"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

15 coisas que uma mulher só entende quando se torna mãe


Fotos: We Heart it

Por Cintia Liana Reis de Silva
Publicado no Guia Indika Bem no dia 15 de janeiro

Só se pode entender o que é ser mãe quando se torna uma. Por mais que se tente imaginar antes, não dá para saber bem, e só depois a gente entende tudo o que as outras falavam e viviam. É por isso que se diz tanto por aí a frase, “quando você for mãe, você entenderá” e essa frase não é para justificar os hipotéticos erros maternos.
Eu, como psicóloga todos esses anos, sempre empatizei muito com mães e crianças, mas me tornar mãe fez toda a diferença para que eu mergulhasse nesse mundo e entendesse tudo na pele.


Assim como eu descobri, muitas outras mulheres também o fizeram, então resolvi escrever esse texto e fazer essa lista para que nos lembrássemos com prazer dessa fase onde víamos a maternidade com outros olhos, olhos de expectadora e também para que as mulheres que ainda não tiveram o gozo de experienciar a maternidade, desejo que elas tenham mais compreensão com suas amigas que já são mães.
Não generalizo absolutamente nada nesse texto, até porque já escrevi outros tantos em que explico, com base nas teorias da terapia familiar intergeracional de Murray Bowen, porque cada mulher vive a maternidade à sua maneira, mas alguns sentimentos e aspectos são bem parecidos e outros até iguais para a maioria. Por isso, uso muito a expressão “boa mãe”.
Quando nos tornamos uma mãe, ou melhor, quando somos uma “boa mãe”, nossas prioridades mudam e uma certa maturidade diferente começa a aflorar. Quando falo mãe, me refiro àquela que “adotou” o filho de todo o coração e se apossou desse posto, seja ela biológica ou não.


Então vamos as 15 principais coisas que descobrimos:
1 – O celular cheio de fotos do filho. Antes de ser mãe, não dá para entender como o celular poderá ter centenas de fotos do teu filho e quase nenhuma tua. Dá vontade de tirar fotos deles em vários momentos e de vários detalhes. Nós achamos os nossos filhos lindos e eles realmente são! Fazer um selfie fica para segundo plano, afinal eles crescem rápido e é muito amor que sentimos. Mostramos as fotos deles como se fossem as únicas crianças do mundo, pois assim sentimos a alegria que ele nos proporciona e de como ela enriquece nossas vidas. Uma criança bem amada traz muita felicidade à toda família.
2 – A casa com alguns do brinquedos em cada cantinho e não parece uma bagunça. Cada brinquedo encontrado em um ângulo da casa é um sinal da presença divina deles. Eles fazem parte de tudo, de nós, da família e cada sinal disso é um milagre, a casa fica até mais bonita colorida.
3 – Quando a criança desenha nas paredes os pais não se chateiam. Tudo isso faz parte do crescimento e das descobertas das crianças, assim como os pais vão descobrindo com alegria essas novas habilidades delas. E o que são rabiscos na parede? Eles podem ser limpos depois? E mais, cada desenho é uma foto de recordação.
4 – Quando a criança faz uma cena de “mal criação” os pais não sentem raiva. Não existe criança “mal criada”, “caprichosa” ou que faz “manha”, elas simplesmente têm desejos que não podem ser saciados e por isso protestam, porque até os 3 anos não entendem algumas coisas mesmo, não têm maturidade para ter a noção de alguns limites. Chorar é um direito delas e não vale a pena se enraivar, brigar, discutir, muito menos apelar para violência física. Paciência e firmeza que isso passa.
5 – “Pipi”, “pum” e “caquinha” não dão nojo e nem um beijo melado dá agonia. Trocamos fraudas e percebemos que é algo natural, cocô de filho não dá nojo e o “pum” deles não tem cheiro ruim. Nada disso é problema, é humano, e o que vem deles não dá nenhum nojo, trocar e limpar fazem parte, é um prazer vê-los trocados e limpinhos. Ah, e o beijo melado é uma delícia!


