"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Gisele Bundchen amamentando

Imagem do dia. Rica de espírito.
Amamente!

Gisele Bundchen amamentando
Gisele Bundchen amamentando

domingo, 3 de outubro de 2010

Mãe é tudo igual e mãe é mãe!

Foto: Google Imagens

Por Cláudia Gimenes

Fui convidada pela Glauciana para escrever artigos para a coluna “Mãe é tudo Igual” e fiquei pensando sobre que tema falar. Como a coluna tem um nome bem significativo, vou reforçar que mãe é tudo igual e que “mãe é mãe”!

Sabe, eu não gerei meus filhos. A vida não me deu esta oportunidade, até porque eu não fui atrás de fazer com que ela me desse! Não quis fazer tratamentos nem exames doloridos. Achava que para ser mãe eu não precisaria sofrer mais do que pela espera por eles.

Eu sabia que tinha filhos para mim em algum lugar e que eram 4, mas eu não sentia que precisasse sentir dor, me submeter a doses massissas de hormônios, piorar ainda mais o que já é ruim em mim em questão hormonal, piorar ainda mais meu problema de obesidade, gastar um dinheiro que eu não tinha para ter um filho. Eu sabia que eles viriam e a adoção era o caminho!!!

E agora vou falar algumas coisas à respeito da maternidade escolhida através da adoção!

Quando decidimos adotar um filho e comunicamos isso a parentes e amigos, todo mundo faz festa, boa parte nos cumprimenta dizendo: “ah, admiro vocês… que gesto nobre”.

E aí, por mais que você explique que não é um gesto nobre, que é a espera por um filho, ninguém compreende. As pessoas passam a te olhar com um olhar que vai da admiração à pena e você vê nos olhares reticentes o pensamento de “coitada, não pode ter filhos”.

E passamos a sentir nossa gravidez de uma forma solitária, sem os paparicos de uma grávida biológica, porque ou somos criticadas ou somos exaltadas, colocadas à altura de santas por estarmos, apenas, desejando ser mães!!!

Isso aconteceu comigo! Não tive paparicos, não tive chá de bebê organizado pelas cunhadas – que organizavam chás para todas as crianças prestes a chegar na família -, mas tudo bem. o filho que eu esperava era meu, não dos outros!

Quando o filho chega, todo mundo vem, olha com cara de pena para o seu filho e diz: “coitadinho, né?!? Como a mãe teve coragem de largar um bebê tão lindo?!?”. Mas, espera aí. Quem é a MÃE? Você está diante de uma mãe que acaba de ganhar um filho e diz uma frase destas? Meu coração se partia a cada comentário “sem maldade”, advindo da total falta de senso, caridade e amor, referidos à minha filha. Eu era A MÃE! Ela teve uma progenitora e uma mãe em duas pessoas diferentes. A mãe sou eu!

E aí seu filho vai crescendo e você vai ouvindo: “mas você não tem medo que ela vá procurar a mãe verdadeira?”. E mais uma vez eu digo: “Quem é a MÃE VERDADEIRA? Aquela que gerou e não pôde ou não quis ficar ou você que está convivendo no dia a dia com a criança?”

Então posso afirmar que “mãe verdadeira” não existe, porque se aceitarmos o conceito de “mãe verdaderia” teremos que admitir que existe uma “mãe falsa”. Tá, eu sempre fui considerada a mãe falsa pela sociedade, mas pela linguagem popular, sou a mãe verdadeira!!! rss

Muita gente fala: “mãe é quem cria”, mas estas mesmas bocas te perguntam se você não tem medo que seu filho procure a progenitora, referindo-se a ela como “a mãe verdadeira”. Hipocrisia! Sendo assim, vamos fazer deste desabafo um momento de esclarecimento. O que existe são: mães biológicas e mães adotivas. Nenhuma delas é falsa.

E quando você decide ter o segundo filho, ouve: “você vai adotar outra vez? Porque não tenta ter um filho seu?!”. Para tudo!!! Porque eu não tento ter um filho meu?! A outra filha que eu tenho é de quem, afinal de contas?! Eu sou a mãe, ela é minha filha! Qual a dúvida?

