Foto: Google Imagens
Por Priscila Gorzoni
Fonte: Revista Baby & Cia, ed. 20.
Existem questões que sempre deixam os pais inseguros, uma delas é sobre a hora de contar ao filho que ele é adotado. Nesse instante, é preciso estar atento à idade da criança e à maneira de comunicar o fato. O momento ideal para explicar com mais detalhes é quando a criança pergunta e já tem condições de entender melhor. "À medida que ela vai crescendo, faz-se necessário que tenha a resposta à altura de sua pergunta. Algumas vezes, quando mais velha, pode ser que ela queira, inclusive, conhecer a mãe biológica. É importante não impedir, pois ela carrega uma fantasia que precisa ser desvendada, revelada e discernida com muito diálogo e sabedoria. Para isso, deve-se ir ao fórum em que aconteceu a adoção com o número do processo e marcar uma conversa com a assistente social e a psicóloga", exemplifica Rose Santiago, diretora do Centro de Reestruturação para a Vida (CERVI), que trabalhou seis anos com adoção internacional.
Portanto, cada situação irá pedir um determinado comportamento dos pais. Se a criança for adotada, ainda bebê ou muito pequena, os pais devem sempre comentar que ela é filha do "coração" e que foi "escolhida" por eles. "Isso fará com que a criança ‘compreenda' a sua situação, e um canal aberto seja feito para a explicação da adoção", aconselha Lúcia Londres, psicóloga com formação em Psicodrama.
Com relação ao tempo certo de comunicar a adoção, tenha em mente que ele acontecerá quando a criança demonstrar interesse de saber. Segundo a psicóloga, o tema deve ser tratado o mais natural e afetuosamente possível. "Afinal, hoje em dia, a adoção é um assunto amplamente divulgado e estimulado."
Esconder é pior
Muitas vezes, os pais se sentem incomodados de tocar no assunto. Não sabem quando dizer e nem como fazer isso. Nesse momento, é aconselhável procurar uma ajuda especializada que facilitará o esclarecimento e saberá como conduzir o caso. Se a criança for adotada, a verdade sempre deve ser dita, em qualquer idade e a qualquer momento. "O que deve ser visto e cuidado é a forma de falar, levando-se em conta a idade da criança e seu entendimento. Deve-se sempre deixar claro à criança que ela pode e deve perguntar tudo para não ocasionar desconfianças na relação", explica Lúcia.
Em muitos casos, esconder o fato pode resultar em problemas futuros. "Conheci um casal que tentou esconder a adoção. Quando adolescente, o filho descobriu em uma briga na escola. A revolta chegou a um extremo tão grande que ele passou a agredir os professores e a tentar matar a mãe, e ter de ir a uma casa de recuperação. Lá, ele tornou-se dependente de drogas, e a adoção teve de ser cancelada, pois a família toda foi colocada em risco", esclarece Santiago.
Quando atuou por seis anos com adoção internacional, a diretora se deparou com várias dificuldades, começando pelas leis. Entretanto, nem mesmo a diferença da língua foi obstáculo para que a adoção não desse certo. "O esforço, a determinação e a garra dos pais adotivos fizeram com que a adoção se tornasse mais do que um sonho realizado - foi a certeza de algo concreto. Em contrapartida, a vontade da criança de ter pais que a amassem e as necessidades de ser aceita e pertencer a alguém fizeram com que ela ‘apostasse' na confiança", conta Santiago. Mais uma vez, comprova-se que o importante é a relação de afeto e confiança entre pais e filhos. Isso determinará que qualquer situação seja resolvida sem maiores conflitos e danos.
Dicas para uma boa relação entre pais e filhos adotados:
As consultoras Cláudia Razuk, pedagoga e coordenadora do Colégio Itatiaia, e Antoniele Fagundes, consultora familiar e idealizadora da empresa Babá Ideal, dão as dicas abaixo:
- Quanto mais cedo dizer que a criança é adotada, melhor, pois, ao demorar muito para saber a verdade, a criança pode se sentir enganada.
- Essa comunicação deve ser feita adequando as explicações à idade da criança e utilizando termos que ela entenda. Crianças bem pequenas (de 3 anos) costumam aceitar muito bem a informação, até mesmo, de maneira bem simples. Conforme forem assimilando a informação, com certeza, elas voltarão com outros questionamentos que deverão sempre ser respondidos com honestidade e naturalidade.
- O maior erro é os pais tratarem o assunto como se fosse um problema que, na realidade, não é. O comportamento da criança vai refletir no dos adultos.
- O momento ideal é sempre o mais cedo possível e quando a criança demonstrar curiosidade nas ocasiões em que ela começar a perguntar como nasceu. Desde o primeiro momento, é importante falar a verdade, sempre com naturalidade.
- A criança sempre tem o direito de saber a verdade sobre sua origem. Se os pais acharem que eles próprios não estão prontos para lidar com essa verdade, devem procurar ajuda o mais rápido possível para se prepararem para essa situação. Quanto menor a criança for ao saber a verdade, mais fácil será para ela entender. O importante é os pais deixarem sempre claro o quanto a amam e como essa opção foi importante para a felicidade de todos.
- O certo é conversar desde o começo. A sinceridade deve estar presente em todas as relações, principalmente nas familiares. O que deve mudar é a forma da abordagem, ou seja, como conversar. Exemplo: quando o filho é adotado ainda bebê, deve-se proceder exatamente da mesma forma, mas explicar cuidadosamente, de uma forma que a criança entenda aos poucos.
Postado Por Cintia Liana
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