6 – A mãe compra roupinhas para o filho e se esquece dela. É muito gostoso ver uma roupinha bonita e imaginar o nosso filho ou filha vestida, é um prazer comprá-la, pensar no outro, ser menos auto centrada. Não encontramos nada de interessante para nós porque estávamos muito ocupados pensando no bem estar deles. Além disso, eles crescem e estão sempre precisando de algo novo.
7 – Ir a aniversários de criança com prazer. Aquela gritaria e correria no meio do salão e a gente lá, aproveitando para colocar o papo em dia com as amigas. É um momento em que aproveitamos para trocar ideias com as outras mães e ver os amigos porque temos pouco tempo. Além disso e prioritariamente, é um momento mais especial ainda para o fortalecimento dos vínculos dos nossos filhos em seus círculos de amizades, com o qual ele pode brincar, dar risada, se exercitar, gastar energia e tudo o mais que a socialização pode proporcionar, e o que é mais valioso do que vê-los sorrindo?
8 – Depois do trabalho a mãe volta correndo para casa. Todo o tempo disponível após o trabalho é para os filhos, eles precisam da atenção da figura materna (mais ainda os que estão na primeiríssima infância). Além disso, a saudade é grande e o prazer de estar junto fala mais alto.
9 – O cansaço extremo e a falta de tempo materno. Os primeiros anos de vida exigem uma grande atenção e paciência, pois isso o cansaço físico e mental são incrivelmente intensos, mais ainda para quem amamenta até perto dos 2 anos, para quem fica mais tempo em casa e não tem ou não quis uma babá. A falta de tempo para fazer as coisas mais básicas para nós mesmas é rotina, temos que ter planejamento e organização prévia para realizar o que queremos. Só quando se passa por essa fase é que entendemos o que é de fato o cansaço, que pode causar até vertigens e palpitação, aí a gente faz exames e os resultados estão perfeitos. O problema é a coluna e o cansaço mesmo, e a gente acha que isso não é possível, mas é. O que nos leva adiante é o amor e a felicidade de tê-los em nossas vidas.
10 – Quando eles ficam doentes a mãe fica mal. Tudo o que uma boa mãe deseja constantemente é que o filho seja feliz e saudável e quando tem um resfriado é como uma preocupação constante e pesada que só passa quando os vemos bem novamente, então é um grande alívio. As tias podem até sentir algo parecido, mas quado somos mães sentimos algo mais forte porque aquele ser depende prioritariamente de nós para estar bem e se sentir seguro.


11 – Porque não é fácil “educar”. As crianças têm vontade independente das regras, até uma certa idade elas não têm a mínima noção de disciplina e higiene e nem auto censura. Aprendemos que é preciso ter paciência e, muitas vezes, é mais sábio esperar o tempo delas para impor certas coisas.
12 – A bolsa cheia de brinquedos. A bolsa fica cheia de coisas que são sempre necessárias, a primeira da lista é a frauda.
13 – Porque as mães defendem os filhos. Não é para “passar a mãe na cabeça” deles, mas observamos melhor as fragilidades emocionais de cada criança pequena e nos lembramos das que tínhamos quando éramos pequenos também. Empatizamos com maior facilidade e corrigimos com uma dose de afeto.
14 – Ela não tem mais vontade de sair para se divertir como antes. O que fazia sentido antes não faz mais e adotamos novos hábitos. Queremos estar saudáveis porque os nossos filhos precisam de nós, desejamos vida longa, queremos estar bem, nos sentimos muito casadas e todo o tempo que temos queremos ir devagar, aproveitar para relaxar e fazer programas mais tranquilos e de preferência bem familiares, conversamos com os amigos e colocamos as crianças para brincar. Ter família é bom demais!
15 – Entendemos mais os nossos pais, principalmente a nossa mãe. Nós entendemos que as mães não são e nem devem ser perfeitas. Valorizamos mais o esforço que os nossos pais tiveram para nos criar, educar e dar todo o afeto importante para o fortalecimento da nossa identidade.
Agradecemos por terem nos dado a vida!


Continuo na campanha “tenha filhos, mas se prepare psicologicamente antes”, faça psicoterapia, questione os seus modelos familiares, olhe para suas dores e seus dilemas, não queira filhos para companhia, nem para salvar vidas, procure ser justo e ético. E posso dizer tantas outras coisas positivas que desejo que todos sintam após se tornarem pais, porque eu sinto que os “bons pais” se solidarizam mais com as outras pessoas, ficam mais sensíveis e tolerantes, choram com mais facilidade vendo filmes em que pais e crianças sofrem (ao menos nós mulheres), com noticiários de violência e querem fortemente um mundo melhor, também para ter maiores “garantias” de que os seus descendentes estarão bem. O mundo precisa de “bons pais”!
Hoje eu entendo o que é olhar para o outro e se sentir ao mesmo tempo forte e frágil; sei o que é sentir o teu coração bater no peito de um outro ser humano; o que é ter a felicidade dependendo da felicidade do filho. É mais forte que nós e isso não é ser dependente, é amor. Quando nos tornamos mãe renascemos para o mundo, uma parte de nós se reinventa e a nossa existência passa a ter uma dose bem maior de responsabilidade e felicidade.

