"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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domingo, 28 de novembro de 2010

Uma Reflexão sobre o Preconceito atrás da Palavra

Foto: Google Imagens

...isso é o aprendizado. De súbito você compreende algo
que havia precedido vida inteira, mas de maneira nova.

Por Doris Lessing

Em nosso dia-a-dia costumamos utilizar muitas expressões e termos que denotam preconceito sem que tenhamos plena consciência disso. Assim, as novelas, os meios de comunicação de massa e as propagandas estão repletos de chavões preconceituosos, muitas vezes mascarados em sátiras e situações engraçadas, as quais servem simplesmente para manter um determinado status quo que um segmento social acha recomendável. Rimos da mocinha “bonita e burra” de determinado programa de televisão e não percebemos o quanto isso é estereotipado e preconceituoso. Ouvimos e vemos, a todo o momento, expressões que denotam preconceito racial, étnico, estético e muitos outros. É preciso parar para refletir um pouco. Alguns termos transformam-se em diagnósticos de vida. Foi o que ocorreu com o termo “menor”. Menores eram sempre os filhos dos outros, aqueles que estavam na rua, era a cultura menorizada. O nosso filho era sempre uma criança ou adolescente, mas o filho do outro, do menos favorecido era um “menor”. Tomando consciência desse fato a sociedade aboliu o termo menor e passou a chamar todos os filhos de crianças e adolescentes, culminado com o fim do código de menores e com a promulgação do Estatuto da Criança e Adolescente.

Com os discursos e a literatura das famílias adotivas tem acontecido algo semelhante, onde se percebe, por trás da semântica, e que fazemos aqui uma moção para que isso seja modificado. Algumas pessoas perguntam para a mãe adotiva se “essa é a criança que você pegou para criar”; se a família possui filhos biológicos e adotivos, as pessoas costumam apontar para um deles e perguntar: “é esse o seu”?; Ou ainda, após saber da adoção, pessoas podem perguntar, mas “você conhece a mãe verdadeira dele”? Todas essas frases demonstram uma falta de esclarecimento associada ao preconceito em relação à esta constituição familiar.

De maneira geral, quando se fala em família adotiva, utiliza-se a antítese “família verdadeira”, “família natural”, “família legitima”. Temos por convicção, por força dos dados científicos, que a família adotiva não é artificial não, mas é tão verdadeira e legitima quanto a outra. Sua essência não é diferente, mas somente a contingência de como foi constituída. Então, sugerimos que sejam utilizados os termos família de sangue, família biológica, família de origem em contraposição à família adotiva. Da mesma forma, quando se fala em filho adotivo, a antítese mais comum é falar “filho verdadeiro”, “filho natural”, “filho legítimo”, “filho meu mesmo”. Sugerimos que sejam utilizados os termos filho de sangue e filho biológico, pois o filho adotivo não é artificial, nem falso ou ilegítimo e é filho mesmo dos seus pais adotivos!

Texto extraído de WEBER, Lídia. Laços de ternura. 2.ed. Curitiba: Juruá Ed, 1999. p.124-125.



Postado Por Cintia Liana

terça-feira, 30 de março de 2010

Simone de Beauvoir e a Palavra

Painel de fotos feito por Mara Push: Simone de Beauvoir

Leiam o post completo sobre Simone de Beauvoir em meu outro blog: http://www.finapresenca.blogspot.com/


"Quando falamos algo real, que mobiliza e que faz muito sentido, pode fazer o outro que escuta refletir, mas realmente só ouve quem quer transformar."
Cintia Liana
"Para quem está atento, só uma palavra é suficiente para uma grande mudança."
Cintia Liana

"Estive pensando que a maldade não está nos olhos de quem vê, mas nos olhos de quem não consegue entender o que lê."
Mônica Montone

"...Arqueira por excelência, as palavras são minhas flechas. Tanto podem salvar, como matar..."
Mônica Montone

"Descobri Simone de Beauvoir quando tinha 19 anos e me apaixonei"

Infelizmente tem gente que está no mundo somente a passeio com discursos pobres, vazios, infantis, repetições tolas e ultrapassadas, frases feitas emprestadas (mal feitas), nem se ouve ou questiona sua repetições e ainda acha que está dizendo algo importante. Um ex-psicoterapeuta meu, médico *Taoista e homeopata excelente, que me tratava com homeopatia desde os 3 anos de idade, chamava isso de gente que ainda está na fase do "thathibithathi".
Mas temos a fortuna de ter gente no mundo para revolucionar com suas palavras, seus ensinamentos e insights, para trazer o novo. Nós mulheres, chegamos a esse patamar graças à mulheres como Simone de Beauvoir.

Desde pequena gostava de gente assim, ousada, crítica, que não é uma vítima da industrialização humana, a primeira que me chamou a atenção foi minha mãe.
Que bom que "filha de peixe peixinho é!"
(Provérbio popular também é cultura e nunca se torna obsoleto)
*Uma escola de pensamento filosófico chinês que se baseia nos textos do Tao Te Ching atribuídos a Lao Tse e nos escritos de Chuang Tse. (Wikipédia)
Cintia Liana
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"Por vezes a palavra representa um modo mais acertado de se calar do que o silêncio."
(Simone de Beauvoir)
"Não se pode escrever nada com indiferença."
(Simone de Beauvoir)
"Não se nasce mulher: torna-se."
(Simone de Beauvoir)
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“Na verdade, não importa saber até que ponto o pensamento de Beauvoir é correto ou não. Mais relevante é aceitar-lha o desafio: através da literatura, aproveitar a oportunidade de “trocar” idéias, de se tornar disponível às exigências dos outros, não para... absorvê-las ou rejeitá-las, mas reconhecendo criticamente as diferenças individuais, salvaguardar o máximo possível a essencial liberdade de cada um.”
Fonte do parágrafo acima: http://www.simonebeauvoir.kit.net/

Por Cintia Liana