Fotos: We Heart it
Por Cintia Liana Reis de Silva
Publicado no Guia Indika Bem no dia 15 de janeiro
Só se pode entender o que é ser mãe quando se torna uma. Por mais que se tente imaginar antes, não dá para saber bem, e só depois a gente entende tudo o que as outras falavam e viviam. É por isso que se diz tanto por aí a frase, “quando você for mãe, você entenderá” e essa frase não é para justificar os hipotéticos erros maternos.
Eu, como psicóloga todos esses anos, sempre empatizei muito com mães e crianças, mas me tornar mãe fez toda a diferença para que eu mergulhasse nesse mundo e entendesse tudo na pele.
Não generalizo absolutamente nada nesse texto, até porque já escrevi outros tantos em que explico, com base nas teorias da terapia familiar intergeracional de Murray Bowen, porque cada mulher vive a maternidade à sua maneira, mas alguns sentimentos e aspectos são bem parecidos e outros até iguais para a maioria. Por isso, uso muito a expressão “boa mãe”.
Quando nos tornamos uma mãe, ou melhor, quando somos uma “boa mãe”, nossas prioridades mudam e uma certa maturidade diferente começa a aflorar. Quando falo mãe, me refiro àquela que “adotou” o filho de todo o coração e se apossou desse posto, seja ela biológica ou não.
Então vamos as 15 principais coisas que descobrimos:
1 – O celular cheio de fotos do filho. Antes de ser mãe, não dá para entender como o celular poderá ter centenas de fotos do teu filho e quase nenhuma tua. Dá vontade de tirar fotos deles em vários momentos e de vários detalhes. Nós achamos os nossos filhos lindos e eles realmente são! Fazer um selfie fica para segundo plano, afinal eles crescem rápido e é muito amor que sentimos. Mostramos as fotos deles como se fossem as únicas crianças do mundo, pois assim sentimos a alegria que ele nos proporciona e de como ela enriquece nossas vidas. Uma criança bem amada traz muita felicidade à toda família.
2 – A casa com alguns do brinquedos em cada cantinho e não parece uma bagunça. Cada brinquedo encontrado em um ângulo da casa é um sinal da presença divina deles. Eles fazem parte de tudo, de nós, da família e cada sinal disso é um milagre, a casa fica até mais bonita colorida.
3 – Quando a criança desenha nas paredes os pais não se chateiam. Tudo isso faz parte do crescimento e das descobertas das crianças, assim como os pais vão descobrindo com alegria essas novas habilidades delas. E o que são rabiscos na parede? Eles podem ser limpos depois? E mais, cada desenho é uma foto de recordação.
4 – Quando a criança faz uma cena de “mal criação” os pais não sentem raiva. Não existe criança “mal criada”, “caprichosa” ou que faz “manha”, elas simplesmente têm desejos que não podem ser saciados e por isso protestam, porque até os 3 anos não entendem algumas coisas mesmo, não têm maturidade para ter a noção de alguns limites. Chorar é um direito delas e não vale a pena se enraivar, brigar, discutir, muito menos apelar para violência física. Paciência e firmeza que isso passa.
5 – “Pipi”, “pum” e “caquinha” não dão nojo e nem um beijo melado dá agonia. Trocamos fraudas e percebemos que é algo natural, cocô de filho não dá nojo e o “pum” deles não tem cheiro ruim. Nada disso é problema, é humano, e o que vem deles não dá nenhum nojo, trocar e limpar fazem parte, é um prazer vê-los trocados e limpinhos. Ah, e o beijo melado é uma delícia!
6 – A mãe compra roupinhas para o filho e se esquece dela. É muito gostoso ver uma roupinha bonita e imaginar o nosso filho ou filha vestida, é um prazer comprá-la, pensar no outro, ser menos auto centrada. Não encontramos nada de interessante para nós porque estávamos muito ocupados pensando no bem estar deles. Além disso, eles crescem e estão sempre precisando de algo novo.
7 – Ir a aniversários de criança com prazer. Aquela gritaria e correria no meio do salão e a gente lá, aproveitando para colocar o papo em dia com as amigas. É um momento em que aproveitamos para trocar ideias com as outras mães e ver os amigos porque temos pouco tempo. Além disso e prioritariamente, é um momento mais especial ainda para o fortalecimento dos vínculos dos nossos filhos em seus círculos de amizades, com o qual ele pode brincar, dar risada, se exercitar, gastar energia e tudo o mais que a socialização pode proporcionar, e o que é mais valioso do que vê-los sorrindo?