E aí as bocas “sem maldade” completam seus questionamentos com um “ah, claro que ela é sua filha, afinal de contas você é quem cria, mas você já fez uma caridade, agora precisa tentar ter um filho seu mesmo, de verdade, do seu sangue”.

E quando você escuta coisas assim, cai sua ficha! Você é mãe, tem um filho, está esperando outro filho e não é considerada mãe, nem seus filhos considerados filhos! Somos pais e filhos de segunda linha em uma sociedade cheia de preconceitos enrustidos.

Quem disse que quando eu adotei pensei em fazer caridade?! Adotei para ser MÃE, oras. Caridade a gente faz doando dinheiro para asilos, abrigos, abrigos de cães, fazendo trabalho voluntário em hospitais e comunidades carentes. Quem adota, adota para ter um filho, tal e qual quem engravida. Quem adota não pensa em fazer caridade, em salvar uma vida do mundo do crime, em tirar um coitadinho da rua, da miséria ou seja lá de onde for. Quem adota o faz para ser MÃE.

E de mais a mais, quem disse que sangue diz alguma coisa na relação mãe x filhos, pai x filhos? Quem crê que sim, basta relembrar o caso da mocinha Suzane R., filha biológica, advinda de uma gravidez planejada, bem criada e tal…

Apesar de pessoas assim, você segue sua vida e quando decide ter seu terceiro filho, pouca gente é comunicada, menos gente ainda participa. Você já cansou do verniz que as pessoas usam no preconceito e na discriminação e, como sua gestação é sem barriga e sem paparicos, você decide que será sem encheção de saco também.

O terceiro filho pouca gente visita, quase não ganha presentes. Você, definitivamente, é louca perante a sociedade, principalmente se seu filho chegar doente, afinal de contas se você pode escolher, porque aceitou uma criança doente?

O quarto filho só pessoas muuuito próximas e não necessariamente parentes, ficam sabendo. Você só conta para pessoas que compartilham o desejo de adotar, mesmo, e nem faz ideia como será quando este filho chegar. Provavelmente será festejado só em casa, mesmo, entre papai, mamãe, irmãos e alguns pouquíssimos amigos de longe, que nunca te viram pessoalmente.

Se eu tenho mágoas disso tudo?! Não, não tenho!!! Aprendi a conviver e descobri que o preconceito existe, sim, que está mais presente em nossa sociedade do que as pessoas imaginam e que se você não for forte, você é engolido por ele, sucumbe à depressão.

Por isso não me dou o direito de ter preconceito contra nada, também não me dou o direito de julgar as decisões alheias. Escolhas são direito inalienáveis do ser. Você pode até não concordar com algumas escolhas das pessoas que ama, mas tem obrigação de respeitar.

Por isso, aproveito sempre que posso para falar sobre o assunto, porque acredito que somente com informações é que se acaba com o preconceito! Pior do que isso tudo que eu passei é ver meus filhos, agora entrando na adolescência, serem bombardeados com perguntas movidas pela falta de conhecimento do que seja uma relação de filiação verdadeira.

Hoje já não perguntam mais para mim se não tenho medo que eles queiram procurar a mãe verdadeira. Hoje os amigos deles perguntam se eles não têm curiosidade de conhecer suas mães verdadeiras. E o preconceito vai sendo passado de geração a geração.

Eles são bem orientados em casa e são multiplicadores dos conceitos corretos, explicam com paciência para os amigos sobre a inexistência de uma “mãe verdadeira” e colocam os conceitos em seus lugares, mas na minha modesta opinião, se não existisse de verdade preconceito, não haveriam mais crianças e adolescentes fazendo esse tipo de pergunta.

E só para constar: não, eu não tenho medo!!! Se um dia eles quiserem procurar suas mães biológicas eu os ajudarei. Amor é algo que se conquista com a convivência do dia a dia e eu não tenho porque temer um encontro deles com uma desconhecida – que lhes deu à vida -, mas uma desconhecida.

Isso tudo para dizer que mãe é tudo igual, que mãe é mãe, não importa de que forma ela se torna mãe. Se você teve a paciência de ler tudo isso, vou me atrever a deixar algumas dicas se, por acaso, você for pego de surpresa com a notícia de que alguém próximo vai adotar:

- Não olhe com compaixão, nem pena. Adotar não é uma sentença, é uma escolha!

