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Por Leda Nagle
Rio - Uma coisa que tem me incomodado,cada dia mais, neste nosso tempo, é saber quase todo dia, pelos jornais ou pela TV, que mais uma mãe jogou fora um recém-nascido no lixo, numa lagoa ou na rua. O que é que acontece na cabeça de uma mulher destas? E não venham me dizer que foi por conta da pobreza porque todo mundo conhece um caso de uma mulher pobre que, com toda a dificuldade do mundo, cria ou criou seus filhos a pão, água e amor e nunca os abandonou.
E o que me dizem daquela mulher que buscou ter um filho através da inseminação artificial e depois que nasceram três crianças, ela só quis levar duas para casa? E o que será da terceira criança ou de todas as outras que nascem rejeitadas? Irão para abrigos? Serão adotadas? Vão se adaptar à nova família? Serão devolvidas? Sim, porque há crianças que depois de adotadas são devolvidas, como me contou a juíza da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, Ivone Ferreira Caetano, sobre um caso recente, de devolução de duas crianças negras. Sabe quantas crianças a juíza Ivone tem recebido por dia, em média, entregues pelas mães que não querem ou não podem criá-las? Duas. Sabia que entregar para adoção não é crime? Abandonar à própria sorte ou jogar no lixo é crime. É crime e dá cadeia, mas é crime maior ainda contra a criança indefesa que, se sobreviver, vai arrastar a rejeição pelo resto da vida, se sentindo parte do
lixo. Todo mundo sabe que ser mãe não é para todas, que tem gente que não tem vocação materna, nem jeito nem generosidade para exercer a maternidade.
Isto não é crime. Mas não é justo colocar uma criança no mundo para abandoná-la. Mas se aconteceu, não precisa jogar no lixo. Pode procurar o Juizado e entregar a criança para adoção. A juíza Ivone diz que até prefere esta situação porque o processo de adoção se torna mais rápido por conta do desejo explícito da mãe e a criança é acolhida por uma mãe desejosa de ter um filho, sem a necessidade de passar por abrigo. Existe um cadastro nacional de crianças para adoção, existem grupos, mais de cem, espalhados pelo País inteiro, que trabalham apoiando pais e mães que querem adotar. Em Niterói tem um deles, que se chama Quintal de Ana, que existe há 16 anos, pronto para ajudar na relação da criança adotada com a nova família, sob o comando de Bárbara Toledo, mãe de filhos biológicos e adotados, que resume bem essa relação: “Filhos biológicos também têm que ser adotados”. É como diz a juíza Ivone, adotar não é
uma ação social, não é escolher um produto numa prateleira, exige afetividade, amor e um útero forte.
E-mail: comcerteza@odianet.com.br
Postado Por Cintia Liana
Um comentário:
Pior de tudo é que existem pessoas que estão há anos na fila de adoção, e não consegue por causa da burocracia...
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