8 – Depois do trabalho a mãe volta correndo para casa. Todo o tempo disponível após o trabalho é para os filhos, eles precisam da atenção da figura materna (mais ainda os que estão na primeiríssima infância). Além disso, a saudade é grande e o prazer de estar junto fala mais alto.
9 – O cansaço extremo e a falta de tempo materno. Os primeiros anos de vida exigem uma grande atenção e paciência, pois isso o cansaço físico e mental são incrivelmente intensos, mais ainda para quem amamenta até perto dos 2 anos, para quem fica mais tempo em casa e não tem ou não quis uma babá. A falta de tempo para fazer as coisas mais básicas para nós mesmas é rotina, temos que ter planejamento e organização prévia para realizar o que queremos. Só quando se passa por essa fase é que entendemos o que é de fato o cansaço, que pode causar até vertigens e palpitação, aí a gente faz exames e os resultados estão perfeitos. O problema é a coluna e o cansaço mesmo, e a gente acha que isso não é possível, mas é. O que nos leva adiante é o amor e a felicidade de tê-los em nossas vidas.
10 – Quando eles ficam doentes a mãe fica mal. Tudo o que uma boa mãe deseja constantemente é que o filho seja feliz e saudável e quando tem um resfriado é como uma preocupação constante e pesada que só passa quando os vemos bem novamente, então é um grande alívio. As tias podem até sentir algo parecido, mas quado somos mães sentimos algo mais forte porque aquele ser depende prioritariamente de nós para estar bem e se sentir seguro.
11 – Porque não é fácil “educar”. As crianças têm vontade independente das regras, até uma certa idade elas não têm a mínima noção de disciplina e higiene e nem auto censura. Aprendemos que é preciso ter paciência e, muitas vezes, é mais sábio esperar o tempo delas para impor certas coisas.
12 – A bolsa cheia de brinquedos. A bolsa fica cheia de coisas que são sempre necessárias, a primeira da lista é a frauda.
13 – Porque as mães defendem os filhos. Não é para “passar a mãe na cabeça” deles, mas observamos melhor as fragilidades emocionais de cada criança pequena e nos lembramos das que tínhamos quando éramos pequenos também. Empatizamos com maior facilidade e corrigimos com uma dose de afeto.
14 – Ela não tem mais vontade de sair para se divertir como antes. O que fazia sentido antes não faz mais e adotamos novos hábitos. Queremos estar saudáveis porque os nossos filhos precisam de nós, desejamos vida longa, queremos estar bem, nos sentimos muito casadas e todo o tempo que temos queremos ir devagar, aproveitar para relaxar e fazer programas mais tranquilos e de preferência bem familiares, conversamos com os amigos e colocamos as crianças para brincar. Ter família é bom demais!
15 – Entendemos mais os nossos pais, principalmente a nossa mãe. Nós entendemos que as mães não são e nem devem ser perfeitas. Valorizamos mais o esforço que os nossos pais tiveram para nos criar, educar e dar todo o afeto importante para o fortalecimento da nossa identidade.
Agradecemos por terem nos dado a vida!
Continuo na campanha “tenha filhos, mas se prepare psicologicamente antes”, faça psicoterapia, questione os seus modelos familiares, olhe para suas dores e seus dilemas, não queira filhos para companhia, nem para salvar vidas, procure ser justo e ético. E posso dizer tantas outras coisas positivas que desejo que todos sintam após se tornarem pais, porque eu sinto que os “bons pais” se solidarizam mais com as outras pessoas, ficam mais sensíveis e tolerantes, choram com mais facilidade vendo filmes em que pais e crianças sofrem (ao menos nós mulheres), com noticiários de violência e querem fortemente um mundo melhor, também para ter maiores “garantias” de que os seus descendentes estarão bem. O mundo precisa de “bons pais”!
Hoje eu entendo o que é olhar para o outro e se sentir ao mesmo tempo forte e frágil; sei o que é sentir o teu coração bater no peito de um outro ser humano; o que é ter a felicidade dependendo da felicidade do filho. É mais forte que nós e isso não é ser dependente, é amor. Quando nos tornamos mãe renascemos para o mundo, uma parte de nós se reinventa e a nossa existência passa a ter uma dose bem maior de responsabilidade e felicidade.
http://www.indikabem.com.br/filhos/15-coisas-que-uma-mulher-so-entende-quando-se-torna-mae
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