- Não exalte o ato de adotar como algo sublime, não coloque a pessoa em questão nos pés de uma santa, porque isso magoa e ofende.

- Trate seu parente ou amigo que vai adotar tal e qual trataria se ele estivesse esperando um filho biológico. Nós, mães adotivas, também gostamos de ganhar mimos para nossos filhos.

- Quando visitar a família na chegada da criança, jamais olhe com pena nem diga “coitadinha, né?!”. Nenhuma mãe gosta de ouvir que seu filho é coitadinho! Se, por um lado, ele foi abandonado, por outro foi muito esperado e amado antes mesmo de nascer, então não existe nenhum coitadinho.

Foto: Cláudia Gimenez com seus filhos

Claudia Gimenes, 41 anos, casada, mãe (24 horas por opção) de 3 filhos, e à espera de mais uma. Minhas atribuições diárias são: mãetorista, mãesicóloga, mãefessora, mãerientadora, mãeselheira, mãeducadora, mãezinheira, mãe, mãe, mãe… Também é mãe do blog Adoção Amor Verdadeiro.

Fonte: http://www.coisademae.com/2010/09/mae-e-tudo-igual-e-mae-e-mae/page016/

Tenho orgulho de ser amiga desta mãe e mulher!
Um forte abraço, Cláu!


Postado Por Cintia Liana

sábado, 12 de junho de 2010

Crianças que sofrem abandonos e sobre a menina torturada

Foto: Facebook

Esta criança que foi torturada precisa de um lar seguro, com o acompanhamento psicológico adequado. Uma depressão no momento atual é algo esperado pelo forte trauma, o medo também de novas relações ou até o receio de chamar outra pessoa de mãe durante algum tempo por associar isso aos maus tratos e aos dois abandonos que sofreu, primeiro da mãe biológica e este segundo, mas são suposições. Prognósticos para um futuro distante, neste momento, poderiam ser frágeis e causar uma espera, uma expectativa por algo não positivo em torno desta menina.

De qualquer modo, não diria que ela não estará preparada para uma nova adoção por um longo tempo, esta criança necessitará de uma família, de amor de mãe e pai que a "adotem" plenamente e que aconteça aos poucos, com muito cuidado. A dor que ela passou não faz dela indigna de uma nova família e nem está despreparada para isso por causa dos terríveis maus tratos que sofreu, ela precisa agora de tempo e cuidados especialíssimos.

Lembremos que existe um possível pensamento por parte de algumas pessoas que as crianças que sofreram traumas têm que ser "consertadas" para nova inserção, para "garantir" aos novos adotantes que não terão filhos com "defeito". Esse pensamento é muito egoísta. A criança deve ser preparada para nova adoção, mas não vista como alguém com "defeito", porque tem um "trauma".

Devemos dizer "agora" para as crianças, não com irresponsabilidade, mas darmos total prioridade à elas. Devemos pensar agora nesta criança e na possibilidade de adotantes que queiram se doar com toda a paciência e maturidade para acolhê-la, só assim superará o que passou, com um lar seguro, voltado para as necessidades dela e totalmente amoroso.

Marcas todas as pessoas têm, umas mais brandas outras mais graves ou até absurdas, todas as crianças são adotáveis e merecem uma família, merece investimento afetivo e que acreditemos nelas, o que nos diferencia é a capacidade de manejarmos nossas dificuldades advindas dessas dores. As crianças devem ter o direito a isso, a falar sobre suas dores e devemos colher isso com muito respeito e isso já é bastante “curativo”.

Uma criança abrigada e "traumatizada" pode lidar com suas dores e frustrações de modo mais maduro que um filho biológico que não aceita limites quando sua mãe lhe nega um brinquedo no shopping, por exemplo.

Os filhos biológicos não nos dão garantia alguma que serão saudáveis quando adultos, que são mais confiáveis porque têm o mesmo sangue dos pais. Suzane Richthofen era filha biológica. Que culto é esse a herança biológica, se isso não é garantia de nada? E porque teremos que ter a garantia de que o filho adotivo será perfeito ou deve ser manipulável?