http://www.indikabem.com.br/filhos/15-coisas-que-uma-mulher-so-entende-quando-se-torna-mae




Fotos: We Heart it
Mother, mom, mamy, mamãe, mãe, madre, mamma

Por que consultar sempre um psicólogo?

We Heart it

Por Cintia Liana Reis de Silva
Publicado no Guia Indika Bem no dia 04 de dezembro de 2014
Quando a saúde não vai bem, a cultura ocidental ainda nos leva a pensar em procurar um médico em primeiro lugar, para entender o que está ocorrendo, e normalmente esses questionamentos sobre a saúde se freiam ali mesmo. Mas será que basta?
Vejo que o processo de cura da saúde do ser humano começou no início da história da ciência de forma errada. Começou pela saúde física e não pela saúde mental, espiritual e alimentar, de onde tudo começa, de onde tudo parte, nem começou da saúde integral.
Os nossos antepassados eram de fato muito limitados em certos aspectos. Em outros, devemos admitir que a medicina conseguiu salvar muitas vidas. Mas hoje isso não basta, já está provado o quanto as emoções fazem o ser humano adoecer, a psicossomática explica muito bem.
Partindo da verdade de que toda doença nasce das emoções, da mente, esse fato nos remete também a responsabilidade em procurar respontas em nível psíquico. Aqui na Itália, por exemplo, o preconceito em se consultar um psicólogo é bem maior do que no continente Americano.
Algumas pessoas até sentem necessidade e procuram, mas não revelam a seu círculo social.
A contrário do que pensa a maioria, é preciso ser um homem forte e inteligente para colocar suas dores em evidência, incluindo para si mesmo, e procurar respostas ocultas, pois a maioria prefere apelar para os remédios, incluindo os remédios psiquiátricos, que até podem curar os sintomas, mas as causas ficam latentes e as emoções sentidas, não vistas e não trabalhadas, continuam a incomodar e a adoecer corpo e mente.
Sem falar que existem tantas práticas excelentes e alternativas para muitos casos, como a acupuntura, por exemplo, que ainda não são devidamente acreditadas e que pode curar realmente, mas basta ter um pouco mais de instrução para saber porque a indústria farmacêutica irá sempre sabotar.
Essa valorização e reforço somente dos aspectos físicos é facilmente visto na TV, por exemplo, que quando se fala em dificuldades emocionais e relacionais mostram sempre a busca pelo psiquiatra e não fala em psicólogo.
Outro exemplo é a cultura que faz os pais procurarem somente um pediatra no início da vida do filho, quando ele inicia o seu processo de adoecimento emocional e de conflito com o que o mundo dá a ele.
Sobre a saúde das crianças, eu darei um bom conselho de psicóloga, especialista, que trabalha há mais de 14 anos com famílias e crianças: Cuidado com os conselhos de alguns pediatras prepotentes que, com falas distorcidas e preconceituosas, explicam o que é de competência do psicólogo.
Pediatras não são psicólogos e psicólogos não são médicos. Os dois estão no mesmo patamar de importância na saúde. Uma ciência não está acima da outra. Pediatras cuidam da parte física, psicólogos da parte mental e emocional, que interferem no comportamento, na educação, nas relações e na felicidade.
Darei alguns exemplos de perguntas que podem se feitas a um psicólogo infantil ou de família:
Do ponto de visto psicológico, até quando é importante amamentar?; É bom o neonato dormir com a mãe?; Como as discussões ente os pais interfere na vida emocional da criança?; Será que a creche está fazendo bem ao meu filho?; Quando ele volta da casa do avós volta diferente, o que será que ocorre e como lidar com isso?; Por que o meu filho está sempre resfriado? Será que é de fundo emocional?; Como os problemas familiares do passado podem afetar a vida do meu filho?.
São perguntas que os pais, juntamente com o psicólogo, analisarão e responderão dentro de um contexto subjetivo e respeitoso. Olhando sempre as necessidades emocionais de cada criança dentro de cada contexto e história familiar e não de modo universal e determinista. Sem contar a importância da mãe se indagar e se trabalhar, pois a criança nos primeiros 2 anos de vida é um reflexo direto do que ele sente e vive.
Consulte sempre um psicólogo, como você consulta um médico e um pediatra. O psicólogo é quem vai te dar explicações, conselhos e dicas importantes para uma vida psicológica sadia para você e seu filho, interferindo diretamente no futuro. Vamos mudar a cultura pelo bem das crianças e da humanidade. Todos atentos pelo verdadeiro bem estar da família.
Fonte: http://www.indikabem.com.br/filhos/porque-consultar-sempre-um-psicologo

