Por que não liberar as adoções realizadas por pares homoafetivos?
Está mais do que provado que a homossexualidade não é doença ou anomalia, não é genético ou adquirido pela convivência. Conviver com isso ou se convencer da normalidade não fará de ninguém pior, ao contrário, só ajudará a ser uma pessoa mais realista e inteligente.
Você já viu um pai gay ter um filho gay também? Ou já viu um filho gay ter um pai gay? Eu não.
"Deixemos os homossexuais adotarem, pois não é por isso que o filho adotivo se tornará um". Até esta frase é preconceituosa, pois mesmo que a homossexualidade fosse algo ensinado, temos que encarar que não há nada de errado com isso, o que é errado é o preconceito e a discriminação por falta de conhecimento. Ligar homossexualidade a promiscuidade é limitação e um retrocesso. Deixar crianças crescendo em abrigos por acreditar que um par homoafetivo não será influência suficientemente boa e saudável para uma criança é no mínimo absurdo! Um total atraso! Pensar que será influência ruim é pior ainda.
Quando fazia avaliações psicológicas para candidatos a adoção, percebia o quanto os candidatos gays se mostravam maduros e estavam bem praparados para uma adoção sem muitas exigência, até em relação ao perfil da criança pretendida. Me parece que ser alvo de preconceito, de alguma forma, faz crescer e aceitar melhor as diferenças.
Muitos gays solteiros adotam. Como par, com o companheiro ou companheira, já não é com a mesma facilidade. Houveram alguns casos de adoções por pares, pelo fato de ter uma brecha na lei (no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente) que diz que a adoção de uma criança pode ser realizada por duas "pessoas" em união estável, sem salientar que deve ser por duas pessoas de sexos opostos.
Vasco e Júnior (na foto) foi o primeiro par brasileiro a conseguir realizar uma adoção. Eu conheci o casal e a filha adotiva Teodora, menina feliz, bem educada e super apegada a eles. Percebi que até as relações homossexuais imitam as heterossexuais. Vasco fazia mais o papel materno, mais feminino, suave, e Júnio o paterno, mais masculino. Mas isso não importa, é algo secundário, que eles é que têm que entender se quiserem, o que importa Teodora estar feliz, ter um lar e dois pais amorosos para amar.
Independente da opção sexual o mais importante é ensinar a um filho o exercício do respeito e do amor involuntário e tem muitos pais heterossexuais e biológicos que não estão conseguindo ensinar isso a seus filhos.
Boas novas. Recebi esse e-mail essa semana:
"Juiz autoriza adoção de criança por casal homossexual em Joinville (01.12.09)
O juiz Sérgio Luiz Junkes, titular da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Joinville/SC, julgou procedente e deferiu pedido de adoção formulado por casal homossexual. A adotada, por determinação judicial, terá o nome das adotantes registrado na certidão de nascimento como mães da criança.
Segundo o magistrado, ficou demonstrado nos autos que a menina tem sido criada com amor e carinho e recebe a atenção necessária para suprir suas necessidades, sejam elas materiais, psicológicas e morais. “O Estatuto da Criança e Adolescente é categórico em afirmar que a adoção se realizará quando apresentar reais vantagens ao adotando, salientou Junkes.
O Código Civil, observou, fala sobre a necessidade da adoção – quando realizada por duas pessoas – ocorrer por marido e mulher ou por quem vive em união estável. ”Importante ressaltar que nossos Tribunais tem reconhecido à união estável homossexual, inclusive com o direito sucessório”, destacou.
Desta forma, interpreta o magistrado, resta claro que não há qualquer impedimento para que homossexuais adotem crianças. O Ministério Público posicionou-se favorável ao pleito.
(Com informações do TJ-SC)"
Por Cintia Liana
2 comentários:
Oi Cintia,
Eu inclusive discordo da denominação "opção sexual", não sei se estou certa, mas vc pode me corrigir. Para mim homossexualidade não é uma opção, e sim uma caracteristica, as pessoas nascem assim. Não é adquirida ou uma opção, mas sim algo inerente a vontade, uma caracteristica mesmo, como cor dos olhos, cabelos ....
A sensação que tenho de não liberarem adoção para parceiros homoafetivos é pq ligam, de certa forma, homossexualidade a pervensão, não consigo achar outro motivo. Que criança não cresceria saudavel (em todos os sentidos) num ambiente de amor?????
Então é melhor crescer num abrigo ou entre brigas e tapas do que com amor??
O Vasco e o Júnior já foram ao Jô, é nitida, não tem como negar a mudança na pequena Teodora. Eles fotografavam ela ainda no abrigo e depois em casa já com algum tempo de convivencia, o brilho nos olhos dessa criança, o sorriso, o desenvolvimento, nossa foi uma mudança radical. Antes uma menininha acuada de olhar triste no abrigo, depois a imagem da alegria e do amor.
Depois vou roubar este artigo para o meu blog rsssss
beijinhos
Querida Letícia, já há estudos que mostram que a orientação sexual é algo bem mais complicado e que pode envolver o querer tbm. Há pessoas que passam a se relacionar com pessoas do mesmo sexo após um longo casamento e filhos e sentem desejo por alguém do mesmo sexo e se abre para essa possibilidade em alguma oportunidade que deseje. Uma vertente da psicologia da sexualidade diz que não é desejo por ser hetero ou homo é desejo por um objeto sexual que pode ter o mesmo sexo, mas que somos ensinados desde pequenos que tem que ser pelo sexo oposto. Pelo que ando estudando ao longo deste tempo é que há várias nuances a serem consideradas, fisiologia, cultura, um momento diferente, um conflito, curiosidade, modismo, tantas coisas... Há aqueles homossexuais que já mostram desde pequeno a sua orientação. Deve ser difícil estar num corpo e não se sentir como tal. Há quem diga que somos bissexuais, mas ensinados a sermos heteros. Enfim, acho que sempre existiram os gays e um número bem grande, mas agora as pessoas estão tendo coragem para se assumirem e se aceitarem.
Obrigada pelas constantes visitas e colaborações com seus ricos comentários. Um abraço.
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