O pensamento de que crianças que passaram por "traumas" serão adultos problemáticos ou marginais vem do preconceito e do medo. Se elas tiverem verdadeiramente um bom auxílio, num meio saudável e muito amor incondicional crescerão em harmonia, tentando superar suas dificuldades e vivendo as alegrias que virão, mas tem que ter muito amor, muito desejo de adotar e ser muito firme para entender isso.


Por Cintia Liana

domingo, 29 de novembro de 2009

"Fada da Adoção"

Foto: Cintia Liana no Correio da Bahia, 29 de novembro de 2009.

"Fada da adoção". Esse foi o título ultilizado pelo jornalista Sylvio Quadros para a matéria que fez sobre mim e sobre meu trabalho com adoção de crianças.

No início da entrevista, pouco depois de ter sido procurada pelo Jornal Correio da Bahia, que sempre mostra interesse em minhas andanças e estudos, achava que o tema seria adoção, mas o jornalista muito tranquilo e simpático me advertia que a matéria era sobre meu trabalho social.

Enfim, falei de adoção, mas tive que falar bastante de mim. São dois assuntos totalmente correspondentes. De toda forma, falei bastante de adoção, pois não há tema mais lindo e encantador.

Resultado, uma matéria muto bonita, com um toque de magia dado pelo jornalista e uma foto muito criativa do fotógrafo Robson Mendes.

Obrigada Correio!
Segue a matéria para quem mora fora da cidade ou do País e que não leu:
"Ela não tem asas ou varinha de condão, mas há quem ande falando justamente o contrário. Para muitos pais que adotam filhos, a psicóloga baiana Cintia Liana - 33 anos, duas tatuagens e um diploma em Campinas (SP) - é uma fada madrinha; ou, mais precisamente, a “fada madrinha dos pais adotivos”.
O apelido surgiu há três anos, no tempo em que Cintia ainda organizava palestras para pais no Juizado de Menores, onde entrou em 2002 como voluntária. De lá para cá, a loira de riso fácil e fala ligeira não parou mais. Montou um grupo na internet para tirar dúvidas sobre adoção de órfãos, concluiu uma pós-graduação em casal e família (dessa vez em Salvador), deu aulas em faculdade (“os alunos são superapaixonados por mim”) e fez um curso de um mês e meio na Itália. Hoje, mantém um blog (http://psicologiaeadocao.blogspot. com) sobre o assunto e atende em consultório.
Além da experiência, ganhou amigos.
“Hoje, as pessoas me ligam de todas as partes do Brasil”, afirma Cintia. “Quando meu grupo de discussão na internet chegou a 230 membros, achei que já era hora de fazer um recadastramento e limitar o número de participantes. Os pais falam muito de suas intimidades, e isso é coisa séria. Muita gente manda fotos, mensagens de apoio e perguntas. É ali que muitos manifestam o desejo de adotar”.
Na entrevista que concedeu ao CORREIO, Cintia fez honra ao apelido que ganhou de uma mãe. Em dado momento, sua voz embargou enquanto contava a história de um garoto que, mesmo com deficiência física, vivia feliz com a esperança de ter uma família; seus olhos, grandes e curiosos, marearam de lágrimas. “As pessoas ainda têm receio de adotar, mas elas precisam saber que isso liberta a alma. Toda relação de amor surge da convivência e do respeito, e não da herança genética”, diz.
Para os interessados, no entanto, não basta só interesse. Apenas o Juizado de Menores pode avaliar quem está apto a adoção. Cintia, do seu consultório, fica encarregada de aconselhar, preparar e, principalmente, quebrar preconceitos.“Muitos pais me procuram com medo de adotar crianças mais velhas, semenxergar que elas já vêm com um repertório, uma riqueza e a consciência de que desejam ter uma família”.
Durante a entrevista, a psicóloga aproveitou ainda para quebrar a esperança de futuros pretendentes. Em janeiro, Cintia volta à Itália com um propósito acadêmico (planeja fazer um curso sobre a Escola de Milão, “referência mundial em sua área”) e outro romântico (“meu noivo é italiano e vou aproveitar pra visitá-lo”, revela, com indisfarçada timidez). Afinal, a “fada” também é humana.
Por SYLVIO QUADROS."

Por Cintia Liana