No mês das crianças trabalhei junto ao Programa do Dia das Crianças, promovido pela mesma Vara.
O Conselho de Psicologia da Terceira Região Bahia/Sergipe resolveu fazer uma matéria falando do programa e em como isso poderia servir em benefício das crianças, passar esses dias inserido em uma família.
A jornalista do CRP me deu o prazer de falar sobre o meu trabaho com a preparação das crianças para o programa e sobre a minha participação também como cidadã, pois estava levando um casal de irmãos para minha casa para passar os 6 dias, incluindo o dia das crianças. A menina estava com 9 anos e o menino com 4.
Eu achava que as faria felizes naqueles 6 dias e de fato ocorreu, mas eu não tinha a real noção do quanto me fariam feliz e emocionada. A participação delas em minha vida foi tão importante... Aprendi muito e sinto que me tornei ainda mais humana e consciente.
Para mim como profissional da área de adoçao e família foi absolutamente enriquecedor. Senti na pele muitas coisas. Pude estar bem perto do que é crescer sem ter uma família, sem ter alguém que realmente as amasse mesmo tendo os pais vivos, se sentir desamparado e ainda assim conseguir sorrir, ter esperança e dar amor, pois me senti muito amada pelos dois. Eles diziam que queria que eu fosse mãe deles.
Durante aqueles dias aproveitei para levá-los ao parque de diversões que estava na cidade na época, passeamos, pintaram suas carinhas com tinta no mini parque do shopping, saímos para tomar sorvete, viram o pouso de paraquedistas na praia (ficaram encantados), conheceram minha família e alguns amigos que se emocionaram e não entendia como eu tinha coragem em estar me apegando, me afeiçoando sendo que eu não poderia adotá-los, já que não seriam ainda destituídos do poder familiar e também por não ser um momento em que eu estava planejando ter filhos. Cheguei a ver dois desses amigos emocionados com as crianças.
Após aqueles dias tão alegres eu continuei próxima, contribuindo quando possível, pois eles estavam em poder do Estado e não era tão simples estar tão perto, mesmo sendo funcionária do Judiciário. Mas o importante era que eles sabiam e sentiam que tinha alguém fora dos muros da instituição que se importava e que os amava de verdade. Hoje a menina está com o pai biológico (que nao é o mesmo pai do irmão) e o menino está com uma tia materna.
Eu sempre lembrarei dos dois, na diferença, no exemplo e no bem que fizeram a minha vida e na vida de todos que estavam ao meu redor.
Por Cintia Liana
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