Publicado em Recortes Por Sílvia Marques
A baixa autoestima usa roupagens diferentes e
muitas vezes ela surge disfarçada de mulher mega poderosa, de alto executivo,
de adolescente marrento, de estudante rebelde, de professor severo, de pessoa
extremamente crítica. Nem sempre quem tem autoestima baixa nos olha com carinha
de cachorro magro. Nem sempre quem tem baixa autoestima se deprecia para os
outros ou vive reclamando da vida. Quantas pessoas inseguras não se escondem
atrás de uma cara de brava para os outros não descobrirem suas limitações intelectuais
e afetivas?
Obvious
A baixa autoestima é um problema grave que assola muitas pessoas. Ter
baixa autoestima é gostar-se pouco. É se valorizar pouco. Todo mundo deseja o
melhor para si, mas muitas vezes, mesmo que inconscientemente, por alguma
razão, acreditamos que não merecemos a felicidade e mesmo sem perceber nos
sabotamos.
Quantas vezes não nos
envolvemos com a pessoa errada porque lá no fundo queremos que a tentativa
fracasse e a nossa autoimagem sofredora permaneça intacta? Quantas vezes não
aceitamos do outro o que não faríamos a ninguém porque não nos achamos bons o
bastante para sermos realmente bem tratados?
Quantas vezes não nos
conformamos com amizades inexpressivas, um trabalho horrível, uma vida sem
sentido porque pensamos que não somos capazes de estabelecer relações mais
significativas ou de arranjar um emprego mais gratificante? Quantas vezes não
achamos que não nascemos para nada, que não temos nenhum dom especial e que
migalhas afetivas são tudo o que nos resta?
Quando falamos de
autoestima baixa, imaginamos alguém deprimido, se olhando para o espelho com
uma cara triste. Imaginamos alguém que fala pouco, que não se expressa,
extremamente fechado e tímido.
Porém, a baixa
autoestima usa roupagens diferentes e muitas vezes ela surge disfarçada de
mulher mega poderosa, de alto executivo, de adolescente marrento, de estudante
rebelde, de professor severo, de pessoa extremamente crítica. Nem sempre quem
tem autoestima baixa nos olha com carinha de cachorro magro. Nem sempre quem
tem baixa autoestima se deprecia para os outros ou vive reclamando da vida.
Quantas pessoas inseguras não se escondem atrás de uma cara de brava para os
outros não descobrirem suas limitações intelectuais e afetivas? Quantas vezes
as pessoas não se escondem atrás de um mega visual para disfarçarem lacunas
internas e o medo de não serem boas o bastante ao natural? Quantas mulheres não
tentam resolver seus problemas de autoestima com cirurgiões plásticos sendo que
na verdade, elas deveriam buscar por uma terapia? Não me refiro obviamente a
pessoas que realmente precisam de cirurgia. Falo de defeitos imaginários ou
excesso de perfeccionismo para escamotear uma carência psicológica.
Olhar-se muito no
espelho pode indicar autoestima baixa
Uma vez, ouvi o
filósofo Luiz Felipe Pondé dizer que o narcísico tem um ego muito fraco e por
tal razão, ele precisa se auto afirmar constantemente. Sim, muitas pessoas que
esbanjam autoconfiança podem muito bem serem portadores de baixa autoestima e
apresentam uma confiança fake para sobreviverem a um mundo cruel, que não
perdoa os mais fracos e a elas mesmas porque para alguns é insuportável aceitar
a ideia de não se gostar o bastante, de não se sentir bom o bastante.
Não é à toa que vemos
mulheres lindas por dentro e por fora, extremamente afetuosas se degenerando em
relações degradantes em que o parceiro as humilha constantemente e mesmo assim
elas continuam com eles por medo da solidão. Quem tem baixa autoestima não
suporta ficar sozinho. Todo mundo quer um parceiro, ok. Mas quem tem baixa
autoestima vai além de querer. Ele precisa. Ele vê no outro sua tábua de
salvação. O mesmo vale para homens interessantes que se submetem a mulheres
mesquinhas e aproveitadoras porque não se sentem bons o bastante para serem
amados plenamente por uma mulher de bom coração.
Nunca poderemos
encontrar o amor no outro antes de nos amarmos profundamente
Não é à toa que vemos
profissionais preparados e dedicados se submeterem a empregos ridículos, onde
ganham mal e/ou sofrem assédio moral, além das explorações típicas que a
maioria dos funcionários enfrenta como a realização de horas extra sem
remuneração. Na teoria esta conduta não é permitida. Mas na prática ela
acontece. Empresas sob o argumento de que o funcionário tem cargo de confiança,
o induz a trabalhar fora do seu horário sem nenhum tipo de gratificação.
Não é à toa que
vivemos desculpando gente que comete mil gafes. Não é à toa que que vivemos
relevando as atitudes egoístas de pessoas que só pensam em si e desconsideram
completamente as necessidades alheias. Não é á toa que nos culpamos quando
alguém nos engana ou nos ofende brutalmente.
Se gostar bastante
implica no entendimento de que somos alguém com valor e que merecemos ser
tratados com respeito e dignidade. Se gosta bastante quem não se permite ser
humilhado e se afasta de pessoas e situações nocivas, preferindo ficar sozinhas
a suportar agressões físicas e/ou verbais. Se gostar é lutar pelo melhor.
Pessoas com alta
autoestima sabem até onde podem ir e conhecem seus pontos fortes e fracos.
Pessoas com alta autoestima não abrem mão dos seus valores para se manterem
acompanhadas. Pessoas com alta autoestima não necessitam dizer o quanto elas
são maravilhosas o tempo todo. Pessoas com alta autoestima não se rastejam pela
aceitação alheia nem se intimidam porque não são perfeitas. Pessoas com alta
autoestima entendem que estar com o outro é incrível, mas que a única pessoa
que pode salvá-la é ela mesma.
Chega uma hora em
que a gente precisa entender que nós somos a nossa própria heroína
Muitos pensam que
quem tem alta autoestima é necessariamente convencido e fica proclamando aos
quatro ventos todas as suas realizações ou postando fotos de cada momento do
seu dia. Muitas vezes, a autopromoção gratuita é simplesmente um dos disfarces
mais coloridos de um ego que anda bem descuidado. Autoestima tem cura. Não é um
processo fácil nem rápido. Muito menos indolor. Muita leitura, reflexão,
autoanálise e terapia podem contribuir bastante para uma vida emocionalmente
mais segura e saudável.
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SÍLVIA MARQUES
Paulistana, escritora, idealista em crise, bacharel em Cinema, cinéfila, professora universitária com alma de aluna, doutora em Comunicação e Semiótica, autodidata na vida, filósofa de botequim, com a alma tatuada de experiências trágicas, amante das artes , da boa mesa, dos vinhos, de papos loucos e ideias inusitadas. Serei uma atleta no dia em que levantamento de xícara de café se tornar modalidade esportiva. Sim, eu acredito realmente que um filme possa mudar a sua vida! Autora do blog Garota desbocada. Lancei recentemente em versão e-book pela Cia do ebook o romance O corpo nu..
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