Foto e texto retirados do Blog Equilibrosa
Por Mônica
Eu
não sei o caminho certo para dar limite às crianças. Sinceramente, não sei. Já
testei muito, já conversei muito e já li demais sobre isso – inclusive guias
que te apresentam uma lista de três ou quatro itens certeiros para por em
prática. Não é simples. Sempre me pareceu fazer sentido a ideia de que é
preciso saber a hora de determinar, decidir pelas crianças, mostrar, de fato,
os limites, inclusive como uma forma de carinho e cuidado. Se eu não fizer
agora, a vida fará na marra depois, e aí pode ser muito pior... Muito melhor se
as regras, os nãos, os limites nascerem de quem nos ama imensamente.
Mas
eu – e acho que uma geração inteira de mães – convivo com outro elemento que
pesa nessa hora: a culpa. É tanta informação, tanta orientação, tanto cuidado
para não violentar as crianças, não desrespeitar sua individualidade e seus
processos de crescimento que, às vezes, me vejo de mãos atadas, morrendo de
medo de tomar qualquer atitude. E seu eu traumatizar o menino?
Numa
tarde dessas, ele disse que queria comer banana, mas queria quente. Isso é
novidade, e aí eu confirmei: “quer quente mesmo?”. “Sim!”, todo entusiasmado. A
tia parou o que estava fazendo e foi lá fazer uma bela de uma banana quente.
Docinha, cheirosinha! Bastou chegar na frente dele com o prato para começarem
aqueles arrancos e voltas em torno do próprio eixo - que só quem tem criança pequena
entende - e uma repetição de frases irritantes: “não quero mais; não gosto; tá
muito quente”. Eu tentei, e a tia também tentou, contornar a situação de todo
jeito, mas ele insistia em dizer “não gosto de banana quenteeeeee”.
Eu
não tinha muita certeza do que fazer – nunca tenho! – e, em princípio, acho o
fim da picada obrigar alguém a comer qualquer coisa. Mas naquela hora achei que
devia tentar falar com ele sobre duas questões: se negar a experimentar
novidades (e sair perdendo imensamente por isso) e não agradecer a quem, de
verdade, fez tudo o que podia para te agradar. E não fez porque cismou – fez
porque você pediu. Aí, apesar das caretas e dos solavancos, tirei ele de perto
do público (público sempre atrapalha) e insisti pra que comesse.
Ele
disse que estava muito quente e eu, do jeito que deu, mostrei que não estava.
Ele cuspiu a primeira garfada, e eu aproveitei que estávamos na grama e disse:
“ok, quer cuspir essa também?”. Ele mastigou e engoliu. Na quarta garfada,
passou a abrir a boca sozinho. Na quinta, projetou a boquinha pra frente, e
reclamou que eu estava demorando. Deu um risinho. E lá pelas tantas, com
uma carinha sem vergonha, antes de a banana acabar, disse: “mãe, posso te falar
uma coisa?”. “Claro!” E aí, sem traumas, veio a surpresa: “eu te amo,
mãe”.
Fonte: http://www.equilibrosa.com/blog/2015/4/7/sobre-limites-bananas-e-amor