We Heart it

Do que as crianças precisam

We heart it

Por Cintia Liana Reis de Silva
Publicado no dia 06 de novembro do Guia Indika Bem

Uma criança pequena precisa de muito mais que regras, disciplina e críticas, precisa de algo que a maioria dos adultos não é capaz de exercitar nem com eles mesmos: precisa de compreensão, empatia, precisa aprender a se expressar de maneira sadia e lúcida e sentir que aquilo que se passa no coração delas tem muito valor.
Nem mesmo os pais muitas vezes nem têm noção dos seus erros, sentimentos e limitações, mas estão preocupados em exigir um comportamento excelente dos filhos. Isso é honesto? Não, e isso não é possível. A criança reflete o que ela vê e sente, mesmo que os pais não se deem conta disso.
A ciência ainda sabe muito pouco sobre a mente infantil e, para piorar, a sociedade repete frases e crenças do senso comum que não ajudam em nada pais e filhos. Criança precisa de amor, precisa que os pais se enxerguem mesmo contra a vontade deles. Criança não chora e não se rebela se não sente dor ou se não se sente triste. Até o que muitos chamam de “manha”, guarda por trás uma insatisfação emocional.
Por exemplo, uma criança muito criticada e exigida, é alguém que se sente não aceito e abandonado em suas reais necessidades, e esses são sentimentos insuportáveis e traumáticos, que farão com que se instale em sua estrutura psíquica um forte sentimento de inadequação e desvalorização que o acompanharão por toda a vida e iniciarão processos de  angústia, ansiedade e baixíssima autoestima. A partir dai vem o isolamento, acompanhados de medo e muita insegurança no contato com o outro, quando ela se tornará rebelde ou alguém que faz tudo o que o outro quer, para não decepcionar, em busca de aprovação, mas muito longe de fazer vínculos fortes e permanentes e descobrir o que ela quer e quem ela é de verdade, no que deveria ser o seu processo de progressiva autonomia individual.
Coisas importantes a serem lembradas:
• Crianças sentem a noção de respeito desde que nascem, sentem quando são enganadas e negligenciadas;
• Não tenha filhos para ser feliz, se faça feliz antes e faça filhos para fazê-los pessoas felizes e, assim, você será mais feliz ainda;
• Se prepare antes de ter filhos, eles não nasceram para te salvar e nem para servir de companhia;
• Filhos não devem carregar nas costas as memórias familiares ruins;
• Filho não traz ninguém que já foi de volta;
• Filhos devem se sentir livres das expectativas neuróticas dos pais;
• Pais que fazem terapia podem se tornar bem mais fortes e preparados;
• Se o teu filho está mal olhe para você;
• Até os 3 anos e meio é o momento em que os filhos mais precisam estar integralmente na companhia da mãe e familiares;
• Crianças até os 10 anos não deveriam sofrer, pois elas não aprendem com o sofrimento, ao contrário, situações de sofrimento fragilizam a base emocional do futuro adulto;
• As dificuldades familiares percorrem muitas gerações, então é essencial trabalhar os modelos intergeracionais.
É preciso existir um movimento de preparação antes de ter filhos, pois ninguém está preparado, ao contrário, quando nascem os filhos é que as situação trazem de volta pequenos monstrinhos do passado de quando os adultos eram crianças e, sem perceber, eles ficam perdidos, sem se dar conta que essa emoções antigas embaraçam a visão e a lucidez necessárias para não repetir os velhos modelos com as criança. São situação imperceptíveis, mas carregadas de sentimento.
Deseje o teu filho, mas busque se trabalhar, se olhar, se entender, para criar uma criança feliz e ajudar na construção de um adulto maduro.

Fonte: http://www.indikabem.com.br/filhos/do-que-as-criancas-precisam