"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ser ou não ser parecido, eis a questão

Foto: Google

Vocês já se perguntaram porque há pais e filhos por adoção fisicamente muito parecidos?

Uma vez uma professora em meu quinto ano de faculdade em 2000, mãe adotiva, me falou que alguns estudiosos dizem que filhos se tornam parecidos com seus pais adotivos por imitarem gestos faciais na convivência, com isso a musculatura tende a funcionar do mesmo modo e os traços faciais acabam por ficar parecidos com os dos pais, chegando a tornar-se bastante semelhantes, como era o caso dela e da filha, que eram surpreendentemente muitíssimo parecidas.

Em 2008, como aluna especial do mestrado em Infância e realidade brasileira da UFBA - oportunidade que fez-me descobrir não querer seguir a carreira de mestre, muito menos na UFBA - ouvi da professora que há uma nova teoria em psicologia que explica o motivo de nos tornarmos parecidos com quem convivemos.
A explicação é que nosso organismo passa a funcionar de maneira parecida com pessoas que vivem no mesmo ambiente, pois são estimulados do mesmo modo ou de modo bem parecido, mesma alimentação, estímulos sensoriais, culturais, emoções, ou seja, vivência de um mesmo cenário. Mas é claro que dentro disso moram variáveis, pois somos seres diferente, que podem sentir e reajir de forma diferente do outro frente a uma mesma situação, não é tudo tão exato.

O que ocorre é que com essa convivencia tão próxima o nosso organismo passa a funcionar de forma parecida, em sintonia, sincronizada e se renova, se expressa de modo semelhante, o jeito de falar do outro influencia, um tom de voz é mais estimulado naquele ambiente, um repertório comportamental e tudo isso vai formando um conjunto de características comuns a todos que fazem parte daquele ambiente, do que é mais aceito, mais valoriado e a aparência física responde a tudo isso.

Já assistiu tanto uma atriz ou um ator que chegou a sentí-lo em seu próprio rosto, como se você fosse ele? Ou se percebeu falando perecido?

Um estudo em relação a isso foi feito. Colocou-se 10 mulheres convivendo numa mesma casa para verificar a veracidade desta hipótese. Um dos pontos verificados foi que as mulheres passaram a menstruar na mesma época do mês.

Não precisamos nem ir tão longe para testarmos isso. É só perguntar a mãe e filha que moram juntas. Elas provavelmente menstruam nos mesmo dias do mês. Coincidência? Não.

Schettini (1998) salienta que a semelhança aparece, também como uma aspiração tanto dos pais quanto dos filhos numa tentativa de reduzir a inexistência dos laços de sangue. A busca pela semelhança é um empreendimento mútuo de pais e filhos adotivos numa tentativa de selar, definitivamente, a ligação parental.

Ainda entendendo e concordando com este parágrafo de Schettini, acredito que devemos nos libertar do material e procurar olhar para aspectos mais sutis. Ficar procurando semelhanças físicas pode gerar muita ansiedade. Valorizando mais o sutil podemos realizar muito mais, pois o exercício do desapego nos liberta e nos torna mais maduros.

Por Cintia Liana

Referência:

Schettini, L. F.. Compreendendo o filho adotivo. Recife: Ed. Bagaço, 1998.

Um comentário:

Fernanda Benitez disse...

Conheci um caso que a filha adotiva era muitooooooo pareceida com a mãe adotiva. De uma forma que era dificil acreditar que ela não era biológica.
Psicologias e estudos a parte rssssss, nunca pensei em adotar uma criança por suas caracteristicas, ou seja, nunca pensei em ficar procurando um filho igual a mim. Não fiz restrição de cor no meu perfil, então meu filho pode ser mulato, negro, que sabemos ser a maioria dentro dos abrigos. E sinceramente gostaria que eles fossem mulatos ou negros, pq sei do preconceito das pessoas e tb sei que estes acabam sem muitas chances de adoção. Para mim pouco importa a cor deles, pq saberam desde sempre sobre suas adoções. Para mim poderiam até ser azul com bolinhas amarelas, não faz a menor diferença.
Não preciso ver semelhanças minhas para ama-los, amados eles já são e nem chegaram ainda, nem conheço seus rostinhos, nem sei o tamanho que terão. Só sei o tamanho do amor que lhes esperam e que me espera, e amor não tem cor, não tem raça....o amor é simplismente amor.

beijinhossssss