"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

sábado, 28 de maio de 2011

Ser mãe não é para todas. Nem tem que ser

Google Imagens

Por Leda Nagle
Rio - Uma coisa que tem me incomodado,cada dia mais, neste nosso tempo, é saber quase todo dia, pelos jornais ou pela TV, que mais uma mãe jogou fora um recém-nascido no lixo, numa lagoa ou na rua. O que é que acontece na cabeça de uma mulher destas? E não venham me dizer que foi por conta da pobreza porque todo mundo conhece um caso de uma mulher pobre que, com toda a dificuldade do mundo, cria ou criou seus filhos a pão, água e amor e nunca os abandonou.

E o que me dizem daquela mulher que buscou ter um filho através da inseminação artificial e depois que nasceram três crianças, ela só quis levar duas para casa? E o que será da terceira criança ou de todas as outras que nascem rejeitadas? Irão para abrigos? Serão adotadas? Vão se adaptar à nova família? Serão devolvidas? Sim, porque há crianças que depois de adotadas são devolvidas, como me contou a juíza da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, Ivone Ferreira Caetano, sobre um caso recente, de devolução de duas crianças negras. Sabe quantas crianças a juíza Ivone tem recebido por dia, em média, entregues pelas mães que não querem ou não podem criá-las? Duas. Sabia que entregar para adoção não é crime? Abandonar à própria sorte ou jogar no lixo é crime. É crime e dá cadeia, mas é crime maior ainda contra a criança indefesa que, se sobreviver, vai arrastar a rejeição pelo resto da vida, se sentindo parte do
lixo. Todo mundo sabe que ser mãe não é para todas, que tem gente que não tem vocação materna, nem jeito nem generosidade para exercer a maternidade.

Isto não é crime. Mas não é justo colocar uma criança no mundo para abandoná-la. Mas se aconteceu, não precisa jogar no lixo. Pode procurar o Juizado e entregar a criança para adoção. A juíza Ivone diz que até prefere esta situação porque o processo de adoção se torna mais rápido por conta do desejo explícito da mãe e a criança é acolhida por uma mãe desejosa de ter um filho, sem a necessidade de passar por abrigo. Existe um cadastro nacional de crianças para adoção, existem grupos, mais de cem, espalhados pelo País inteiro, que trabalham apoiando pais e mães que querem adotar. Em Niterói tem um deles, que se chama Quintal de Ana, que existe há 16 anos, pronto para ajudar na relação da criança adotada com a nova família, sob o comando de Bárbara Toledo, mãe de filhos biológicos e adotados, que resume bem essa relação: “Filhos biológicos também têm que ser adotados”. É como diz a juíza Ivone, adotar não é
uma ação social, não é escolher um produto numa prateleira, exige afetividade, amor e um útero forte.

E-mail: comcerteza@odianet.com.br


Postado Por Cintia Liana

Um comentário:

Dê Bispo disse...

Pior de tudo é que existem pessoas que estão há anos na fila de adoção, e não consegue por causa da burocracia...