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Por Cintia Liana Reis de Silva
Primeiro precisamos definir bem o que é ser devolvida após ser adotada, porque têm crianças que são entregues ao Juizado ainda no estágio de convivência, sem ter sido concluída a adoção, mas mesmo assim é uma situação de sofrimento psicológico e afetivo para a criança, pelo fato dela já estar ligada a estas pessoas de algum modo.
Primeiro precisamos definir bem o que é ser devolvida após ser adotada, porque têm crianças que são entregues ao Juizado ainda no estágio de convivência, sem ter sido concluída a adoção, mas mesmo assim é uma situação de sofrimento psicológico e afetivo para a criança, pelo fato dela já estar ligada a estas pessoas de algum modo.
Depois que a adoção ocorre em todos os níveis, a sentença já foi dada e os laços afeitivos já existem é muito mais doloroso um novo corte de vínculos para todos, mas sobretudo para a criança, que está em plena formação e desenvolvimento bio-psico-afetivo-social.
Há estudiosos que apontam um sério risco de aparecimento de quadros psicóticos e outros problemas, como depressão, no futuro em crianças que sofrem cortes sucessivos de vínculos. Isso é só para vermos o quanto é grave para um criança não só viver no abandono, mas também experimentar a rejeição e o abandono por diversas vezes.
É comum, nestes casos, crianças experimentarem ansiedade, sensação de insegurança, baixa auto estima e algumas apresentam agressividade, acompanhados de outros comportamentos negativos, que podem ser superados com o devido acompanhamento de futuros pais e profissionais.
Existe tratamento psicológico para essas crianças e suas famílias. Com relação ao judiciário, infelizmente não são todas as varas da infância que têm psicólogos disponíveis e nem pessoal em número suficiente para atender a toda a demanda de trabalho. O judiciário tinha que contratar mais gente.
O acompanhamento deve ser feito no sentido de fortalecer a criança e as pessoas que a cercam para dar apoio. Algo importante é fazê-la entender que ela não é culpada e nem responsável pelos abandonos que sofreu, que ela não é um criança má, que isso não significa que ela não tem valor. Fazê-la sentir que merece ser amada e que, de fato, é amada pelas pessoas que estão próximas, independente de não ter pais adotivos naquele momento, daí o importante papel do profissional, que envolve o valor da relação de ajuda e de confiança que estabelece com esta criança.
Trabalhar com a criança - através da arte, da brincadeira e da fala - a sua auto estima e validar a sua dor. Ela deve compreender quais foram suas perdas e como pode lidar com elas, resignificando sua realidade e a forma de sentir, mas isso é um processo de fortalecimento e tomada de consciência que precisa de tempo e investimento.
Uma criança que é adotada por pais suficientemente seguros e maduros consegue superar muito mais facilmente suas dificuldades iniciais, mas tudo vai depender também do temperamento dela, da capacidade de resiliência e otimismo.
Parte de respostas na íntegra a entrevista cedida no dia 22 de setembro ao Portal IG.
Por Cintia Liana
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