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Essa semana me emocionei muito com um dos casais que estou orientando no processo de adoção, aproximação e criação de vínculos de apego com as filhas que estão sendo adotadas.
Sabem aquelas pessoas dedicadas, amorosas e conscientes, que querem aprender? Então, é maravilhoso quando nos deparamos com pessoas assim, ávidas por aprender, por enxergar os mistérios das relações e melhorar a própria vida. Eles ficam tão felizes com cada descoberta e resposta das filhas... É maravilhoso testemunhar isso.
Orientar pessoas na adoção e no processo de reconhecimento familiar, mesmo que biológico, é mágico, porque se aprende a enxergar nas entrelinhas, se vê mudanças belas e como o ser humano é capaz de transformar sua realidade.
Muitas pessoas experimentam certas dificuldades na aproximação dos filhos, mas após serem devidamente orientadas e com suas dúvidas e receios trabalhados é fantástico ver a mudança e a evolução das crianças que emitem imediatamente respostas após a mudança de postura e sentimento dos novos pais.
Uma dica que posso dar a vocês leitores, é algo sobre esta experiência.
O casal estava visitando as crianças, mas elas não conseguiam se vincular ao ponto de expressarem e desenvolverem muita confiança e intimidade afetiva. Quando começaram o processo de orientação comigo no Skype fiz algumas perguntas e introduzi mudanças nas falas, posturas e resgate de objetivos na construção dos vínculos.
Algo que me chamou a atenção é que o casal não havia dito ainda os motivos das visitas. Para as crianças não estava claro e, como quase nunca elas perguntam, nem têm maturidade para elaborar essas questões, só resta a ponta de insegurança na companhia de pessoas que elas não sabem exatamente porque estão alí.
Elas sabem que são amigos, mas amigos elas já têm, inclusive no abrigo, amigos muito mais próximos, o que elas querem é pais, pessoas que elas sintam que possam estabelecer novo vínculo e que não as abandonarão, que estão dispostas a fazerem tudo por elas. E foi isso que orientei. Eles serem claros, em primeiro lugar, sobre o objetivo das visitas no decorrer das brincadeiras e conversas. De um dia para o outro, literalmente, tudo mudou como mágica, mas sabemos que não foi mágica, foi clarificar o que estava acontecendo e fazer elas entenderem que eles a queriam como filhas, que aquilo que estava sendo construído entre eles não correria o risco de ser rompido e eles foram provando isso a elas no decorrer dos encontros no abrigo.
Alguns dias se passaram e as meninas já os chamaram de pai e mãe, agora estão em um outro estágio muito mais avançado. O que não haviam feito em 25 dias, conseguiram em 5.
A menor, que não falava quase nehuma palavra e não sorria, em menos de um mês já começou a falar, a sorrir livremente e a cantarolar. A maior, que tinha vários medos, começa a se sentir mais segura na companhia dos adotantes.
Depois o casal começou a tomar florais e vieram outras tantas mudanças no olhar e na sensibilidade em conduzir as situações, ver com clareza o momento de cada um e até tomar iniciativas criativas para envolver pessoas no processo adotivo da família, com mais certeza de que esta decisão, este projeto de amor, comporta agregar.
A menor, que não falava quase nehuma palavra e não sorria, em menos de um mês já começou a falar, a sorrir livremente e a cantarolar. A maior, que tinha vários medos, começa a se sentir mais segura na companhia dos adotantes.
Depois o casal começou a tomar florais e vieram outras tantas mudanças no olhar e na sensibilidade em conduzir as situações, ver com clareza o momento de cada um e até tomar iniciativas criativas para envolver pessoas no processo adotivo da família, com mais certeza de que esta decisão, este projeto de amor, comporta agregar.
Penso que muitas pessoas alimentam dúvidas, mas não têm a ocasião ou a quem pedir ajuda, conselhos, alguém experiente, profissional para dar um toque e fazer tudo mudar. Enteder mais sobre desenvolvimento, o sentimento da criança, as causas de cada situação, sobre educação, como elas veem o mundo... Detalhes que fortalecem os pais para estarem mais firmes e darem maior suporte aos filhos.
É algo impressionante como a criança muda só ao ver a transformação de quem está diante dela, quando entendem o que acontece, quando se situam e quando são respeitadas. Nós psicólogos sabemos que esse é um conceito claro da psicologia sistêmica, que envolve qualquer pessoa, mas ver essa mudança no nascimento da família é muito bonito, é a esperança clara de que nós, seres humanos, somos capazes de operar milagres através de conhecimento e do amor.
Por Cintia Liana
2 comentários:
Olá, Cintia. Sou tb psicóloga e sei bem as emoções que vc relata neste seu artigo. Vivo situações similares que muito me emocionam. Não é raro ver que o simples entendimento das situações basta para uma mudança de postura dos pais com relação aos filhos recém chegados que modifica toda a relação entre os membros destas família em formação! A orientação de pais e filhos em processo de aproximação e guarda provisória é em muitos casos fundamental para que tudo corra da melhor maneira possível, facilitando o processo de vinculação e o estabelecimento de vínculos de afeto positivos. Abraços e obrigada por partilhar momentos tão lindos e felizes.
Bom dia Cintia.
Ser psicóloga além de profissão exige um dom especial. Não são todos que estão aptos. Achei lindo o trabalho que está fazendo. Tem minha admiração por isso.
Estou seguindo seu blog e voltarei mais vezes. Já add ele a minha lista de favoritos pra sempre estar atualizada.
Um grande beijo e parabéns pelo seu trabalho.
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