"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar de molécula em molécula, de átomo em átomo; e qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo profundo e indelével." (Olavo Bilac)

"Un bambino è come il cristallo e come la cera. Qualsiasi shock, per quanto morbido sia
lo scuote e lo smuove, vibra di molecola in molecola, di atomo in atomo, e qualsiasi impressione,
buona o cattiva, si registra in lui in modo profondo e indelebile." (Olavo Bilac, giornalista e poeta brasiliano)

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Não se supera traumas através dos filhos

Google Imagens
 
Por Cintia Liana Reis de Silva
Texto publicado em minha coluna quinzenal no site Indika Bem no dia 14.11.1013
 
Já ouvimos muito falar sobre dar ao filho o que não se teve, fazer com o filho o que os pais não fizeram, fazer o contrário do que fizeram os pais, fazer tudo diferente de como fizeram os genitores, mas psicologicamente falando não dá pra superar traumas através dos filhos, nem através de ninguém. Claro que se pode alimentar a nossa alma dando algo de bom ao outro, mas entender e curar as própria feridas é um trabalho que deve fazer consigo mesmo, não dá para pegar atalhos.
 
Como disse Murray Bowen, o criador da psicoterapia de família, “é na hora de se tornar progenitor que se reabrem as feridas intergeracionais, e como dar aquilo que não se teve?”. De fato, como dar aquilo que não se conhece, que não se experimentou, aquilo que não está internalizado? Nem seria uma atitude inteligente fazer o contrário do que se recebeu dos pais, porque se cai no erro do contrário, e o sadio é buscar viver o equilíbrio.
 
Quando é o caso de propiciar ao filho aquilo que se queria ter quando criança, acaba por ser algo que pode alimentar somente o ego ferido do pai ou da mãe e nem sempre é aquilo que o filho deseja ou precisa, nesse caso se age de acordo com o próprio ego magoado e não para fazer o filho feliz. Se um adulto não consegue enxergar as suas lacunas ou pontos de fragilidade muito dificilmente irá compreender o filho, por mais amor que tenha para oferecer.
 
Por isso, é importantíssimo se conhecer e se trabalhar antes de buscar assumir o papel de pai e mãe. É na hora que os papéis se invertem, ou seja, é na hora em que o filho de torna genitor e se vê defronte a uma criança, é que se reabrem as velhas feridas, elas voltam. Alguns podem chamar de golpe do destino, quando se encontram em meio às mesmas dificuldades que passaram os seus pais quando eles nasceram, mas isso não é o destino, é a mente agindo de uma maneira coesa com aquilo que se conhece e que nem sempre se tem consciência, e o mundo externo é um reflexo do mundo interno.
 
É comum ver no filho a imagem de si mesmo e o indivíduo, sem perceber, age com ele de um modo bem parecido ou usa dos mesmos mecanismos intrapsíquicos inconscientes que seus pais usavam, esses mecanismos, que levam a um determinado comportamento já conhecido e experienciado, se chamam modelos ou padrões intergeracionais. Para romper  e transformar esses modelos é necessário um sério trabalho de autoconhecimento, porque são imperceptíveis, por se estar imerso emocionalmente naqueles valores.
 
Você responde ao mundo de acordo com o que você sente, e esse modo de sentir foi aprendido e reforçado na infância e durante o seu crescimento em família e influenciou diretamente na construção de sua personalidade, do seu caráter, temperamento e na própria ética. Para mudar e buscar ser mais feliz no contato com o mundo externo é necessário entender e se reconciliar com o mundo interno, as figuras de base, com o que fizeram para você chegar nesse ponto em que está, é acessar as feridas infantis. Para tudo tem uma resposta, a mente e o corpo guardam todas as informações, então não se deve buscar ter filhos para tratar essas feridas e dificuldades que não foram curadas e tratadas com o devido cuidado e respeito.
 
Se você olhar em volta de si mesmo verá que o seu mundo é como você é capaz de vê-lo, de projetá-lo, como você acredita que o merece, por isso é importante conhecer a si mesmo, mudar e ampliar o próprio mundo interno para que o mundo externo também cresça e se enriqueça.
 

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