"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Superproteção: A origem do fraco e do tirano

Sob as asas indulgentes de pais pretensamente diligentes e amorosos, desenvolve-se uma espécie humana incapaz de conviver com a frustração; insaciável em sua necessidade de atenção; dependente de cuidados, básicos ou sofisticados; impossibilitada de enxergar outro ponto de vista que não o seu; voraz e corruptível. A superproteção familiar impede o indivíduo de criar suas próprias ferramentas de sobrevivência, interlocução, compaixão e convivência. Estamos criando uma geração de fracos tiranos ou de tiranos fracos, capazes de qualquer artifício para terem seus desejos atendidos. 



Publicado em recortes Por Ana Macarini
No Obvious


Perigosa estratégia essa de trocar autoridade amorosa por permissividade vazia. Substituir a presença física e real por bens materiais contribui para a formação de indivíduos que não hesitariam em sacrificar pessoas para conseguir coisas. Será que somos tão distraídos emocionalmente a ponto de abrigarmos monstros egoístas sob nossas próprias asas e não nos darmos conta disso?

O inegável cenário de violência em que a maioria de nós vive, cria elementos mais do que concretos para que haja temor pela segurança de nossas crianças. É fato que muitos de nós tivemos a oportunidade de fazer pequenas incursões pelos arredores de casa, experimentando a cada nova aventura, o sabor da conquista da maturidade. Há cerca de 30 anos atrás, mesmo em cidades grandes e movimentadas, era comum as crianças “maiorzinhas” (10 ou 12 anos), irem sozinhas à padaria, à banca de jornal, à casa de algum amigo mais próximo ou mesmo à escola. Ouvíamos de nossos pais alguns conselhos como “Não fale com estranhos!” ou “Não aceite ‘nada’ de estranhos, como balas ou chocolates!”. Nossos pais temiam pela nossa segurança e procuravam nos preparar para enfrentar alguns perigos previsíveis. É claro que, mesmo naquela época, ouvíamos notícias de crianças sequestradas; abusadas; até mesmo desaparecidas e mortas. Mas a verdade é que esses acontecimentos eram uma exceção. Hoje, não são mais. O perigo é real, isso é indiscutível. Há muito tempo as crianças deixaram de ter medo do “homem do saco” para ter medo do bandido armado.
Assim, nossas crianças muitas vezes são privadas de experiências de vida em detrimento de sua segurança e integridade física. Até aí, nada de errado. Cabe mesmo aos pais garantir que seus filhos recebam proteção, cuidados, atenção e amor. Os problemas começam quando a dosagem desses atributos perde o valor original e extrapola os limites, revelando uma educação descolada do mundo real, no qual há o enfrentamento de situações adversas e imprevistas. É bastante frequente observarmos que os responsáveis sofrem com a dificuldade de estabelecer o que é cuidado, o que é exagero, o que é pseudo-cuidado e o que é negligência.
É importante termos em vista que a maneira como nos enxergamos na infância, baseia-se na forma como somos tratados pelos adultos responsáveis por nós. As experiências sociais da infância determinam a maneira como vamos interagir com o mundo na fase adulta. A consciência do nosso valor pessoal é construída na interação, primeiro com nossa família nuclear, independente de como ela seja formada; depois, na interação com os outros. Os adultos responsáveis pela nossa educação darão o tom às nossas percepções de respeito, ética, compaixão e liberdade.
Quando somos crianças, aceitamos como correto o modelo oferecido pelos adultos que são responsáveis por nós. Crianças tratadas com agressividade e intolerância acabam acreditando que merecem esse tratamento e o reproduzirão. Crianças negligenciadas crescem com a dolorosa sensação de que suas necessidades não são importantes. Adultos demasiado exigentes, críticos e autoritários fazem a criança sentir-se inadequada, incapaz e indigna de confiança. Quando não são ouvidas, elas crescem inseguras e dependentes. O pseudo-cuidado, caracterizada pela presença física, porém ausente de atenção (adultos que não desgrudam do celular, por exemplo), provoca na criança uma confusa sensação a respeito de seu papel na relação e do espaço que ela ocupa; ela se percebe como desimportante e até incômoda. Engana-se, porém, quem acredita que a superproteção garante um saudável desenvolvimento para a criança. As crianças superprotegidas acreditam que os adultos resolvem tudo por elas e atendem todas as suas vontades porque elas são incapazes. Adultos superprotetores formam crianças desconfiadas de suas próprias capacidades e habilidades, além de dependentes do cuidado e da aprovação do outro. Já adultas, elas acreditarão que o mundo será exatamente assim: sempre pronto a satisfazer seus desejos e compreender suas demandas.
A superproteção pode representar um bloqueio para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo das crianças. Adultos responsáveis excessivamente protetores fazem com que os pequenos sintam-se pouco estimulados a interagir com o mundo. A timidez, por exemplo, pode ser uma consequência de posturas repressoras apresentadas na educação familiar. Outro ponto importante é o fato inegável de que as crianças superprotegidas terão dificuldades para adquirir autonomia; lidar com o medo; enfrentar situações imprevistas; tomar iniciativas ou decisões. Além da possibilidade de virem a se tornar adultos reclusos ou distantes da realidade, que julgam injusto terem de batalhar para alcançar o que desejam e não serem premiados por cumprir com suas responsabilidades e compromissos.
É de extrema importância que, no caso de termos decidido assumir a responsabilidade pela educação de uma criança, termos em mente que a nossa postura em relação à sua formação, contribuirá fortemente para o tipo de adulto que ela virá a ser. Precisamos entender que somos modelos em nossas atitudes, muito mais do que em nossos discursos. Criança precisa de escuta ativa; afeto; limites claros e justos; honestidade nas relações; aceitação de suas limitações; incentivo diante das dificuldades; valorização das habilidades; satisfação de suas necessidades de alimento, sono, descanso e brincadeira; liberdade assistida e orientada. Parece muito?! Mas não é. É o mínimo que nos cabe fazer. No fundo, elas não precisam ser colocadas sob nossas asas. Elas precisam que sejamos inteiros o suficiente para ensiná-las a voar com suas próprias, respeitando o espaço aéreo das demais.



