We Heart it
Por Luiz Schettini
Os filhos, antes de serem filhos, são pessoas.
Não importa o momento em que uma criança esteja; não se pode perder de vista suas necessidades de criança incluída em um processo de desenvolvimento. Cruel é não atender as necessidades de consolidação de sua personalidade, sobretudo quando vive um momento ainda de intensa e extensa dependência de terceiros.
Retirar os nutrientes afetivos em momento tão determinante da consolidação das estruturas de personalidade é decretar a falência da formação humana de uma pessoa.
Sob o pretexto formal de reaproximar Duda de seus genitores está-se negando o que ela já conquistou na convivência com seus pais adotivos. A maternidade e a paternidade não são uma função sexual, mas uma função de cuidado. No caso, os cuidados, em toda a sua amplitude, foram ofertados pelos pais que a acolheram nos tempos sensíveis da construção das bases psíquicas e afetivas de sua trajetória.
A propósito, é apropriada a afirmação de José Ortega y Gasset: “Matar não é hoje o maior crime; o maior crime é deixar morrer”. Com a finalidade de atender a uma expectativa jurídica e social, submete-se uma criança aos riscos de perder a possibilidade de ter assegurada o que a Lei garante e a sociedade espera: o direito a uma família estabelecida e estabilizada. No intuito de atender o direito biológico dos genitores, ofende-se o direito psicológico de uma criança indefesa.
Falta, às vezes, a alguns operadores do Direito, a percepção indispensável de identificar os verdadeiros cuidados que uma criança exige para viver sua humanidade. É triste, porém verdadeiro, que dos seres vivos que conhecemos, somente os humanos podem ser desumanos.
Cuide-se, mas que o cuidado seja com humanidade.
Luiz Schettini Filho
Psicólogo
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