"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"Grávidas de sonhos" - Matéria com a participação da Psicóloga Cintia Liana

A Gazeta. Matéria com a participação da Psicóloga Cintia Liana

Para elas, a gestação dos filhos durou bem mais de nove meses e foi a realização de um projeto de vida

07/05/2011 - 16h51 -
A Gazeta

Por Elaine Vieira
evieira@redegazeta.com.br

Tem mulher que sonha em ser mãe desde pequena. Tem mulher que engravida sem querer. Tem quem faça qualquer sacrifício. Tem quem entenda que não precisa gerar para ter um filho. São tantas as formas de se tornar mãe, que os nove meses de gestação - que às vezes parecem tão longos - parecem não ser suficientes.

O sonho de ter um filho pode ser acalentado por anos a fio, planejado com precisão e, em alguns casos, acontecer quando menos se espera. Se um bebê só nasce ao fim de uma gestação, para nascer uma mãe pode ser necessário um tempo bem maior.

Muitas vezes, nem é preciso uma barriga para que duas pessoas se tornem mãe e filho. Quando algo impede ou adia o sonho de engravidar, muitas mulheres percebem que o ato de dar à luz, apesar de transformador, não é determinante para a maternidade e para o amor materno.

Para a psicóloga especialista em família e adoção Cíntia Liana, esperar o filho adotivo e amá-lo são processos semelhantes ao da gravidez.

"As futuras mães, sejam adotivas ou biológicas, têm muito em comum: elas sonham, querem, imaginam seu futuro filho. Se a gestação física não é possível, ela se dá no campo emocional, pois na adoção existe o momento em que é necessário refletir sobre as expectativas e as motivações que levam uma mulher a desejar um filho", pondera.

O direito de ser chamada de mamãe pode chegar por diversas vias, seja pela dor do parto ou pela ansiedade de aguardar na fila por uma criança. "É através do amor construído durante a espera por um filho imaginário que as mães se tornam aptas a cumprir esse importante papel", afima Cíntia Liana.


Injeções diárias por nove meses
Com menos de um mês de vida, a pequena Valentina nem sabe, mas foi fruto de muito esforço da mamãe, a supervisora Renata Gonçalves Martins López, 35 anos.

Em dois anos, Renata sofreu dois abortos espontâneos. E a melhor notícia veio por acaso. Renata estava se preparando para começar um tratamento, que iria pesquisar alguma incompatibilidade sanguínea entre ela e o marido, quando descobriu que estava grávida.

De lá para cá, foram nove meses nada fáceis. Para evitar que a imunidade alta "expulsasse" o bebê - como havia acontecido antes -, Renata tomava injeções de anticoagulantes todos os dias. "A insegurança era tanta que só contei para a família que estava grávida depois do quarto mês", conta.

Depois de tanta espera, ela se sente mais preparada para ser mãe. "Encaro as dificuldades como uma preparação para recebê-la. Hoje valorizo muito mais o fato de ser mãe, o que mudou até a relação com a minha, que ganhou sua primeira neta", frisa.

Dois jeitos de se tornar mãe
O primeiro filho da advogada Débora Fonseca Cunha, 38 anos, já chegou pronto. Aos 6 anos, Erick, hoje com 9, conquistou o coração dela e do marido, que o conheceram em um programa de apadrinhamento.

"Tinha passado os últimos 14 anos tentando engravidar. Apesar de não termos nenhum problema detectado, nós simplesmente não conseguíamos. Quando entramos no projeto de apadrinhamento, inicialmente não queríamos adotar. A intenção era apoiar e conviver com a criança, para que ela tivesse referências, mas o Erick nos escolheu. Em dois meses, entramos com o pedido de adoção", conta, emocionada.

O amor foi tanto que o casal até se mudou para um sítio na região serrana, para poder acompanhar melhor o crescimento do Erick.

Depois de viver o processo de adoção e de adaptação de uma criança, agora Débora se prepara para descobrir um novo jeito de virar mãe: ela está grávida! "Demorei a ligar os sintomas à gravidez. Não tinha mais expectativas com relação a isso, mas estamos amando a nova fase. Erick adorou, e já pediu 15 irmãozinhos", ri.

Maternidade no laboratório
Foram dois anos e meio tentando engravidar, até que a professora universitária Juselli de Castro Nazaré, 36 anos, casada há 12, resolveu dar uma ajudinha à Mãe Natureza, e optou por fazer uma fertilização in vitro.

Dessa vez, a primeira tentativa deu certo, e o resultado veio em dobro, atendendo pelos nomes de Luísa e Sofia, hoje com 11 meses.
Para garantir o sonho de ser mãe, Juselli usou parte das economias da família e parcelou o procedimento, que, para ela, não teve tantos efeitos colaterais.

"Já tinham me falado sobre as reações aos remédios que são usados para estimular a ovulação. Não senti nada, e a gravidez foi supertranquila também. Acho que elas estavam esperando o momento certo de chegar", destaca a mãe coruja.

Para coroar a felicidade, o Mês das Mães vai coincidir com outras comemorações da família: o aniversário de Juselli e das gêmeas, com poucos dias de diferença. "No ano passado eu ainda estava grávida no Dia das Mães, este ano vai ser especial", destaca Juselli.

Postado Por Cintia Liana

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