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Evento - A escuta da criança vítima de abuso sexual no juízo de Família

A pedido da Presidente do Fórum Permanente de Direito de Família, Des. Katya Monnerat divulgo o evento abaixo.
CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS
EMERJ - FÓRUNS PERMANENTES
CONVITE 
A Diretora-Geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ, e a Presidente do Fórum Permanente sobre Direito de Família, Desembargadora Katya Maria Monnerat, CONVIDAM para a palestra: “A escuta da criança vítima de abuso sexual no Juízo de Familia”, tendo como palestrantes o Professor  Benedito Rodrigues dos Santos, Consultor da Childhood Brasil para o Projeto Depoimento Especial, Professor e Pesquisador da Universidade Católica de Brasília e Dra. Rosana Morgado, Professora e Pesquisadora da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do RJ. O evento realizar-se-á em 29 de junho de 2012, das 10:00 às 12:30hs, no Auditório Antonio Carlos Amorim , sito na Av. Erasmo Braga, 115, 4º andar, Centro-RJ,
Serão concedidas horas de estágio pela OAB/RJ para estudantes de Direito participantes do evento.
Poderão ser concedidas horas de atividade de capacitação pela ESAJ aos serventuários que participarem do evento (Resolução 17/2006, art.4º, inciso II e § 3º, incisos I, II e III- Conselho da Magistratura).
Inscrições gratuitas (vagas limitadas)
Informações: Secretaria da EMERJ: 3133- 3369 e 3133-3380
Inscrições: Exclusivas pelo site da EMERJ.
Para efeito de aquisição de certificado, opcional e pago, ou comprovante de presença, faz-se necessária inscrição gratuita pelo site da EMERJ: www.emerj.rj.jus.br