amar e, por isso, desenvolve muita ansiedade em torno da chegada da sentença final. É claro que não sou a favor da demora, mas nessas horas a única coisa a fazer e manter a calma e tentar conversar com os técnicos responsáveis.

Com as adoções internacionais por casais italianos acontece de outro modo, como algo contrário. Após 1, 2, 3 e até mais de 4 anos sendo habilitados, preparados e esperando por uma criança, o casal (aqui os solteiros e homossexuais não podem adotar) passa mais ou menos 30 dias pelo período de convivência no País do adotando e mais 15 dias para a sentença e emissão de papéis para voltar ao seu País de origem. Adotam a criança possível, a que lhe é oferecida, corriqueiramente crianças maiores, de etnias diferentes da sua e, às vezes, grupos de irmãos.

Cintia Liana

Repórter: Alcione Herzog
Jornal Expresso Popular


Por Cintia Liana

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Entrevista para o Jornal Expresso Popular - Pergunta 1

Foto: Google Imagens

Primeira Pergunta:

1) Existem depoimentos de mães que, num tempo até considerado aceitável (menos de dois anos), conseguiram a guarda provisória de suas crianças, mas penam para obter a definitiva pela morosidade no processo de destituição do pátrio poder dos pais biológicos. Isso é pior quando há falta de estrutura das varas de infância, que muitas vezes funcionam conjuntamente com varas criminais. É exagero dizer que depois da nova lei da adoção (em que o importante é o juiz tirar logo a criança do abrigo) as filas no Brasil continuam, só que em outro estágio do processo?

Resposta na íntegra:

Não é de assustar tanto com a morosidade dos processos e a falta de pessoal tendo em vista que ainda nem tivemos no Judiciário conscurso para profissionais psicólogos, por exemplo, função tão importante para que se possa ter mais garantias sobre a saúde psíquica dos envolvidos, sobretudo as crianças. A falta de pessoal e a carga horária reduzida de Juízes e promotores dificultam que as coisas aconteçam com maior eficácia e rapidez, seguramente.

Por outro lado, percebo que a adoção de crianças maiores aumentou sensívelmente devido a dismistifcação de preconceitos em torno do assunto, na qual a mídia tem uma excelente participação, e o período de convivência (antes da sentença final de adoção) com uma criança maior leva também um tempo maior para que se tenha a máxima certeza de que o vínculo emocional foi selado com sucesso.

De qualquer modo, neste caso, se as filas continuam em outro estágio, vejamos pelo lado dos pequeninos, coisa que costumo fazer e me rende uma boa reflexão: é muito melhor para eles esperarem um pouco mais em família pela adoção, que continuar no abrigo, somente isso já é um pequeno avanço a favor desses seres indefesos que vivem em situação de abandono, dor e total desamparo.

Algumas VIJ’s só estão destituindo o Poder Familiar quando tem a certeza do sucesso do vínculo com a família substituta e, quando isso ainda não acontece, não o faz, para que depois a crianças não tenha que ficar sobre o poder do Estado, caso não ocorra a adoção.

É muito triste não podermos contar com um País que se responsabilize verdadeiramente por sua crianças e que não dá prioridade a cuidar dessas vidas, desses destinos e futuros. A vida em família e a adoção deveriam ser um assunto primordial, uma urgência, assim como a saúde. Dois anos no abrigo para um criança sem o amor e o amparo de uma família com quem possa contar é uma eternidade.

Cintia Liana

Repórter: Alcione Herzog
Jornal Expresso Popular

Por Cintia Liana